• Nenhum resultado encontrado

CONDIÇÕES DE CONSTRUÇÃO DO SINDICALISMO DOCENTE DE EDUCAÇÃO BÁSICA.

EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO

Ainda no período Imperial a sistemática de oferta de Aulas Régias continuava. Tanto em Portugal como no Brasil, embora ocorresse de forma deficitária. As Aulas Régias eram aquelas oferecidas pelo Estado e não mais pela Igreja. Constituía-se, no período inicial da

Reforma Pombalina, de Estudos Menores, quando se restringiam a aprender a ler, escrever e contar e das cadeiras de humanidades, que eram aulas de gramática latina, língua grega, língua hebraica, retórica e poética e os Estudos Maiores, que aconteciam na Universidade de Coimbra. Os mestres eram aqueles que ministravam os Estudos Menores e professores ministravam as demais cadeiras. As aulas eram dadas na casa do próprio mestre ou professor.

Esse período histórico contou com um grande acontecimento. Com a vinda da Corte Portuguesa em 1808, ocorrem mudanças significativas na educação. Criam-se os primeiros cursos de ensino superior, para atender aos reinóis recém-transferidos. Eram cursos ligados à defesa militar e à saúde.

Também é nesse período que são criadas várias instituições. Essas instituições contribuiriam com o desenvolvimento educativo e cultural do Brasil. A Imprensa Régia (1808); a Biblioteca Pública (1810); o Jardim Botânico (1810); e o Museu Nacional (1818). Acontece a circulação dos primeiros jornais e revistas, tudo isso, no Rio de Janeiro, lugar que abrigou a Família-Real. Em 1815 o Brasil passa à categoria de “Reino Unido” e o Rio de Janeiro à condição de capital do país.

Com a independência do Brasil de Portugal, em 1822, os governos de algumas províncias passaram a criar os primeiros colégios públicos, que viriam a substituir as aulas avulsas, de até então, que eram dadas, muitas delas por professores que em sua maioria, eram estrangeiros e sem habilitação. Como exemplo, em 1837, foi criado o Imperial Colégio de D. Pedro II, inspirado nos liceus franceses.

É no Império que o país começa a reconhecer a importância da instituição escolar, bem como os aspectos legais da educação. Em 1827 é promulgada a primeira lei geral de educação do país, que objetivava construir um sistema nacional de educação escolar composto por escolas elementares, secundárias e superiores, mas que ficou reduzida à manutenção das aulas avulsas públicas de primeiras letras. Acontece nesse período a descentralização do ensino, ficando a educação elementar e secundária sob a responsabilidade das províncias.

Atualmente podemos observar que a questão da responsabilização da educação não está totalmente resolvida, isso dito, em nível governamental, em termos dos poderes federal, estadual e municipal. Hoje a questão posta refere-se à municipalização ou não da educação básica (ensino fundamental e médio). Vale verificar que questão dessa natureza tem relação

direta com o papel do Estado, com sua função em relação à educação, e à sociedade. Depende diretamente da concepção de Estado que está em vigor.

O modelo de ensino a ser seguido no período imperial é o europeu. Esse hábito de copiar teorias, métodos, de importar idéias, viria a ser uma constante no processo educacional brasileiro, em parte justificável, por ser a educação uma prática social sobre-determinada, e necessitar, portanto de embasamentos teóricos fornecidos pelos fundamentos da psicologia, da sociologia, antropologia, história, etc. Porém esse hábito reflete uma concepção de ciência típica de países economicamente dependentes, em que o verdadeiro, o que é mais correto é aquela teoria importada, é o que vem de fora. Esse hábito nos deixou com a “síndrome do torcicolo”, de tanto que olhamos e copiamos modelos externos ao nosso país.

Também é no período imperial que as aulas avulsas são extensivas ao público feminino, pelo menos no que diz respeito à aprendizagem das primeiras letras, ao ensino elementar. Essa pode ser considerada a grande inovação educacional do período.

Mesmo assim, as críticas à falta de escola, à falta de recursos para educação, à desvalorização do professor, manifestas em seus baixos salários e nas precárias condições de trabalho, já eram presentes desde aquele período e passariam a ser constante na história da educação do Brasil.

O Segundo Reinado (1840-1889) é marcado por várias propostas de reforma no campo educacional. Apesar de avanços em relação à educação colonial, nesse período a oferta de ensino ainda não responde as necessidades da população. Apenas 10% têm acesso à escola. A educação se constitui em privilegio da nobreza, fato que somente sofrerá alterações com o advento da República, em especial, a partir da década de vinte do século XX.

O ensino, de um modo geral, estava assim estruturado: Elementar: jardins da infância, ensino simultâneo de leitura e escrita, conteúdos seriados, disciplina branda, metodologia intuitiva, aulas de lições de coisas, aulas noturnas de alfabetização, métodos rápidos e práticos de ensinar a ler; Secundário: matérias científicas, como, língua portuguesa, física, química, e história natural, ensino prático em laboratórios, ensino leigo, classes de formação de professores, principalmente nos colégios femininos, cursos noturnos de formação profissional, congressos e exposições pedagógicas, novos compêndios, entre outras.

O cenário educacional desse período pode ser descrito como afirma Marcílio (2005) “Nesse contexto, o Império foi promovendo um processo lento, muito lento, mas sustentado de difusão das aulas públicas das grandes cidades até os mais remotos e isolados povoados. Mesmo sem casas de escolas, mesmo com professores pouco habilitados e que sabiam pouco mais que seus alunos, mesmo sem material de ensino, mesmo sem bibliotecas e sem livros desde o mais fundamental, as escolas populares foram sendo instaladas” (Marcílio 2005 88). Diante dessa situação se torna difícil pensar em organização de professores.