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1 INTRODUÇÃO

3.3 Olinda Nova do Maranhão e o território Campos e Lagos

3.3.6 Efetivo do rebanho e modalidade de criação de búfalos

A pesquisa pecuária municipal do IBGE (2005) mostra que, dentre as regiões brasileiras, a que possui o maior efetivo de rebanho bubalino, para o ano de 2003, é a região Norte, com 62,88% do rebanho do Brasil, seguida pelas regiões Sul (13,15%), Nordeste (9,23%), Sudeste (9,09%) e Centro-Oeste (5,65%). Dentre as Unidades da Federação, aquelas que possuem o maior efetivo de búfalos, para o mesmo ano, são: Pará (43,27%), Amapá (13,49%), Rio

Grande do Sul (7,60%), Maranhão (6,18%) e São Paulo (6,01%). Porém, em 1990, o Maranhão possuía o segundo maior rebanho do Brasil, representando 10,45%, sendo superado apenas pelo Pará, com 48,93% do rebanho bubalino do Brasil.

Essa redução do número de búfalos, nos municípios da Baixada, de 1990 (aproximadamente 120.000 cabeças) a 2003 (em torno de 50.000 cabeças), visualizada na FIGURA 37, deveu-se em função de uma forte campanha regional contra a presença de búfalos nos campos inundáveis, após inúmeros conflitos sócio-ambientais entre criadores, agricultores e pescadores, incluindo casos de violência e morte. Os búfalos têm sido responsabilizados por prejuízos ambientais à região, que incluem danos aos corpos d´água, comprometimento da quantidade e qualidade de peixes e desaparecimento de espécies da fauna e da flora, entre outros. Porém, cabe destacar que atualmente esses conflitos, apesar de menos acirrados que no passado, ainda estão presentes, mesmo que silenciados.

0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Ano N º d e cab as

FIGURA 37 - Evolução do efetivo de rebanho bubalino na Baixada Maranhense, no período de 1990 a 2003.

FONTE: IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal. Efetivo do rebanho bubalino. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela>. Acesso em: 10 abr. 2005.

O IBGE (2005) estima que os municípios da Baixada Maranhense com maior número de búfalos, no ano de 1990, são: Pinheiro (26% do rebanho da Baixada), Viana (24%) e Cajari (8%). Em 2003, os municípios detentores do maior rebanho bubalino da Baixada são: Viana (23%), São João Batista (15%) e Olinda Nova do Maranhão (15%).

Com relação aos dados estatísticos disponíveis sobre o efetivo do rebanho bubalino de Olinda Nova do Maranhão, há uma grande variação nas estimativas realizadas pelas distintas fontes de informação, a saber, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (TABELA 7), a Agência de Defesa Agropecuária - AGED e a Promotoria de Justiça de Matinha. A complexidade em se precisar com exatidão o tamanho do rebanho bubalino é justificada pela dificuldade em coletar dados fidedignos declarados pelos criadores e em função da grande mobilidade do rebanho, que se desloca pelos municípios da Baixada na busca de água e alimento, não sendo computado, às vezes, nas estatísticas oficiais. Há quem afirme, no território analisado, que parte dos búfalos que está em Olinda Nova pertence a criadores de outros municípios, como Viana. Todavia, independentemente da imprecisão dos dados, concordam em que a concentração desses animais é excessiva para a área do município.

TABELA 7

Comparação do efetivo do rebanho bubalino (cabeças) no Brasil, Maranhão, Baixada Maranhense e Olinda Nova – período de 1991-2003

1991 1994 1997 2000 2003

Brasil 1.432.112 1.571.349 977.767 1.102.551 1.148.808

Maranhão 138.975 67.485 56.991 57.056 70.992

Baixada Maranhense 107.724 46.365 43.101 41.790 49.033

Olinda Nova - - 7.552 7.749 7.160

FONTE: IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal. Efetivo do rebanho bubalino. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela>. Acesso em: 10 abr. 2005.

A partir da análise da tabela anterior, conclui-se que (ano de 2003): x o Maranhão representa 6,18% do gado bubalino do Brasil;

x a Baixada Maranhense possui 69,07% do efetivo bubalino do Maranhão;

x Olinda Nova do Maranhão representa 14,60% do gado de búfalos da Baixada Maranhense.

Em Matinha, o escritório da AGED e a Promotoria de Justiça, cuja disponibilização informatizada aos dados locais é limitada, realizam levantamentos da quantidade de búfalos, separadamente, com a infra-estrutura de cada instituição, apresentando estimativas mais modestas sobre o efetivo do rebanho de Olinda Nova. A Promotoria de Justiça de Matinha acredita que seus dados estão ainda subestimados. Para o ano de 2003, essa Promotoria identificou um rebanho bubalino de Olinda Nova de 2.626 cabeças. Para o ano de 2004, a AGED-Maranhão estimou 2.529 cabeças; e para o ano de 2005, conforme seu escritório local de Matinha, o número de bubalinos cadastrado no município é de 3.526 cabeças, sendo que desses animais apenas 2.000 foram vacinados contra aftosa.

No que diz respeito à modalidade de criação de búfalos (raça Murrah), cujo principal produto explorado é a carne, a exemplo do que ocorre na Baixada, predomina, em Olinda Nova, a criação extensiva (FIGURA 38). Os animais ficam soltos nos campos naturais inundáveis, sem qualquer tipo de manejo, o que gera impactos ambientais e sociais, além do problema de consangüinidade entre animais, prejudicando o melhoramento do rebanho. Há também os criadores que deixam o gado solto de dia e prendem à noite; e ainda alguns maiores criadores que o criam de forma mais intensiva, com manejo. Os criadores na modalidade extensiva afirmam que, apesar dos animais ficarem soltos e misturados, os búfalos têm o costume de retornar a seus povoados, ao final do dia. Atualmente, existem pequenos, médios e grandes criadores de búfalos na Baixada.

FIGURA 38 - Criação extensiva de búfalos no território Campos e Lagos - povoado de Coqueiro (dezembro 2004).

Uma questão bastante problemática no território Campos e Lagos e que vem sendo objeto de ação do Ministério Público são as cercas nos campos públicos. Com a justificativa de proteger as casas de moradores contra invasão e ataque de búfalos e, ao mesmo tempo, oferecer pasto ao gado, alguns criadores cercaram gradativamente os campos, adentrando áreas públicas, o que limita e dificulta a passagem de pescadores ao lago.

Com relação à movimentação e venda de produtos agropecuários, oficialmente há todo um procedimento definido, incluindo as comprovações por meio de notas fiscais e da Guia de Trânsito Animal (GTA). Porém, nem sempre essas exigências são cumpridas na prática pelos criadores, o que dificulta a fiscalização sanitária e o controle do efetivo de rebanho.