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Que tipo de experiências o senhor apontaria como mais sofridas para o 1º GAvCa na Segunda Gerra Mundial?

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 171-174)

Distribuição do Efetivo por Área Funcional

ITEM CATEGORIA QUANT PERGUNTAS PROP PROP INDIVÍDUOS

3) Que tipo de experiências o senhor apontaria como mais sofridas para o 1º GAvCa na Segunda Gerra Mundial?

Típicas da guerra Falta de apoio Não corresponder ao esperado

A - TÍPICAS DA GUERRA

Não sei se chamaria à experiência adquirida de sofrida.

É certo que foi um período de intensivo treinamento, mas que necessário para a formação de um piloto de combate. Sofremos a dureza e a intensidade desse treinamento, mas necessário e imperioso. Sofremos o combate, é claro, com seus perigos de vitórias e derrotas. Sofremos a separação da família.

Olha, coisa muito triste é ver a miséria. Era ver gente lá no acampamento, o café - que era feito o café e coado, né? - aquele pó, tava gente ali esperando aquele pó de café. Era ver crianças pedindo comida, com fome, era coisa terrível aquela necessidade porque ... tudo destruído. Os homens, muitos presos, principalmente no sul né, muita gente, outros no norte, já era um número menor. Mas a miséria era grande. Meu Deus, aquilo, para muitos, pra mim principalmente, era coisa que chocou muito.

Aquele pessoal pedindo um chocolate, uma coisa, porque o aliado tinha fartura, tudo nós tínhamos com fartura: era doce, era tudo, tudo mandado com fartura. Agora o que chamávamos lá, o paisano, não tinha nada. Olha, era triste demais. Essa parte da comida ...

Olha, guerra é uma coisa que devia ser banida do pensamento, só que infelizmente o homem não se emenda, né?, temos guerra nos dias atuais, mas a miséria, a corrupção, foi uma coisa horrorosa. Pra mim marcou muito.

Mas tudo o que todos sentiam, o cumprimento do dever e a apresentação como voluntário, amenizavam esses sentimentos.

(AAP140, PIL379)

B - FALTA DE APOIO

A Falta de RECOMPLETAMENTO. A experiência mais sofrida pelo Grupo de Caça, foi ver seu efetivo de pilotos diminuindo dos 49 iniciais para 22: 4 mortos em acidentes operacionais, 5 mortos em combate, 11 abatidos pela anti-aérea FLAK alemã. Dos abatidos, 3 saltaram em território amigo, 2 uniram-se ao movimento partizam em território inimigo, 1 (Danilo Moura) conseguiu fazer uma fuga espetacular, retornando à sua base em Pisa, 5 foram feitos prisioneiros de guerra, ficando em campos de concentração até o final da guerra, e 05 foram afastados de vôo por motivos de saúde.

Foi, portanto, com o efetivo de pilotos reduzidos à metade do número necessário para um esquadrão, que começou a famosa ofensiva da Primavera.

Quando o Cel. Ariel Nielsen, Comandante do Grupo 350, ao qual o esquadrão brasileiro (First Brazilian Fighter Squadron) era subordinado, comunicou aos comandantes o inicio e o objetivo da ofensiva.

Disse textualmente ao Tenente Coronel Nero Moura: "Os senhores estão dispensados dessa ação. Seus pilotos, todos com mais de 50 missões de guerra, já chegaram no limite da exaustão e nada mais seria lícito exigir deles. Cada esquadrão deverá fazer 44 partidas por dia, isso me parece além do que vocês poderão executar."

Nero Moura ouviu calado a recomendação do Cel. Nielsen e apenas respondeu:

“Acho que o senhor está avaliando a situação de maneira incorreta, vou falar com os meus pilotos e responderei em seguida”.

Houve então uma pequena reunião entre o nosso Comandante e os companheiros pilotos, onde nos foi relatado o problema. O que passou, na cabeça de cada piloto, foi um pensamento unânime:

Ser retirado de ação, embora justificável, no final de uma campanha onde o 1º Grupo de Caça já havia conseguido um recorde excepcional, superior, em alguns setores, ao dos esquadrões americanos? Esquecer tudo o que haviam feito até então, esquecer nossas mortes, nossos pilotos abatidos, alguns em campos de CONCENTRAÇÃO na Alemanha, esquecer o sacrifício feito até então para conquistar o prestigio que desfrutávamos junto as Forças Aliadas?

Um olhar coletivo do grupo ao Comandante, olhar não de alegria nem de entusiasmo, mas um olhar profundo de compreensão, um olhar, digamos, solene, de aprovação, foi o suficiente para o Tenente Coronel Nero Moura voltar em seguida ao Cel. Ariel Nielsen para dizer: “Podem contar com o 1º Grupo de Caça Brasileiro!”

Na ofensiva de Abril de 45, o 1º Grupo de Caça, apesar da inferioridade numérica, conseguiu uma performance bem superior aos esquadrões americanos, como mostram todos os relatórios oficiais da Força Aérea do Mediterrâneo. Mas o preço foi alto:

Em 09 de Abril de 1945, foi abatido o Segundo Tenente Armando de Souza Coelho; em 13 de abril, foi morto em combate o Segundo Tenente Frederico Gustavo dos Santos; em 19 de abril, foi ferido em combate o Capitão Aviador Roberto Pessoa Ramos, tendo, entretanto, regressado à Base; em 22 de abril, foi abatido o Segundo Tenente Marcos Eduardo Coelho de Magalhães, tendo ficado prisioneiro até o final da guerra; em 26 de abril, foi morto em combate o Primeiro Tenente Luiz Lopes Dornelles, 5 dias antes do término da guerra, e, em 30 de abril, 1 dia antes do término, foi abatido o Segundo Tenente Renato Goulart Pereira.

O maior sofrimento, para o pessoal de apoio, que participou desde o início das operações do 1o. Grupo de Aviação de Caça, foi a falta de apoio logístico da FAB ao pessoal envolvido. Enfrentamos, inicialmente, grande dificuldade com o frio intenso, em Tarquínia. Temperaturas entre 10 e 15 graus negativos! Pasmem, sem um agasalho próprio para as condições existentes! Depois de muita briga e queixas, nos forneceram agasalhos e abrigos contra aquele frio violento. Depois de recebidos os agasalhos, passamos a suportar com mais dignidade aquela situação, que chegava ser desesperadora e humilhante! Graças a Deus, tudo terminou bem, para todos!

Como se vê, foi grande o preço pago, mas, até o final da guerra, o cocar dos aviões brasileiros não deixaram de estar presentes nos céus italianos.

(AAP276, PIL389, PIL393)

C - NÃO CORRESPONDER AO ESPERADO

A gente tinha medo que não se igualasse ao americano. No entanto, não dito por mim, mas pelo próprio americano, o 1o. GavCa do Brasil superou a Força Aérea do Mediterrâneo. No monumento, em Dayton, Ohio, os americanos gravaram no mármore, para eternizar o nosso conceito, nos chamando de pessoas inigualáveis.

(AAP81)

5.2.3.4. Que tipo de experiências o senhor apontaria como mais gratificantes?

Tabela 12

Resultados Quantitativos Relativos às Respostas da 4ª Questão

ITEM CATEGORIA QUANT PERGUNTASPROP PROP INDIVÍDUOS

A Aprendizado e experiência 4 50% 67%

B Relacionamento 2 25% 33%

C Cumprimento do dever 1 13% 17%

D Outros 1 13% 17%

TOTAIS 8 50%

Proporcionalidade entre as categorias com relação ao número de indivíduos e de Idéias Centrais que as compõem, e respectivas porcentagens.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Gráfico 52

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 171-174)