• Nenhum resultado encontrado

Religião e movimentos sociais

No documento Download/Open (páginas 181-190)

Nem as religiões, nem os homens, são livros abertos. Foram antes construções históricas do que construções lógicas ou mesmo psicológicas sem contradição. Com freqüência, encerram uma série de motivos, cada qual, se seguindo isolada e coerentemente, teria obstruído o caminho dos outros ou se chocado contra eles frontalmente. Nas questões religiosas a “coerência” foi a exceção e não a regra.

Max Weber (1985, p.335) É freqüente na análise sociológica que se dedica à relação entre religião e movimentos sociais a recuperação de um passado no qual os movimentos sociais contaram com o significativo apoio das igrejas cristãs (especialmente a católica) a partir de sua vertente progressista, inspirada pela Teologia da Libertação. Nesses estudos fica evidente uma análise que toma como parâmetro empírico os discursos dominantes nesses meios. Ou seja, algumas lideranças e intelectuais orgânicos dos movimentos sociais aliados a alguns poucos agentes religiosos, sobre-dimensionam um discurso que se estrutura de forma coerente aos fundamentos de suas lutas. É dizer que são agentes com força simbólica suficiente para marcar o relevo social com formulações que fazem ajustar conceitos próprios aos dois

campos256. Assim, quando estabelecem o paralelo entre as histórias narradas na bíblia e a realidade na qual eles se encontram, estão realizando um esforço para atribuir um caráter sagrado à suas lutas. A religião, nesse caso, assume ao mesmo tempo um dimensão instrumental, no sentido de servir aos propósitos da luta social, e uma dimensão secular, no sentido de se impregnar dos elementos dessa luta.

Em alguma medida, considero que esse arranjo teórico-religioso promoveu um processo de secularização da religião. O movimento no seio da igreja católica representado pela Teologia da Libertação significou uma forma extrema de religiogização do político e a politização do religioso. Tal processo fez introduzir uma pesada carga de crítica à religião institucional entre seus próprios fiéis. Como notado empiricamente, muitos agentes que se forjaram enquanto militantes no bojo de seu engajamento em atividades e organizações da igreja, atualmente se assumem religiosos afastados da estrutura eclesial. O relacionamento com a religião continua mediado por agentes religiosos que continuam articulando fé e vida. E quando participam de celebrações nas quais o padre não explora essa relação fica evidente o descontentamento.

A Teologia da Libertação parece compor um processo de saída da religião, ou o caminhar para uma religião secular. Durante a pesquisa que compõe essa tese encontrei, especialmente no assentamento antigo, um corpo de dirigentes que, em sua quase totalidade, esteve vinculado à Igreja Católica na sua versão progressista. O engajamento nas atividades sócio-religiosas da “comunidade” na qual viviam foi determinante em seus engajamentos posteriores, especialmente com relação à luta pela terra.

O espaço subjetivo e objetivo que é acionado pela religião atribuindo sentido à existência da pessoa religiosa parece que vai sendo ocupado por outras possibilidades de sentidos que é próprio à militância política e que compõe o sujeito militante. O sujeito religioso que emerge com a Teologia da Libertação vive sua fé alimentada por justificativas políticas que faz estabelecer uma ruptura com doxa na qual estava imerso e cria um novo espaço heterodoxo de possibilidades no qual se realiza a correlação direta entre discursos ideologicamente contrastantes e contraditórios. Obviamente que mesmo doutrinas rigidamente ortodoxas convivem com o contraditório e isso é válido, especialmente, quando se trata da experiência religiosa. Como afirma Weber na epigrafe dessa seção, as religiões não se estabelecem baseadas em uma estrita coerência. No entanto, para alguns militantes essas contradições podem ser insuportáveis.

Uma situação que me parece indicativo dessa “secularização” da religião me foi apontado por alguns entrevistados do assentamento antigo. Quando cheguei no assentamento fazia uma semana que havia ocorrido uma celebração de batismo do filho de uma assentada, a Ligia, cujo marido era vinculado à cooperativa. Ligia era uma militante liberada para atuar na direção do MST, especialmente no que se refere aos assuntos relativos à educação. Esse batismo foi realizado por um frei “amigo do MST” e, conforme relato, foi uma celebração muito bonita, cheia de símbolos da luta. Mas havia um incômodo que foi explicitado verbalmente em duas entrevistas: a ausência da principal liderança religiosa do assentamento, o Jaime, agravado pelo fato dele também pertencer à cooperativa, ou seja, ser um companheiro muito próximo daquelas pessoas que ali celebravam. Essa situação acirrou um tipo de conflito que “pairava” entre eles baseado exatamente nessa maneira diferente de ver e viver o religioso. Na entrevista que realizei com o Jaime ele deixou claro sua discordância em relação àquela postura adotada pelos militantes. Achava tal postura incoerente, pois eles não davam o mesmo valor às outras celebrações ocorridas na comunidade e que, normalmente, eram celebradas pelo padre do município que, por sua vez, não expressava uma simpatia distintiva pela luta social. A crítica que também estava subjacente era que pelo fato daquela

256

celebração não haver sido realizada na sede da comunidade e sim na sede da cooperativa, não servia ao fortalecimento da comunidade. Assim o Jaime se expressou:

Nós procuramos contribuir na comunidade do assentamento e nós estamos a par do que acontece a nível de cooperativa e na comunidade. Nós temos uma missa mensal, todo segundo sábado do mês. Nós tínhamos a missa no sábado de manhã na comunidade e no domingo de manhã nós tínhamos o batizado aqui. Algumas coisas não foram bem encaminhadas aqui pra nós dentro do assentamento dentro da própria cooperativa. (...) Dentro daquilo que eu vejo enquanto espiritualidade, religião, todas essas cerimônias elas são válidas, elas tem o seu valor, mas são escolhas de algumas pessoas e que a comunidade como um todo não fica sabendo. Se você perguntar aqui no assentamento quem sabia dessa celebração você vai ver que não passa dos 10%. Porque a gente não poderia ter unido a missa mensal, a celebração mensal com essa cerimônia? O padre da

paróquia ele deixa bem claro, se um dia a gente fizer uma celebração

que a gente queira organizar da nossa maneira e se tiver um frei, um sacerdote que venha celebrar é só comunicar e o espaço o padre cede, a gente comentou que nós poderíamos ter unido, não precisava termos feito duas celebrações. Por um lado é bom, ter mais celebração, mais oportunidade das pessoas participarem desse momento religioso, mas a gente poderia ter feito uma só, dentro daquela maneira em que as pessoas organizaram a celebração, acham bonito, acham importante, é daquela maneira que elas vêem a religião e a gente respeita muito isso. (...) Eu não participei, é porque não houve diálogo. Isso eu sinto muito, pessoas, militantes aqui dentro discordam da maneira com que as coisas acontecem, da maneira como a paróquia encaminha e faz as coisas aqui na questão religiosa, mas elas tem dificuldade de dialogo e isso só dificulta o trabalho e o entendimento que venha a conciliar essas divergências, porque há divergências.

Como se observa por essa fala, há uma evidente dificuldade de conciliar essas diferentes formas de celebrar e de viver suas religiosidades. Enquanto Jaime coloca ênfase na união e fortalecimento da comunidade, os militantes buscam a realização de algo mais intimista, no qual a coesão de um pequeno grupo fundada em princípios precisamente compartilhados é o prioritário. Enquanto Jaime se apega à institucionalidade religiosa e hierárquica, os militantes objetivam um espaço no qual tenham total liberdade para dar vazão a todos os símbolos e formas celebrativas que lhes pareçam mais apropriados à conjunção do político e do religioso. Enquanto para Jaime a dimensão religiosa está acima de tudo e tem um caráter intrínseco, para os militantes essa dimensão tem valor relativo e só faz sentido se aliada a outras dimensões, mormente, a dimensão política. Portanto, sua ausência assumiu, naquele caso, uma forma de protesto contra aqueles que utilizavam a religião da forma como melhor se adaptasse ao seus engajamentos políticos. Era um tipo de religiosidade descolada da comunidade, lócus no qual a religião deveria se realizar e, sobretudo, descolada da doutrina e da institucionalidade da Igreja Católica. Sobre isso Jaime comentou:

Me parece que isso ficou atrapalhado, na medida em que, enquanto militante, se fala que se deve viver dessa forma ou daquela, que não

precisamos muito da igreja. (...) Então são coisas que parece que não estão bem esclarecida entre nós militantes, criou uma certa confusão.

Jaime tem razão quanto a essa confusão. Com a carga de crítica que se acumula a partir do discurso político, o religioso também entra na mira. Pode-se dizer que durante uma certa época o sentido da existência desses militantes estava estreitamente relacionado ao engajamento religioso na comunidade e ao engajamento nas organizações da Igreja Católica. A partir de determinado momento esse espaço subjetivo e objetivo é ocupado pela militância no MST. Ligia, que optou pelo batizado descrito acima, é um caso exemplar. Militante da Pastoral da Juventude, morou no meio rural com o pais e mais duas irmãs até os 21 anos quando decidiu ir acampar em 1988. Antes, porém, seu pai, que possuía apenas 10 ha de terra, não quis deixá-la ir para o acampamento sem antes conhecer realidade de tal organização. Então ele passou 15 dias acampado no lugar da filha. Percebeu que o ambiente era seguro, porém carregado de dificuldades o que o fez imaginar que sua filha não iria suportar ficar por muito tempo naquele lugar. No entanto, ela não apenas se incorporou facilmente à dinâmica do acampamento como rapidamente entrou numa via de ascensão como militante. Após 4 anos e meio acampada ela conquistou um lote de terra no assentamento em que vivia atualmente.

Ligia recorda que a motivação para ir acampar está relacionada a um padre da comunidade rural na qual vivia. Segundo me narrou, este padre também tinha formação em psicologia e, nessa condição, realizou com ela algo semelhante ao que seria um teste vocacional:

Então, na época nós tínhamos um padre lá que era muito ligado à Pastoral da Juventude, ele era psicólogo, o Pe João ele era fantástico. Ele que me disse “eu acho que tem um caminho legal

pra você encontrar, se encontrar, e tal. Trabalhar de empregado eu acho que não é o teu forte e aqui também você não deve ficar, você vai fazer o que aqui? Então você vai encontrar o teu caminho” Ele

não disse assim o que era pra mim fazer. Depois disso a gente continuou no acampamento e quando voltava pra base a gente ia até a igreja conversar, mantinha essa relação.

Seu pai, o Seu Xico, que eu havia entrevistado cerca de um ano antes de conhecê-la e que estava assentado no lote de terra que havia sido conquistado por Ligia257, também recorda a influência decisiva do Padre João na produção das condições subjetivas para que ela se convencesse e consolidasse sua decisão de acampar. Ele coloca destaque ainda maior no aspecto psicológico de sua opção:

257

Seu Xico morava na agrovila do assentamento antigo onde dividia uma casa com Ligia (mais seu esposo e sua filha), ela morava na parte de cima e ele com sua esposa e o filho mais novo moravam na parte de baixo. Seu Xico tinha 66 anos e vinha de uma família camponesa de 12 irmãos (4 homens e 8 mulheres). Como filho mais novo herdou do pai um lote de 10 ha como forma de convencê-lo a não se mudar para a cidade: “Pra mim escorar, se eu saísse ia ficar só os mais velhos e as meninas mais novas, 5 mais novas”. Teve 3 filhas e um filho adotado havia poucos anos já adolescente (15 anos). Ligia é sua filha mais velha (42 anos). As outras duas mais novas também se engajaram na luta por terra. Todas estão assentadas e a do meio também é militante e trabalha integralmente em uma escola do Movimento. O lote que seu Xico possuía era originalmente da Ligia, mas como ela era casada com uma pessoa que também conquistou um lote no mesmo assentamento, eles não podiam acumular os dois, por isso ela cedeu seu lote para seu pai. Esse é um tipo de estratégia que, em alguma medida, burla a regra moral do MST de que um casal que se forme no assentamento caso ambos sejam titulares de lotes diferentes eles devem abrir mão de um deles.

Porque a Ligia foi acampar?

Ela falou, tinha um padre lá que era meio psicólogo, ai falou com ela, de certo fizeram uma reunião lá de juventude e coisa né, e ele começou a desconversar com ela e de certo viu que ela tinha algum problema psicológico daí disse que ela tinha que achar um ramo, achar um jeito dela pegar um caminho que se distraísse ... fizeram até gravação258... não sei como é que se diz... era gravação, fazia cachoeira e ia conversando aqui até ela dormir. Daí no fim ela resolveu de ir acampar e eu não estava muito... não sabia como era. Daí eu disse pra ela “eu vou acampar no teu lugar então, porque eu quero ver como é que é isso daí” eu não confiava. Daí eu fui, fiquei uns 15 dias acampado lá em Palmeiras, de lá fomos pra Cruz Alta, saímos a pé... daí eu vi que no acampamento pra quem se comporta bem é a mesma coisa, quem não quer se comportar não se comporta em lugar nenhum, não é assim como a turma fala, uma mistura, um puteiro, cada um tem o seu barraco e lá tem reunião, tem os seus compromissos, temos guardas e tudo. Daí eu disse pra ela “as coisas não é fácil, tu quer ir vai” eu vi que não era fácil, mas ela disse que ia, “então vai”. Ai foi e aguentou mesmo, ficaram quase 5 anos pra lá e pra cá nos acampamento. Daí a ultima foi aqui. (...) Eu achava muito perigoso ir acampar, como é mesmo. Eu pensei em não deixar, mas daí não dá como ela quer, ele ia se queixar. Mas daí

ela foi e ficou feliz, ela gosta. Eu disse pra ela parar com isso ai ela

me disse “vocês não querem me ver feliz então?” (risos). Eu não gosto muito, ela se arriscar, mas querem, fazer o que. Eu acho perigoso. Por causa que a maioria vão contra, muito pouco apoio, os meios de comunicação e as autoridade são contra, os que apóiam é mais os partidos da esquerda. Mesmo esses pobre da cidade que querem ser ricos são contra. Muito contra. E eles fazem umas lutas muito arriscadas também, e erram também, não é sempre que estão certos. Quando os contrários pegam um erro deles, deus me livre, eles descem ali...

Realmente ao longo de toda sua fala Ligia deixa acentuado a transformação que sua vida experimentou após se engajar na luta conduzida pelo MST: “se não tivesse sido a luta

pela terra, minha vida com certeza seria outra, teria tomado outro rumo que com certeza seria bem pior”. Parece-me apropriado analisar esse tipo de engajamento segundo a

perspectiva presente no interessante estudo realizado por Charles Suaud (1978) acerca das condições objetivas e subjetivas que informam a produção de vocações sacerdotais. Rico em detalhes quanto ao ambiente regional (La Vendée – Franca) do qual a emergência de vocações religiosas era quantitativamente saliente com relação às demais regiões da França, Suaud constrói seu estudo apontando a base material que, conjugado à dimensão subjetiva da fé irá possibilitar a objetivação de um sujeito social sobre o qual as ciências sociais até então estava “desautorizada” a falar. Para alguns teóricos, especialmente os teólogos, a vocação religiosa

258

fugia ao poder objetivante da sociologia uma vez que estava fundada na “essência” da religião que se constitui na experiência do sagrado.

O caso de Ligia e de outros militantes parece reter alguns dos elementos que atuam no processo de constituição do que Suaud chama de complexo da vocação. A vocação para a militância, “descoberta” e incentivada pelo padre, parece que estava involuntariamente contida na essência de Ligia. Em algum recôndito do seu ser havia o embrião da militância que germinou a parti das condições subjetivas produzidas pela fala autorizada do Padre/Psicólogo. As questões objetivas que são trazidas à tona o são justamente para definir seu desajuste com a essência que Ligia trazia. Trabalhar de empregada urbana ou ficar no meio rural onde estava, não eram atribuições “adequadas” ao seu “eu interior”, o seu potencial enquanto pessoa estava para além daquele “mundo”.

O discurso do padre é ele próprio um discurso performático. Ao mesmo tempo em que enuncia uma realidade ele a anuncia, ou seja, ele a está construindo e a fazendo visível. Seu discurso é acolhido em meio a determinadas condições objetivas que acentuam sua pertinência. A quase impossibilidade de reprodução sobre o patrimônio familiar, o ambiente de militância proporcionado pela participação religiosa, o seu grau de estudo, sua condição de mulher que, no meio rural, também impõe limites às suas possibilidades, são alguns dos elementos que compõe um substrato receptivo ao diagnóstico e proposição feitos pelo padre. Dar sentido à sua vida, conforme a sutileza do padre, ou resolver o seu problema psicológico, conforme a dedução lógica de seu pai, acusam o desajuste estrutural no qual ela está enredada. Sua crise pessoal é reflexo de uma crise na estrutura de reprodução de seu meio. Esta crise está alimentada, ao mesmo tempo, por novos horizontes que o engajamento pastoral e a distinção educacional lhes apresentam. Todos estes ingredientes estão nutrindo o seu “problema psicológico” da ausência de sentido em sua vida e arquitetando o momento da ruptura.259 A ruptura se completa quando uma nova realidade se apresenta reunindo as condições de ajustamento às suas inquietações subjetivas. Essa nova realidade ela encontrará no acampamento e, em seguida, na ascensão como militante do MST. Ela, que se sentia perdida, “encontrou o seu caminho” e nele se manteve fiel a partir de então. O engajamento no Movimento significou para Ligia o encontro do sentido para viver que ela sentia lhe faltar. A partir dali seu mundo havia se transformado acentuadamente .

Essa transformação atingiu também as suas convicções religiosas. Inicialmente ela ainda mantinha a proximidade com a comunidade de origem e especialmente com o Pe. João, mas a militância a consumia totalmente. O contato com a igreja à qual pertenceu também se dava sob um outro registro. Tratava-se agora de uma via para conquistar novos interessados em acampar. Mas, o afastamento da igreja foi se dando gradativamente, mesmo como fonte de “novos” Sem-terra. A partir de um determinado momento a busca por novos aderentes se voltou para outros âmbitos sociais. Mesmo os quadros dirigentes era fomentado agora a partir de uma gestão interna de militantes:

a igreja também fechou um pouco as portas, a Teologia da Libertação... teve toda uma mudança estrutural também nesse sentido. Isso dificultou o dialogo com o Movimento, ficou muito

259

A propósito das vocações sacerdotais Suaud (1978, p. 10, ênfases acrescentadas) irá considerar que “la question de la genèse de la vocation sacerdotale s’ouvre sur l’étude des conditions sociales de l’efficacité des pratiques professionnelles des prêtres et, plus précisément, des conditions pour que le discours tenu par eux sur le sacerdoce ainsi que la manière institutionnellement réglée pour y accéder soient naturellement reconnus (donc crus), sinon par tous les fidèles, du moins par les catégories sociales laïcs dans lasquelles le clergé local est susceptible de recruter. On se donne par conséquent à démêler ce qu’on pourrait appeler le complexe de la vocation, comprenant à la fois um pôle individuel et un pôle collectif, tel que les intérêts de ceux qui adhèrent personnellement à un projet de vie sacerdotale ne se réalisent jamais qu’en se combinant à des intérêts collectifs qui sont à la fois ceux des prêtres et des groupes sociaux de laïcs qui les reconnaissent.”

mais uma vontade pessoal do que da própria instituição, da igreja, e a gente sente hoje... muita gente que se forjou na igreja não consegue mais estar nesse espaço aí. E depois disso a militância de uns 6 anos pra cá não foram pessoas que vieram da igreja, são

No documento Download/Open (páginas 181-190)