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Ocupar, acampar, assentar

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2.4 Problematizando algumas categorias

2.4.3 Ocupar, acampar, assentar

As ocupações tornaram-se a forma de luta que deu maior visibilidade aos sem terra. O ato de ocupar produz um forte impacto entre os que ocupam; entre os que são donos das propriedades ocupadas; entre os funcionários públicos dos prédios ocupados; entre a população em geral que presenciam (e às vezes se incomodam com) tal ato ou o acompanham pela mídia. Com a mídia há um constante embate pela forma de nomear esta ação. Uma lição básica que todo acampado deve aprender quando ingressa no acampamento é que ali nunca devem utilizar a palavra “invadir” e sim “ocupar”. É relativamente comum vê-los se auto- corrigindo ao inverter os termos. Para os que chegam ali, acostumados a escutar a mídia utilizar tal fórmula, não é simples reformular tais conceitos. Além do que, muitos deles participaram de “invasões” de áreas urbanas. Nesse caso não há eufemismo, há consenso entre invasores e mídia quanto ao uso da palavra invasão.

“Ocupar”, para o MST, tem um sentido político e o objetivo prático de manifestar suas reivindicações utilizando um recurso extremo que é o de “tomar”, por determinado período, o lugar no qual ou a partir do qual podem atingir o que reivindicam. “Invadir”, por outro lado, é o que fazem, como no exemplo que utilizam, os grileiros em terras públicas, tomar, em beneficio privado, um bem público116. Além disso, semanticamente, o verbo ocupar carrega o sentido de uma ação sem a carga de violência que está contida no verbo invadir.117

A ocupação é uma ação eficiente no seu sentido prático. Ela pode forçar negociações e, no limite, pode até significar a concretização de assentamentos. Mas é eficiente também no sentido de atribuir ao MST uma imagem pública, de acentuar seu poder frente ao público em geral e frente aos órgãos com os quais negocia. São especialmente as ocupações, como um gesto de desobediência civil, que fazem do MST um movimento que transcende o discurso político para agir concretamente. São estes atos que alimentam a militância e a imagem mítica de um Movimento que desafia os poderes instituídos.

Curioso foi perceber que a ocupação como medida eficiente de pressão também já foi usada contra o próprio MST. Um casal, no qual o marido era viúvo de uma liderança do MST que morreu quando participava de uma manifestação na década de 1980, julgava-se merecedor de um lote de terra sem que fosse obrigado a voltar para o acampamento. No entanto, após passar alguns anos, e ao perceber que não iria ser assentado sem que fizesse pressão, ele seguiu o conselho de um assentado e “ocupou” a Secretaria do Movimento. Soube dessa história por uma assentada no assentamento novo que era irmã do viúvo. Segundo seu relato:

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Veja este extrato de uma entrevista concedida por João Pedro Stédile da Direção Nacional do MST ao Correio Brasiliense:

CORREIO - As invasões são mesmo necessárias?

STEDILE - Veja como vocês são preconceituosos. Sempre falamos ocupações, porque é bem diferente de

invasão. Invasão é um ato de apropriação indébita de um bem para aproveitamento privado, particular. É o que fazem os fazendeiros quando invadem terra pública e terra de índios, para seu uso e enriquecimento pessoal. Ocupação é uma mobilização de massa, que entra numa área, para pressionar o governo a aplicar a lei, a desapropriá-la. Esses conceitos estão na sociologia política e estão num acordo do próprio STJ (Superior Tribunal de Justiça). Mas vocês, jornalistas, insistem em usar mal as palavras, o que leva a preconceitos. Sempre defendemos, desde o inicio, há 21 anos, as ocupações massivas realizadas pelos pobres do campo. Infelizmente é a única forma eficaz de pressionar o governo para aplicar a lei. Foi a forma usada por todas as famílias que hoje estão assentadas. Nenhuma recebeu por benesse de algum político ou iniciativa do governo. Todas elas tiveram que se organizar, lutar e ocupar a terra para então o Estado agir. (Stedile, 2005).

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Daí eles vieram ali pra casa do Mauri e ele disse, “sabe, nós temos a secretaria do movimento em Porto Alegre, estão demorando para te dar o lote então vai com sua mulher e seus filhos e invade a secretaria do movimento em Porto Alegre porque daí eles vão te dar o teu lote de imediato” daí foi o que ele fez, daí ele invadiu e ficou lá e disse que não saía até que eles dessem um lote pra eles. Daí, de vereda, em seguida, negócio de três, quatro dias eles acharam um lote pra ele em Viamão. Já era um assentamento e tinha esse lote lá em Viamão, daí colocaram ele lá, ele e sua esposa estão lá.

Como se percebe, mesmo contra o próprio Movimento, a ocupação é a forma privilegiada e a mais eficiente de pressão. Quando realizam uma ocupação se estabelece uma situação incontornável, alguma resposta eles obterão, mesmo que seja a ordem de reintegração de posse e a repressão policial. Sempre haverá um saldo a ser avaliado, tanto para fora quanto para dentro. Mesmo que retornem para os acampamentos e assentamentos sem nenhum acordo objetivo, seu público terá experimentado uma forma de luta que estará contribuindo para forjá-lo como militante. Sobre esses momentos de ocupação mais ou menos espetaculares, eles sempre voltarão em suas narrativas futuras como muitos fizeram para mim, pois, de fato, são momentos marcantes para todos.

A ocupação costuma ser realizada por acampados. Os assentados também podem realizá-las, como presenciei uma vez durante meu trabalho de campo, mas seus objetivos são mais específicos e, invariavelmente, seus alvos são os órgãos públicos. Visam, geralmente, a renegociação das dívidas e o oferecimento de créditos118 e outras reivindicações de caráter estrutural, como a manutenção das estradas, construção de escolas, transporte público, etc. Suas obrigações como assentados os impedem de reunir muita gente e ficarem por muito tempo ausentes dos lotes.

Já os acampados estão habituados ao uso de tal recurso. Ocupam latifúndio, prédios públicos, praças, estradas, margens das rodovias, calçadas nos centros das cidades, etc. A ocupação pode ser por tempo indeterminado, mas pode ter um prazo previamente definido. Uma das ocupações que presenciei no INCRA de Porto havia sido pensada como uma etapa da marcha que seguiria rumo à ocupação de uma fazenda no Norte do Estado. Ficaram no INCRA por dois dias previamente definidos e se retiraram espontaneamente. “Ocupar a faixa” ou “trancar a faixa” era outra forma de ocupação freqüente. Nesse caso também se tratava de uma ação com prazo definido. Durante a pesquisa de campo, participei do trancamento da rodovia em protesto contra a impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás. Este evento teve duração pré-definida de 19 minutos em referência ao número de mortos no massacre. Naquele intervalo de tempo, eles eram irredutíveis quanto às tentativas de motoristas em negociar sua passagem. Especialmente as ocupações de latifúndios são de tempo indeterminado. Ocupam, edificam seus barracos e ali permanecem até o momento em que poderão ser retirados à força pela polícia após o julgamento do pedido de reintegração de posse. Essas ações da polícia podem ser extremamente violentas, como a que ocorreu no período de finalização dessa tese, quando um sem terra foi assassinado com um tiro nas costas por um policial militar.

O acampamento é a forma que uma ocupação assume. Conforme a estrutura do prédio público ocupado, ali também poderá ser levantado o acampamento. Mas, o que foi mais comum ao longo da existência do MST e que o singularizou como movimento, consistia na

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O caso que presenciei foi justamente a de uma ocupação da Secretaria do Ministério da Fazenda em Porto Alegre visando a renegociação de suas dívidas.

edificação dos acampamentos internamente às fazendas após a sua ocupação. No entanto, com a aprovação da lei119 que impedia a vistoria em áreas ocupadas eles voltaram suas ações para a ocupação de prédios públicos e para a constituição de acampamento de fronte ao latifúndio reivindicado.

Tal lei não impediu a ocorrência de ocupações de fazendas, mas tornaram-se situações extremas e com objetivos muito mais claros de enfrentamento e de desobediência civil. Isto fica evidente no Rio Grande do Sul com relação a dois latifúndios insistentemente ocupados pelo Movimento. Trata-se da Fazenda Guerra de aproximadamente 9 mil ha e das Fazendas pertencentes a Alfredo Southall que totalizam cerca de 13,2 mil ha. Estas fazendas se tornaram símbolos da luta dos sem terra no RS. Após várias reivindicações e consecutivas marchas até estes locais sem efeito de desapropriação, eles passaram a ignorar a lei e a construírem seus acampamentos internamente às áreas dessas fazendas120.

Mas, mesmo diante dos empecilhos legais para ocupar diretamente a propriedade visada, o acampamento continuou a ser a forma por excelência de ter acesso a um lote de terra. Eles podem fazê-lo situando o acampamento em frente à área de interesse, o que normalmente ocorre quando já possuem a informação de que tal área foi decretada improdutiva ou para reivindicar sua vistoria. Nesses casos, os acampamentos são a forma de “fincar bandeira” sobre a área. Ou seja, as famílias que serão ali assentadas deverá ser aquelas que ali acamparam. Isso produz uma certa disputa entre algumas organizações e o MST, pois, normalmente, impera a lógica daquele que “viu primeiro”. No RS essa situação não é tão evidente, uma vez que não há outros movimentos que utilizem tal método de ação. Mas, presenciei situações desse tipo quando trabalhei no MST do Mato Grosso do Sul, e outros estudos apontam nesse sentido, como o realizado no Nordeste coordenado por Sigaud e L’Estoile (2006).

Nesse sentido, apesar de raramente os acampamentos serem edificados internamente à área almejada, ele ainda se constitui na forma quase incontornável de ter acesso a um lote de terra. O acampamento que pesquisei estava situado em uma área do assentamento novo e não visavam nenhuma área em específico. Ali, eles permaneceram por quase 4 anos, uma parte dos acampados quando assentada, era logo substituída por outros que chegavam. Dali, a pressão que faziam visava, sobretudo, o INCRA, mas recorriam também às marchas rumo à determinadas áreas a muitos quilômetros de distância. Recorriam também ao “trancamento da faixa” sempre que havia alguma ameaça ou motivo para protestos. As características desse acampamento, como diziam suas lideranças, não beneficiavam a luta, aquela capaz de formar a consciência. Isso era devido ao seu caráter muito pacífico e às facilidades proporcionadas para seus acampados: proximidade das cidades grandes, fornecimento de cestas básicas, um ambiente físico agradável, sua dimensão comunitária. E até pouco tempo antes de decidirem transferir o acampamento para outra área, não haviam sofrido nenhuma ameaça de despejo. Conforme Anita:

O acampamento Jair Antonio da Costa é um lugar bom de viver, possui facilidades, podemos dizer que ele pode ser comparado a uma vila de moradores daquela cidade e é assim que os acampados se

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“A regra do parágrafo 6º do artigo 2º da Lei 8.619/93 determina que o esbulho possessório (invasão de terras), enquanto subsistir (e até dois anos após a desocupação do imóvel rural invadido), impede que se pratiquem atos de vistoria, de avaliação e de desapropriação da propriedade rural.” (Noticias STF, 2009).

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Parte das Fazendas de Alfredo Southall, foi desapropriada para ser convertida em assentamento (em torno de 5 mil ha), a outra parte continua sendo reivindicada pelos sem terra. Foi em uma dessas fazendas, quando da sua última ocupação, ocorrida em 12/08/2009, que o sem terra Elton Brun da Silva foi assassinado por um soldado da Brigada Militar com um tiro nas costas. Para uma descrição minuciosa sobre as disputas e conflitos em torno de tais áreas veja Görgen (2004).

sentem. A maioria dos Sem-terra do JAC custam a perceber que estão num acampamento de luta, porque compreendem que lá não há luta, apenas as discussões dos problemas internos do acampamento, que não incute num embate de luta de classes, mas não podemos ignorar que as discussões de tais problemas internos ajudam no desenvolvimento do sujeito.

Portanto, o acampamento é uma forma de luta que deve privilegiar o embate não exatamente ou exclusivamente como uma necessidade de conquista da terra, mas, sobretudo, como espaço adequado para a “formação das consciências”. Nesse sentido, uma certa precariedade, a experiência do sofrimento e a tensão constante do conflito iminente são ingredientes importantes, pois do contrário não sentirão em si a transformação que deve marcar suas vidas como marcaram a vida do militante.121

Com relação ao sofrimento como parte do processo de politização, Brenneisen (2003) salienta que a pedagogia do sofrimento pode se converter em uma pedagogia da resignação, pois o sofrimento não propicia, por si só, autonomia e liberdade, mas conformismo e dominação (p.68-69). O que notei, e estará demonstrado nessa tese, é que não se trata nem de dominação total e nem de liberdade total. Sempre haverá um limite a uma e a outra situação. Falar de “reavivamento de práticas clientelísticas de tipo arcaico” (Martins, 2003, p.44) é simplificar demasiadamente a realidade e atribuir uma passividade não encontrada entre os que compõem sua base. De fato ocorre no acampamento, a estruturação do que defini, inspirado em Goffman (2003), de instituição total. Tal instituição se estabelece a partir de um grupo dirigente e um grupo dirigido bem definidos, como estará analisado mais adiante. Mas as estratégias de resistência ao “aplainamento social”, que pode ser notado nas intenções das lideranças, são notáveis e, especialmente no assentamento, ganham uma pujança incontida e conflituosa.

Mas o que busco fazer notar a partir do que exponho, é que os acampamentos, estejam onde estiverem, são também uma unidade operativa dos próprios órgãos públicos responsáveis pelo assentamento dessas famílias. Há, nesse sentido, uma guerra de números no RS. As lideranças do MST afirmam a existência de um determinado número de acampados em seus acampamentos e o INCRA contesta122. Fica claro, portanto, que não há outro parâmetro para produzir os assentamentos, exceto a quantidade de acampamentos e acampados existentes no estado. Essa prática fortalece o MST como mediador imprescindível, mas, ao mesmo tempo, exclui outras famílias interessadas na terra e que não estão dispostas a passarem longos períodos em acampamentos.

Ocupar, acampar e assentar. Essa última fase tem sua origem como prática estatal de re-ordenamento do território nacional. Ocupar e acampar são inovações ou reinvenções do MST, mas a idéia de assentamento aparece originalmente trajada de uma suposição exclusivamente técnica. Os assentados, nesse caso, são tratados como um elemento dentro de um programa governamental, como “beneficiários”, não como demandantes a partir de uma luta política por reconhecimento (Esterci, et al, 1994). Estão relacionados a essa origem especialmente os programas de colonização promovidas pelo Estado. Com o fortalecimento das organizações que organizam os sem terra para conquistarem terra, como é o caso do MST,

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A dimensão do sofrimento está muito presente nos escritos bíblicos e impresso na moral religiosa, especialmente a católica. O recurso imaginativo da Via Sacra é recorrente entre os religiosos para ilustrar o percurso que eles próprios estão trilhando como também notado por Marcon (1997,p.79): “Num clima muito tenso, de sofrimento e de desesperança, os acampados realizaram os rituais religiosos da Semana Santa, refletindo sobre a prisão, a tortura, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo e confrontando essas estacaoes da via sacra com a realidade do acampamento”.

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essa imagem do assentamento e do assentado se transformou, ainda que a dimensão estatal tenha presença marcante.

O assentamento é uma área de terra contínua subdividida em vários lotes que durante os dez primeiros anos são mantidos como propriedade do Estado. Apenas após esse período, a titularidade passará à pessoa ali assentada. Na seqüência do que descrevi até aqui, pode-se dizer que, apesar de pertencentes à União, os assentamentos são, simbolicamente e de fato, “propriedades” do MST. São suas lideranças que, em grande medida, gerenciam esse espaço. Essa gerência se dá em consonância com o INCRA, que é o órgão público responsável de direito pelo assentamento. A troca de lote, a substituição de algum assentado, a indicação de substitutos, a assistência técnica, o fornecimento de crédito, tudo isso se realiza a partir da atuação e supervisão do MST que está legitimado pelos assentados e pelo INCRA123. Tal situação não é assim, tão linear. Ela se dá de forma mais ou menos conflituosa. O MST pode chegar a perder total controle (que sempre é parcial) sobre a área que originalmente gerenciava. O assentamento no qual trabalhei como técnico contratado pelo MST no Mato Grosso do Sul estava literalmente dividido em dois, uma parte era organizada pelo Movimento e a outra pela FETAGRI124, os conflitos ali eram intensos desde sua origem.

O assentamento é um espaço “definido” e “definitivo”. Suas fronteiras físicas são claras e, atualmente, suas fronteiras sociais e políticas também são. A pessoa que vive num assentamento recebe o nome de assentado. Após o processo de luta que precede a chegada de uma pessoa ao assentamento, ou seja, o engajamento no MST (ou em outra organização com objetivos similares), as ocupações e o período de acampamento, ela, agora como assentada, não se isenta das marcas que tal processo lhe impôs. Portanto, o assentado continuará sendo reconhecido a partir da identidade de “sem-terra”, mesmo que ele se esforce para afastar tal rótulo, que, para alguns, é assumido como um estigma. Outros, ao contrário, em sinal de reconhecimento do MST, afirmam que sempre serão “sem terra”. Dessa forma, ao se falar de assentamento hoje em dia está-se informando muito mais do que uma área de terra dividida em lotes habitados por assentados. Há, na enunciação de tais termos, uma carga política e social intrínseca que remete ao MST (mesmo nos casos em que o assentamento não é por ele organizado) e a toda dinâmica que faz “produzir” um sem terra.

Mesmo considerando sua enorme diversidade de público, e mesmo após muitos anos que vivem no assentamento125, como é o caso do assentamento antigo que pesquisei, com 15 anos de existência, os assentados serão sempre “assentados”. Eles não são reconhecidos e muitos não se reconhecem de outra forma. A referência ao assentamento será sempre incontornável e, consequentemente, o seu habitante será pensado e, em certa medida, se pensará como assentado. O que isso impõe de significados é algo a ser pesquisado. De qualquer forma, pareceu-me que mesmo no assentamento, local no qual se multiplicam as diferenças, é o MST que serve de referência organizativa. Na identidade de “Sem-terra”, está condensada a figura do acampado e também do assentado. Inclusive organizações como o MPA – Movimento de Pequenos Agricultores e sindicatos parecem enfrentar dificuldades para se estabelecerem nesses espaços. A categoria de “agricultor familiar” também não é utilizada espontaneamente nem pelos assentados e nem pelos agentes externos para se referir aos assentados.

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Uma breve discussão sobre a relação dos técnicos do INCRA e as lideranças do MST potencializando os objetivos do Movimento pode ser encontrado em Brenneisen (2003)

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Federação dos Trabalhadores da Agricultura entidade sindical que congrega os sindicado dos trabalhadores rurais do estado. É vinculado à Contag – Confederação dos Trabalhadores da Agricultura, entidade nacional.

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Poderia ser pressuposto que após um longo período a força de tal identidade sofresse o efeito da “rarefação” e os Sem-terra passassem a se associar e ser associado a outras categorias, já que a “estabilidade” de sua condição e o fato de ser “com terra” contrasta com a idéia consagrada na categoria “Sem-terra”. Habitar o mesmo assentamento significa partilhar características comuns, se ver e ser visto como assentado é uma delas.

Um elemento que está relacionado a esse aspecto é que o “sucesso” do assentamento, ou seja, a melhoria econômica de suas famílias, é computado também na conta do MST. Fazer de seus assentamentos experiências exitosas é um objetivo que sempre colocam à frente. Ocupar, acampar e assentar também se traduz em outro lema: ocupar, resistir e produzir. Fazendo valer este lema, algumas de suas lideranças destacadas se afastam da militância para se dedicar exclusivamente à produção. Este é o desafio do assentado militante, conjugar ambas condições: a de assentado e a de militante. Mesmo que esta conjunção nem sempre se realize, estão cientes que, ao atingirem o objetivo da produção, estarão reforçando sua credencial como Movimento e legitimando a luta pela terra. Não é sem sentido que a

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