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1.A EVOLUÇÃO DA PALAVRA MUSEU

1.4. O SÉCULO XX – OBJECTIVOS INOVADORES

Se durante o século XIX os maiores esforços se concentraram na aquisição e na conservação das colecções, o século XX teve como principal desfecho torná-las acessíveis à sociedade e o potenciar dos valores que poderiam transmitir aos indivíduos, ou seja converteram-se num verdadeiro serviço público. No entanto, até à Segunda Guerra Mundial, o museu mantém-se como um espaço de armazenamento de uma realidade histórico-cultural fossilizada e fechada cuja contemplação passiva e reverente só era alcançada por uns quantos privilegiados (Homs, 2004: 29). De facto, se o espaço físico das instituições museológicas se tornou acessível a todos, o acesso pleno aos bens culturais, visto como fruição, entendimento e compreensão era ainda uma realidade usufruída por apenas alguns privilegiados. Grossmann (2001) refere que estes problemas já existiam aquando da abertura dos museus ao público no século XVIII: ―os especialistas ligados à instituição museu (…) concordavam, cinicamente que os museus em geral deveriam ser acessíveis ao grande público, mas por outro lado mantinham o entendimento da arte como um produto de uma sensibilidade especial, passível de ser adquirida somente por via de um conhecimento a priori e certo grau de educação‖.

Em linhas gerais, no final do século XIX e do início do século XX, dá-se um forte impulso à especialização dos museus que, na sua maioria, podiam ser visitados, porém, sem atribuir a devida importância à comunicação entre os objectos e o público. Nesta época surge o primeiro periódico abordando questões museológicas, Zeitschrift für

Museologie und Antiquitätenkunde (Alemanha, 1878), dá início ao ensino em

108 museológico (Alemanha, 1918) e é fundada a primeira entidade nacional de profissionais de museus, a Museums Associaton (Inglaterra, 1889). Nesta mesma época surgiu a

American Association of Museums (Estados Unidos da América, 1906), que desenvolverá

importante papel na disseminação de conhecimentos museológicos. Surgem outros periódicos nacionais abordando assuntos museológicos, na Inglaterra Museums Jornal (1902), Alemanha, Museumskunde (1905), nos Estados Unidos da América, Museum Work (1919). As outras iniciativas importantes começam a emergir com a constituição, em 1922 do Comité Internacional de Cooperação Intelectual (CICI), criado no âmbito dos objectivos da Sociedade das Nações. O filósofo francês Henri Bergson foi eleito o seu primeiro presidente.

Em Julho de 1926, foi criado o International Museum Office cujos objectivos eram ―o estabelecimento de vínculos entre todos os museus do mundo, a organização de intercâmbios e congressos, assim como a unificação dos catálogos‖. É a primeira tentativa de se criar uma entidade internacional que reunisse os museus e seus profissionais de todo o mundo. O International Museum Office estava ligado à Cooperação Intelectual de Paris (criado em 16 de Janeiro de 1926) com o intuito de organizar as reuniões da CICI e executar as suas decisões, bem como agir em prol do desenvolvimento intelectual no mundo (Chadwich in Homs, 2004: 29). A actividade de maior destaque da IMO (International Museum Office) foi a edição da revista Mouseion que publicava trabalhos relacionados com a prática museológica em museus de vários países, porém havia uma predominância de artigos de cinco grandes países: França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Grã-Bretanha. Entre as opiniões críticas relativamente ao IMO, destaca-se a do museólogo inglês, J. Rothebstein, que no ano de 1937 aponta para a necessidade de definir os objectivos do International Museum Office, criado para dar saída às opiniões, cada vez mais criticas, especialmente referente à situação de ―armazéns de objectos‖ em que se encontravam muitos museus.

A partir do século XX, os museus passaram por várias transformações precipitadas pelas duas guerras mundiais, por mudanças de ordem endógena resultantes do aumento do número de museus e da sua densificação no espaço das metrópoles ocidentais e pelo aparecimento de novas linguagens artísticas, que não privilegiam só a fruição estética e os aspectos formais da obra de arte, mas também os seus aspectos conceptuais. A intenção

109 era educar e ―cultivar‖ através de um repositório de objectos/mediadores, símbolos históricos de poder e de afirmação da nacionalidade e dos valores do academismo vigente, interpretando desígnios fortemente centralistas de educação, cultura e civilização, tal como era a prerrogativa do pensamento iluminista e esclarecido, que assentava nos pilares da razão, da liberdade e do progresso (Caillet, 1995).

As primeiras funções são as mais tradicionais e historicamente as mais reconhecidas, enquanto as outras têm a ver com o público e as dimensões sociais da gestão do património cultural. A questão do uso social do património cultural ganhou maior relevância a partir de 1920-30, pela tomada de consciência de que a perda de ligação com o contexto de produção e uso desse património significaria a perda do seu significado. Qualquer colecção ou museu só pode ser explicado através da sua história (Hernández e Tresseras, 2001). Foi neste período que os responsáveis pelos museus se tornaram mais sensíveis aos desejos e motivações da procura e se demonstraram mais abertos a uma interacção entre protecção, difusão e estudo. Datam deste tempo as primeiras grandes exposições temporárias, as visitas escolares e os primeiros departamentos pedagógicos e educativos dos museus. São introduzidos novos sistemas de exposição e de apresentação das colecções e surgem os primeiros estudos de públicos.

No dia 16 de Novembro de 1946 é fundado o ICOM (International Council of Museums), organismo da UNESCO, pela iniciativa de Chauncey J. Hamlin, Presidente do Comité político da American Association of Museum e director do Museu da Ciência de Buffalo, nos Estados Unidos. Hamlin foi escolhido presidente temporário do ICOM e em 4 de Setembro do mesmo ano, enviou cartas para os directores de museus de diversos países, comunicando a proposta de criação do Conselho e solicitou que fossem criados nos seus respectivos países comités de directores de museus, para estabelecer uma cooperação internacional entre os museus. A primeira reunião teve início, numa sala do Museu do Louvre, em Paris, França, a primeira reunião do Conselho Internacional de Museus. Estiveram presentes trinta e quatro pessoas, representando quinze países, além de representantes da ONU, UNESCO e do Escritório Internacional de Museus da Sociedade das Nações.

Na primeira Assembleia-geral, que se realizou em Paris, em Novembro de 1946, foram elaborados e aprovados os estatutos, e delineadas as principais linhas gerais de actuação. Decidiu-se também dar prioridade à formação e ao intercâmbio de estudantes e

110 conservadores, contando para tal com a colaboração dos comités nacionais. A partir daqui as relações profissionais entre museus desenvolveram-se extraordinariamente a nível internacional. Implementam-se mais serviços pedagógicos e novos conceitos museográficos e museológicos, acentuando-se cada vez mais a função social dos museus. Por outro lado, o discurso expositivo passa a integrar dispositivos mediadores museográficos como maquetas, fotografias, pequenos textos, ou ainda, como no Museu de História Natural em Nova Iorque, reconstituições de ambientes naturais (Bazin, 1967).

Outro acontecimento que marca o desenvolvimento da museologia no século XX é o surgimento das grandes exposições temporárias, sobretudo a partir da década de 1960, como um fenómeno da cultura de massas. Para Germain Bazin (1967) é nesta altura que o objecto de museu começa a perder a aura de objecto sagrado, passando à vulgar condição de objecto de consumo no contexto do quotidiano. O conceito de museu amplia-se mais uma vez quando começa a ser usufruído como local de lazer e isso deve-se em grande parte à distinção cada vez mais nítida entre tempo de trabalho e tempo de lazer, que se torna predominante na Europa a partir de meados do século XX, com a redução do tempo laboral e o início das férias pagas. Mas o objectivo não era só fazer do museu um lugar de lazer, mas também um meio de transmissão de conhecimentos.

A produção de documentos produzidos no Seminário Regional da UNESCO sobre a

Função Educativa dos Museus ocorrido no Rio de Janeiro no ano de 1958, na Mesa Redonda de Santiago do Chile em 1972, no I Atelier Internacional da Nova Museologia na

cidade de Quebec (Canadá) em 1984, na Reunião de Oaxtepec ocorrida no México em 1984 e na Reunião de Caracas (Venezuela) em 1992, criaram igualmente momentos de viragem e de ruptura no seio do ICOM – Concelho Internacional de Museologia. Estes documentos influenciaram o pensamento e a prática museológica actual. Levaram à preparação de diversos outros documentos, por um lado; por outro, alguns países criaram leis específicas para a gestão da sua política cultural. Esses documentos possuem uma particularidade: todos eles foram elaborados e produzidos no Continente Americano, marcado pela colonização. O processo de colonização resultou na fusão de raças, com as suas diferentes culturas, assim como em alguns momentos também foi marcado pela barbárie, pela destruição de civilizações e de tradições ameríndias. Os documentos referidos questionam crenças, visto que muitos destes dogmas foram criados e

111 consolidados pela civilização europeia, colonizadora do Continente Americano (Primo, 1999).

―O museu pode trazer muitos benefícios à educação. Esta importância não deixa de crescer. Trata-se de dar à função educativa toda a importância que merece, sem diminuir o nível da instituição, nem colocar em perigo o cumprimento das outras finalidades não menos essenciais: conservação física, investigação científica, deleite, etc. ‖ (Seminário Regional da UNESCO sobre a função Educativa dos Museus, Rio de Janeiro, 1958).

O entendimento do Património Cultural reflecte as consequências do pós-guerra. Grande parte do património arquitectónico e monumental estava destruída, tinham ocorrido muitas pilhagens de obras de arte entre os países envolvidos na guerra. Reflectindo esta situação de instabilidade e de mudança no panorama museológico, vários profissionais reúnem-se em 1958 para discutir a função educativa dos Museus, e consideram que o espaço do museu é adequado para se exercer a educação formal, um facto novo no pensamento museológico da época (Primo, 1999). O documento realça a ênfase da função educativa dos museus, entendendo que a educação exercida é a formal; reconhece o museu como se fosse uma ampliação da escola. Também estabelece um objectivo de estudo para a museologia: o objecto museológico, entendido como o objecto artístico, histórico e tridimensional. Dedica atenção à exposição museográfica, criticando a museografia utilizada nos museus devido ao excesso de etiquetas e cartazes nas exposições: ―a exposição não é um livro‖. Aproveita para realçar o carácter didáctico da exposição, procurando alternativas para os problemas expositivos, como a utilização das novas tecnologias para comunicar. Um outro aspecto importante do documento é a importância que dá à necessidade da formação dos técnicos sugerindo a criação de cursos específicos.

O museu afirma que a sua mais importante função é consciencializar a sociedade acerca do seu património. À medida que se vai avançando no século aumentam-se as posições que afirmam que o museu é uma instituição fundamentalmente educativa. A partir da Segunda Guerra Mundial engendram-se algumas mudanças substanciais que assinalam o fim do conceito de instituição intangível e elitista. Estas mudanças ocorreram pela existência de uma nova atitude social, encarando o museu como uma instituição que deve ser compreensível por toda a comunidade e ainda pela aparição de um ―novo público‖, com novas opiniões políticas, sociais e económicas que foram geradas após a

112 Segunda Guerra Mundial. De entre estas transformações do pós-guerra destaca-se a troca de uma política centrada no objecto para uma política centrada no público e no papel que deveria ter junto dele. O museu surge então como uma entidade dinâmica, dialogante com o meio, um centro difusor de cultura em que o público está presente como parte integrante. Seja qual for o ponto de vista que se considere, a actividade museológica só pode justificar-se, social e culturalmente, em função do seu destinatário – o público.

Mais uma etapa desta evolução dos museus foi estabelecida no momento da criação, na Dinamarca, em 1964, do Museu de Lejte, fundado sobre um sítio arqueológico. O museu tornou-se num ateliê, e já não se trata apenas, como nos museus a céu aberto ou de território, ―de apresentar os objectos no seu meio, mas de transformar‖: os visitantes não se satisfazem em contemplar os objectos expostos, assistem à sua utilização e podem também utilizá-los. Clair explica que todos os anos ―as famílias estabelecem-se neste ―museu‖ e ali vivem por alguns dias ou semanas, nas mesmas condições de vida conhecidas pelos seus antepassados da Idade do Ferro‖ (Clair, 1976).

A partir dos anos 70, na Europa, começam a ser introduzidos meios audio-visuais nos museus para dar informações e para tornar o visitante mais participativo, recorrendo- se, uma vez mais, a suportes materiais de mediação. Os próprios auditórios dos museus têm uma acção cultural mais alargada: filmes, conferências, entre outras actividades (Caillet, 1995). Há assim uma série de transformações nos museus durante o século XX que reflectem as próprias transformações e crises da sociedade. Nesse sentido, começa- se a reflectir sobre a sua função social, pois este não pode ficar indiferente a estas transformações, como instituição cultural e social. Será que existem limites para o Museu? É preciso fazer essa pergunta para poder compreender o que levou o Museu e a Museologia a transformarem-se, ao longo dos anos, adoptando novas formas e assimilando novos paradigmas, sem, entretanto, abandonarem os seus respectivos ―mitos de origem‖.

Na década de 1970, os debates sobre o crescimento da população mundial, o aumento da poluição e a crise da energia contribuem para o realce dado à perspectiva do movimento ambiental. Ganha forma a ideia de desenvolvimento sustentável. O papel social do museu teve que adquirir a forma de uma responsabilidade diante da protecção do meio ambiente e o conjunto dos seus recursos. As sociedades devem conhecer suas próprias

113 evidências culturais e as suas próprias concepções de mundo. A evidência cultural só pode ser integralmente compreendida dentro dos limites próprios estabelecidos pelo espaço, pelo tempo e pelos traços culturais de cada grupo. A palavra ―ecomuseu‖34 foi criada em 1971 por Hugues de Varine, que posteriormente desenvolveu o conceito em colaboração com outro museólogo francês, Georges Henri Rivière, dando origem a um movimento internacional onde se têm vindo a integrar projectos museológicos muito diversificados, associados também aos conceitos de ―museu de comunidade‖ e de ―museu de território‖35

Esta tendência que mediou a imaginação de muitos teóricos nas últimas décadas deu origem ao que foi chamada de Nova Museologia. A Nova Museologia é um ―fenómeno histórico‖, a expressão de uma mudança prática no papel social do Museu. Para Marc Maure, (1995), a Nova Museologia é a expressão de uma ideologia específica. É uma filosofia e um estado de espírito que caracterizam e orientam o trabalho de certos museólogos. No que concerne à Nova Museologia podemos sem dúvida defini-la como um ―Museologia de acção‖. Para Hugues de Varine (1985), o Novo Museu é diferente do museu tradicional no realce dado ao território, em vez de enfatizar o prédio institucional em si; no património, em vez da colecção; na comunidade, em vez dos visitantes.

Para Scheiner (1998): ―La nouvelle muséologie, paradigme des années 80, cohabite

maintenant avec de nouvelles théories et de nouvelles pratiques, dont quelques-unes ont été déjà légitimées en tant que lignes conceptuelles et méthodologies du travail muséal. La muséologie est aujourd'hui définie comme le champ de connaissance consacré à l'étude du Musée et de ses relations avec le réel, ce qui implique une synthèse entre la théorie et la pratique. Et le Musée est saisi comme un phénomène social, capable d'actions non seulement dans la sphère de la préservation de la culture, mais également comme générateur de connaissances, influençant, d'une façon positive, le développement social‖ A

Nova Museologia integra-se nas ―novas tendências da Museologia‖, antecedida pela Ecomuseologia, pouco a pouco reconhecida no seio do ICOFOM. Aqui, as duas ideias são

34 O termo Ecomuseu está ligado à política francesa de desenvolvimento iniciada no ano de 1963. Caracteriza-se por ser um espaço

aberto, um espaço da povoação, do ordenamento do território, da identidade da população. Neste espaço o visitante converte-se num actor - participante. O Ecomuseu situa objectos no seu contexto, preserva conhecimentos técnicos e saberes locais, consciencializa e educa acerca dos valores do património cultural; implica interpretar os diferentes espaços que compõem uma paisagem; permite desenvolver programas de participação popular e contribui para o desenvolvimento da comunidade.

114 essencialmente e sistematicamente analisadas: em primeiro lugar, o Museu dá a prioridade ao Homem como seu objecto e, a segunda ideia, é a de que o património passa a ser uma ferramenta útil ao serviço do desenvolvimento do Homem e da sociedade.

A definição de Museu Integral, proposta pela Mesa Redonda de Santiago do Chile, (ICOM, 1972) um novo conceito de museu é expresso de forma muito clara: ―o museu é uma instituição ao serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele mesmo os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das comunidades que ele serve‖. O Museu Integral está destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto do seu meio material e cultural. Com este novo conceito, a instituição passa a ser entendida enquanto instrumento de mudança social, de desenvolvimento e de acção, criando-se assim a perspectiva do património global. A designação de museu integral36 está naturalmente ligada às ideias que são propostas para

a educação integral.

A Declaração de Santiago pode ser considerada como a primeira reunião preocupada com a interdisciplinaridade no contexto museológico e voltada para a discussão do papel do museu na sociedade. Ao museólogo começa a ser cobrado um posicionamento político/ ideológico, pois enquanto profissional que trabalha numa instituição que tem por objectivo o desenvolvimento social, ele é agora entendido como um ser político, pois todas as narrativas são políticas. Os museus são espaços privilegiados de educação não formal e têm um papel importante na formação de todos, no campo da cultura. A preocupação com a acção educativa dos museus é uma realidade que se intensifica nos países americanos a partir da década de setenta, fase em que a Educação também passa por transformações devido a novas correntes pedagógicas. Neste período, os educadores passam a procurar as instituições museológicas como uma extensão da escola, surgindo com isso os departamentos educativos que na sua maioria, se preocupavam apenas com a formação de monitores, a elaboração de material didáctico e a marcação de visitas guiadas. Nesta nova corrente há agora um olhar mais atento sobre os novos processos pedagógicos e a procura da adaptação destes processos nas acçõe s

36 Recomendações apresentadas à UNESCO pela Mesa-Redonda de Santiago do Chile, de 20 e 21 de Maio de 1972: 1. Um dos

resultados mais importantes a que chegou a mesa-redonda foi a definição e a proposição de um novo conceito de acção dos museus: o museu integral, destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto de seu meio material e cultural. Sugere que a UNESCO utilize os meios de difusão que se encontram à sua disposição para incentivar esta nova tendência.

115 educativas e culturais de carácter museológico.

É a partir da Declaração de Santiago que a comunidade museológica, já não pode ignorar que o museu começa a ter um papel decisivo e a ser um importante agente de desenvolvimento. Após esta Declaração, aposta-se numa educação libertadora onde o método pedagógico defendido pelo pedagogo/pensador brasileiro Paulo Freire ganha um novo sentido, que entende a educação como prática da liberdade e constrói a teoria da Educação ―Dialógica‖ e Problematizadora, na qual a relação educador e educando é horizontal, ou seja acredita-se que a partir do diálogo e da reflexão os homens se educam em comunhão: ―Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo‖ (Freire, 1987:69). A Teoria da Acção Educativa Dialógica, com a qual a museologia contemporânea tanto tem evoluído, baseia-se na união pela libertação e na negação da educação ―bancária‖, em que o aluno ou, neste caso, o visitante do museu é um mero depósito de informações, sem espaço para a reflexão e crítica. Sendo desta forma uma vertente da educação que