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CAPÍTULO 2 – REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL

2.4.13. Inquérito Civil e Processo Administrativo

O Inquérito Civil surgiu no ordenamento jurídico através da determinação legal do artigo 8º, § 1º da Lei nº 7.347/85, e consagrado no artigo 129, III da

Constituição Federal.

Granziera (2009, p. 655-656) diz que inquérito civil:

Consiste em um instrumento de esclarecimento dos fatos que antecede a propositura da ação. É importante ferramenta posta à disposição do Ministério Público e somente deste, para dar andamento às investigações que antecedem a propositura da Ação Civil Pública, embora não seja obrigatório.

A finalidade do inquérito civil é a coleta de provas para que o Ministério Público possa ter elementos necessários para uma correta avaliação do suposto dano a interesse difuso ou coletivo sob investigação.

O Ministério Público pode prescindir do inquérito civil, diante dos elementos suficientes para a propositura da Ação Civil Pública Ambiental, porém não poderá ocorrer esta dispensa se o inquérito tiver natureza inquisitiva. Por sua vez, quando utilizado, o inquérito deverá instruir a petição da Ação Civil Pública Ambiental.

São características do inquérito civil: a) a informalidade, tendo em vista sua natureza de instrumento administrativo de investigação; b) a inquisitoriedade, trata de um procedimento para a apuração de um fato e de sua autoria, e não de um processo; c) a publicidade, significa que qualquer interessado poderá consultá-lo, todavia, pode ocorrer seu sigilo quando mostrar conveniência para o desenvolvimento das investigações.

O procedimento preparatório do inquérito civil é sigiloso e antecede o inquérito civil. Visa à coleta de elementos necessários para firmar a convicção do Ministério Público, quando necessitar de novos elementos para verificar se determinados fatos podem efetivamente ser tutelado pela Instituição.

A instauração do inquérito civil pode ser dividida em três fases ou momentos: primeiro, a instauração por intermédio de portaria, ou de despacho acolhendo representação, caso seja provocado. Esta portaria deverá conter esclarecimento sobre a forma pela qual chegaram ao conhecimento do Ministério Público a delimitação do objeto da investigação, a qualificação se possível do investigado, a designação de pessoa para secretariar o inquérito, e a determinação das diligências a serem inicialmente realizadas. Pode ainda ocorrer a instauração por determinação do procurador-geral de justiça, quando for delegada a sua atribuição originária a outro órgão do Ministério Público, ou do Conselho Superior do Ministério Público, quando o órgão der provimento a recurso interposto contra indeferimento de representação.

Segundo a instrução do inquérito civil, incumbirá ao presidente do inquérito civil coletar os elementos de provas necessários à apuração do fato e de sua autoria investigados através das notificações, que o instrumento de coleta de prova oral, e das requisições, que é a apresentação de documentos, fornecimentos de certidões ou realização de exames e perícias.

Mota (2007, p. 82) conceitua a perícia como sendo:

Um meio de prova destinado a verificar ou esclarecer a realidade de uma situação fática. Assim sendo, a prova pericial visa à demonstração da verdade real, envolvendo inteligência, conhecimento técnico/científico e o domínio da matéria quanto à produção da mesma. Por isto, o profissional, responsável pela execução da perícia, deverá possuir habilidades técnicas e científicas e, o mais importante deve ser imparcial sobre a matéria analisada, oferecendo segurança às decisões de terceiros.

Mota (2007, p. 82) ainda destaca a importância da ética nas questões periciais nos seguintes termos:

A ética, no plano pericial, mistura a história pessoal com o legado profissional do perito, independente do grau de complexidade no caso em concreto, não se atendo aos pontos de interferência decorrentes da interpretação das partes, dos assistentes periciais e demais intervenientes, levando-se em conta as questões que realmente interessam na busca da verdade almejada.

A conclusão do inquérito civil pode resultar na propositura da Ação Civil Pública ou no seu arquivamento. O Ministério Público não pode em sede de inquérito civil requerer ao juiz seu arquivamento, mas o determina em decisão fundamentada no caput do artigo 9º da Lei nº 7.347/85. No entanto, esta decisão está sujeita a reexame necessário pelo Conselho Superior do Ministério Público, nos termos do § 3º deste mesmo artigo. Caso este Conselho homologue o arquivamento do inquérito civil, nada impede da propositura da Ação Civil Pública Ambiental por qualquer dos demais legitimados ativos, por força do disposto no Artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal.

Apesar da importância do inquérito civil na investigação dos fatos, bem como sua relevância na propositura de Ações Civis Públicas Ambientais, a investigação in

loco, constatou a inexistência da inserção dos mesmos, tendo em vista que o

Ministério Público não foi o autor das ações, e sim o IBAMA.

Por seu turno, é salutar abordar sobre o Processo Administrativo que também pode ser utilizado como prova que instrui a petição inicial para propositura de Ação Civil Pública Ambiental. Assim sendo, os processos administrativos impetrados pelo IBAMA, e que antecederam a propositura da ação judicial, foram utilizados como documentos probatórios no curso do processo, pois se encontram acoplados nas petições iniciais das Ações Civis Públicas Ambientais.

Em sentido amplo, Gasparini (2001, p. 782) considera processo administrativo como:

O conjunto de medidas jurídicas e materiais praticadas com certa ordem e cronologia, necessárias ao registro dos atos da Administração Pública, ao controle do comportamento dos administrados e de seus servidores, a compatibilizar, no exercício do poder de polícia, os interesses público e privado, a punir seus servidores e terceiros, a resolver controvérsias administrativas e a outorgar direitos a terceiros.

Portanto, o processo administrativo busca, através dos atos administrativos, ou seja, da atuação Administração Pública a solução de controvérsias ou outorgar direitos.