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Educação inclusiva e religião na atualidade: aportes legais

No documento EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (páginas 66-69)

Em uma sociedade marcada pela exclusão, na era padronizada, que não aceita o diferente, é importante se pensar a inclusão como um movimento educacional, social e político. A aceitação e o respeito são direitos garantidos a todos.

A educação tem como objetivo trabalhar com as potencialidades dos sujeitos, construindo um pensamento humano e crítico, e formando cidadãos capazes de compreender o mundo e as manifestações sociais presentes nele. Para isso, o sistema educacional precisa ser de quali- dade e analisar as especificidades. Pensar a educação inclusiva é mais do que essencial. Ainscow e Ferreira (2003, p. 113) afirmam em seus estudos que

O não acesso à educação, o acesso a serviços educacionais pobres, a educação em contextos segregados, a discriminação educa- cional, o fracasso académico, as barreiras para ter acesso aos conteúdos curriculares, a evasão e absentismo constituem algumas das características dos sistemas educacionais no mundo, os quais excluem as crianças de oportunidades educa- cionais e violam seus direitos de serem sistemática e formal- mente educados. Já existe um consenso e reconhecimento de que qualquer pessoa que experimenta exclusão educacional encontrará menos oportunidades para participar dos vários segmentos da sociedade assim como aumenta a probabilidade de esta pessoa experienciar situações de discriminação e pro- blemas financeiros na vida de adulto.

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Ou seja, a falta de direitos básicos exclui os indivíduos, retirando suas oportunidades, sendo condicionados a um modo de vida precário. A herança da exclusão é uma sociedade adoecida e necessitada de con- dições que contribuem para a própria dignidade humana. Oliveira e Rodrigues (2011 p. 39) diz que “A Educação Inclusiva possibilitou o direito ao acesso à escola”, pois era negado o conhecimento e a partir desse novo olhar começa a transformação da sociedade.

Segundo Ainscow e Ferreira (2003), a inclusão age como um meio de fornecer uma qualidade na educação básica, para todos de forma geral, amenizando até os problemas sociais que a exclusão apresenta. Para isso, é preciso organizar educacionalmente de forma que to- dos sejam de fato beneficiados e suas necessidades sejam atendidas. A inclusão educacional não é uma disciplina ou um evento pontual realizado na escola, mas ela faz parte de todo o contexto escolar. Ela é interdisciplinar e está dentro das políticas de integração. Ainscow e Ferreira (2003), deixam bem claro que o processo da inclusão tem como finalidade apoiar a educação para todos.

Para a construção da educação inclusiva muitas mudanças or- ganizacionais e funcionais devem acontecer. Ou seja, currículo, gestores, professores e o processo de ensino-aprendizagem deverão ter como eixo principal o acolhimento de todos. Com isso, se elevará o nível educacional, como afirmam Lopes e Sil (2005, p. 2985):

A promoção de uma igualdade de oportunidades de acesso e de sucesso, com a participação de todos e o respeito pela di- versidade individual e cultural dos alunos, através da inclu- são na escola, bem como da inclusão da escola no meio local, permitirá uma intervenção integrada, no sentido da elevação do nível educativo da população.

A religião, por sua vez, sempre esteve presente na sociedade. Ela influencia no modo de vida dos sujeitos e, consequentemente, na cultura. Segundo Wilges (1995), a religião é um conjunto de crenças, leis e ritos que visam um poder considerado fora dos parâmetros humanos, podendo agir de forma pessoal e coletiva, desejando obter favores. As crenças e mitos sobre a origem do mundo, o sentido

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da vida, o sofrimento e a morte, fazem parte de uma doutrina religiosa. Além disso, símbolos religiosos, ritos e cerimônias, líderes e sacerdotes, caracterizam a prática da religião em suas diversas doutrinas.

Segundo Feuerbach (2002), citado por Alves (2001 p. 94), “A religião é o solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação de seus pensamentos mais íntimos, a confissão pública de seus segredos de amor”. Na perspectiva do autor, a religião se faz no autoconhecimento, tudo o que é nosso, como pensamentos, ações e sentimentos, nos ajudam a compreender quem é Deus. É por isso que a religião dá um sentido na vida do indivíduo, suas relações e seu desejo e perspectiva do futuro. Objetiva decisões e traz esperança aos corações dos que creem. Feuerbach (2002), citado por Alves (2001, p. 95), afirma:

Deus é a mais alta subjetividade do homem. Este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a se mesmo num objeto perante essa imagem, assim convertida em sujeito.

Muitos eram mortos e condenados por terem nascido com alguma deficiência, pois a própria Igreja os via como não possuidores de alma e indignos de viver, sendo alguns vistos como possessos por algum demônio. Mielle e Possebon (2012 p. 410, grifo do autor) afirmam:

Não importa o quão democrática seja uma sociedade, sempre vamos ver o coletivo através de uma ótica individual. O coletivo é ‘construído’ pelos indivíduos que compartilham valores étni- cos, costumes tradições, crenças, que norteiam a política, a edu- cação e demais aspectos da vida em sociedade. O indivíduo ante- cede o coletivo, daí a importância da educação para um convívio social sadio.

Diante dessa ambivalência, a religião pode ser ou não ser, um apoio. Dentro das variações sociais pode-se perceber, na história, a religião como meio de inclusão e exclusão. No início das civilizações, existe a exclusão daqueles que não se encaixavam no padrão estabelecido pelas religiões. Porém, com a evolução do conhecimento a Igreja passa a ser lugar de acolhimento, pois se entende como um mandamento bíblico

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e um princípio do cristianismo. Ainda, na sociedade contemporânea, existem resquícios desses duplos pensamentos, havendo exclusão e inclusão dentro das instituições religiosas. O que se leva a refletir a necessidade em analisar o Ensino Religioso e a Educação Inclusiva, assunto esse que adentraremos a seguir.

O percurso do ensino religioso na sociedade

No documento EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (páginas 66-69)

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