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CAPÍTULO 2 – REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL

2.4.6. Legitimidade das partes

Parte legítima significa a pessoa que se encontra em posição processual, seja como autor ou réu, decorrente da previsão legal e do respectivo objeto. Montenegro Filho (2006, p. 147) assim discorre sobre o tema:

A legitimidade da parte que se apresenta em juízo refere-se, em açodada síntese e em princípio, a ser esta titular do direito material em litígio, alçado à relação processual por meio da propositura da ação. O CPC, em seu art. 6º, textualiza que „ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei‟.

Quanto à divisão da legitimidade das partes pode ser ativa, no caso da legitimidade do autor, e passiva, no caso da legitimidade do réu.

Nos termos do artigo 5º da Lei nº 7.347/85, possuem legitimidade ativa para propor a Ação Civil Pública Ambiental os seguintes legitimados:

Art. 5º. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

§ 1º. O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

§ 2º. Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsorte de qualquer das partes.

§ 3º. Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

§ 4º. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. § 5º. Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

§ 6º. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Destaque-se que este artigo versa sobre uma legitimidade concorrente, pois cada um dos co-legitimados pode sozinho promover a Ação Civil Pública Ambiental, sem a obrigatoriedade da anuência dos demais. Contudo, nada impede que a ação seja proposta em conjunto, com a participação de mais co-legitimados. Essa união é chamada de litisconsórcio ativo.

Logo, o Ministério Público não é o único legitimado a propor a Ação Civil Pública Ambiental, podendo outros co-legitimados proporen a referida ação. Esta regra também é prevista no artigo 129, § 1º da Constituição Federal:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...]

§ 1º. A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

Quando a Ação Civil Pública Ambiental for proposta por um dos co- legitimados ativo, os demais que desejarem participar do processo terão que ingressar na qualidade de assistentes litisconsorciais, conforme determinação do artigo 54 do Código de Processo Civil. Porém, com relação ao particular, em nenhuma hipótese poderá participar da ação depois de proposta na condição de assistente litisconsorcial. Caso queira agir em defesa do meio ambiente, poderá acionar a justiça através da ação popular.

Frise-se que a Ação Civil Pública Ambiental só pode ser proposta por pessoa jurídica, enquanto a ação popular só pode ser proposta por pessoa física, que preencha os requisitos legais, previstos no artigo 5º, inciso LXXIII da

Constituição Federal, mas ambas as modalidades de ação buscam a proteção dos

Ressalte-se que o Ministério Público, segundo a Lei nº 7.347/85, é o único co-legitimado autorizado a promover inquérito civil, com poderes de notificação e requisição. Como também sempre participará da Ação Civil Pública Ambiental como sujeito ativo, quer como fiscal da lei ou como assistente litisconsorcial. Quando qualquer legitimado abandonar ou desistir da Ação Civil Pública Ambiental, o Ministério Público pode assumir a titularidade e prosseguir na ação. Poderá também existir litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos que cuidam a Lei n º 7.347/85.

Quanto ao litisconsórcio entre os Ministérios Públicos, Souza (2001, p. 54) assim assevera:

Em conseqüência, se o MP Estadual pode ingressar com ação civil pública perante a justiça federal em litisconsórcio com o MP Federal, por certo também poderá fazê-lo isoladamente, em virtude da natureza da legitimação e do conceito de litisconsórcio.

Di Pietro (2003, p. 667-668) destaca as importantes funções do Ministério Público na Ação Civil Pública, que são:

1. pode atuar como autor;

2. se não tiver essa posição, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei (art. 5º, § 1º, da Lei nº 7.347/85);

3. deve promover a execução, se o autor não o fizer no prazo de 60 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 15);

4. em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, ele ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa (art. 112 do Código de Defesa do Consumidor);

5. deve realizar o inquérito civil previsto no artigo 8º, § 1º, da Lei nº 7.347/85, e no artigo 129, III, da Constituição Federal. Esse procedimento constitui a única modalidade de inquérito civil prevista no direito brasileiro e é de competência exclusiva do Ministério Público. Seu objeto é o de buscar elementos que permitam a instauração de ação civil pública; ele não é obrigatório, uma vez que, se os elementos forem suficientes, torna-se desnecessário. O inquérito pode ser arquivado, mas o ato de arquivamento deve ser homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público. Enquanto não ocorrer essa homologação, as associações legitimadas poderão apresentar razões escritas ou documentos (art. 9º, § 2º).

Di Pietro (2003, p. 667) ainda discorre que sujeito passivo é “qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, responsável por dano ou ameaça de dano a interesse difuso ou geral”.

Segundo Milaré (1995, p. 247) a parte passiva da Ação Civil Pública Ambiental será:

O responsável pelo dano ou pela ameaça ao dano, seja pessoa física, seja pessoa jurídica, inclusive a administração Pública, porque tanto esta como aquelas podem infringir normas de direito material protetoras do meio ambiente. O Poder Público poderá sempre figurar no pólo passivo de qualquer demanda dirigida à reparação do meio ambiente: se ele não for responsável por ter ocasionado diretamente o dano, por intermédio de um de seus agentes, o será ao menos solidariamente, por omissão no dever de fiscalizar e impedir que tais danos aconteçam. Ao Estado restará, no entanto, voltar-se regressivamente, neste último caso, contra o direito causador do dano e, naquele outro, contra o agente que, por culpa, deu causa à danosidade ambiental.

Barbosa (2006, p. 111) destaca a legitimidade passiva da Ação Civil Pública nos seguintes termos:

No tocante à legitimidade passiva da Ação Civil Pública, encontram-se todas as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, isto é, o causador do dano ambiental ao consumidor, à ordem urbanística cultural, à ordem econômica ou qualquer outro interesse ou direito difuso ou coletivo.

Segundo Souza (2001, p. 54), terá a legitimidade passiva na Ação Civil Pública: ”qualquer pessoa física ou jurídica de direito público ou privado que seja responsável por um dano (ou por ameaça) a interesse difuso ou coletivo possuirá qualidade para figurar no pólo passivo da ação”.

Por fim, frise-se que haver o litisconsórcio passivo na Ação Civil Pública Ambiental, como ainda poderá ocorrer o litisconsórcio misto.