• Nenhum resultado encontrado

Fidelidade e desprezo lógicas contrastantes de engajamento

No documento Download/Open (páginas 148-154)

Conforme já apontado acima, a enorme diversidade de engajamentos que podem ser notada entre aqueles que habitam um acampamento do MST o transforma num espaço de relativa tensão. A convivência cotidiana é muito mais intensa do que em outros espaços sociais o que faz produzir conflitos com relativa freqüência, que, em muitos casos podem terminar em brigas corporais. Além da diversidade de perfis, o próprio fato de estarem aglutinados num espaço restrito, de estarem sob a vigilância constante do vizinho e da direção do acampamento e serem focos privilegiados da mídia que produz uma imagem socialmente negativa daquele espaço, e vários outros aspectos micro-sociais contribuem fortemente para tornar aquela convivência um desafio constante.

Dois eventos opostos que vivenciei aglutinam elementos marcantes e extremados dos perfis e das situações que expõem a enorme diversidade que é possível ser encontrada naquele espaço. São tipos quase ideais entre os quais se pode localizar uma gama bastante grande de diferentes possibilidades de adesão.

O primeiro caso teve início a partir da identificação de um homem de meia idade com aparência completamente desarmonizada em relação aos demais acampados, o chamarei aqui de Vicente. Dentro do acampamento ele era pertencente ao Setor de Finanças, o que deixava entrever uma formação também diferenciada. Após uma breve conversa inicial, agendamos para outro momento a continuação daquela conversa em um lugar mais tranqüilo e reservado. Então, conforme sua sugestão, no dia marcado nos encontramos em seu barraco. Assim que me apresentei, de forma mais ou menos detalhada, e recordei os meus objetivos, a primeira atitude de Vicente foi me levar até o interior do seu barraco e me mostrar um atestado negativo de antecedentes criminais que comprovava sua “ficha limpa”. Na seqüência ele sugeriu que tal documento deveria ser exigido como pré-requisito para todos aqueles que desejassem acampar. Ato contínuo exibiu-me suas roupas de marca, seu relógio, seus vários perfumes, acompanhado sempre da explicitação do preço pelo qual havia obtido aqueles objetos: “esse gel pós barba é importado, custou 400 reais, esse perfume aqui é barato,

custou 100 reais”. Também mostrou algumas fotos da sua filha, da equipe de futebol da

empresa na qual trabalhava, da ex-esposa. Ressaltou, ao mesmo tempo, a organização impecável de seu barraco e o fato dele não carregar nenhum tipo de vício. Com essa atitude eu percebi que Vicente queria, expressamente, me dizer: “antes de mais nada, olha com quem você está falando, não me confunda com o restante das pessoas acampadas aqui”. A ostentação daqueles elementos tinha para ele o sentido de delimitar o estrato social ao qual pertencia. Vicente eleva ao fastígio aquilo que é freqüente na sociedade: antes da emissão de qualquer posicionamento opinativo, a pessoa estará sendo avaliada e avalizada pelo que ostenta materialmente217. É o que pode apresentar em termos materiais que concorrerá para

217

No meio social o que mais corrobora tal constatação são as profissões de médico e advogado. Mas mesmo em certos espaços do MST este aspecto é levado a sério. Não com o mesmo sentido com que é valorizado por Vicente. Lembro-me de quando fui impedido por dois sem-terra “seguranças” de entrar no ginásio de esporte onde ocorria o Congresso Nacional do MST em Brasília simplesmente porque trajava bermuda. Os questionei os motivos para tal impedimento e estes não sabiam, disseram apenas que eram ordens da direção. Casualmente passava por ali um membro da direção nacional e os “seguranças” pediram a ele que me explicasse os motivos daquela ordem. Diante daquele calor sufocante, a justificativa que ele me deu era o de que aquele era um ambiente de respeito e que nem as lideranças e nem os agricultores se vestiam daquela forma como eu estava vestido. Para estar ali eu deveria reservar uma vestimenta mais adequada à importância daquele evento. Este tipo

dar crédito às suas opiniões. Toda aquela devoção ao material sinalizava que sua posição subjetiva apenas faria sentido se eu, como seu interlocutor, internalizasse previamente a posição social desde onde ele iria emitir suas opiniões.

A partir dessa introdução ele passou imediatamente a expor suas opiniões sobre os acampados em geral e sobre o MST. Quando solicitei a permissão para gravar a conversa ele recusou com a seguinte expressão: “lá fora nós podemos nos encontrar um dia e eu te

contarei tudo que sei sobre o movimento e então você poderá gravar”. Dizia a todo o

momento que não precisava estar ali, que havia perdido o emprego recentemente e seguiu a sugestão de um amigo para vir acampar, mas que já estava com uma alternativa de emprego em vista, portanto iria deixar o acampamento em breve. Ao mesmo tempo fez questão de ressaltar o poder do MST em conquistar terra: “aqui é certo que se consegue terra, cedo ou

tarde”.

Seguimos numa conversa um pouco tensa, havia um certo mistério, quase um suspense policial. Da parte dele era visível o receio de se expor para quem ele não conhecia, o que o levou em vários momentos a especular sobre a minha trajetória e revisar meus objetivos. Da minha parte eu me sentia um tanto desconcertado com aquela situação, não era exatamente o meu objetivo vasculhar as supostas ilegalidades do MST, mas, como pesquisador, sabia que daquelas informações, como de qualquer outra, poderia emergir o inesperado, algo que descortinasse outras dimensões existentes no acampamento. Mas, ao mesmo tempo, estava me transitando num terreno movediço, pois ao saber de um “segredo”, que possivelmente não me interessaria como dado de pesquisa, poderia me elevar à condição de suspeito caso, por alguma coincidência do destino, ele fosse punido por algo relativo aos temas sobre os quais tratamos218. Deixei claro que num trabalho acadêmico não nos interessa explicitar a identidade do informante e que apenas conversaríamos sobre os assuntos com relação aos quais ele se sentisse a vontade para falar. Por fim ele expôs suas denúncias sem nenhuma restrição, dizendo que conhecia alguém que havia se enriquecido a partir da militância no MST e que atualmente possuía uma fazenda e várias casas. A fragilidade de seus argumentos e a ausência de evidências que foram se avolumando ao longo da conversa, lhe afastava de qualquer credibilidade. Estava muito mais realçado algo que é comum em qualquer espaço social, mas que ali, pela suas características, é muito mais vivo: a construção de certezas baseadas em boatos e em suposições, o que na linguagem corrente entre os acampados e assentados chamam de “picuinhagem”. De toda a forma não estava ali como investigador policial e não daria maior conseqüência à suas denúncias. Ele seguia destacando que mesmo ali no acampamento, por fazer parte do Setor das Finanças, ele mesmo já havia notado pequenos furtos na bodega (principal ingresso de dinheiro para o acampamento). Além disso, seguiu denunciando que entre os acampados havia um misto degradante de alcoólatras, drogados, criminosos e miseráveis que jamais poderiam se reabilitar sobre um lote de terra:

“aqui 80% dos acampados tem envolvimento com drogas, roubos e álcool, estão fugidos da polícia ou dos vizinhos”. Os únicos que se salvavam, em sua opinião, era um pequeno grupo

de crentes que ele fez questão de nomear.

de controle também evidenciava o machismo subjacente, uma vez que para a mulher não havia nenhum tipo de restrição nesse sentido. Ironicamente algumas repartições públicas também impõem essa irracional restrição.

218

Situação semelhante à que vivi quando uma assentada do assentamento novo me confidenciou informações sobre o arrendamento de parte dos lotes para o plantio do arroz que posteriormente a fizeram suspeita de vazar informações que comprometia todo o assentamento e, mesmo eu, senti que era alvo de desconfiança. Voltarei a esse episódio mais adiante. A respeito do “segredo” ver as análises finamente efetuadas por Oliveira (2008) acerca da dimensão do segredo presente no universo do grupo religioso carismático “Canção Nova”. Conforme Simmel (1999, p. 222). “O segredo situa a pessoa numa posição de exceção; opera como uma atração pura e socialmente determinada. É basicamente independente do conteúdo que guarda, mas naturalmente torna-se cada vez mais efetivo na medida em que a sua posse exclusiva ganha em amplitude e em significado.”

Não havia nada em seu discurso que se pudesse dizer que havia sido absorvido do discurso corrente entre os militantes do MST. Disse que não identificava os fazendeiros como inimigos, mas, ao contrário, eram os sem-terra os verdadeiros inimigos destes. Chegou mesmo a dizer que achava justo que os latifundiários tivessem muita terra, defendendo com veemência o direito à propriedade privada. Sobre as ocupações ele até admitia que ocorressem, desde que fossem promovidas de forma ordeira. Em vários momentos ele, inclusive, ridicularizava as palavras de ordem frequentemente pronunciadas em suas reuniões e atos e os discursos que versavam sobre a revolução e a luta de classes. Encontrava-me numa situação difícil, pois a cada afirmação desse tipo ele buscava o meu consentimento. Para ele, que se via numa posição superior em relação a todos dali, tudo aquilo que enunciava lhe parecia óbvio e apenas não era notado pelos demais devido à ignorância e à conveniência. Possivelmente ele imaginava que eu, pelo meu grau de formação, daria razão às suas “obviedades”.

Quando retornei ao acampamento, três meses depois, ele ainda continuava ali como acampado, mas havia requisitado uma licença para trabalhar fora do acampamento219. Nessa ocasião, ao menos dois senhores vizinhos a ele no acampamento fizeram comentários que evidenciavam o desajuste entre os acampados e ele: “não entendo o que ele faz aqui, ele vive

dizendo que ganha mais de mil reais por mês, que não precisava estar ali?”. Um outro

senhor me disse que havia comprado o barraco e todos os móveis que ele possuía. A última vez que conversei com Vicente se deveu a uma casualidade, nos encontramos no mesmo ônibus que nos levaria de Porto Alegre para o acampamento. Era o feriado de Primeiro de Maio. Nessa ocasião ele comentou que estava trabalhando em uma indústria, mas que iria manter seu cadastro no acampamento até quando ninguém “criasse caso”. Mantinha a mesma soberba em relação ao MST e aos acampados. Naquela época o acampamento se preparava para resistir ao despejo que se anunciava. Para isso, construíram barricadas e cercaram todo o acampamento distribuindo pneus que deveriam ser queimados no momento em que a polícia chegasse. Ao ver aquela cena ele não pouco as palavras: “são todos loucos, quem acredita

que eles resistirão à polícia caso ela realmente venha para despejá-los!!!”

O segundo caso e oposto a esse, também se caracterizou por uma situação constrangedora. Ao retornar ao acampamento, passadas algumas semanas que estive ali, encontrei aquele espaço bastante renovado, novas famílias tinham chegado, novos barracos foram erguidos, outros barracos desmanchados, de forma que não eram muitos os que me conheciam de outras visitas. Como sempre, até aquele momento minhas visitas eram anunciadas para alguém da coordenação do acampamento, portanto naquele dia uma das principais lideranças do acampamento com quem tinha maior proximidade, a Anita, sabia que estaria por ali. No entanto, minha presença naquele dia coincidiu com a visita também de vários jornalistas interessados na produção de reportagens sobre a escola itinerante do MST220. Havia, evidentemente, um grupo que estava responsável pela acolhida e acompanhamento desses jornalistas que ficavam circunscritos aos espaços onde funcionavam as salas de aula e a algum outro espaço indicado pelas lideranças.

Após conversar com um senhor que já conhecia de outras visitas ele comentou de um grande grupo familiar evangélico recém chegado no acampamento. Então fui até o local onde haviam edificado seus barracos e logo um homem aparentando uns 35 anos de idade se aproximou e de forma muito simpática e espontânea passou a me contar sua trajetória e como havia chegado até ali, trata-se do Ezequiel sobre o qual já comentei anteriormente e voltarei

219

Conforme apontado anteriormente, essa possibilidade existe, é o que chamam de FT – Frente de Trabalho. Nesse.

220

Tratava-se da repercussão da medida tomada pela governadora do estado que decretava o fim do contrato que financiava o funcionamento daquelas escolas.

em outras partes. Passados alguns minutos seu pai, o Sr. Moisés, se aproxima com a evidente intenção de seguir adiante sem parar ali onde estávamos. Então seu filho o chama e me apresenta, mas seu pai não faz muita cerimônia e rapidamente, após um breve aperto de mãos, continua na trilha rumo à parte central do acampamento. Na seqüência eu expus os interesses que me traziam ao acampamento e o meu desejo de continuar aquela conversa com ele em algum outro dia, já que naquele momento ele estava envolvido com outros afazeres. Ele se demonstrou completamente disponível me disponibilizando, inclusive, o seu número de celular caso eu quisesse confirmar o melhor dia para nossa conversa.

Continuei por ali, naquele espaço que estava sendo referido como o “Canto dos Crentes” e logo que comecei a conversar com uma senhora ela comenta: “acho que estão

vindo te buscar!”. Quando olhei na direção em que ela apontou avisto, se aproximando

rapidamente, aquele que ocupava no acampamento, por todas as evidências, o papel de maior autoridade. Foi logo me dizendo: “Bah!!! Você escapou de uma!!! Foram lá nos avisar que

havia escapado um jornalista que estava entrevistando as pessoas por aqui.” Em um tom de

repreensão me disse: “Mas você tem que se anunciar para coordenação quando você vai vir

ao acampamento!!!”. A mulher com quem conversava acrescenta: “pois é, ele estava me perguntando se eu gostava de viver aqui e eu estava dizendo que sim, que aqui é muito bom...” deixando entender que estava ali controlando sua fala.

Quem havia me anunciado para a coordenação foi o pai do Ezequiel, o Sr. Manuel, aquele que não havia me feito muito caso. Ele ficou visivelmente constrangido quando, na minha frente, esta liderança lhe disse que eu era apenas um estudante e “amigo” do MST, então ele me pediu desculpas e acentuou sua preocupação pelo fato de não me conhecer e saber que muitos querem destruir o Movimento. Quando cheguei no local onde estavam as outras lideranças todos ali se divertiram com o fato de eu haver sido confundido com um jornalista e logo passaram a citar alguns nomes de jornalistas dos principais jornais do estado que não são bem vindos ali. Um desses jornalistas, segundo eles, tinha a prática de se infiltrar entre os acampados ou em meio às manifestações que promoviam sem a identificação de jornalista e disfarçado de militante, com boné e camisa do movimento: “se você fosse fulano de tal eu teria te arrancado daqui aos tapas”.

Em um outro dia conversei com o Sr. Moisés. Ele era evangélico da igreja Adventista do Sétimo Dia e estava ali com sua esposa, mais 4 filhos e suas noras e mais alguns netos. Contou-me de sua experiência com “invasão” de uma área urbana, do processo de organização que se seguiu até a consolidação da conquista da área e construção de suas casas. Disse-me também de suas relações com alguns políticos que os apoiavam e sempre que estava em algum momento tenso, estes políticos atuavam a favor deles, pagando advogados ou fazendo pressão política. Ele mesmo havia chegado até o acampamento por orientação de um deputado estadual do PT e um outro dirigente do mesmo partido, ambos bastante conhecidos no estado. Dizia-se experiente naquela luta e sabia que sempre haveria um grupo de políticos e apoiadores que estariam na retaguarda promovendo a defesa jurídica dos que estavam ali ou buscando reverter através da pressão política determinadas medidas contra eles. Tudo isso que me contou soava pra Sr. Moisés como algo sigiloso, o que o levou, inclusive, a desligar o seu próprio celular para não haver risco de ser escutado por alguém, o que me induziu a imitá- lo221. Havia uma aura de mistério, uma certa super-estimação de algo que estava para além e sobre o MST. Com um certo riso disfarçado ele parecia querer me dizer: “eu sei muito bem

que existe gente muito grande por trás disso tudo”.

Essa áurea mística que envolve o MST está presente em muitas falas. Mesmo na fala daquele que visava denunciar o MST e suas lideranças era visível que atribuía uma dimensão

221

muito mais avantajada do que aparentava e também havia algo de misterioso no que comentava.

No caso desse senhor evangélico, o que parece importante ser notado é o rigor e a disciplina, característicos dos seus mais fiéis militantes. Mesmo estando ali há pouco tempo, trazia outras experiências que fez com que tais “obrigações” se instalasse de forma potencializada na forma como exercia ali o seu engajamento. Essa fidelidade tão estrita às normas do acampamento e a elevada consideração das autoridades ali estabelecidas aliadas à sua experiência com o movimento dos sem teto produzia uma situação que beirava o paroxismo no que se refere ao seu comportamento naquele espaço.

Esses dois casos podem ser interpretados a partir de dois conceitos forjados por Goffman (2003, p.159-160): ajustamentos primários e ajustamentos secundários. Ajustamentos primários referem-se conceitualmente àqueles indivíduos que incorporam as regras e exigências da organização social e a efetivam exemplarmente. “Ele dá e recebe, com

espírito adequado, o que foi sistematicamente planejado, independentemente do fato de isto exigir muito ou pouco de si mesmo”. O Sr. Manuel está mais idealmente próximos de um ajustamento primário. Já o conceito de ajustamentos secundários refere-se àqueles indivíduos

que não se ajustam ao que a organização lhes prevê. Eles buscam o tempo todo escapar das determinações previstas e, dessa forma, não são o que deveriam ser. “Os ajustamentos

secundários representam formas pelas quais os indivíduos se isolam do papel e do eu que a instituição admite para ele”. Obviamente que estes são conceitos ideais, na prática cotidiana

o que se observa são gradações entre um tipo puro de ajustamento primário no qual nem mesmo Moisés se enquadraria, e um tipo puro de ajustamento secundário do qual Vicente se aproximaria, mas que também não completaria de forma totalmente acabada. Tanto Moisés quanto Vicente estão jogando com os limites “inferiores” e “superiores” com relação a seus engajamentos. Nem Moisés chega a se subsumir totalmente ao Movimento, renunciando completamente ao seu subjetivismo, algo que nem mesmo seria visto como pertinente, pois poderia ir além do exigido e desejável organizativamente. Nem Vicente eleva suas críticas e desajustes a um ponto tal que poderia significar a ruptura completa com aquele espaço do qual espera um benefício.

Como é notório a partir dessas pinceladas que esboça um quadro empírico de referencia sobre o MST, é necessário o estabelecimentos de dinâmicas de organização que logrem manterem-se unidos em torno da causa maior que é o acesso à terra. Claro está que essa causa maior está na origem do engajamento da maior parte de seus militantes, o que não significa que seja a única causa. Especialmente entre aqueles com um maior histórico de militância, a causa principal vai muito além da conquista de um lote de terra, e, nesse caso é mais difícil identificar um consenso relativo ao que de fato os mobiliza, como o é entre outros diversos grupos esquerdistas de vinculação partidária ou não. Há os que apostam numa via anárquica e vêem no movimento um espaço precioso de gestação de experiências enquadradas por essa matriz. Os discursos nesse caso, colocam o MST na esteira de outros movimentos internacionais de desobediência civil. Experiências como aquelas dos Zapatistas no México, dos Faucheurs Volontaires na França e dos Piqueteiros na Argentina são exemplos recorrentes.

Outros grupos, ao contrário, investem na militância partidária e apostam na conquista do poder estatal. Nessa linha encontram-se alguns militantes que se elegem aos mais diversos

No documento Download/Open (páginas 148-154)