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III- Enquadramento da Prática Profissional

4.4. A avaliação das aprendizagens

4.4.2. Estratégias utilizadas para a avaliação

Face ao exposto, e no sentido de realizar uma avaliação justa e adequada, nas várias matérias lecionadas utilizei várias modalidades de avaliação, de entre elas a avaliação diagnóstico, a avaliação formativa e a avaliação sumativa. O recurso a estas três modalidades de avaliação foi essencial na estruturação e controlo da minha prática pedagógica, designadamente pelo facto de me permitir retirar ilações sobre a qualidade do processo ensino-aprendizagem que ministrava aos meus alunos - isto a partir da verificação se os objetivos tinham sido ou não alcançados e da deteção de dificuldades. Esta postura crítica e reflexiva levou-me, muitas vezes, a questionar a minha prática pedagógica, originando muitas dúvidas que me levaram a realizar pesquisas e a debater com o meu PC e com os meus colegas do núcleo de estágio.

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Relativamente à avaliação formativa, Vickers (1990) indica que é uma modalidade de avaliação que permite ao professor acompanhar a evolução da prestação do aluno, verificar se os objetivos delineados estão a ser atingidos e detetar possíveis dificuldades o obstáculos não detetados anteriormente. Os alunos devem ser informados sobre as conclusões que resultam dessa avaliação para, desta forma, estarem a par do seu sucesso ou insucesso no processo ensino-aprendizagem e, a partir daí, refletirem sobre o seu percurso adotando uma postura crítica e reflexiva sobre o seu desempenho. Essa postura, aliada ao comprometimento, responsabilidade e autonomia, pode ajudar os alunos a descobrirem soluções para as suas dificuldades e, a partir daí, construírem a sua própria aprendizagem com a ajuda do professor caso seja necessário. No contexto prático do meu EP, a rotação obrigatória criada pela organização dos mapas de instalações proporciona a existência de uma avaliação formativa com dois objetivos, sendo eles: verificar se as opções tomadas estão a influenciar positivamente a concretização dos objetivos delineados e atribuir um nível de desempenho aos alunos que, por sua vez, pode ser utilizado para o cálculo da classificação final do aluno no término do período. Nesse sentido, a última aula do período de uma determinada matéria, exceto no terceiro período, foi destinada à realização de uma avaliação formativa explícita e pontual. No entanto, esta também teve um carácter contínuo e implícito uma vez que foi utilizada em todas as aulas e algumas vezes tida em conta na atribuição de um nível de desempenho ao aluno no final do período. A única matéria em que não existiu uma avaliação formativa explícita foi no judo porque esta matéria foi lecionada na sua totalidade no primeiro período, pelo que considerei não ser necessário realizar uma avaliação formativa de carácter formal e explícito pois a emissão de feedbacks chegou, na minha opinião, para que os alunos percebessem o que deveriam melhorar e/ou manter para terem sucesso. Para além disso, no decorrer das aulas fui facilmente percebendo quais as dificuldades e potencialidades dos alunos pois é uma modalidade desportiva individual e onde a realização adequada das técnicas e das componentes críticas são facilmente visíveis.

Para Vickers (1990), a avaliação sumativa ocorre no final de uma unidade didática. É a modalidade de avaliação que melhor possibilita a decisão

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relativamente à progressão ou retenção do aluno numa determinada matéria. Esta compara resultados globais sobre o desenvolvimento de conhecimentos, competências, capacidades e atitudes do aluno. É uma forma de certificação social na medida em que posiciona o desempenho do aluno face ao desempenho da turma face ao processo ensino-aprendizagem e aos objetivos delineados. No contexto a que fui sujeito na EC, as avaliações sumativas que realizei foram parciais e interligadas a avaliações formativas explícitas, exceto no terceiro período, pois o final de todas as unidades didáticas sucederam-se no final do ano letivo, com exceção do judo. Estas avaliações sumativas parciais permitiram-me traduzir numa nota mensurável no final de cada período para, posteriormente, atribuir uma classificação quantitativa a cada aluno. As grelhas de cada matéria foram debatidas entre os elementos do núcleo de estágio, nas reuniões de grupo, e com o PC. As decisões tomadas foram no sentido de que as grelhas de avaliação deveriam ter os conteúdos que constam no programa nacional de EF, de forma implícita ou explícita, e que estes conteúdos deveriam estar divididos pelos níveis de desempenho propostos pelo mesmo programa, sendo que se o aluno não realizasse pelo menos metade dos conteúdos associados ao nível introdutório seria enquadrado no nível não introdutório.

Relativamente aos padrões de referência da avaliação, Vickers (1990) indica que a avaliação pode ser referenciada à norma ou ao critério. No que respeita à avaliação com referência à norma, os objetivos são estabelecidos de acordo com valores de referência à escala nacional comparando os resultados dos alunos com valores tabelados (exemplo: Fitnessgram). Esta referência da avaliação levanta o problema de não ter em conta a evolução dos alunos ao longo do processo ensino-aprendizagem. A avaliação referente ao critério define objetivos a partir de uma escala de apreciação, ou outro instrumento construído pelo(s) professor(es), em função dos objetivos, focando-se em indicadores objetivos tendo em conta a natureza da tarefa e utilizando exercícios critério (Vickers, 1990). Desta forma, é possível determinar o nível do aluno comparando-o com o ideal de realização e não com o desempenho de outros alunos. Atendendo a esta caraterística da avaliação criterial, na construção das grelhas de avaliação das diferentes modalidades de avaliação procurei fazê-la neste registo.

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Para além disso, também se decidiu que após a realização de todas as avaliações sumativas correspondentes ao período ir-se-ia proceder a uma “humanização da nota” isto é, após obter um valor de classificação final seria realizada uma reflexão sobre se de facto correspondia ao real valor do aluno. Na larga maioria dos casos o valor da classificação final foi aquele que foi atribuído no final de cada período e do ano letivo.

Com o intuito de verificar qual a perceção que os alunos tinham acerca do se sucesso, ou ausência dele, no processo ensino-aprendizagem, para posteriormente a comparar com a avaliação realizada por mim e pelo professor, foram realizadas autoavaliações e heteroavaliações, entre mim, os alunos e o PC, no término de cada período em relação a todas de cada as matérias que tinham sido avaliadas. Essa tarefa reflete muito a capacidade que os alunos têm em perceber como se estão a desempenhar no processo ensino-aprendizagem. Esta autoavaliação permitiu-me perceber se os alunos tinham a consciência do que sabiam e do que não sabiam, bem como do que conseguiam fazer e não conseguiam fazer. Cheguei à conclusão que alguns alunos, poucos, não tinham a noção das suas competências em determinadas matérias, nomeadamente no voleibol e no atletismo. Este pensavam possuir mais competências do que aquelas que realmente tinham, ou demonstravam ter.

Por último, importa referir de forma reforçada, a dificuldade de que se reveste o processo de avaliação, até pelo grande cariz subjetivo, isto não obstante a tentativa de a tornar objetiva, designadamente com a elaboração de documentos orientadores, de critérios e normas. Na verdade, aquilo que avaliamos depende daquilo que vemos que, por sua vez, tem um pouco de subjetividade. Aquilo que vemos está subjacente às nossas crenças, ideias e perceções próprias que originam, por vezes, interpretações algo distintas a sujeitos distintos, ou seja, há possibilidade de duas pessoas diferentes observarem duas coisas diferentes no mesmo comportamento.

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V - Atividades do estágio para a

escola e para a comunidade

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A integração na comunidade escolar e o conhecimento do meio regional e local da escola é um fator importante na vida profissional de um professor, pois é nesse contexto que a sua prática profissional é exercida. Nesse sentido, faz parte do EP participar num conjunto de atividades, incorporadas no contexto escolar, que ajudem o estagiário a integrar-se na EC e a entender o contexto onde esta se insere.

Neste capítulo estão evidenciadas todas as atividades em que estive envolvido no meu EP. Essas atividades tiveram como objetivos centrais contribuir para a promoção do sucesso educativo e da disciplina de EF, reforçar o papel do professor de EF na escola e promover a prática de exercício nos alunos.