• Nenhum resultado encontrado

A PRESIDENTIAL UNIT CITATION

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 83-86)

4. Honestidade estatal: Que diz respeito ao manejo decente e transparente da coisa pública.

2.3 O 1º GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA DO BRASIL DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

2.3.1 A PRESIDENTIAL UNIT CITATION

A Ofensiva da Primavera teve a importância estratégica de por fim a uma guerra que se estendia de forma desgastante e encontrou no desempenho e na disposição dos brasileiros uma importante contribuição. Estes, por um lado, encontravam-se sobrecarregados pelas sucessivas baixas de seus pilotos, sem reposição mas, por outro, cada vez mais experientes e, por isso, eficazes em suas ações.

O desempenho do 1º GAvCa foi reconhecido oficialmente pelo Comandante do 350º, conforme ilustra a transcrição de um trecho de seu relatório final, a seguir:

“Durante o período de 6 a 29 de abril o Grupo de Caça Brasileiro voou 5% das saídas executadas pelo XXII Comando Aéreo Tático e, no entanto, foram oficialmente atribuídos aos brasileiros 15% dos veículos destruídos, 28% das pontes destruídas, 36% dos depósitos de combustíveis danificados e 85% dos depósitos de munição danificados.” (LAVENÉRE-WANDERLEY, 2002, p. 30).

Esse Comandante, o Coronel Ariel W. Nielsen, encaminhou uma proposta de citação ao 1º GAvCa, conforme transcrição do documento abaixo:

“350º Regimento de Caça, A. A. F. A. P. O. 650

17 de maio de 1945

Assunto: Recomendação para citação

Ao: General Comandante do XXII Comando Aéreo Tático, A. P. O. 650

1 – Proponho-vos seja o 1º Grupo de Caça Brasileiro citado pelos relevantes feitos realizados no conflito armado contra o inimigo, no dia 22 de abril de 1945, de acordo com a Circular nº 333 do Departamento da Guerra, datada do dia 22-12-1943 e pela Circular nº 89, do Teatro de Operações da África, datada do dia 10-7-1944.

2 – Seus notórios serviços em batalha, no dia acima mencionado, são provados na presente proposta de citação, mas vos peço a atenção para o espírito que o pessoal tem constantemente demonstrado.

3 – Esse Grupo entrou no serviço de combate na época em que a oposição antiaérea aos caça- bombardeiros estava em seu auge. Suas perdas têm sido constantes e pesadas e têm tido poucas substituições. Como seu número cada vez mais diminuía, cada piloto voava mais, expondo-se com maior freqüência. Em muitas ocasiões, como Comandante do Regimento, eu retive esses pilotos, quando eles queriam continuar a voar, porque eu acreditava que já haviam transposto o limite de suas possibilidades. 4 – A perícia e a coragem demonstradas nada deixam a desejar. Chamo-vos a atenção pela esplendida exibição do seu excelente trabalho contra todas as formas de interdição e coordenação de alvos.

5 – Em minha opinião, seus ataques na região de San Benedetto, no dia 22 de abril de 1945, ajudaram a preparar o caminho para a cabeça-de-ponte estabelecida pelos Aliados, no dia seguinte, na mesma região. Cada ataque foi bem planejado e bem executado. A fim de completar isso, o 1º Grupo de Caça Brasileiro, em seus feitos, excedeu os de todos os outros Grupos e sofreu sérias perdas.

6 – A superioridade do pessoal de vôo e de terra é igualmente demonstrada no completo sucesso aéreo. 7 – Acredito estar refletindo o sentimento de todos os eu conheceram o trabalho do 1º Grupo de Caça Brasileiro, ao recomendar que eles recebam a citação de Unidade. Tal citação é, não só altamente meritória, mas tornar-se-ia carinhosa à lembrança dos brasileiros, na comemoração dos esforços que foram desenvolvidos neste Teatro.

(a) Ariel W. Neilsen Coronel de Aviação

Comandante” (Fonte: Força Aérea Brasileira)

A seguir, a transcrição da citação proposta pelo Col. Nielsen:

“Citação Proposta”

“Os componentes do 1º Grupo de Caça Brasileiro são citados pelos relevantes serviços prestados, em ação contra o inimigo, no Teatro de Operações do Mediterrâneo, no dia 22 de abril de 1945. Pelos heróicos serviços, envoltos na mais alta bravura e habilidade, no reconhecimento armado e ataques de caça bombardeio e, pela soberba demonstração de tática coordenada com o 5º Exército, o que contribuiu diretamente para que os Aliados cruzassem o Rio Pó. Em exemplar harmonia com os objetivos da Campanha do Vale do Pó, os brasileiros destruíram vasta quantidade de veículos e material inimigo, evitando,

desta maneira, a escapada do inimigo para as fortes defesas já preparadas na retaguarda. Pela localização de uma garagem, pesadamente defendida e habilmente camuflada, nas proximidades de Mantova, Itália, no qual, em 3 ataques, destruíram, no mínimo, 45 veículos e, indubitavelmente, imobilizaram muito mais. Pelo arrasamento de pontões inimigos no Rio Pó, ajudaram a frustrar sua retirada, deixando muitos alemães sem meios para escapar. Pela vigilante cobertura aérea nas redes de estradas e posições de batalha organizadas, destruíram muitos outros veículos, incluindo peças de campanha blindadas e arrasaram várias posições de trincheiras. Nas perdas que sofreram nessa ocasião, como também em muitos ataques anteriores, tiveram seu número de pilotos reduzido à metade, em relação aos Grupos da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos que operavam na mesma área, porém voaram um número igual de sortidas, operando incansavelmente e além do normal previsto. A manutenção de seus aviões foi altamente eficiente, a despeito das avarias sofridas pela antiaérea, do uso e do desgaste de intensivos esforços. Contornavam as sérias dificuldades atmosféricas com excelentes planos de navegação. Pelo mais hábil emprego da câmara, fotografaram o resultado de seus ataques e forneceram relatórios fotográficos de uma histórica campanha. No final do dia, durante o qual 11 missões e 44 sortidas foram efetuadas, destruíram 97 transportes a motor e avariaram 17, destruíram um parque de viaturas, imobilizaram 35 veículos a tração animal, avariaram uma ponte rodoviária e uma ponte de barcas, destruíram 14 edifícios ocupados pelo inimigo e avariaram 3 outros e atacaram 4 posições militares. A brilhante capacidade, incansável devoção ao dever e extraordinário heroísmo demonstrados pelos Oficiais e Praças do 1º Grupo de Caça Brasileiro durante essas operações e em muitas outras ocasiões, tornaram seus serviços distinguidos e têm refletido grande crédito para eles e para as Forças Armadas das Nações Aliadas.” (Fonte: Força Aérea Brasileira).

A Presidential Unit Citation foi criada pelo Governo dos EUA cinqüenta dias após o ataque a Pearl Harbor com a finalidade de condecorar unidades de combate distintas pelo heroísmo, determinação e espírito de corpo, em um dado período, sob extrema dificuldade e condições de perigo, destacando-se das demais unidades participantes da mesma campanha (LIMA, 1989). Por ter sido, em princípio destinada a homenagear coletivamente Unidades das Forças Armadas dos EUA, de porte maior do que o Grupo de Caça, o encaminhamento acima não seguiu adiante, ficando arquivado por 41 anos, até que o processo, entregue pelo Coronel Nielsen ao Comandante Nero Moura naquela ocasião, foi recuperado e encaminhado, através do Major John Buyers, Oficial de Ligação na época da Campanha, para os Estados Unidos, onde seu trânsito foi restaurado.

Como conseqüência, a Citação foi outorgada ao 1º GAvCa e, posteriormente, também a um Esquadrão da RAF Inglesa.

A Citação encontra-se apoiada em um processo de 46 páginas, contendo documentos e fotos relativas ao desempenho do 1º GAvCa, razão pela qual, dada sua relevância histórica, é tratada como um fato no presente trabalho.

By virtue of the authority vested in me as President of the United States and Commander in Chief of the Armed Forces of the United States, I have today awarded

THE PRESIDENTIAL UNIT CITATION (AIR FORCE)

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 83-86)