• Nenhum resultado encontrado

3.2 O eclipse solar de 18 de Julho de 1860

3.2.1 Expedi¸c˜ao portuguesa a Espanha

N˜ao temos qualquer d´uvida que a comunidade cient´ıfica portuguesa acompanhava as mo- vimenta¸c˜oes que se ´ıam realizando no estrangeiro e que conhecia as facilidades concedidas

106

An´onimo: Annuaire du Cosmos. Leiber et Faraguet. 1860a.

107

Real Observatorio de Madrid: Anuario - Ano I - 1860 . Madrid: Imprenta Nacional. 1859.

108

Analisando este texto verificamos que n˜ao ´e uma tradu¸c˜ao das comunica¸c˜oes originais de Faye mas provavel- mente da descri¸c˜ao das mesmas publicadas na revista Cosmos.

109

An´onimo: Eclypse total. Archivo Universal , 3 1860f; An´onimo: Eclypse do sol. Archivo Universal , 3 1860d; An´onimo: Noticias Diversas. Conimbricense 1860g, Nr. 17 de Julho de 1860.

110

An´onimo: Eclypse do Sol. Conimbricense, 1860e, Nr. 26 de Junho; An´onimo: Eclipse solar. Commercio do Porto 1860b, Nr. 3 de Julho de 1860.

111

An´onimo: Eclipse total em 18 de Julho de 1860. O Instituto, Jornal Scientifico e Litterario, 8 1860c.

112

Arthur Cowper Ranynard (1845–1894).

113

Ranyard, Arthur Cowper; Editor. : Memoirs of the Royal Astronomical Society. Volume 41, London: Published by the Society. 1879.

114

Figura 3.7: N´umero de artigos citados por Ranyard (1879) para os eclipses solares de Maio de 1836 a Julho de 1860. As barras a tracejado indicam eclipses totais e as a cheio eclipses anulares. Os eclipes para os quais n˜ao ´e citada qualquer referˆencia podem ser anulares, h´ıbridos ou totais. As setas do lado direito do gr´afico indicam os eclipses cuja faixa de centralidade passava pelo continente Europeu e/ou Am´erica do Norte

pelo governo espanhol aos observadores estrangeiros. A publica¸c˜ao do texto de Faye em O

Instituto ´e pensamos uma prova disso.115

A 20 de Abril, Castro Freire na congrega¸c˜ao da Faculdade de Matem´atica “mostrou a necessidade de ir um Astronomo a Hespanha”. A congrega¸c˜ao nomeou uma comiss˜ao constitu´ıda por Castro Freire, Rodrigo Sousa Pinto e o Fiscal para “sem perda de tempo, tratar d’este objecto”.116 No dia seguinte, o mesmo t´opico foi discutido na congrega¸c˜ao da Faculdade de Filosofia. Tendo sido nomeada uma comiss˜ao, constitu´ıda por Pereira Jardim e Jacintho de Souza,117 com vista a estudar

as vantagens que haveria de mandar a Hespanha um membro da Faculdade assistir ´as observac¸˜oes que se fizessem por occasi˜ao do eclypse total de 18 de julho do presente anno, e confeccionarem uma consulta para o Governo acerca deste objecto.118

A congrega¸c˜ao da Faculdade de Matem´atica de 10 de Maio aprovou a proposta de consulta apresentada pela comiss˜ao e na qual se explicitavam os t´opicos a estudar num “phenomeno astronomico dos mais importantes do nosso s´eculo”. Era preciso prestar aten¸c˜ao

1. Aos tempos das phases e ´a determinac¸˜ao dos pontos notaveis dellas 2. ´As aparencias de configurac¸˜ao e colorido, que apresentar o disco do Sol

3. ´As indicac¸˜oes meteorologicas que se obtiverem durante o eclipse e na sua proximidade.119

A 11 de Maio, e ap´os algum debate, a Faculdade de Filosofia encarregou Pereira Jardim e Sim˜oes de Carvalho120de redigir a consulta final a apresentar ao governo. Nesta referem-se as vantagens de estudar

• a liga¸c˜ao entre a astronomia e a f´ısica;

• a influˆencia da luz solar sobre a vida animal e vegetal; • a varia¸c˜ao dos fen´omenos meteorol´ogicos;

e de se estabelecerem contactos com os cientistas estrangeiros. A consulta lembrava ainda o governo que ao n˜ao aderir a esta iniciativa, Portugal estaria a colocar em causa a sua honra nacional.121

Como consequˆencia s˜ao enviadas ao governo duas consultas, uma de cada faculdade. ´E poss´ıvel que o envio de duas consultas, aparentemente independentes, tenha correspondido a uma tentativa de pressionar o governo, visto que ambas mencionam a necessidade cient´ıfica de participa¸c˜ao das mesmas faculdades. Neste contexto, ´e importante relembrar que o Reitor da Universidade, e por inerˆencia presidente de ambas as congrega¸c˜oes, era Bas´ılio Alberto de Sousa Pinto, irm˜ao de Rodrigo Sousa Pinto.

S. Ex.a o Sr. Reitor ponderou ao Conselho, quanto este negocio havia corrido favoravelmente aos legitimmos desejos dos Conselhos das duas Faculdades.122

115

Faye, Herv´e: Eclipse total em 18 de Julho de 1860. Extracto das communica¸c˜oes feitas por M. Faye ´a Academia das Sciencias de Paris. O Instituto, Jornal Scientifico e Litterario, 8 1860.

116

Universidade de Coimbra. Faculdade de Matem´atica: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Mathematica, vol. 3 . 1858-1866, Acta de 20 de Abril de 1860.

117

Manuel dos Santos Pereira Jardim (1818–1887), Jacintho Antonio de Souza (1818–1880).

118

Universidade de Coimbra. Faculdade de Filosofia: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Philosophia, vol. 5 ., Acta de 21 de Abril de 1860.

119

Universidade de Coimbra. Faculdade de Matem´atica: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Mathematica, vol. 3 . 1858-1866, Acta de 10 de Maio de 1860.

120

Joaquim Augusto Sim˜oes de Carvalho (1822–1902).

121

Universidade de Coimbra. Faculdade de Filosofia: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Philosophia, vol. 5 ., Acta de 11 de Maio de 1860.

122

´

E tamb´em de assinalar que numa ´epoca em que se discute o papel das diversas entidades respons´aveis pelo ensino superior em Portugal e em que a Universidade de Coimbra e as suas institui¸c˜oes sofriam cr´ıticas contundentes, a Faculdade de Matem´atica tenha optado cordata- mente por considerar que uma comiss˜ao, contendo membros exteriores `a pr´opria Universidade de Coimbra, era vantajosa.

Nesta exposic¸˜ao o Conselho da Faculdade de Mathematica tem somente em vista o interesse da scien- cia; e por isso, se o Governo de Vossa Magestade nomear para o mesmo fim uma commiss˜ao composta de representantes das Escholas do Reino, muito estimar´a que os seus lhe sejam associados, para que a harmonia dos trabalhos torne mais seguros e completos os resultados.123

Na Faculdade de Filosofia o

conselho est´a intimamente convencido [...] que o meio mais conveniente de realisar estes desejos seria nomear uma commiss˜ao de homens competentes dos diversos estabelecimentos litterarios do paiz, que fosse tomar parte n’aquelles trabalhos, entrando n’esta commiss˜ao um vogal da faculdade de philosophia.124

A carta de 19 de Maio enviada pelo Reitor ao Minist´erio do Reino a acompanhar as duas consultas exprime a mesma ideia mas, curiosamente, tingida pelo receio de ser nomeada uma comiss˜ao na qual a Universidade n˜ao se inclua representada.

[...] A Universidade n˜ao pretende privilegios nem monopolios; mas quer occupar o lugar que lhe pertence n’aquella expedic¸˜ao scientifica; e por isso em lugar d’excluir d’ella os representantes dos outros corpos scientificos, deseja associar-se a elles para que, juntos poss˜ao empregar os seus esforc¸os e conhecimentos em proveito da sciencia e gloria do seu paiz.

Estes sentimentos s˜ao t˜ao louvaveis, que n˜ao podem deixar de ser bem aceitas por Sua Magestade; aproveitando-se esta occasi˜ao para extinguir rivalidades mesquinhas e despertar, em lugar d’ellas, uma nobre emulac¸˜ao, que ´e o maior estimulo para o progresso das sciencias e da prosperidade dos povos.125

A Direc¸c˜ao Geral de Instru¸c˜ao P´ublica pediu um parecer ao rec´em-criado Conselho Geral de Instru¸c˜ao P´ublica. Este126 pronuncia-se, a 31 de Maio, com a indica¸c˜ao de que

Parece portanto ao Conselho que as citadas representac¸˜oes merecem ser attendidas, nomeando-se um lente da Faculdade de Mathematica, com preferencia um astronomo, e outro da Faculdade de Philo- sophia, os quaes, acompanhados de um empregado subalterno possam concorrer ´a observac¸˜ao do eclipse que ha-de ter logar no proximo dia 18 de Julho. Parece tambem ao Conselho, que o Observatorio me- teorologico de Lisboa deve ser attendido n’esta expedic¸˜ao scientifica; s˜ao estes igualmente os desejos da Universidade, que muito estima ver associados os seus representantes aos de outros estabelecimen- tos do Reino, para que a harmonia dos trabalhos torne mais seguros e completos is resultados que se esperam alcanc¸ar.127

A 4 de Junho, Jos´e Maria de Abreu, Director Geral de Instru¸c˜ao P´ublica,128 envia uma

nota ao Ministro do Reino, Fontes Pereira de Melo,129 dando conta do parecer do Conselho

123

Universidade de Coimbra. Faculdade de Matem´atica: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Mathematica, vol. 3 . 1858-1866, Acta de 10 de Maio de 1860.

124

Universidade de Coimbra. Faculdade de Filosofia: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Philosophia, vol. 5 ., Acta de 11 de Maio de 1860.

125

Pinto, Bas´ılio Alberto de Sousa: Carta ao Ministro e Secretario dos Negocios do Reino, 19 de Maio. 1860d.

126

O parecer ´e assinado pelos seguintes membros da Conselho Geral: D. Manuel Bento Rodrigues da Silva, Bernardim Antonio Gomes, Luis Augusto Rebelo da Silva, Jos´e Maria de Abreu (1818–1871), Jos´e Maria Latino Coelho (1825–1891) e Justino Ant´onio de Freitas.

127

Conselho Geral de Instruc¸c˜ao Publica: Parecer do Conselho Geral de Instruc¸c˜ao Publica, 31 de Maio de 1860 . 1860.

128

Jos´e Maria de Abreu era na altura simultaneamente membro do Conselho Geral de Instru¸c˜ao P´ublica

129

e lembrando que “a resolu¸c˜ao do neg.o ´e urgente pela estreiteza de tempo”. Abreu estima ainda um custo por dia por comissionado de 4$500 reis. No dia seguinte, Fontes Pereira de Melo conforma-se com o parecer do director geral e, a 6 de Junho, a comiss˜ao ´e oficialmente criada atrav´es de duas portarias enviadas, respectivamente, ao Reitor da Universidade e ao Director da Escola Polit´ecnica. A portaria de 6 de Junho criava

uma commiss˜ao composta de um astronomo do Observatorio astronomico e do lente de physica da faculdade de philosophia da Universidade de Coimbra, com um membro do Ob- servatorio meteorologico do infante D. Luiz; se dirija a Hespanha, munida dos competentes instrumentos para observar os phenomenos astronomicos e meteorologicos por occasi˜ao do eclipse solar, que ha de ter logar no dia 18 do proximo mez de julho, e devendo esta commiss˜ao trabalhar em commum, auxiliando-se mutuamente os seus membros, e prestando os dois es- tabelecimentos os instrumentos de que poderem dispor para o desempenho d’este importante servi¸co.130

Prepara¸c˜ao

O representante da Faculdade de Matem´atica ´e nomeado na congrega¸c˜ao de 12 de Junho. A escolha recaiu em Rodrigo Ribeiro de Sousa Pinto, apesar de este ter pedido escusa de- vido ao atraso em que se encontravam as efem´erides do observat´orio.131 Sousa Pinto seria

acompanhado pelo guarda do observat´orio, Francisco Ant´onio de Miranda. No dia seguinte, a Faculdade de Filosofia nomeou, como membro da comiss˜ao, Jacintho de Souza.

Verificada assim a nomeac¸˜ao da Commiss˜ao Scientifica, por parte das duas faculdades, nome´ar˜ao estas outra, em que entr˜ao os membros d’aquella, para escolher nos Estabecimentos da Universidade os instrumentos que poss˜ao servir para as observac¸˜oes; requisitar os que faltarem, e formar o Projecto das Instrucc¸˜oes, que deve levar.132

Em carta de 14 de Junho, o Reitor d´a conhecimento destas nomea¸c˜oes ao Ministro do Reino bem como o facto de ter recomendado “no desempenho d’estes trabalhos a maior brevidade, que as circunstancias exigem”. Datado do mesmo dia encontr´amos o relat´orio enviado por Jacintho de Souza e Rodrigo Ribeiro de Sousa Pinto ao Reitor que mostrava qu˜ao depau- perados de instrumentos adequados se encontravam o observat´orio e o gabinete de f´ısica da Universidade.

A Commiss˜ao tem j´a designados os instrumento que lhe podem fornecer o Observatorio astronomico e gabinete de Physica da Universidade, entre os quaes conta um occulo soffrivel de Dollond de 3 1/2 pol. de foco e 2 1/2 pollegadas de abertura, que amplifica 80 vezes. Julga porem convir-lhe muito um occulo de maior forc¸a e bem montado, de que tambem precisa o Observatorio Astronomico; julga indispensavel um chronometro, e muito uteis os seguintes instrumento physicos e meteorologicos:

• Um Polariscopio d’Arago modificado por Peltier • Um Photometro de Cauchoix

• Um Actinometro d’Herschel • Um hygrometro de Saussure

• Um galvanometro de longo fio de Gourjon

130

Minist´erio do Reino: Portaria de 6 de Junho de 1860 ao Reitor. O Instituto, Jornal Scientifico e Litterario, 9 1860b.

131

Segundo as actas Sousa Pinto afirmou “que n˜ao lhe sendo dada a escusa pedida, lhe fariam grande violˆencia”. Universidade de Coimbra. Faculdade de Matem´atica: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Mathematica, vol. 3 . 1858-1866, Acta de 12 de Junho de 1860

132

Universidade de Coimbra. Faculdade de Filosofia: Actas da Congrega¸c˜ao da Faculdade de Philosophia, vol. 5 ., Acta de 13 de Junho de 1860.

Visto que

No pouco tempo que nos resta, ´e impossivel obter os custosos instrumentos que fˆora mister mandar construir expressamente para, da observac¸˜ao do eclypse de 18 de Junho proximo, de que estamos en- carregados, podermos colher todos os dados necessarios ´as numerosas quest˜oes, que aos astronomos e physicos offerece este raro phenomeno. Ha, porem, entre essas muitas quest˜oes, algumas de grande importˆancia e utilidade que n˜ao demandam instrumentos especiaes; mas que todavia n˜ao dispensam alguns que n˜ao temos. Apressamos-nos pois a indical-os a V. Ex.a, a fim de que V. Ex.a sollicite do Governo de Sua Magestade as providencias necessarias, para que se comprem em Franc¸a ou em Inglaterra, ou se obtenham por cedencia temporaria dos observatorios de Lisboa e da Commiss˜ao de trabalhos geodesicos, a tempo de serem entregues ´a Commiss˜ao em Madrid, antes de ella partir para a estac¸˜ao de observac¸˜oes.133

Este relat´orio foi enviado pelo Reitor para o Ministro.134 Um of´ıcio urgente foi despachado

dia 16 para a Escola Polit´ecnica sobre a disponibilidade desta providenciar os instrumentos pedidos.135 Ainda no dia 16 uma congrega¸c˜ao geral das Faculdades de Matem´atica e Filosofia aprovou as instru¸c˜oes a serem seguidas pelos membros da comiss˜ao. O Reitor reencaminhou, em carta datada do mesmo dia, este documento para o Minist´erio. Noutra carta de dia 16, o Reitor comunicou, ainda, ao Ministro que

A commiss˜ao para ir observar o eclypse de 18 de Julho, tem a honra de communicar a V. Ex.a que muito conviria saber, se dos Observatorios de Lisboa, ou da Commiss˜ao geodesica, se poder´a obter de emprestimo um Barometro bem afferido; a a fim de que a Commiss˜ao possa evitar o transporte de algum dos que possuem em Coimbra os Estabelecimentos da Universidade.

E outro mais communica a V. Ex.a a conveniencia se obter por emprestimo d’alguns desses Estabele- cimentos, ou por compra, em Franc¸a, em Inglaterra, instrumento, que ´a commodidade do transporte permita as vantagens de uma sensibilidade extrema.136

Contrastando com a az´afama que se vivia em Coimbra, a Escola Polit´ecnica esperou 10 dias para se pronunciar sobre a portaria de 6 de Junho. O Conselho da Escola, reunido no dia 16 do mesmo mˆes, decidiu propor como membro da comiss˜ao Jo˜ao Carlos de Brito Capello, segundo tenente da Armada e adido ao Observat´orio Meteorol´ogico, e

2o [...] que antes de confeccionar as instrucc¸˜oes para os trabalhos scientificos d’observac¸˜ao do pro- ximo eclipse convinha que o observador nomeado pela Esc`ola se entendesse com os dois observadores por parte da Universidade nos termos do Abril da mesma Portaria, a fim de colligirem o plano das observac¸˜oes e o que n’ellas se tem em vista.

3o Que n˜ao s´o pelos motivos que deixo ponderados, mas ainda pela impossibilidade absoluta de se obterem os instrumentos no tempo, que se mede d’aqui at´a ao dia do eclipse, julga o Conselhos n˜ao haver logar a requisitar instrumento algum. N˜ao se tendo a tempo disposto as cousas para as observac¸˜oes de que se trata os nossos observadores pouco mais ter˜ao talvez a fazer do que assistir aos trabalhos scientificos dos observadores d’outros paizes.

Com respeito aos instrumentos

[...] o Observatorio tem todos os instrumentos indicados na relac¸˜ao junta ao dito officio, notando porem, que o chronometro foi-lhe emprestado pelo Observatorio da Marinha. O Observatorio Meteo- rologico n˜ao tem suplicados, e o galvanometro est´a em uzo permanente. Porem se a Commiss˜ao julga 133

Pinto, Rodrigo Ribeiro de Sousa e Souza, Jacintho Antonio de: Carta ao Reitor da Universidade, 14 de Junho. 1860.

134

Pinto, Bas´ılio Alberto de Sousa: Carta ao Minist´erio do Reino, 14 de Junho. 1860b.

135

Escola Polytechnica de Lisboa. Director: Carta ao Minist´erio do Reino, 18 de Junho de 1860 . 1860.

136

que todos esses instrumentos devem ir, ir˜ao menos o chronometro, que alem de n˜ao ser, como j´a notei, propriedade da Escola, faria falta mais sensivel.137

A 23 de Junho, o Ministro do Reino autorizou o Director da Escola Polit´ecnica a comprar um cron´ometro para a comiss˜ao no valor de 220$000 r´eis. E, no dia 27, ´e requisitado `a comiss˜ao geod´esica outro cron´ometro para acompanhar a comiss˜ao.

A 25 de Junho, Sousa Pinto e Jacintho de Souza partem de Coimbra na mala posta para Lisboa.138 No mesmo dia reuniu-se o conselho da Escola Polit´ecnica e

For˜ao lidas e approvadas as instru¸c˜oes que devem guiar os Commissionados pela Escola na sua viagem scientifica ´a Hespanha, mas resolveu-se que se entretesse na remessa das mesmas instruc¸c˜oes, at´e se saber o resultado das conferencia entre os Commissionados pela Univer- sidade e o Observador escolhido pela Escola [...] esta decis˜ao foi tomada por causa das pondera¸c˜oes feitas pelo Snr. J. Pimentel a respeito da inconveniencia de se mandar uma commiss˜ao t˜ao tarde com t˜ao poucos meios instrumentos e pessoal e officialmente, depois de estarem organisados os trabalhos e commiss˜oes de outros Reinos e paises.139

A reuni˜ao das duas comiss˜oes ocorreu, provavelmente, no dia seguinte. Numa portaria datada de dia 26, Sousa Pinto foi nomeado presidente da comiss˜ao e foram estabelecidas as instru¸c˜oes finais para os comissionados.140 Estas Instruc¸c˜oes para a commiss˜ao nomeada por portaria de 6 de julho de 1860 para ir a Hespanha observar o eclipse solar correspondem, essencialmente,

`a reuni˜ao das propostas apresentadas por ambas as institui¸c˜oes. A afirma¸c˜ao anterior assume que as instru¸c˜oes presentes no of´ıcio que o Director da Escola Polit´ecnica enviou ao Minist´erio do Reino dia 28 correspondem `as aprovadas pelo conselho da institui¸c˜ao na sess˜ao de dia 25. Se for este o caso, ´e interessante verificar que uma das instru¸c˜oes da Polit´ecnica que n˜ao foi adoptada no documento final,

15oAs observac¸˜oes da intensidade da luz ser˜ao sem duvida feitas por meios photographicos; vae com tudo o Photometro de Quetelet.

implica uma cr´ıtica impl´ıcita `a expedi¸c˜ao. Uma outra instru¸c˜ao que n˜ao aparece nas ins- tru¸c˜oes oficiais,

18oO delegado do Observatorio tem por sua miss˜ao especial o desempenho dos trabalhos physicos da sua competencia.

revela por parte da Escola Polit´ecnica uma certa desconfian¸ca relativamente `a lideran¸ca da comiss˜ao. Na sess˜ao de dia 28 do Conselho da Escola Polit´ecnica

o Sr. G.me Pegado informado o Conselho do resultado da conferencia entre os Commissionados pela Universidade, e o do Observatorio da Escola, resolveu-se que se enviassem as instrucc¸˜oes para o Dele- gado pela Escola Polytechnica, e que no officio de remessa se diga que o Conselho julga esta commiss˜ao inconveniente e tardia.

Na carta de dia 28, que o director da Escola, Belchior Garcez,141 dirigiu ao Ministro e Secret´ario dos Neg´ocios do Reino, Fontes Pereira de Melo, pode ler-se

por quanto ´e opini˜ao do Conselho, que tal commiss˜ao n˜ao pode prestar ´a sciencia auxilio importante, por n˜ao haver sido organisada em tempo, e com o pessoal e meios indispensaveis.

137

Escola Polytechnica de Lisboa. Director: Carta ao Minist´erio do Reino, 18 de Junho de 1860 . 1860.

138

An´onimo: Eclypse do Sol. Conimbricense, 1860e, Nr. 26 de Junho.

139

Escola Polytechnica de Lisboa: Actas das sess˜oes do Conselho da Escola Polit´ecnica, vol. 5 . 1851 - 1864, Acta de 25 de Junho de 1860.

140

Minist´erio do Reino: Portaria de 26 de Junho de 1860 - Instruc¸c˜oes para a commiss˜ao. O Instituto, Jornal Scientifico e Litterario, 9 1860a.

141

Como vimos, a expedi¸c˜ao Portuguesa foi organizada nos meses de Maio e Junho, tendo a maior parte das diligˆencias pr´aticas - como a defini¸c˜ao do plano de observa¸c˜oes e os ins- trumentos a transportar - sido efectuada entre os dias 6 e 28 de Junho. Internacionalmente, Airy sugeriu ao Duque de Somerset, First Lord of the Admiralty, uma expedi¸c˜ao oficial da