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2. Enquadramento institucional, legal e funcional do estágio

2.2. A Escola como instituição

A Escola, enquanto instituição, é uma comunidade educativa, com uma determinada autonomia pedagógica e administrativa que tem uma direção em si própria e que, em primeira instância, se responsabiliza perante a comunidade que serve. Nessa comunidade participam professores, alunos, funcionários, pais/encarregados de educação, município, associações sociais, económicas, culturais e científicas. Para Brasil (citado por Nakayama et.al., 2010, p. 281), a escola tem o compromisso de criar oportunidades para que os seus alunos construam atitudes, valores e conhecimentos que os ajudem a tornarem-se cidadãos críticos, éticos e participativos nos contextos que integram.

A Escola deve ser interpretada como uma comunidade de aprendizagem e não apenas de ensino (Sallan, 1999) e como um espaço de relações pessoais e interpessoais onde estão patentes várias influências, isto tendo em conta quem integra o meio onde esta está inserida. É o local privilegiado para a concretização da educação para a cidadania, pois cabe ao sistema educativo desenvolver na comunidade educativa os saberes e as práticas de uma cidadania ativa. Não é por acaso que a revisão curricular em Portugal, anunciada em 1999, apresentava uma escola constituída por cidadãos com direitos e deveres de professores, alunos e funcionários. Nessa escola, a participação ativa na construção de um mundo melhor, em que se respeitava a igualdade e a diferença, parte do conhecimento e compreensão do que estava à nossa volta. Já na revisão curricular apresentada no Decreto-Lei 139/2012 é indicada a importância do aumento da qualidade e do sucesso escolar no futuro do nosso país. Esse aumento de qualidade e sucesso escolar passa por “um aumento da autonomia das escolas na gestão do currículo, por uma maior liberdade de escolha das ofertas formativas, pela atualização da estrutura do currículo, nomeadamente através da redução da dispersão curricular, e por um acompanhamento mais eficaz dos alunos, através de uma melhoria da avaliação e deteção atempada de dificuldades” (p. 3476). Mais ainda, “pretende-se que a educação para a cidadania enquanto área transversal seja passível de ser abordada em todas as áreas curriculares, não sendo imposta como uma disciplina curricular isolada obrigatória, mas possibilitando às escolas a decisão da sua oferta nos termos da

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sua materialização disciplinar autónoma” (p. 3476). No que concerne à avaliação interna da qualidade e sucesso, esta é realizada a partir de provas e exames que levem à obtenção de “resultados fiáveis sobre a aprendizagem, fornecendo indicadores da consecução das metas curriculares e dos conteúdos disciplinares definidos para cada disciplina” (p. 3476).

Na Escola, o projeto educativo e o regulamento interno são os documentos mais importantes, no quais se expressa a vontade coletiva da sua comunidade e a operacionalização da sua autonomia.

A questão do Projeto Educativo de Escola (PEE) aparece suportada por uma conceção política da sociedade que assenta num modelo democrático participativo com relevo no papel de intervenção da sociedade civil. Assenta na conceção de democracia, do sistema educativo em vigor no nosso país, designadamente na Constituição da República Portuguesa e na Lei de Bases do Sistema Educativo (Costa, 1991). Para o mesmo autor, o PEE é um documento pedagógico que é elaborado pela comunidade educativa e que estabelece a identidade da escola, adequando o quadro legal em vigor no momento à situação concreta. Este documento apresenta o modelo geral de organização e os objetivos pretendidos pela instituição e é o ponto de referência orientador na coerência e unidade da ação educativa. A sua estrutura apresenta três grandes suportes teóricos: a política educativa, a teoria pedagógica e a análise organizacional.

Do ponto de vista pedagógico, a referência imediata é aquela que faz do trabalho de projeto, a metodologia fundamental do projeto educativo, “afirmando- se na defesa de uma escola viva, autónoma, criativa e de um educando como sujeito ativo em construção onde o direito à diferença aparece como requisito fundamental para a construção de projetos pedagógicos que, recusando a perpetuação dos valores do sistema, apostam no desafio da mudança” (Carvalho, citado por Costa 1991, p. 16). Nesta perspetiva, a pedagogia que marca o projeto parece estar identificada com a especificidade própria do ser humano. Assim, estamos perante uma conceção pedagógica que tem vindo a

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marcar procedimentos didáticos direcionados ao aluno, na sua individualidade, e que centram a sua ação na construção da sua própria aprendizagem.

Do ponto de vista administrativo-organizacional, o PEE é um instrumento útil, à semelhança do regulamento interno, para a concretização dos objetivos que a comunidade educativa considerar alcançar.

Segundo o estipulado no regulamento interno da EC2, este é “um

documento definidor do regime de funcionamento da Escola, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo, da especificidade de instalações e equipamentos, bem como dos direitos e deveres dos membros da comunidade escolar” (p. 1). Aplica-se a todos os membros da comunidade educativa, nomeadamente aos alunos, ao pessoal docente e pessoal não docente, aos pais e encarregados de educação, aos visitantes e utilizadores das instalações e espaços escolares, aos representantes das autarquias locais e aos representantes das atividades de carácter cultural, artístico, científico, ambiental e económico.

Foi com base nestas documentações que a minha atividade na escola se processou durante este ano letivo. A sua consulta e análise foram fulcrais para perceber melhor o espaço escolar em que me iria mover no exercício da função de professor e para atuar em conformidade com a restante comunidade educativa de forma a ajudar a EC a atingir os seus objetivos.

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