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CAPÍTULO 2 – REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1. ASPECTOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2.1.2. Ação

2.1.3.4. Espécies de procedimentos

O Código de Processo Civil prevê dois tipos de procedimentos para solucionar os conflitos de interesses, são eles: primeiro o procedimento comum, como gênero, e suas subespécies, o procedimento comum ordinário e procedimento sumário. O outro procedimento é o especial, previsto também nas legislações esparsas.

As regras aplicadas ao procedimento comum são mais completas, por isso são observadas de forma geral na tramitação de toda e qualquer ação jurisdicional, como também é aplicada de forma subsidiária aos procedimentos sumário e especial caso haja omissão nesses procedimentos de regra específica que regule a prática de atos judiciais.

O início do procedimento especial difere da forma clássica, que refere à citação do réu para apresentar defesa no prazo legal, ou outro que lhe for conferido. Em regra, o procedimento especial começa com a possibilidade do deferimento de uma liminar em favor do autor, por exemplo, o que ocorre na Ação Civil Pública para a prática de um ato.

Pode acontecer que um procedimento tenha iniciado como especial, e depois de apreciado o cumprimento do mandado liminar converta-se em procedimento comum ordinário daí por diante; é o que ocorre, por exemplo, na ação de reintegração e manutenção de posse.

O procedimento comum ordinário é considerado o mais complexo e com maior duração, pelo fato de admitir a prática de infindáveis atos processuais, o que o torna demorado se comparado às ações de procedimento sumário e sumaríssimo, sendo este último aplicado aos Juizados Especiais Cíveis.

Neste sentido, Montenegro Filho (2006, p. 197) menciona:

O procedimento comum ordinário continua a ser marcado pela complexidade dos atos que o envolvem, apresentando-se como o mais completo em termos de qualidade de atos e das suas repetições, sendo timbrado pela cognição ampla, pela possibilidade da produção de todo e qualquer tipo de prova (desde que lícitas e moralmente legítimas), tudo em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

De forma esquematizada, os principais atos que desencadeiam no procedimento comum ordinário dentro do processo para que exista início, meio e fim,

são: a) com a propositura da ação o juiz analisará os elementos e as condições da ação, caso não indefira a inicial através de despacho ordena a citação do réu para apresenta ampla defesa, que pode ser uma contestação, reconvenção, exceção de incompetência relativa, de impedimento e de suspeição e impugnação ao valor da causa; b) a defesa deve ser escrita no prazo de 15 (quinze) dias, salvo em condições especiais, que pode ser alargado; c) em seguida o autor se manifesta sobre a defesa do réu, referindo-se as liminares, no prazo de 05 (cinco) dias, e aos documentos, no prazo de 10 (dez) dias, se presentes. É o que a prática forense chama de réplica; d) em seguida é designada a audiência preliminar, para tentativa de conciliação, desde que não seja caso de extinção do processo sem a resolução do mérito ou de julgamento antecipado da lide, ou ainda, de transação; e) sendo frustrada a tentativa de conciliação, e diante da necessidade de colher provas, seja oral ou pericial, é então designada a audiência de instrução e julgamento, contudo, antes de sua realização, as partes e seus advogados são intimados para apresentar o rol de testemunhas no prazo de 10 (dez) dias; f) nesta audiência são colhidas as provas que ensejam a apresentação de razões finais, sob a forma de memorial ou oral; por fim, o recebimento da sentença judicial, que deve ser prolatada nos dez dias seguintes. Porém, este prazo dificilmente é observado em virtude do acúmulo de trabalho, mesmo assim, não se aplica ao magistrado nenhuma penalidade processual, porque contra ele não há a preclusão pro iudicato.

O procedimento sumário é marcado pela tentativa de se pôr fim ao processo em menor espaço de tempo, se comparado ao procedimento anterior. A filosofia do procedimento sumário não é adversa ao contraditório, à ampla defesa, ao devido processo legal e à isonomia processual. Ao contrário, trilha pela simplificação dos atos processuais, pela vedação da prática de outros, pela prevalência do princípio da oralidade, pela concentração dos atos processuais. Dessa forma, poderá obter uma resposta judicial em menor tempo.

De forma didática e prática os atos processuais no procedimento sumário ocorrem da seguinte forma: a) depois do ingresso da ação, o magistrado determina a citação do réu para comparecer à audiência de tentativa de conciliação, prevista no Artigo 277 do Código de Processo Civil, bem como fica advertido para apresentar sua defesa no desdobrar do ato, sob pena de revelia; b) esta audiência deve ser realizada no mínimo 10 (dez) dias depois da juntada nos autos do mandado de citação devidamente cumprido. Será oportunizado ao réu apresentar defesa, sob a

forma de contestação, exceção de incompetência, impedimento ou de suspeição, além de impugnação ao valor da causa, entretanto, não admite a reconvenção; c) caso a defesa tenha suscitado preliminares e/ou juntado documentos, o autor deve se manifestar no decorrer da própria audiência, oralmente; d) ainda nesta audiência o juiz examinará questões pendentes, saneando o processo se for caso de extinção sem o julgamento do mérito ou do julgamento antecipado da lide, fixando pontos controvertidos, e logo designando a data da audiência de instrução e julgamento, quando for reclamada a produção de prova oral; e) determina-se tanto o autor como o réu apresentar o rol de testemunhas, respectivamente na inicial e na defesa, com a quesitação da perícia e a indicação dos assistentes técnicos, sob pena de preclusão consumativa, perdendo a parte o direito de produzir as provas em referência em momento processual seguinte.

O Artigo 275 do Código de Processo Civil determina os critérios para adoção do procedimento sumário. O primeiro refere-se ao valor da causa, que deve ser inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, e os outros se referem à matéria, independentemente do valor da causa. As hipóteses contempladas são: arrendamento rural e parceria agrícola, ações envolvendo condomínio e condômino para a cobrança de qualquer quantia devida, ações visando obter ressarcimento por danos causados em prédio urbano ou rústico, ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre, ações para cobrança de seguro visando ao ressarcimento de danos causados em acidente de veículo, ações visando à cobrança dos honorários dos profissionais liberais, e os demais casos previstos em leis esparsas, por exemplo, ação de adjudicação compulsória.

Quando houver cumulação de pedidos no procedimento sumário, considera- se a soma de todos, exceto se os pedidos forem alternativos, quando considera o de maior valor, ou subsidiários, quando se considera o valor principal. Além disso, essa espécie de procedimento não admite ações concernentes ao estado e à capacidade das pessoas.

Existem duas modalidades de procedimentos especiais: os de jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária. Os primeiros buscam a solução de litígios, enquanto os seguintes apenas referem-se à administração judicial de interesses privados não litigiosos. No procedimento especial de jurisdição voluntária o Juiz não exerce a função jurisdicional, mas administrativa, tendente à formação de negócios jurídicos em que a lei exija a participação de órgãos da Justiça para aperfeiçoamento

e eficácia como, por exemplo, na separação consensual. Os procedimentos de jurisdição contenciosa, no dizer de Theodor Júnior (1999, p. 333), são:

Quase sempre, uma simbiose de cognição e execução, gerando, numa só relação processual, um complexo de atividades que configuram as chamadas ações executivas “lato sensu” (ações possessórias, divisórias, demarcatórias de depósito, de consignação em pagamento, de despejo, etc.).