• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

3.1 Estado do Maranhão

Este item procura oferecer uma visão macro do Estado do Maranhão, com vistas a facilitar o entendimento do contexto local da pesquisa. Apresenta características e dados demográficos, sociais, políticos, econômicos, agropecuários, ambientais e culturais, mencionando complementarmente a questão de concentração fundiária no Maranhão. Aborda também suas Unidades de Conservação e alguns dos instrumentos de gestão ambiental utilizados no Estado.

O Estado do Maranhão, com uma área de 333.365,6 km2, apresenta uma população da ordem de 5.651.475 habitantes (IBGE, 2000 apud ATLAS DO MARANHÃO, 2002), distribuída em 217 municípios, congregados em 11 microrregiões (FIGURA 6). A densidade populacional é de 17,03 habitantes/km2.

Segundo o IBGE (2000 apud MARANHÃO, 2003d), nas áreas urbanas vivem 59,53% da população, enquanto 40,47% encontram-se na zona rural.

Limita-se ao norte com o Oceano Atlântico, numa extensão litorânea de 640 km; a leste e sudeste, com o Piauí; ao sul e sudoeste, com Tocantins; e a oeste e noroeste com o Pará.

É o segundo Estado do Nordeste e o oitavo do Brasil em superfície; e o segundo do país em extensão de litoral.

FIGURA 6 - Mapa das meso e microrregiões do Maranhão.

FONTE: MARANHÃO. Universidade Estadual do Maranhão. Laboratório de Geoprocessamento. Mapa das Meso e Microrregiões do Maranhão. São Luís, 2002. 1 mapa, color., Escala 1:4.800.000. In: ATLAS do Maranhão. São Luís: GEPLAN; UEMA, 2º edição, 2002, p. 9.

A economia do Maranhão baseia-se na indústria (alumínio), nos serviços, no extrativismo (babaçu), na agricultura (soja, cana, mandioca, arroz, milho, feijão) e na pecuária.

A TABELA 2 mostra a comparação entre a participação do rebanho bubalino e bovino no Estado, no período de 2000-2002.

TABELA 2

Representatividade dos rebanhos bovinos e bubalinos do Maranhão, no período 2000-2002 Ano Bovinos (cabeças) % Bubalinos (cabeças) % Total (Bovinos e Bubalinos) 2000 4.093.563 98,62 57.056 1,38 4.150.619 2001 4.483.209 98,58 64.574 1,42 4.547.783 2002 4.776.278 98,63 65.974 1,37 4.842.252

FONTE: IBGE, 2003. In: MARANHÃO. SEPLAN; IEASE. Maranhão em dados 2003. São Luís: Governo do Maranhão, 2003d.

No contexto municipal de Olinda Nova do Maranhão, território objeto de análise nesta pesquisa, que será apresentado em item específico, a participação do rebanho bubalino, em comparação com o bovino, é bastante significativa, diferente de sua representatividade no contexto do Estado do Maranhão.

No diagnóstico da gestão ambiental no Maranhão (BRASIL, 2001b), em função da vasta costa litorânea do Estado, a pesca também constitui importante atividade econômica (50 toneladas anuais, maior produção de pescado artesanal do país).

A estrutura fundiária é fortemente concentrada. Nas pequenas propriedades predomina a agricultura familiar de baixo padrão tecnológico.

A TABELA 3 apresenta alguns indicadores econômicos para o período 1997-2000, a saber: PIB total, PIB per capita, participação setorial e saldo comercial.

TABELA 3

Indicadores econômicos do Maranhão, no período 1997-2000

1997 1998 1999 2000

PIB Total do Estado* (bilhões R$) 7,41 7,22 7,92 9,21

PIB Per Capita* (R$) 1.359,00 1.308,00 1.409,00 1.616,00

Participação Setorial (%)*

Agropecuária 22,45 16,11 17,63 16,76

Indústria 11,81 12,20 13,24 23,58

Serviços 65,74 71,69 69,13 59,66

Exportações** (US$ 1.000 FOB) 744.598 635.918 662.962 758.245

Importações** (US$ 1.000 FOB) 413.000 316.426 366.999 485.611

Saldo Comercial** (US$ 1.000 FOB)

331.598 319.495 295.963 272.632

FONTES: IBGE* e MDIC**, 2001. In: PORTAL DO GOVERNO DO MARANHÃO.

Informações econômicas. Disponível em: <http://www.ma.gov.br/cidadao/estado/informacoes_economicas/indicadores_economicos.php>.

Acesso em: 10 set. 2004.

A respeito do desenvolvimento humano do Estado, cabe mencionar alguns indicadores, como o IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). Conforme o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2001), no período 1991-2000, o IDH-M do Maranhão cresceu 17,13%, passando de 0,543 em 1991 para 0,636 em 2000. A dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a educação, com 59,3%, seguida da longevidade, com 21,8%, e da renda, com 18,9%. Em relação ao Brasil, o Maranhão é o estado que apresenta o menor IDH-M. Essas informações podem ser visualizadas na tabela a seguir (TABELA 4).

TABELA 4

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do Brasil e do Maranhão, no período 1991 e 2000

Brasil Maranhão

1991 2000 1991 2000 Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDH-M)

0,696 0,766 0,543 0,636

Educação 0,745 0,849 0,572 0,738

Longevidade 0,662 0,727 0,551 0,612

Renda 0,681 0,723 0,505 0,558

FONTE: ATLAS do desenvolvimento humano no Brasil. Brasília: PNUD; IPEA, 2001.

Quanto aos indicadores de desigualdade, o Índice de Gini passou no Maranhão de 0,60, em 1991 (no Brasil era 0,63), para 0,66, em 2000 (no Brasil era 0,65), retratando o aumento da desigualdade (PNUD; IPEA, 2001 apud Atlas do desenvolvimento humano, 2001).

O Maranhão abriga vários ecossistemas e formações vegetais, incluindo floresta tropical úmida, áreas de caatinga, regiões de cerrado, campos inundáveis, babaçuais, região litorânea com campos de dunas, bancos de areia, restingas e mangues. Apresenta climas de transição regional entre os climas úmidos da Amazônia, semi-úmidos dos cerrados (maior porção do território) e semi-árido do Nordeste. A pedologia é bastante diversificada, com predominância dos seguintes tipos de solos: latossolos (35% do território); podzólicos (28%); plintossolos (14%); areias quartzosas (8%); solos litólicos (cerca de 8%); solos indiscriminados de mangues (cerca de 3%) e outros tipos em áreas restritas, como terras roxas estruturadas, aluviais, dentre outros. Os rios do Estado que merecem destaque são o Parnaíba, Gurupi e Grajaú, Tocantins, Mearim, Itapecuru, Pindaré e Tiriaçú. Algumas das principais causas de impactos ambientais são a agropecuária extensiva, o desmatamento indiscriminado, as queimadas e a pesca predatória (BRASIL, 2001b).

Na proposta do Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão (PRODIM), Projeto de Combate à Pobreza Rural do Maranhão II (PCPR II), identificam-se, como problemas ambientais do Estado, a apropriação dos recursos naturais em favor apenas de uma minoria e a degradação ambiental; como potencialidades, os recursos naturais inexplorados e a capacidade de geração de renda com a conservação de ecossistemas; como ameaças, a inexistência de políticas de educação ambiental e o uso predatório dos recursos naturais com aumento de pobreza; e, como oportunidades, a manutenção da paisagem natural com geração de renda e a compensação financeira aos grupos étnicos e profissionais pela preservação ambiental de seus territórios, incluindo pescadores artesanais (MARANHÃO, 2003b).

Diante desse contexto, cabe ressaltar que a expansão de modelos de exploração agropecuária é uma situação na qual se identificam conflitos latentes. Fatores geradores desses conflitos dizem respeito às variáveis de condições de acesso a recursos, de relações de poder e de posse de terra, onde, na maioria dos casos, envolvem questões mais políticas que técnicas. As comunidades pobres do Estado do Maranhão, que tem a roça como parte integrante de sua identidade, sofrem as conseqüências dessa estrutura fundiária desigual, que está na origem de conflitos sociais e ambientais. Assim, qualquer iniciativa que vise o desenvolvimento econômico sustentável nestes contextos críticos deve pautar-se por forte componente de regularização ou reordenação fundiária.

No que se refere às Unidades de Conservação (UC) no Maranhão, existem os Parques, Áreas de Proteção Ambiental (APA), Reservas Extrativistas, dentre outras.

Conforme Secretaria Estadual do Meio Ambiente (2001 apud ATLAS DO MARANHÃO, 2002, p. 28), os parques ocupam uma área total de 703.462,9 hectares e são os seguintes: Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Parque Estadual do Mirador, Parque Estadual da Bacanga, Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís e Parque Ecológico da Lagoa da Jansen.

As unidades de conservação definidas como APA, com uma área total de 6.340.394,4 hectares, são as seguintes: APA do Maracanã, APA da Foz do rio Preguiças/Pequenos Lençóis e Região Lagunar Adjacente, APA da Baixada Maranhense (onde se insere o território objeto desta dissertação), APA das Reentrâncias Maranhenses, APA Upaon- Açu/Miritiba/Alto do rio Preguiça, APA do Itapiracó e APA da Serra da Tabatinga.

As Reservas Extrativistas ocupam uma área total de 27.542 hectares, destacando-se as Reservas Extrativistas do Ciriaco; do Quilombo do Frechal; e da Mata Grande. Outras categorias de UC, Reserva Biológica do Gurupi; Reserva dos Recursos Naturais das Nascentes do rio das Balsas; e Reserva Florestal de Buriticupu perfazem uma área total de 409.753 hectares.

Segundo a mesma fonte, todas essas Unidades de Conservação estão subordinadas à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com exceção do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, da APA da Serra da Tabatinga e da Reserva Biológica do Gurupi, cuja subordinação é ao IBAMA.

No que se refere aos instrumentos de ordenamento territorial e gestão ambiental, o Estado do Maranhão dispõe de dois importantes: o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e o Zoneamento Costeiro.

Segundo o Portal do Governo do Maranhão (2005), o ZEE do Estado é um sistema de gerenciamento ambiental integrado, coordenado pela SEPLAN/MA, fundamentado no sensoriamento remoto, geoprocessamento e tecnologia da informação, capaz de produzir ou cruzar diversos mapas, informações ecológicas, sócio-econômicas e dados numéricos em função das demandas de seus clientes e usuários.

As informações disponibilizadas encontram-se, prioritariamente, em escala apropriada a análises regionais e macrorregionais, de 1:250.000 a 1:100.000, embora existam alguns dados

disponibilizados em escalas de 1:50.000 e até de 1:10.000, mais adequadas a análises de âmbito local e microrregional.

Já o zoneamento costeiro, de iniciativa do governo do Maranhão, por meio da SEAGRO, em parceria com o IICA, a Fundação Sousândrade, UFMA e a UEMA, visa apoiar a construção de políticas públicas de desenvolvimento sustentável sócio-econômico, inclusive para as áreas de pesca e aqüicultura, de modo a orientar uma melhor utilização do litoral maranhense, o segundo maior do Brasil, por meio da identificação de áreas adequadas para novos investimentos, ambiental e economicamente viáveis.

O levantamento realizado para o zoneamento da costa também originou informações sobre vegetação, solos, geologia da área, relevo, recursos hídricos, além dos aspectos sócio- econômicos de minorias étnicas (comunidades indígenas, quilombolas e de pescadores), de grande valia para o planejamento e gestão ambiental em escala local.