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3.BREVE HISTÓRIA DO ENSINO ARTÍSTICO EM PORTUGAL

79 Joaquim António da Fonseca Vasconcelos nasceu no Porto em 1849 Deixou inúmeros estudos pioneiros da História de Arte em Portugal, bem como na área da Música e uma vasta obra nas áreas da arqueologia, do estudo de monumentos, da ourivesaria e de

3.3. O ENSINO ARTÍSTICO NO SÉCULO XX E

No início do século XX o ensino artístico em Portugal caracterizava-se por uma aprendizagem assente na observação e na imitação, aplicado ao ensino artístico nas Academias, posteriormente nas Escolas de Belas-Artes. Nesse período, o ensino cingia-se à cópia. Aos alunos era exigida a reprodução das matérias, aos futuros professores apenas era requerida a prova de possuírem os conhecimentos científicos necessários para as leccionarem.

Em virtude da semelhança da disciplina de desenho, no seu início, com a Geometria, tanto os professores que eram formados pelas Belas-Artes, como os profissionais oriundos não necessariamente da esfera artística, mas de outras com conteúdos semelhantes, poderiam ensinar desenho. Ambos, à posteriori, aprendiam a ensinar o Desenho, através de tentativas - erro e da imitação dos mestres, isto é, dos professores mais experientes, considerados por isso, uma referência académica .

180 Os conteúdos, assim como a metodologia, eram tidos como verdades absolutas e imutáveis, o que contribuía para a estagnação do ensino. Apesar do desenho livre ter sido introduzido no ensino preparatório em 1947-48, nessa mesma época, nas Belas - Artes, a arte ―moderna‖, isto é, aquela que não fosse figurativa e mimética, era proibida. Assim se compreende a persistência de uma abordagem mimética e tecnicista da Arte no ensino, muito para lá da reforma de 1947-48.

Na 1ª. República, tiveram lugar algumas inovações a título experimental, ao nível da formação de professores. Em 1915, fundaram-se as Escolas Normais Superiores de Lisboa e Coimbra e a componente de prática pedagógica fazia-se em exclusividade nos Liceus Camões, Passos Manuel, Pedro Nunes, em Lisboa e no Liceu José Falcão, em Coimbra (André, 2008)

O D.G. nº 151 (II Série) de 2 de Julho de 1923 publicou um texto proveniente da Câmara dos Deputados80 com o título de ―Proposta de Lei sobre a reorganização de educação nacional‖81

da autoria do Ministro de Instrução Pública João José da Conceição Camoesas. O EEN foi o primeiro texto legal que demonstrou vontade de elaborar um quadro legal básico. Porém, nunca assumiu validade legal, pois deu-se a queda do governo que o criou, quatro meses depois. O documento dividido em duas partes apresentava na primeira um relatório sobre a situação vigente e uma segunda a proposta de vinte e quatro bases que seriam tornadas lei. Alertava para questões tão essenciais como a educação de deficientes, a formação de professores, a falta de uma rede pública de jardins-de-infância e uma crítica dura ao estado do ensino primário, secundário, técnico e superior, a relação escola/meio, a organização, administração e autonomia financeira.

As vinte e quatro bases do documento fixam os graus de ensino, as idades mínimas de acesso, a duração dos cursos, os princípios de obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário e do ensino técnico elementar. Preconizam a estrutura do ensino (objectivos, actividades, disciplinas e conteúdos programáticos nos vários níveis), a criação de serviços de inspecção (inspecção médico-escolar e inspecção técnica do ensino), a criação do ensino superior (paralelo) das classes populares da responsabilidade das Universidade s

80 Datado de 21 de Junho de 1923.

181 Populares; a criação de uma Junta Nacional do Fomento das Actividades Sociais e Investigação Cientifica; estabelece a divisão educativa do país, a definição das entidades e órgãos responsáveis pela gestão dos vários estabelecimentos dos diferentes níveis de ensino e instituições de assistência escolar. Estabelece também a fixação do estatuto profissional, cria medidas para o pessoal auxiliar e médico - escolar, estabelece as condições para a construção de escolas e a criação de um Fundo da Educação Nacional (Casulo, 1988).

Em 1926 introduzem-se, as ideias defendidas em Paris e Londres em 1900 surgindo o desenho do natural e o decorativo ou seja, o desenho divide-se em: Desenho geométrico, de invenção (composição decorativa) e de imitação à mão livre (cópia de estampas e representação de formas exclusivamente geométricas). Apenas em 1947 aparece, graças a Bêtamio de Almeida, o desenho livre. A composição decorativa, o desenho à vista e a geometria continuava a tradição de um ensino dedicado à destreza manual e em pouco ou nada contribuíram para uma verdadeira educação artística. O processo educacional reflectia o Estado Novo, era um sistema repressivo, onde a disciplina consistia em castigos corporais. O Ministro da Justiça em 1931, afirmou na inauguração do X Congresso de Protecção à criança: "Educar é sempre torcer, podar, cortar, contrariar, esmagar!" Filomena Mónica comenta: "Rousseau fora finalmente derrotado" (Mónica, 1978). No contexto da Ditadura Militar - 1926/1933 e durante a fase de consolidação do Estado Novo, não houve praticamente investimento do estado na formação dos educadores. O panorama era agonizante: a taxa de analfabetismo nacional era muito alta (superior a 50%) Deixou de ser exigido o curso geral dos liceus aos candidatos a professor e criou-se a figura de regente escolar, a quem se exigia apenas como habilitação a 4ª classe e o conhecimento dos conteúdos que ensinava (André, 2008).

Em 1936, o Diário do Governo nº 84 de 11 de Abril publicou na 1ª Série, a Lei 1941, destinada a remodelar o Ministério da Instrução Pública (que passará a designar-se Ministério da Educação Nacional). As catorze bases do documento introduzem uma nova ordem ideológica, a do nacionalismo que tem dois grandes objectivos. Por um lado, criar mecanismos de controlo centralizando toda a educação e por outro, fixar a base ideológica do nacionalismo. São criadas duas medidas emblemáticas: cria-se a Junta Nacional da Educação (presidida por uma pessoa nomeada pelo Ministro da Educação) e que tem

182 como objectivo o estudo de problemas que interessam à formação de carácter, ao ensino e cultura e integra áreas como a educação moral e física, o ensino primário, o ensino secundário, o ensino superior, o ensino técnico, as belas artes, a investigação científica e as relações culturais.

Uma outra medida que advém do processo de centralização resulta na extinção do Conselho Nacional de Instrução Pública, o Conselho Superior de Belas Artes, a Junta Nacional de Escavações e Antiguidades, a Comissão do Cinema Educativo e a Junta de Educação Nacional. Criam-se cursos obrigatórios sobre educação corporativa em todos estabelecimentos do ensino excepto no ensino primário. A medida do livro único no caso da leitura do ensino primário, livro de educação moral e cívica (em qualquer grau de ensino) e dos livros de História de Portugal, História Geral e de Filosofia (excepto os do ensino superior) é uma afirmação das medidas do regime.

Ainda dentro do âmbito da afirmação da ideologia nacionalista é afirmada a importância da mocidade portuguesa na educação dos jovens, torna-se obrigatório o canto coral como elemento de educação e coesão nacional (base XII), bem como a afixação do crucifixo nas escolas públicas do ensino primário. A Lei de 1936 exalta o homem devotado à terra, aos valores do passado, um homem dedicado à Pátria e à religião (―Deus, Pátria e Família‖).

Embora Oliveira (2000) designe o período de 1936/-1947/8 de Pró - imaginação, dizendo que os alunos (as) teriam eventualmente possibilidades de utilizar a imaginação através dos exercícios (rígidos) de composição decorativa, não nos parece que alguma vez a imaginação e criatividade tivesse estado presente nos objectivos ou nas práticas pedagógicas. A partir da análise dos manuais escolares da época apenas se verifica preocupação na repetição de formas e domínio das técnicas gráficas rigorosas.

O ensino artístico não interessava portanto, mas interessava sim que se tornasse numa prova de disciplina e destreza manual, os conteúdos do desenho continuaram a ser a geometria descritiva, o desenho de cópia de estampas, o desenho à vista de objectos e o desenho ornamental baseado nos estilos decorativos. No Ensino Secundário acentuou-se a barreira entre o ensino técnico dado nas Escolas Industriais e Comerciais para as classes mais baixas e os Liceus, que eram as escolas para a educação das elites.

Ainda que não sejam claramente definidos os grandes objectivos da educação nacional, é possível analisá-los á luz da divisão dos graus de ensino e do que se pretende atingir. Assim, na educação infantil e ensino primário pretende -se favorecer e dirigir o

183 desenvolvimento físico, intelectual e moral da criança. No ensino secundário pretende-se atingir a cultura das virtualidades e aptidões dos alunos e sua formação física, intelectual e moral (curso geral e curso especial); preparação para o ingresso no ensino superior (só para o curso especial). No ensino técnico pretende-se o desenvolvimento da cultura geral e preparação para o exercício das diferentes artes e profissões (curso elementar), a preparação geral e técnica para o exercício das categorias subalternas à direcção superior das várias actividades profissionais (curso complementar) e preparação para o acesso às Escolas Superiores Técnicas (Curso complementar).

No ensino profissional pretendia-se uma preparação exclusivamente técnica tendo em vista o ingresso em trabalhos especializados da indústria. No ensino superior e universitário pretende-se a formação de uma elite capaz de ocupar os cargos de direcção da sociedade, o desenvolvimento da cultura superior do espírito e a promoção da investigação científica e a aplicação dos seus resultados à utilidade nacional. Nas universidades populares pretendia-se a promoção e aperfeiçoamento da educação física, social, artística, intelectual e moral do povo.

Assim, Portugal e, de certa forma, também a Espanha, como muitos outros países periféricos que foram política e materialmente incapazes de construir o Estado-nação moderno nas condições relativamente benignas do liberalismo da segunda metade século XIX, vieram a fazê-lo na primeira metade do século XX, num contexto de regimes autoritários, que mediaram a transição de uma forma de modernidade liberal restrita para uma forma de modernidade organizada. A fraqueza das suas elites e o atraso da acumulação de riqueza realçaram, nesta transição, uma visão «reguladora» que, partindo do princípio de que os «seus» povos não estavam preparados para a «modernidade» plena, acentuou os mecanismos de bloqueio à difusão de práticas sociais autónomas, sendo a educação um caso sintomático. Hesitando entre a alfabetização de todos, mesmo que de forma básica, e a educação das elites, (Candeias, 2005) Salazar fez-se eco do tradicional dilema, comum ao pensamento conservador do século XIX e primeira metade do século XX, que, perante a massificação da educação, coloca de um lado o desenvolvimento económico e do outro, o medo da subversão da ordem tradicional que o domínio de uma ferramenta conceptual tão poderosa como a escrita possibilita, de um lado o controlo social que a educação permite e do outro a emancipação a que ela abre portas. Perante este dilema, percebemos que, em determinadas circunstâncias históricas ,

184 as práticas políticas conservadoras terão agido como travão a uma escolarização rápida e ampla das sociedades europeias e também sabemos que será no decorrer do salazarismo que a escolarização do país se fará (Candeias, 2005: 477-498).

No estudo da escola na sociedade salazarista Filomena Mónica refere que entre 1926/39 para os pedagogos a natureza humana era a da doutrina cristã, a do homem com a mácula original da imperfeição (Mónica, 1978: 308). A educação reproduz as diferenças de classe e de sexo. As diferenças de classe jogam um papel importantíssimo no ensino, a educação decalca os valores sociais e é sobretudo através da educação que se faz a discriminação social. No Estado Novo a maioria das crianças portuguesas era analfabeta (Mónica, 1978), salvo durante a 1ª República, os políticos e os intelectuais portugueses acreditavam que o povo não deveria ter acesso ao ensino, não precisava de saber ler e escrever. A sociedade portuguesa ligada à economia agrícola não via necessidade de escolas públicas, em meados do séc. XX a cultura geral era tida como nociva ao bem-estar da nação. Além da função política como discriminatória social a educação discriminava sexualmente a sociedade. A educação feminina era diferente da masculina, as escolas eram separadas e, no século XX, as raparigas eram orientadas para cursos de formação feminina, que incluíam saberes considerados tipicamente femininos como as rendas e os bordados, a música, as "boas maneiras" e o conhecimento da língua francesa.

Até aos anos 60 deu-se uma efectiva regressão no sistema de formação de professores e as medidas tomadas foram pouco planificadas: reduziu-se e dificultou-se o acesso dos professores à formação; optou-se pelo fecho de escolas primárias por falta de professores; dispensaram-se dos estágios pedagógicos os candidatos a professor do sexo masculino desde que obedecessem a alguns requisitos (André, 2008).

"Admitimos que brevemente se deverá estabelecer um programa de estrutura mais geral e unificada, visando essencialmente o estudo da Arte. Nesse curso, tanto na expressão como na impressão plástica, haverá, todavia, oportunidade para usar meios de técnica rigorosa e meios de técnica livre" (Bêtamio, 1967). Em 1967 Bêtamio divulga a obra de Herbert Read e a educação pela arte referindo o programa inglês de 1963 como modelo. Menciona também pela primeira vez a obra de Gropius. Embora a influência de Bêtamio de Almeida (1947-1970) na construção dos currículos e elaboração de manuais escolares tivesse timidamente abordado a expressão livre através da arte: o reconhecimento da arte infantil, o estudo do desenvolvimento gráfico da criança; a educação do gosto, a apreciação da arte e a substituição do desenho à vista pelo desenho

185 de interpretação (Betâmio, 1967), não se pode afirmar que houvesse educação artística nas escolas portuguesas dessa época. A partir dos anos sessenta, forma-se entre os professores de desenho um grupo de pessoas informadas e com vontade de alterar a didáctica do desenho.

Foi na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) que acolheu, em 1971, um colóquio sobre educação artística. Um elemento da instituição, Madalena Perdigão integrou a comissão de reforma do Conservatório Nacional, em Lisboa, onde o projecto viria a nascer. A iniciativa, a "Escola Piloto para Professores de Educação pela Arte, funcionou até 1974 no Conservatório Nacional, fase em que foi substituída pela Escola Superior de Educação pela Arte.

Já no final da ditadura no governo de Marcelo Caetano sendo Ministro da Educação Veiga Simão é criado um Plano de Reforma Global da Educação com a Lei nº5/73 de 25 de Julho publicada na I Série do D.G. nº 173, com a mesma data criando vinte e nove bases com cinco capítulos. O primeiro refere-se aos princípios fundamentais; o capítulo II à estrutura do sistema educativo; o III à formação de agentes educativos; o IV à Orientação escolar e o V às disposições finais. Este Plano designava a Educação Nacional como uma componente que deve formar integralmente todos os portugueses aparecendo aqui um conceito de educação mais amplo extensivo às actividades no âmbito da família também. O Estado deve defender como princípios fomentar e coordenar a educação nacional, ajudar as famílias a cumprir o dever de educar os filhos, garantir o direito de todos à educação, assegurar a liberdade de ensino, promover o cumprimento da obrigatoriedade da educação básica.

O ensino deveria submeter-se à constituição e à liberdade religiosa. Era ainda estabelecida a divisão do ensino em três partes: educação pré-escolar, educação escolar (que se dividia em ensino básico, ensino secundário – dividido em geral e complementar – e ensino superior (dividido em ensino normal, ensino politécnico e ensino universitário). O Estado deveria ainda assegurar um serviço de Orientação escolar em cooperação com as famílias e outras entidades. (Casulo, 1988). Porém, em 1974 o governo de Marcelo é derrubado e as medidas de Veiga Simão não tiveram tempo de serem implementadas.

As três grandes finalidades da Lei de Veiga Simão estão preconizadas nos seguintes objectivos. Partindo da moral religiosa cristã tradicional do país, pretende-se assegurar a todos os portugueses uma formação física, profissional, intelectual e moral. Fortalecer o amor à Pátria e a consciência da solidariedade entre comunidades lusíada s

186 espalhadas pelo mundo, tendo por horizonte, todavia, o ―espírito de compreensão e respeito mútuo entre os povos e a efectiva participação internacional‖. Preparar os portugueses para a vida social e familiar, bem como para se tornarem nos agentes e beneficiários do progresso do País. Este conceito de intercultura e de visão internacional destaca-se num governo que é ainda de cariz ditatorial mas que já demonstra algum sentido de mudança.

Até 1974 ocorreram importantes reformas curriculares, como por exemplo, foi criado o denominado ensino primário complementar. Estes factores obrigaram à introdução de algumas importantes alterações no domínio da formação de professores. É realizada a reforma dos currículos das escolas do magistério primário; faz-se uma aposta na profissionalização e na especialização dos professores para os diferentes graus de ensino; a definição do grau de bacharelato como um requisito mínimo para o acesso ao estágio pedagógico; a inclusão de um ramo educacional nas universidades, para os alunos que pretendessem ser professores e cria-se a figura do orientador de estágio (André, 2008). Será uma época de reanimação do pensamento pedagógico marcada pelo Movimento da Escola Moderna. Em 1976, cria-se o modelo de formação integrada na Universidade no Minho, com a criação inicial dos cursos de bacharelato, substituídos depois por licenciaturas. Posteriormente, este modelo veio a ser adoptado por muitas outras instituições do ensino superior.

A partir dos anos setenta o termo Educação Visual substitui a designação: Desenho. As noções de arte como terapia, arte como desenvolvimento cognitivo, arte como conhecimento começam a infiltrar-se timidamente nos professores das disciplinas artísticas. Os pioneiros destas mudanças, especialmente o professor Arquimedes da Silva Santos iniciaram o seu trabalho de experimentação e investigação com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, a partir da Associação Portuguesa de Educação pela Arte Fundada em 1957, presidida pela professora Alice Gomes. Foi uma Associação sem precedentes, de inspiração em Herbert Read que divulgou o conceito de educação pela arte, de expressões artísticas integradas e de arte terapia. Graças a este movimento, nos anos 70 desenvolveu-se a Escola Superior de Educação pela Arte, uma escola virada para o ensino das artes e para a formação de professores e educadores (ensino pré-escolar e primário) com uma filosofia inovadora onde se efectuava o ensino pela diferença, desenvolvimento do pensamento crítico e a interligação de todas as artes não com o intuito

187 de formar somente artistas mas também para formar educadores capazes de realizar o que então se apelidava de educação pela arte. Embora de curta duração essa escola lançou as sementes e formou as pessoas que depois iriam influenciar a construção de currículos e fornecer diplomados para os quadros das futuras Escolas Superiores de Educação e algumas Universidades com cursos de Formação de professores na área das artes (música, teatro, dança, artes visuais). Os anos pós-revolução abalaram o sistema de ensino em Portugal, grandes reformas curriculares e novas experiências foram introduzidas, a diferença entre escolas para baixas classes sociais e escolas de elites desapareceu, a duração do ensino básico foi aumentada, um esforço muito grande na educação de adultos foi realizado para reduzir a taxa de analfabetismo, o ensino pré- primário começou a ser implementado, a formação inicial de professores foi reformulada. Os currículos sucederam-se, desenvolvidos centralmente por equipas destacadas no ministério da educação, alguns com inovações, outros obsoletos. As reformas nunca chegaram a ser avaliadas.

A Educação Visual baseia-se em conceitos de expressão pessoal e da criança/artista. As metodologias decalcaram o modelo do artista modernista, valorizando a percepção visual e os elementos estruturais da linguagem plástica, a análise crítica da obra de arte foi evitada, valorizando uma concepção tecnicista da produção artística. Mesmo quando a disciplina de História da Arte foi introduzida no ensino secundário ou mesmo mais tarde a Teoria do Design estes conteúdos foram ministrados através de memorização de movimentos cronológicos numa leitura linear e descontextualizada da história.

Nos anos 80, a lei de bases do sistema educativo lança uma estrutura mais estável, no entanto tratou-se de uma reforma vinda de cima o que levou à sua difícil implementação, a realidade das escolas levou muito tempo a aceitá-la e continua a perpetuar práticas tradicionais no ensino. A Lei nº 46/86 de 14 de Outubro, publicada na I Série do D.R. nº 37 da mesma data é um documento mais completo que os anteriores debruçando-se sobre questões que até então não tinham sido contempladas como o ensino do Português no estrangeiro. O grande objectivo é a promoção da democratização do ensino e da liberdade de aprender e de ensinar. Um verdadeiro incremento da profissionalização dos professores dá-se também a partir de 1986.

O sistema educativo passa a dividir-se em três áreas: pré-escolar, ensino escolar e ensino extra -escolar. O ensino escolar subdivide -se em ensino básico, ensin o

188 secundário recorrente para adultos, ensino à distância e ensino do portes no estrangeiro). São contemplados os apoios educativos ao nível psicológico, médico e social (Cap. III), os problemas dos recursos humanos e materiais, as bases da administração e da avaliação do sistema educativo.

No capítulo VIII fixam-se as bases do ensino particular e cooperativo. De onze