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Eles oraram pela chegada do Espírito (1:12-14)

No documento A Mensagem de Atos - John-Stott (páginas 51-54)

Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado.

13Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e M ateus; Tiago, filh o de A lfeu, Simão o Zelote, e Judas, filh o de Tiago. u Todos estes

perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, estando entre elas M aria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.

A cam in h ad a de v o lta a Jeru salém , equ iv alen te apenas à quilometragem permitida no sábado, não deve ter levado mais do que quinze m inutos. Lucas, então, descreve com o eles preencheram os dez dias seguintes, antes do Pentecoste. Em seu Evangelho, ele diz que "estavam sempre no templo, louvando a D eu s",43 e, em A tos, relata que "perseveravam unânim es em oração" (v. 14) na sala onde se alojavam. Era uma com binação saudável: louvor contínuo no templo e oração contínua em casa. L u cas não esp ecifica se a sala era "o espaçoso cen ácu lo mobiliado",44 no qual Jesus passou a última noite com os doze, ou se era a casa de M aria, mãe de João M arcos, onde m ais tarde, m uitos m em bros da igreja de Jerusalém se reuniram para orar (At 12:12), ou se era algum outro aposento. O que ele registra é que as orações deles tinham duas características que, segundo Calvino, são "dois fatores essenciais para a oração verdadeira, ou sejam: eles perseveravam e eram unânimes".45 Vou tomá-los em ordem inversa.

a. A oração deles era unânime

Q uem eram essas p essoas que se reuniam para orar? Lucas escreve que formavam uma "assem bléia de umas cento e vinte pessoas" (v. 15). O professor Howard Marshall supõe que Lucas m enciona o núm ero de participantes porque "con form e a lei judaica, era necessário um mínimo de 120 hom ens judeus para estabelecer uma comunidade com seu próprio concílio"; assim, os discípulos já eram suficientemente numerosos "para formar uma n ov a co m u n id ad e".46 O utros crêem ter d escoberto algum sim bolism o nesse n úm ero, já que as doze tribos e os doze apóstolos fazem do número doze um símbolo óbvio da igreja, e 120 é igual a 12 x 10, assim como os 144.000 do livro de Apocalipse são 12 x 12 x 1.000. Outros ainda sugerem que os 120 devem ter sido apenas parte da comunidade total dos crentes, já que, em certa ocasião, "m ais de quinhentos" viram o Senhor ressurreto ao m esm o tem po,47 embora com certeza, isso tenha acontecido na Galiléia. Em todo o caso, esse grupo incluía os onze apóstolos sob rev iv en tes. Lucas os alista (v. 13) tal com o o fez em seu Evangelho.48 E a lista é a mesma, com apenas pequenas variações.

ATOS 1:6-26

Por exemplo: o círculo íntimo de quatro que, no Evangelho, foram alistados como irmãos, "Simão e André, Tiago e João" são agora

Pedro, João, Tiago e André, tendo em primeiro lugar aqueles que

deveriam tomar-se os líderes dos apóstolos e também separando os irmãos de sangue, como que indicando uma nova irm andade em Cristo em substituição ao antigo parentesco (veja no versículo 16, "Irm ã o s Os dois pares segu in tes tam bém fo ram redistribuídos, apesar de não haver nenhum motivo aparente para tal m od ificação. Em vez de "F ilip e e B artolom eu ; M ateus e Tom é",49 Lucas escreve Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus. Os outros apóstolos permanecem os mesmos, exceto, é claro, pela omissão de Judas, o traidor.

Além dos onze apóstolos, são mencionadas as mulheres (v. 14), provavelmente referindo-se a Maria Madalena, Joana (cujo marido cuidava da manutenção do palácio de Herodes) e Susana — o trio que Lucas mencionou em seu Evangelho50 com as que "lhe (sc. a Jesus e seus apóstolos) prestavam assistência com seus b en s", ju n to s, talvez, com "M aria, m ãe de T iag o " e as outras que encontraram o túmulo vazio,51 a quem o Senhor ressurreto se revelou mais tarde.52 A seguir, em destaque, como que ocupando uma posição de honra especial, Lucas acrescenta M aria, m ãe de

Jesus, cujo papel singular no nascimento de Jesus ele descreveu nos

dois prim eiros capítulos do seu Evangelho, juntam ente com os

irm ãos dele (v. 14), que não haviam crido nele du rante o seu

m in istério,53 m as que agora — talvez devido a um a aparição p articu lar a um d eles, Tiago, após a ressu rreição 54 — estão alistados entre os crentes.

Todos esses (os apóstolos, as mulheres, a mãe e os irmãos de Jesu s, e os restan tes que com pletavam os cento e vin te)

perseveravam unânimes em oração. A palavra "un ânim es" traduz hom othym adon, uma das palavras preferidas de Lucas, que ele

emprega dez vezes e que ocorre apenas uma vez em todo o resto do Novo Testamento. Essa palavra pode significar simplesmente que os discípulos se reuniam no mesmo lugar ou que eles estavam fazendo a mesma coisa, ou seja, orando. Mas, em outros textos, ela descreve tanto a oração unânime (4:24) quanto a decisão unânime (15:25), dando a entender que essa "unanim idade" era m ais do que uma simples reunião e atividade conjunta, envolvendo uma co n co rd ân cia quanto àquilo pelo que estavam orando. Eles oravam com "u m a m ente ou um p rop ósito ou um im pulso" (B AGD).

b. A oração deles era perseverante

O verbo traduzido por perseveravam (proskartereo) significa estar

"o c u p a d o " ou ser "p ersisten te" em toda atividade. Lucas o em p rega m ais tarde em relação aos novos con vertid os que "perseveraram na doutrina dos apóstolos" (2:42) e aos apóstolos que resolveram dar prioridade à oração e à pregação (6:4). Aqui ele o emprega em relação à perseverança na oração, como Paulo o faz diversas vezes.55

Não pode existir muita dúvida quanto ao fato de a base dessa união e perseverança na oração ser o mandamento e a promessa de Jesus. Ele prometera que logo lhes enviaria o Espírito (1 :4 ,5 ,8). E ordenara que esperassem a sua vinda, para então com eçar a testemunhar. Aprendemos, portanto, que as promessas de Deus não tornam a oração supérflua. Pelo contrário são somente as suas promessas que nos dão a garantia para orarmos e a confiança de que ele nos ouvirá e responderá.

No documento A Mensagem de Atos - John-Stott (páginas 51-54)