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III- Enquadramento da Prática Profissional

5.1. Desporto Escolar

5.1.7. Supertaça Escolar

A Supertaça Escolar é um evento desportivo que conta com 22 edições e que é organizado pelo departamento de EF e desporto da EC. Este evento é direcionado aos alunos de todas as escolas do ensino básico e secundário da cidade de Ponta Delgada. Durante três dias consecutivos, dias 23, 24 e 25 de Maio, as três escolas da referida cidade realizaram competições de várias modalidades desportivas de entre elas o futebol, o voleibol, o basquetebol, a ginástica e o atletismo. Para cada modalidade desportiva existiram dois escalões, sub15 e sub19, contrariamente às primeiras vinte edições. Esta divisão por escalões surgiu no ano passado e deveu-se, sobretudo, ao facto de, em anos transatos, verificar-se que as equipas das escolas eram constituídas maioritariamente por alunos do secundário não dando oportunidade aos alunos

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do 3º ciclo de participarem. Sendo o objetivo principal desta atividade promover aos alunos a prática de exercício físico na escola de forma organizada e devidamente orientada, parece-me que foi uma boa decisão pois permitiu que mais alunos pudessem participar.

Sem dúvida, este evento é uma ótima oportunidade de promover a socialização entre alunos e professores das várias escolas e de desenvolver nos alunos todos os valores ligados ao desporto. Para além disso, é uma forma de mostrar à sociedade o nível de performance dos nossos alunos podendo-se, a partir daí, detetar talentos e ajudar a que alguns deles pratiquem desporto fora da escola, seja num contexto federado ou não.

Para ser sincero, só comecei a perceber a grandeza desta competição no dia 18 de Maio. Nesse dia, foi realizada uma conferência de imprensa com o objetivo de apresentar o evento à comunicação social. Nesta conferência estiveram presentes vários órgãos da comunicação social, professores, pessoal não docente e alunos. À mesa estavam o vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada, o vice-presidente do conselho executivo da EC e o nosso PC. Nesta apresentação foram fornecidas informações gerais sobre o evento havendo também um espaço para o esclarecimento de dúvidas. Após o término da conferência percebi que efetivamente este é um evento com alguma história e que atualmente mobiliza e capta a atenção de muita gente. Este facto surpreendeu-me um pouco pois, apesar de saber que era um evento muito conhecido, não pensei que tivesse a dimensão que tem. Segundo o nosso PC este é o maior evento desportivo dos açores organizado única e exclusivamente por uma escola.

A preparação para este evento iniciou-se simultaneamente ao início deste ano letivo. Desde a primeira reunião do departamento que se foi abordando alguns temas associados à Supertaça Escolar. Desde a análise dos resultados desportivos e organizativos dos anos transatos até à divisão de tarefas foram alguns os debates que ocorreram durante as reuniões. Logicamente, houve mais debates e decisões mais consistentes nas reuniões que antecederam o momento do evento. Um dos temas que me despertou mais interesse foi “Qual o objetivo da supertaça? Competir para ganhar ou competir por competir?”. De

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facto este tema suscitou várias interpretações e opiniões distintas. Alguns professores são da opinião que a Supertaça é para ganhar e, portanto, o número de treinos que cada jogador faz não é relevante mas sim a sua qualidade tático- técnica. Outros professores pensam que a prioridade é oferecer aos alunos todos os benefícios associados ao desporto quer na dimensão físico-motora, quer nas dimensões social e cognitiva e, também, promover a experiência de sucesso aos alunos que raramente ou nunca têm essa oportunidade.

Na minha opinião, a Supertaça Escolar e o Desporto Escolar devem ser uma forma de transmitir aos alunos todos os benefícios do desporto promovendo a prática desportiva dentro e fora da escola e, desta forma, contribuindo para a melhoria da saúde das nossas crianças e jovens. A elevada taxa de obesidade infantil existente no nosso país é um problema demasiado sério e deve ser combatido urgentemente. A Escola deve ser chamada a intervir nesse campo e utilizar o desporto para tal é uma estratégia, na minha opinião, excelente. Para além disso, é possível promover o sucesso desportivo a alunos que nunca o tiveram e esse pode ser um meio para fazê-los olhar para o desporto e para a prática desportiva de forma positiva. Utilizando alunos que já estão habituados ao sucesso desportivo e que praticam desporto regularmente fora da escola não ajuda a aumentar o número de praticantes de desporto num contexto extraescolar. Nesse sentido, penso que dever-se-ia utilizar outra estratégia para selecionar os alunos que participam no evento. Os alunos federados também são alunos da escola e, como tal, também devem ter o direito de participar. Assim, penso que balizar o número de atletas federados em cada equipa poderia ser uma solução. Organizar um escalão apenas para atletas federados também poderia ser outra solução. Desta forma, seria possível garantir que todos os alunos iriam beneficiar do evento e que os objetivos associados à melhoria da saúde (incutir hábitos de vida saudável), à promoção da prática desportiva e do sucesso desportivo e à permanência de mais alunos na escola seriam atingidos com maior facilidade.

Ainda na preparação do evento, em uma das reuniões ficou decidido que uma das minhas funções seria organizar treinos e dirigir uma equipa de futebol feminino no escalão de sub.19. À partida, e após falar com vários professores, adivinhava-se uma tarefa difícil pois perspetivava-se que não iria ser fácil arranjar

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jogadoras para criar uma equipa. Esse pensamento deveu-se ao facto de apenas duas jogadoras que fizeram parte da equipa no ano passado poderem fazer parte da equipa deste ano. Ao ter esse conhecimento comecei por tentar cativar algumas alunas a realizarem os treinos agendados para todas as quartas-feiras das 14h30min às 15h30min. Fui observando quais as alunas que estavam realmente interessadas e quais as suas melhores amigas para também tentar cativá-las. Fui às salas de aula das turmas das alunas que pensava que estariam mais motivadas e tentei motivar as suas amigas em experimentar. Certo é que, em nenhum dos treinos tive menos de dez alunas e em alguns treinos marcaram presença 16 alunas. Penso que consegui passar a mensagem adequadamente e que as alunas predispuseram-se em ficar na escola às quartas-feiras para praticar desporto. Entre a saída de algumas jogadoras e a entrada de outras, durante os quase três meses de treinos, fui verificando quais as que tinham mais aptidão, bem como aquelas que realmente queriam fazer parte da equipa e aquelas que participavam nos treinos apenas como uma forma de lazer. Como só uma das jogadoras era federada, a única guarda-redes, um dos critérios de seleção passou por escolher aquelas que marcaram presença em mais treinos (não contando as faltas justificadas pois existiram alunas que não vinham ao treino de futebol para ir ao treino de basquetebol, por exemplo) e aquelas que mostravam real vontade em participar. Na convocatória final, de entre 11 jogadoras tive, devido à regulamentação, de escolher 10 sendo os critérios de seleção, aqueles evidenciados anteriormente.

Outra expectativa que foi criada, por alguns professores, durante o período de seleção foi qual o nível de desempenho que a nossa equipa iria demonstrar nos jogos. O facto de se pensar, como o referido anteriormente, que seria difícil criar uma equipa levou também a pensar que esta poderia ter resultados pouco positivos. Neste campo, penso que a equipa também superou as expectativas mesmo não tendo ganho nenhum jogo. Todos os jogos terminaram com o resultado de 1-1 pelo que o facto de não se ter perdido nenhum jogo acaba por resultar num balanço positivo. Curiosamente o jogo realizado pelas nossas adversárias acabou também com 1-1 levando a que as 3 equipas terminassem em primeiro lugar contribuindo, assim, com 3 pontos para a classificação final de cada escola. A nossa equipa foi uma das três formadas

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pela nossa escola que ficou em primeiro lugar. Tendo em conta que cada escola formou 10 equipas penso que, no geral, o nosso resultado foi positivo.

No cômputo geral, penso que consegui superar as expectativas relativamente à construção da equipa e à participação contínua das jogadoras. Pelo que percebi (não fiz nenhum estudo pormenorizado) os treinos de futebol do escalão de sub.19 feminino foram aqueles que contaram com mais presenças, o que demonstra que o objetivo de manter as alunas na escola a praticar desporto foi atingido. Retiro também ilações muito positivas relativamente ao relacionamento social das jogadoras da equipa. Em todos os treinos e em todos os jogos da competição as jogadoras estavam bem-dispostas, sorridentes e motivavam-se constantemente umas às outras. Esse tipo de comportamentos levou a que se criasse um espírito bastante positivo e um ambiente bastante favorável no seio do grupo.

Durante o evento e principalmente no momento de entrega dos prémios às equipas percebi que o MED estava presente na sua forma mais pura. Para Siedentop (1996), as características do MED estão associadas ao contexto desportivo e englobam as épocas desportivas (com treinos), a filiação, a competição formal, o registo estatístico, a festividade e o evento culminante. A Supertaça Escolar acaba por ser um evento culminante realizado após um longo período de treinos (às quartas-feiras). Nesse evento culminante participaram várias equipas da mesma escola levando a que os elementos dessas equipas e os próprios alunos que não participaram diretamente se sentissem pertencentes a um grupo, o da sua escola. O registo estatístico de cada jogo foi realizado pelos alunos do curso profissional de desporto e foi entregue ao secretariado no final de cada jogo. Existiram árbitros federados que muitas vezes dialogavam com os alunos sobre as regras específicas de cada modalidade contribuindo, assim, para um aumento da sua cultura desportiva. A festividade foi observada na cerimónia de abertura, na cerimónia de encerramento e nos momentos das competições.

Para encerrar, internamente, o evento, os elementos do departamento de EF e desporto da EC realizaram um almoço onde, entre outros assuntos,

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debateram-se os resultados desportivos e organizativos da XXII edição da Supertaça Escolar.

Apesar de todos esses aspetos positivos houve algo que não decorreu da melhor forma. No fim-de-semana imediatamente anterior à semana do evento, tive alguns problemas familiares que levaram a que a minha participação fosse menor do que aquela que gostaria. Apesar de, legalmente, ter direito a 5 dias sem ir à escola decidi marcar presença porque penso que, devido à especificidade do evento e do facto de estar num ano de estágio, seria uma oportunidade que não deveria desperdiçar, mesmo não estando nas melhores condições psicológicas. As minhas funções de acompanhamento da equipa mantiveram-se e foram escrupulosamente cumpridas mas, as tarefas de organização (secretariado, organização e manutenção do material, distribuição de águas, etc) não foram sempre cumpridas. Em alguns momentos tive de me ausentar da escola não estando, por isso, presente em alguns momentos em que supostamente deveria estar. O PC soube do sucedido e compreendeu o porquê da minha ausência não se opondo, por isso, à mesma.

Em jeito de considerações finais sugeria algumas pequenas alterações:

1) Penso que só deveria existir uma taça (a supertaça) que seria entregue

apenas à escola vencedora. Os restantes prémios seriam medalhas que, por sua vez, seriam entregues às equipas participantes. Desta forma penso que o nome supertaça faria mais sentido; 2) Penso que dever-se-ia planear o início das competições de cada dia para as 9h30 em vez das 9h. Os alunos, normalmente, chegam às suas escolas às 8h30 e o tempo que demoram a chegar à nossa escola leva que hajam sempre atrasos no início dos primeiros jogos. O atraso dos primeiros jogos resulta no atraso dos seguintes. Assim, perspetivar o início do primeiro jogo para as 9h30 e obrigar a que a ficha de jogo seja entregue meia hora antes pode ajudar a que não hajam atrasos no início das competições e assim que os horários possam ser cumpridos. 3) Na modalidade de ginástica penso que facilitaria o trabalho dos juízes se os alunos entregassem uma folha com a sequência que pretendem realizar na sua apresentação. Por vezes, o atleta quer realizar um conjunto de determinados conteúdos mas pode enganar- se e realizar outro levando a que o juiz fique na dúvida do que o atleta pretendia realmente fazer. 4) Penso que seria positivo existir um maior espaçamento de

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tempo entre as competições mais exigentes fisicamente, como o futebol e o basquetebol. Como os jogos são realizados consecutivamente, as equipas que jogam duas vezes seguidas ficam em desvantagem relativamente à equipa que faz os seus jogos de forma intercalada. Desta forma, se o futebol e o basquetebol fosse intercalado com outra modalidade, este desfasamento seria menos injusto. Por exemplo, poder-se-ia intercalar o basquetebol com o voleibol.

Concluindo, apesar dos contratempos criados por alguns problemas familiares, penso que atingi os objetivos delineados para esta Supertaça Escolar e consegui superar as expectativas criadas relativamente ao futebol feminino no escalão de sub.19. A elevada presença e motivação das alunas durante todo o processo, bem como o bom relacionamento entre elas foi algo que me agradou. Penso que este evento foi muito bem organizado e gerido, no entanto existem sempre aspetos que podem melhorar. Este evento é algo realmente grandioso e não tenho dúvidas que a XXIII edição da supertaça será novamente um sucesso.

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VI- Desenvolvimento