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Estêvão apresenta sua defesa (7:1-53)

No documento A Mensagem de Atos - John-Stott (páginas 144-156)

B O s Fundam entos Para A M issão M undial

2. Estêvão apresenta sua defesa (7:1-53)

M uitos que estud am o discu rso de E stêvão, o criticam , considerando-o desconexo, obscuro e até mesmo incoerente. Um exemplo é George Bemard Shaw, em seu prefácio a Ândrocles e o

Leão. Cham ando Estêvão de "um jovem orador in tolerável" e

"pessoa enfadonha, presunçosa e sem tato", ele o descreve como tendo "feito um discurso perante o conselho no q u a l... infligiu- lhes um tedioso esboço da h istória de Israel, a qual, provavelmente, conheciam tão bem quanto ele".10 Outros acham que seu discurso carece não só de interesse com o tam bém de objetivid ad e. D ibeliu s, por exem plo, escreve acerca da "irre le v â n cia da m aior parte de seu d iscu rso".11 M as essas avaliações negativas da oratória de Estêvão não são, de form a alguma, universais. W illiam Neil chega a intitular seu discurso "um a proclamação sutil e inteligente do evangelho".12

E importante lembrarmos a natureza e o propósito do discurso de Estêvão. Após levantarem duas sérias acusações contra ele, o sumo sacerdote o desafiou com uma pergunta direta: Porventura

é isto a ssim ? (7:1). C onseqü entem ente, E stêvão p recisav a se

d efen d er de m aneira a desenvolver um a apologia para o seu evangelho radical. O que ele fez não foi apenas enum erar os principais acontecimentos da história do Antigo Testamento, com que o Smédrio estava tão familiarizado quanto ele, mas, sim, fazê- lo de tal forma que lhe permitisse tirar lições nunca aprendidas ou percebidas por eles. A preocupação de Estêvão era dem onstrar que sua posição, longe de ser uma "blasfêm ia" por desrespeito à palavra de Deus, a honrava e glorificava. Pois o próprio Antigo T estam ento confirm ava o seu ensino sobre o tem plo e a lei, especialm ente ao profetizar sobre o Messias; ora, rejeitando-o, eram eles que estavam negando a lei, não Estêvão. A m ente de Estêvão evidentemente tinha absorvido o Antigo Testamento, pois sua defesa é como uma colagem de alusões a ele.

a. O templo

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valorizavam tanto o templo, mas porque Deus prometera "colocar o seu N om e" nele e ali encontrar o seu povo. V ários Salm os testificam o conseqüente amor de Israel pelo templo. Por exemplo: "Um a coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contem plar a beleza do Senhor, e meditar no seu templo".13 Isso era certo, mas muitos tiravam conclusões erradas. Para eles, Javé se identificava com o templo de forma tão completa que a sua existência garantia- lhes a proteção divina, enquanto que sua destruição significaria que Deus os abandonara. É contra esses conceitos que os profetas se lev an taram.14 M uito antes d eles, p orém , com o ressalto u Estêvão, os grandes personagens do Antigo Testam ento jam ais im aginaram que Deus estivesse confinado a um edifício.

O que Estêvão fez foi escolher quatro das principais épocas da história de Israel, dominadas por quatro personagens principais. Primeiro, ele destacou Abraão e o período patriarcal (7:2-8); depois José e o exílio no Egito (vs. 9-19); passando para M oisés, o Êxodo e a p eregrin ação no deserto (vs. 20-44); e fin alm en te D avi e Salo m ão , e o estabelecim en to da m onarquia (vs. 45-50). A característica comum a estes quatro períodos é que em nenhum deles a presença de Deus esteve limitada a um lugar específico. Pelo contrário, o Deus do Antigo Testamento era um Deus vivo, um D eus em m ovim ento, em m archa, que sem pre estava ch am and o o seu povo para novas aven tu ras, e sem pre acompanhando e guiando-os em sua caminhada.

1) Abraão (vs. 2-8)

A qui está o resum o de Estêvão acerca do prim eiro período, o período patriarcal em que Abraão era o personagem central:

E stêvão respondeu: V arões, irm ãos e pais, ouvi. O D eus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, 3e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela, e vem para a terra que eu te mostrarei.

4Então saiu da terra dos caldeus e fo i habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais. sNela não lhe deu herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu dar-lhe a posse dela, e depois dele à sua descendência, não tendo ele filho. 6E falou Deus assim, que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por quatrocentos

a n o s ;7eu, disse Deus, julgarei a nação da qual foram escravos; e depois disto sairão daí e me servirão neste lugar. 8Então lhe deu a aliança da circuncisão; assim nasceu Isaque, e Abraão o circuncidou ao oitavo dia; de Isaque procedeu Jacó, e deste os doze patriarcas.

Não é por acaso que Estêvão descreve Javé como o Deus da glória, pois a sua "g ló ria " é a sua autom anifestação, e Estêvão dá, a segu ir, detalhes de com o ele se fez conhecer a A braão. Deus

apareceu a ele pela p rim eira vez quando ainda estava na Mesopotâmia, especificamente em Ur dos caldeus,15 quando ele e sua fam ília "adoravam a outros deuses".16 M as, m esm o nesse contexto idólatra, Deus apareceu e falou a Abraão, ordenando-lhe que se desligasse de sua casa e do seu povo e migrasse para outro p aís, que m ais tarde lhe m ostraria. A lguns co m en taristas acreditam que Estêvão cometeu um erro aqui, pois deduzem de Gênesis 11:31 a 12:1 que a ordem de Deus foi dada a Abraão em Harã, e não em Ur. Mas Gênesis 12:1 pode ser traduzido por "O Senhor havia falado a Abrão", sugerindo que o que lhe fora falado em H ará era, na verdade, uma confirmação daquilo que já lhe falara em Ur. E certo que, mais tarde, Deus se anunciou a Abrão com o "o Senhor que o tirou de Ur dos caldeus ...", e tanto José com o N eem ias testificam isso.17 Assim , Abrão deixou Ur e f o i

habitar em Harã. Mas de lá Deus o trouxe, em outra etapa de sua

jornada, para a terra de Canaã. Nela não lhe deu herança, nem sequer

o espaço de um pé, mas prometeu que sua descendência (apesar de,

naquela época, Abraão não ter nenhum filho) tomaria posse dela. Ao mesmo tempo, eles também não a herdariam imediatamente, pois, antes, deveriam ser forasteiros em terra estrangeira, onde seriam

escravizados e maltratados por quatrocentos anos (Estêvão se contenta

com um número redondo, embora o número preciso de anos que passaram em escravidão fosse 430).18 Deus não se esqueceu deles, nem os abandonou, nem mesmo durante a cruel escravidão: ele interveio para julgar a nação da qual foram escravos, e, assim, libertá- los da escravidão (v. 7).

Não podem os deixar de ver a ênfase que Estêvão coloca na in iciativ a divina. Foi D eus quem apareceu, falou, en viou , prom eteu, julgou e libertou. De Ur a Harã, de Harã a Canaã, de Canaã ao Egito, do Egito de volta a Canaã, Deus estava dirigindo cad a etapa da p eregrin ação do seu povo. A pesar de todo o "crescente fértil" desde o rio Eufrates até o Nilo ter sido o palco de suas migrações, Deus estava com eles. Por quê? Porque Deus lhe

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deu a aliança da circuncisão (v. 8), ou seja, ele prometeu solenemente a Abraão que abençoaria a ele e a sua descendência, e deu-lhe a circuncisão para selar essa aliança. Assim, muito antes de existir um lugar santo, existia um povo santo, com o qual Deus tinha se com prom etido. Ele então renovou a prom essa que tinha feito a Abraão, primeiro com seu filho Isaque, depois com seu neto Jacó, e depois com seus bisnetos, os doze patriarcas (v. 8b). Desse modo, Estêvão faz a transição de Abraão para José, o segundo grande personagem do Antigo Testamento que ele destaca (vs. 9-16).

2) José (vs.9-16)

Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no para o Egito; mas Deus estava com ele, 10e livrou-o de todas as suas aflições, concedendo-lhe também graça e sabedoria perante o Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador daquela nação e de toda a casa real.

nSobreveio, porém, fom e em todo o Egito; e, em Canaã, houve grande tribulação, e nossos pais não achavam mantimentos. 12Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou a primeira vez os nossos pais. uNa segunda vez José se fez reconhecer por seus irmãos, e se tornou conhecida de Faraó a fam ília de José. 14Então José mandou chamar a seu pai, Jacó, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas. lsJacó desceu ao Egito, e ali m orreu ele e também nossos pais; ue foram transportados para Siquém e postos no sepulcro que Abraão ali comprara a dinheiro aos filhos de Emor.

N otam os im ediatam ente que, se a M esopotâm ia foi o contexto surpreendente no qual Deus apareceu a Abraão (7:2), o Egito foi o cenário igualmente surpreendente em que Deus lidou com José. Seis vezes em sete versículos, Estêvão repete a palavra "E gito", com o se qu isesse garantir que seus ouvintes cap tassem seu significado. Essa era a "terra estrangeira", na qual os descendentes de Abraão seriam escravizados e maltratados durante 400 anos (v.

6), e a em igração aconteceu devido à inveja dos patriarcas em relação ao seu irm ão mais novo, José (v. 9). Apesar de José ser estrangeiro e escravo no Egito, Deus estava com ele (v. 9). Por conseguinte, Deus o livrou de todas as suas aflições, ("aflições" sendo um eu fem ism o para a prisão in ju sta cau sad a p o r P otifar)

concedendo-lhe sabedoria (especialmente para interpretar sonhos),

de m odo que ganhou a confiança do Faraó, que o fez governador

Deus iião estava apenas com José, mas também com toda a sua família, pois ele os salvou da morte durante a grande fome (v. 11). O local dessa libertação divina também foi o Egito. Estêvão relata as três visitas que os irmãos de José fizeram ao Egito: a primeira para obter grãos (v. 12), a segunda quando José se identificou a eles (v. 13) e a terceira, quando levaram Jacó, juntamente com suas esposas e filhos, num total de setenta e cinco pessoas (v. 14). Esse é o núm ero dado na Septuaginta, em Gênesis 46:27 e Êxodo 1:5, apesar de o texto hebraico em ambos os trechos apresentar o número setenta. Provavelmente a discrepância se deve à inclusão ou exclusão dos filhos de José. É difícil para nós imaginarmos, e Estêvão não menciona, como essa descida ao Egito foi traumática para Jacó. Ele certamente sabia que numa fome anterior o Senhor havia especificamente proibido o seu pai, Isaque, de ir ao Egito, ordenando-lhe que perm anecesse na terra p rom etid a.11’ Essa proibição também incluiria Jacó? Sem dúvida algum a foi para acalm ar as dúvidas de Jacó que em Berseba, perto da fronteira entre Canaã e o Egito, Deus lhe falou numa visão durante o sono que ele não deveria ter medo de ir ao Egito, pois o Senhor iria com ele, abençoá-lo-ia ali e o traria de volta.20 Assim, Jacó desceu ao Egito (v. 15). E lá m orreram ele e todos os seus filhos, longe da terra prom etida, à qual nunca retomaram. Apenas seus corpos foram

transportados de volta e sepultados (v. 16).

Os patriarcas tinham dois terrenos para sepultam ento em Canaã. O primeiro era o campo e a caverna de Macpela, perto de Hebrom, que Abraão comprou de Efrom, o heteu;21 o segundo era um terreno perto de Siquém , que Jacó com prou dos filhos de Em or.22 Alguns comentaristas caçoam de Estêvão (ou de Lucas) por tê-los confundidos, pois ele diz que Abraão, em vez de Jacó, com prou o túm ulo de Siquém . M as, pelo an teced en te, é improvável que Estêvão, com seu conhecimento íntimo do Antigo Testamento, tivesse cometido esse engano. E melhor concluir que ou Jacó comprou o terreno de sepultamento em Siquém em nome de Abraão, ou que, ao dar um relato conjunto do sepultamento de todos os patriarcas, Estêvão tenha unido deliberadamente os dois lo cais, já que Jacó foi enterrado, a seu ped id o, no cam po de Macpela,23 enquanto que os ossos de José foram enterrados muitos anos depois, em Siquém.24

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3) M oisés (vs. 17-43)

O terceiro período m encionado por Estêvão foi dom inado por M oisés, através de cujo ministério Deus cumpriu sua prom essa a Abraão, a qual parecia ter caído no esquecimento. Talvez Estêvão se alongue mais ao tratar da carreira de Moisés (que ele divide em três períodos de quarenta anos) do que dos outros porque ele foi acusado de falar contra Moisés (6:11). Estêvão, portanto, não deixa seus ju iz es em dúvida quanto ao seu im enso resp eito pela liderança de Moisés e sua lei.

Como, porém, se aproximasse o tempo da promessa que Deus jurou a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito, 18até que se levantou ali outro rei que não conhecia a José. í9Este outro rei tratou com astúcia a nossa raça e torturou os nossos pais a ponto de forçá-los a enjeitar seus filhos, para que não sobrevivessem.

20Por esse tempo nasceu Moisés, que era form oso aos olhos de Deus. Por três meses fo i ele mantido na casa de seu pai; nquandofoi exposto, a filh a de Faraó o recolheu e criou como seu próprio filho. 22E M oisés fo i educado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.

23Quando completou quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. 24Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. 250 ra, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar, por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam. 26No dia seguinte, aproxim ou-se de uns que brigavam, e procurou reconduzi-los à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos outros ?

27Mas o que agredia ao próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu autoridade ejuiz sobre nós?28Acaso queres matar-me, como fizeste ontem ao egípcio?29A estas palavras Moisés fugiu e tomou-se peregrino na terra de Midiã, onde lhe nasceram dois filhos.

30Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe no deserto do monte Sinai um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia. 31Moisés, porém, diante daquela visão ficou maravilhado e, aproximando-se para observar, ouviu-se a voz do Senhor: 32Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus de A braão, de Isaque e de Jacó. M oisés, tremendo de medo, não ousava contemplá-la.

33Disse-lhe o Senhor: Tira a sandália dos pés; porque o lugar em que estás, é terra santa. 34Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido, e desci para libertá-lo. Vem agora e eu te enviarei ao Egito.

constituiu autoridade ejuiz? a este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do Anjo que lhe apareceu na sarça. 36Este os tirou, fa z en d o prodígios e sinais na terra do Egito, assim com o no M ar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. 37Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta sem elhante a mim. 3SÉ este M oisés quem esteve na congregação no deserto, com o Anjo que lhe falava no monte Sinai, e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.

39A quem nossos pais não quiseram obedecer, antes o repeliram e nos seus corações voltaram para o Egito, 40dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. 4íNaqueles dias fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras de suas mãos. 42M as Deus se afastou e os entregou ao culto da m ilícia celestial como está escrito no livro dos profetas:

Ó casa de Israel, porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto pelo espaço de quarenta anos, 43e acaso não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizeste para as adorar? Por isso vos desterrei para além de Babilônia.

O exílio e a escravidão dos israelitas no Egito duraram quatro amargos séculos. Será que Deus tinha esquecido o seu povo e a sua prom essa de abençoá-lo? Não. Ele tinha advertido Abraão dos quatrocentos anos de escravidão e tortura (v. 6). Mas finalmente

se aproxim ou o tempo (o tem po predeterm inado, pois Deus é o

Senhor da história) da promessa que Deus jurou a Abraão (v. 17a). Deus tinha duas promessas a Abraão: dar-lhe uma semente (uma n u m erosa descen d ência) e uma terra (C an aã).25 A p rim eira prom essa estava sendo cum prida m esm o durante o cativeiro egípcio, pois o povo cresceu e se multiplicou no Egito (v. 17b). Mas como seria cumprida a promessa de terra? Somente após muito sofrim ento. Pois se levantou ali outro faraó que, nada sabendo a respeito de José, explorou os israelitas e os torturou, forçando-os a

enjeitar seus filhos (vs. 18-19).

Foi por esse tempo, quando o sofrimento do povo tinha atingido o auge e suas perspectivas eram mais desoladoras, que nasceu

M oisés, o libertador escolhido por Deus. "Ele não era uma criança

com um ", diz uma versão inglesa, traduzindo uma expressão que combina as idéias de que ele era formoso e agradava a Deus (v. 20). Nos primeiros três meses de sua vida, ele foi alimentado por sua

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própria mãe, m as depois foi educado no palácio egípcio com o filho adotivo da filha do Faraó (v. 21). Desse m o d o , fo i educado em

toda a ciência dos egípcios, e tornou-se poderoso em palavras e obras (v.

22).

Quando tinha quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos,

os filhos de Israel, no sentido de ver sua luta e tentar ajudá-los (v.

23). T estem u n han d o dois casos de in ju stiça, M oisés tentou resolvê-los sozinho. Primeiro, ele tentou defender um israelita, e matou um egípcio que estava a maltratá-lo (v. 24). No dia seguinte, tentou reconciliar dois israelitas que estavam brigando, e rogou a eles que se lembrassem de que eram irmãos e não deviam ofender um ao outro (v. 26). Em ambos os casos, pensou que seus irmãos

entenderiam que Deus os queria salvar, por intermédio dele (v. 25). Eles, porém , não compreenderam. Pelo contrário, o israelita que estava

maltratando o outro contestou a idoneidade de M oisés para ser

autoridade e juiz sobre eles, e perguntou se ele pretendia matá-lo,

assim com o havia matado o egípcio (vs. 27-28). Alarm ado pelo fato de seu assassinato ter se tornado público, Moisés fugiu para a

terra de Midiã, onde se estabeleceu com peregrino, casou-se e teve dois filh o s (v. 29). Esse foi o início do seu segundo período de

quarenta anos.

No fim desse p eríod o, surgiu o m om ento decisivo de sua carreira, quando Deus se encontrou com ele e o comissionou. Na verdade, diz-se que foi um anjo que lhe apareceu por entre as chamas

de uma sarça que ardia (v. 30). Mas foi a voz do Senhor que o chamou

e se apresentou como o Deus de Abraão, de Isaque e de jacó, e Moisés,

tremendo de medo, não ousava contemplá-la (vs. 31-32). A voz divina

então lhe ordenou que tirasse as sandálias, pois o local onde estava, na presença de Deus, era terra santa (v. 33). Essa afirmação era o centro da tese de Estêvão. Havia terra santa fora da terra prom etida. Q ualquer lugar onde Deus está é santo. E m ais, o m esm o Deus que encontrou Moisés no deserto de Midiã também estava presente no Egito, pois ele vira o sofrimento do seu povo no Egito, ouvira o seu gemido, e descera pessoalmente para libertar o seu povo, e agora estava enviando M oisés de volta para o Egito para concretizar a libertação deles (v. 34). Este Moisés, a quem os israelitas tinham rejeitado como autoridade e juiz, estava sendo escolhido como chefe e libertador, com a assistência do Anjo que lhe

apareceu na sarça (v. 35).

O terceiro período de quarenta anos na vida de Moisés passou- se no deserto após ele ter tirado o povo da terra do Egito. A lém

disso, tanto no E g ito ,... como no M ar Vermelho e no deserto, seu m inistério singular como libertador e legislador foi autenticado (tal como o ministério singular dos apóstolos) por prodígios e sinais (v. 36). Foi Moisés, continuou Estêvão, querendo magnificar o seu m in istério , quem p redisse a vinda do M essias, um p ro feta semelhante a ele,26 quem esteve na congregação (ekklesia) no deserto,

No documento A Mensagem de Atos - John-Stott (páginas 144-156)