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ITEM CATEGORIA QUANT PROP PERGUNTAS PROP INDIVÍDUOS

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 177-180)

Distribuição do Efetivo por Área Funcional

ITEM CATEGORIA QUANT PROP PERGUNTAS PROP INDIVÍDUOS

A Nada 4 57% 67%

B Falta de apoio 2 29% 33%

C Provocar mortes 1 14% 17%

TOTAIS 7 100%

A - NADA

Nenhum fator prejudicou o funcionamento operacional da Unidade. Não conheço nenhum. Fomos incorporados ao 350º Grupo de Caça Americano como o 4º Esquadrão e operamos da mesma maneira que os outros três.

Fatores que poderiam ter prejudicado: A nossa aparente desigualdade para com a grandeza americana, considerando principalmente que nós não possuíamos uma força aérea capaz de entrar em combate. Recordo-me quando o americano usou determinados pejorativos para me agredir, dizendo: "vocês não têm tradição!" Tradição não se compra nem existe escola de formação. Tradição, só com o tempo. Hoje eu dou inteira razão ao americano e toda essa falta de experiência e qualificação que poderia ter prejudicado nosso desempenho, que foi superado pelo nosso esforço coletivo.

Como comprovação desse fato, citamos que o Grupo de Caça Brasileiro foi distinguido com a medalha do Governo Americano com a seguinte citação 'The Presidential Unit Citation for Extraordinary Heroism to 1st Brazilian Fighter Squadron'. Não é uma medalha individual. É uma medalha para a Unidade. Somente duas outras Unidades não pertencentes à Força Aérea Americana, também a receberam.

(AAP81, PIL379, PIL389, PIL393)

B - FALTA DE APOIO

Os principais fatores que prejudicaram, e por vezes dificultaram, nosso desempenho, foi a falta de apoio da FAB no quesito referente ao recompletamento do pessoal, principalmente no referente aos nossos pilotos. Essa falta no recompletamento do pessoal levou nossos pilotos quase ao ponto de uma "estafa" insuportável, devido à necessidade de efetuarem, diariamente, até mais de duas missões cada.

Não posso dizer que atrapalhou, mas houve falta de gente no fim, principalmente de gente no fim, isso fazia com que os elementos se revezassem. Atrapalhou porque cansava o pessoal, havia preocupação, às vezes o médico tinha que tirar de vôo porque o piloto estava fazendo muitas missões.

parecia ter mergulhado em uma piscina com toda a roupa. Assustei-me e perguntei-lhe: “O que houve, Capitão?” “Estou assustado,vou embora para o Brasil! Isto não é mais para mim! É preciso ter 'aquilo' preto, isto é para esses 'meninos' mais jovens do que eu!” Realmente, o piloto acima referido, voltou pra o Brasil, para um descanso necessário e merecido!

Mas quanto ao resto, de atrapalhar ... o Grupo cumpriu sua missão satisfatoriamente. (AAP140, AAP276)

C - PROVOCAR MORTES

Outras tantas histórias ouvi; esta, porém de aspecto mais emocional, qual seja, a má impressão causada por ter provocado grande número de mortes, a seu ver, desnecessárias. Disse-me, no dia 24 de dezembro de 1944, o Tenente: "se minha mãe soubesse o que fiz agora, há uma hora e meia atrás, ela, com certeza, não resistiria e teria um ataque cardíaco, e fatalmente morreria!” É cruel e inaceitável, porém, devido às circunstâncias, são necessárias e inevitáveis! - Contou-me o Tenente: “assisti dezenas de soldados saindo de seus abrigos (trincheiras), correndo como verdadeiras tochas humanas! Incendiadas que foram por bombas com gasolina gelatinosa, altamente inflamáveis, lançadas por mim e outros companheiros, durante uma missão, em Monte Castelo!"

Missões como esta eram comuns e afetavam, certamente, a todos, uns com maior ou menor intensidade estressante, mas afetavam. Com certeza, todos, pilotos e pessoal de apoio, sofriam diante de tais acontecimentos.

(AAP276)

5.2.3.7. Que fatores o senhor considera terem tornado possível suportar as dificuldades do dia-a-dia e cumprir as missões?

As respostas a essa questão complementar, oferecidas por três dos entrevistados, foram agrupadas em uma única categoria, designada Fatores de Resiliência, cujas expressões-chave resultaram no DSC abaixo:

Um dos fatores importantes é de ordem psicológica: Seguir o exemplo dado pelo companheiro e tentar até melhorar o seu desempenho, dando também o seu exemplo.

A possibilidade de operar com um equipamento extremamente confiável, o P-47. Com o tempo você fica como se fosse uma parte integrante da máquina. A lenda que o P-47 sempre trazia você para casa é uma verdade que muito contribuía para o cumprimento das missões de guerra. Confiança na máquina.

O sentimento de defesa de nossa soberania. Eles nos agrediram AQUI, em nossas costas, PODE?

Tem aquela coisa gaiata, né? Lá naquela mistura de americano com brasileiro, todo mundo que não falava inglês falava alguma coisa ...

Bom eu era uma pessoa que era considerada, tanto que aquelas poucas promoções que eu disse que houve, eu fui um dos promovidos. Tive muito bom tratamento e tudo.

Finalmente, quero observar que o recebimento constante de cartas vindas do Brasil - o Ministério mantinha um serviço muito bom nesse aspecto - era um refrigério extraordinário nas nossas aflições. Ao chegar de uma missão de guerra, ouvir que havia chegado a Mala do Brasil, era mais confortante do que o sucesso da missão recém-cumprida.

Essas coisas da guerra. (AAP140, PIL389, PIL393)

5.2.4. MARCAS DA GUERRA – RESULTADOS OBTIDOS

Finalmente, são apresentados os resultados relativos ao tratamento das respostas enviadas a Buyers (2004): “Como a guerra marcou sua vida?”

Aqui, as idéias centrais, após categorizadas, foram, por sua vez, agrupadas pelo critério de expressarem resultados positivos ou negativos.

Os resultados quantitativos estão aqui apresentados, sendo que os respectivos DSC’s serão inseridos na discussão que será feita no Capítulo a seguir. Eis os resultados:

Tabela 15

Marcas da Guerra – Resultados Quantitativos

CLAS CATEGORIA RESPOSTASQUANT RESPOSTASPROP PROP RESPOSTASPOR GRUPO INDIVÍDUOSPROP

A – SENSO DO DEVER CUMPRIDO 14 14% 21% 18% B – AMADURECIMENTO 13 13% 20% 16% C – AFILIAÇÃO 11 11% 17% 14% D – CRESCIMENTO PROFISSIONAL 11 11% 17% 14% E – VALORES ESPIRITUAIS 17 17% 26% 21% RE SU LT ADO S PO SI TI VO S TOTAL 66 67% 83% A – PERDAS 6 6% 19% 8% B – VIOLÊNCIA 21 21% 66% 26% C – MEDO 3 3% 9% 4% D - OUTRAS 2 2% 6% 3% RE SU LT ADO S NEG A TI VO S TOTAL 32 33% 40% TOTAL GERAL 98 100%

O Gráfico 54, a seguir explicitará, com respeito à proporção de respostas, a predominância de idéias relacionadas a resultados pessoais positivos decorrentes da experiência de guerra – apontados por 83% dos indivíduos, com relação aos resultados negativos – apontados por 40%.

Gráfico 54 - Marcas da Guerra

Comparativo entre Resultados Positivos e Negativos por Nº de Respostas

67% 33%

RESULTADOS POSITIVOS

No documento MARIA LUIZA PIGINI SANTIAGO PEREIRA (páginas 177-180)