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Se o poder disciplinar emerge e se espalha na sociedade ocidental entre os séculos XVII e

XVIII, na metade do século XVIII a mecânica do poder é integrada pelo biopoder, descrito por

Foucault (2008 [1978], p. 3) como “[...] o conjunto de mecanismos pelos quais aquilo que, na espécie

humana, constitui suas características biológicas fundamentais vai poder entrar numa política, numa

estratégia política, numa estratégia geral de poder.”. A sociedade da normalização passa a utilizar-se

do panóptico como controle e vigilância no adestramento do corpo-individual e, também, da

governamentalidade como mecanismo de gerir a vida biológica da população. Dois âmbitos que se

integram, a disciplina ocupa-se do homem-corpo (individual), enquanto o biopoder expande suas

táticas até alcançar o homem-vivente (individual e “populacional”).

Foucault (2010 [1976], p. 202-203) entende que houve um deslocamento na funcionalidade

do biopoder em relação ao poder do soberano. Antes, o poder do soberano era exercido de forma

centralizada sobre um conjunto de súditos, orientando-se pelo direito de fazer morrer ou de deixar

viver, ao passo que com a instalação de um biopoder, seu efeito se dará na população, invertendo-se

a orientação para a máxima de fazer viver e de deixar morrer. De acordo com Castelo Branco (2015,

p. 101-102) a noção de governamentalidade elaborada por Foucault esclarece as obscuridades da

filosofia política entre poder governamental e poder soberano, mencionando que: “O poder soberano

seria aquele que procura a manutenção do poder a qualquer custo, e que tem como objeto de atuação

o povo. Por sua vez, a era da governamentalidade inaugura um tipo de Estado que é fundamentalmente

gestor”.

Para essa nova engrenagem do poder moderno – a biopolítica – Foucault orienta a sua análise

pela série “segurança, população e governo”. Nesta perspectiva, os mecanismos de segurança são

previsões, riscos e probabilidades em relação à população, cuja finalidade é maximizar os fenômenos

globais positivos e minimizar os negativos (FOUCAULT, 2008 [1978], p.16). É possível caracterizá-

los em termos de série (bens, sujeitos, doenças) que se deslocam indefinidamente: “É a gestão dessas

séries abertas, que, por conseguinte, só podem ser controladas por uma estimativa de probabilidades”

(FOUCAULT, 2008 [1978], p. 27).

Estes mecanismos de segurança possuem correlação com a soberania e as disciplinas, porém,

cada uma atua sobre um eixo. Para exemplificar isso, Foucault (2008 [1978], p.7-8) analisa a

criminalidade, compreendendo que a soberania estaria ligada a previsão do crime em lei (o tipo

penal); as disciplinas se preocupariam com a vigilância e o controle como prevenção ao crime e,

também, da punição como “reformadora” do sujeito (o penitenciário); e os mecanismos de segurança

teriam como função a gestão sobre a criminalidade, ou seja, como manter um crime “[...] dentro dos

limites que sejam social e economicamente aceitáveis, e em torno de uma média que vai ser

considerada, digamos, ótima para o funcionamento social dado.”.

A noção de “gestão” que advém dos mecanismos de segurança é o necessário complemento

para a análise da estratégia das ilegalidades e dos ilegalismos tematizada em Vigiar e punir (2008

[1975]). Assim, a “gestão dos ilegalismos” é amparada pelo biopoder, pois é desta análise que advém

a noção de “gestão”, na perspectiva de conduzir ações. Diante disso, Candiotto (2012, p. 23)

compreende que a circularidade da “delinquência” produzida nas prisões é complementada pelos

mecanismos de segurança, pois: “[...] a permissividade da circulação da delinquência está na raiz da

racionalização em torno dos discursos sobre a ordem pública, que a produção da insegurança é

constituinte do discurso em torno das estratégias securitárias.”.

Outrossim, a estratégia dos mecanismos de segurança de gerir modos de vida e calcular riscos

direciona-se a população (FOUCAULT, 2008 [1978], p. 56), que é compreendida por Foucault, em

tempos de biopoder, como “[...] um conjunto de processos que é preciso administrar no que têm de

natural e a partir do que têm de natural.” (FOUCAULT, 2008 [1978], p. 92). A população, portanto,

faz parte de uma gestão para o que ela tem de natural (clima, geografia, costumes, circulação das

riquezas, valores religiosos e morais, etc.), diferentemente do que ocorria em tempos de soberania, a

qual se situava na ordem (pelo soberano) e na obediência (pelos súditos) (FOUCAULT, 2008 [1978],

p. 92-93).

Não obstante a suposta “naturalidade” da população, não modificável artificialmente via

discurso jurídico-legal, Foucault compreende que isso “[...] não quer dizer entretanto que a população

seja uma natureza inacessível e que não seja penetrável, muito pelo contrário.” (FOUCAULT, 2008

[1978], p. 93). Estes componentes de natureza da população é que serão objeto da gestão da

governamentalidade, que é compreendida por Foucault (2008 [1978], p. 143-144) nos seguintes

termos:

[1] [...] entendo o conjunto constituído pelas instituições, os procedimentos, análise e reflexões, os cálculos e as táticas que permitem exercer essa forma bem específica, embora muito complexa, de poder que tem por alvo principal a população, por principal forma de saber a economia política e por instrumento técnico essencial os dispositivos de segurança. [2] [...] entendo a tendência, a linha de força que, em todo o Ocidente, não parou de conduzir, e desde há muito, para a preeminência desse tipo de poder que podemos chamar de “governo” sobre todos os outros – soberania, disciplina – e que trouxe, por um lado, o desenvolvimento de toda uma série de aparelhos específicos de governo [e, por outro lado], o desenvolvimento de toda uma série de saberes.

[3] [...] creio que se deveria entender o processo, ou antes, o resultado do processo pelo qual o Estado de justiça da Idade Média, que nos séculos XV e XVI se tornou o Estado administrativo, viu-se pouco a pouco “governamentalizado”.

A governamentalidade remete ao sentido de condução de ações. De acordo com Fimyar (2009,

p. 38): “[...] a governamentalidade pode ser descrita como o esforço de criar sujeitos governáveis

através de várias técnicas desenvolvidas de controle, normalização e moldagem das condutas das

pessoas.”. Neste sentido, é possível compreendê-la de forma mais ampla que o Estado e suas ações,

mas em termos de relações de poder difusas e descentralizadas, na perspectiva da governamentalidade

perpassar pelo Estado, mas também por instituições e pelos próprios sujeitos, a fim de conduzir as

ações da população.

Voltando-se para análise da biopolítica para o campo das drogas, Thiago Rodrigues (2012, p.

13), compreende que no século XX emerge “[...] o quadro amplo das intervenções sobre a população

visando a gestão da vida por meio de determinação sobre que drogas se poderia ingerir, como, em

que condições, com autorização de quem, sob a responsabilidade de quem.”. Diante disso, há uma

correlação de governamentalidade e política criminal na gestão da população em relação às drogas,

compreendendo Fonseca (2012, p. 235) que “[...] as políticas penais – como qualquer outra forma de

atuação do domínio do direito – não podem ser consideradas independentemente da rede de

governamentalidade em que estão inseridas.”. Para isso, ele cita o exemplo do próprio Foucault

relacionado às drogas: para conduzir ações em uma governamentalidade neoliberal a finalidade da

política criminal de drogas deveria estar relacionada ao mercado, elevando o preço para os novos

consumidores e para aqueles “[...] cuja demanda é inalterável [...] oferecer a droga pelo melhor preço

possível, tornando o seu consumo menos ‘criminogênico’.”.

Essas medidas de governamentalidade e sua correlação com a política criminal de drogas são

linhas que compõem o dispositivo jurídico no Brasil, objeto de análise no próximo capítulo.

4 DISPOSITIVO JURÍDICO: A CRIMINALIZAÇÃO DO TRÁFICO DE DROGAS

A lei ainda é percebida contemporaneamente como um discurso de verdade, por si só legítimo

e inquestionável, naqueles moldes apresentados por Kafka e que introduzimos o presente trabalho:

“É a Lei. Onde poderia haver erro?” (KAFKA, 2009 [1925], p. 7)

.

Desta abordagem kafkaniana de

uma lei metafísica, há um “ponto de contato” com uma lei sagrada, termo extraído por Agamben do

direito romano, compreendida segundo a ordem do improfanável: “[...] as coisas que pertenciam de

algum modo aos deuses. Como tais, eram subtraídas ao livre uso e ao comércio dos homens, não

podiam ser vendidas, nem penhoradas, cedidas ao usufruto ou gravadas em servidão.” (AGAMBEN,

2009, p. 44-45). No entanto, Kaminski e Roani (2012) alertam que a lei alemã durante o regime

nazista ordenava tortura e assassinato, e foi na lei que os réus nazistas justificaram suas ações durante

os julgamentos de Nuremberg: para eles, “a lei é a lei” (gesetz is gesetz). Ora, os réus nazistas também

compreendiam a lei como inquestionável, como sagrada. Neste aspecto, retirar a lei da esfera do

sagrado é profaná-la, ou, nos termos de Agamben (2009, p. 44-45) “restituir as coisas para a esfera

do direito humano”.

No caso deste capítulo, pretende-se restituir a lei ao nível da prática discursiva, recorrendo à

arqueogenealogia, a fim de desconstruir o discurso de criminalização do tráfico de drogas – entre

1964 e 2007 – no Brasil, através de algumas linhas que compõem o dispositivo jurídico. No conjunto

heterogêneo deste dispositivo serão perseguidas as relações de poder e as formas do saber,

especialmente, pelos discursos da lei e do direito e seus saberes correlatos, como o médico-

psiquiátrico.

Nestes discursos que compõem o dispositivo jurídico se alastram argumentos abstratos que

ainda se aproximam da concepção kafkaniana da lei para a manutenção da criminalização do tráfico

de drogas ilícitas. Como mencionado por França Junior (2016, p. 18), essa política criminal

proibicionista orienta-se por afirmações retóricas “[...] do tipo ‘está provado que’, ‘as drogas causam

prejuízos à sociedade’, ‘a guerra contra a droga, na verdade, nunca foi travada’.” Ocorre que, muito

além de quaisquer argumentos pró ou contra a criminalização das drogas, o dispositivo jurídico atual

constitui sujeitos concretos, ou na expressão de Ferrajoli sujeitos feitos de carne e osso

59

.

Aproximemo-nos desses sujeitos pela denúncia de Vera Batista (2012, p. 113, – grifos meus):

59 De acordo com Ferrajoli (2002, p. 382-383, grifos meus): “[...] o princípio de lesividade permite considerar ‘bens’ somente aqueles cuja lesão se concretiza em um ataque lesivo a outras pessoas de carne e osso. O grupo de normas que chama mais atenção, por injustificado, tem sido, na Itália, produzido largamente pela codificação fascista e pela recente legislação de emergência sob a etiqueta de ‘delitos contra a personalidade do Estado’.”.

[...] no moinho de gastar gente de nossa política criminal de drogas, dei-me conta, por um lado de que os moinhos existiram, incidindo sempre sobre os mesmo pobres e resistentes, mas, por outro lado, quando nos acercamos com as lentes nas fontes jurídicas criminais, o que encontramos mesmo são histórias tristes.

Mesmo diante dessas “histórias tristes”, o discurso jurídico-legal de criminalização do tráfico

de drogas, esse que aparece como inquestionável (Kafka) e como sagrado (Agamben), é ratificado

cotidianamente pelo dispositivo midiático

60

como uma guerra de polícia e ladrão, quase sempre via

“pânico moral”. No entanto, ao analisar esses dispositivos – jurídico e midiático - é possível verificar

a barbárie, o sofrimento e o extermínio da sua própria produção: os “sujeitos-traficantes”

61

, recrutados

entre os muito jovens e nas camadas mais pobres da sociedade, a quem Zaccone (2011) denominou

de: “acionistas do nada”.

Para o Brasil, em tempos de biopoder, o diagnóstico de Foucault (2010 [1976], p. 215, grifo

meu) é atual: “A função assassina do Estado só pode ser assegurada, desde que o Estado funcione no

modo do biopoder, pelo racismo.”. Restituindo o discurso jurídico-legal ao uso comum dos homens,

profanando-o, deixemos alguns dos sujeitos concretos feitos de carne e osso e que estão imbricados

pela criminalização do tráfico de drogas falarem

62

, produzindo os personagens-sujeitos dessa

narrativa:

Celso: Em que série você ta? Vampetinha: Tô na quinta.

As crianças brincam ao lado de uma fogueira. Como qualquer outra criança, Vampetinha não aguenta ficar de fora e me diz que vai brincar com os moleques no brizolão, de polícia e ladrão. Querendo que eu me interesse pelo assunto, ele repete. Diz que vai brincar de polícia e ladrão. Eu saco o recado e vou com ele pro CIEP.

Vampetinha: É a brincadeira que a gente brinca todo dia. A gente brinca dela todo dia, ta

ligado? Vamos supor, a brincadeira tem várias armas, mas tudo de brinquedo. A gente pega eucalipto, fala que é maconha. Aí tem uns moleques que vão comprar bagulho e falam que é pó. Aí esse daqui é o bagulho que a gente brinca mesmo. A gente não é envolvido com a boca não, mas a gente só brinca assim mesmo, só para se divertir.

Já entrando no personagem [grifos meus] da brincadeira, Vampetinha muda até de voz pra

falar com outro moleque.

Vampetinha: Qual foi, irmão? Tá correndo por causa de quê?

E volta a falar comigo, como o garoto que eu conheci até ali.

60 Essa análise será feita no próximo capítulo.

61 De acordo com Vera Batista (2006, p. 17-18): “Quando falamos em genocídio queremos delimitar um marco conceitual que não seja hiperbólico. Em assuntos de direitos humanos devemos ser sempre precisos. Mas o que quer dizer de um projeto penal que é a causa principal da morte de 33.000 jovens em 10 anos no Rio de Janeiro? Estamos com uma constante em torno de 1.000 homicídios/ano em ‘autos de resistência’, confrontos com a polícia. O número de policiais mortos, da mesma faixa etária e extração social dos seus inimigos, também cresce.”.

62 O trecho foi extraído do livro Falcão: meninos do tráfico (que também foi produzido como documentário) no qual Mv Bill e Celso Athayde entrevistam diversos jovens em várias capitais do Brasil entre os anos de 1998 e 2006 que trabalham no tráfico de drogas como falcões (termo utilizado na periferia para designar os sujeitos que vigiam a comunidade e informam quando a polícia se aproxima). Os entrevistadores dedicaram o livro “[...] ao jovem Força – o único sobrevivente dos 17 selecionados para o projeto.” (MV BILL; ATHAYDE, 2006, p. 6).

Vampetinha: A gente brinca tipo assim, tipo uma boquinha. Só que a gente brinca de

brincadeira. A nossa carga é os bagulho que os moleque faz, é o eucalipto, fumo de rolo. O eucalipto é o fumo de rolo.

Está escuro pra cacete. Surge um moleque com uma granada de brinquedo, baseado de eucalipto e uma metralhadora que, se o Vampetinha já não tivesse me dado o contexto da brincadeira, eu juraria que era verdadeira.

Celso: O que vocês brincam aqui?

Moleque da metranca: (traga) Boca de fumo!

O moleque segue fumando o cigarro de eucalipto como se fosse um baseado. Na imagem, é igualzinho, mas o cheiro é outro.

Celso: E você é bandido ou polícia? Moleque da metranca: Bandido.

O moleque sai correndo pra junto dos outros. Vampetinha saca que eu tô chocado.

Vampetinha: Gosto de brincar de pique, pique-bandeira, gosto dessa brincadeira aí, mas que

também incentiva a gente a ser da vida do crime. Eu já falei pra você que eu não gosto de ser da vida do crime, mas eu tô brincando só pra mim relaxar a cabeça, pra mim ver como é que é, se um dia eu entrar, pra mim ver como é que é... Mas eu não penso em entrar na vida do crime não, ta ligado? Essa brincadeira é tipo um polícia e ladrão. Eu sou o frente da boca, só que não tem nada a ver com o tráfico, ta ligado?

As crianças brincando no escuro. Quando me aproximo eles dão um gás na brincadeira. Cada um faz seu papel automaticamente. Tá na cara que eles brincam disso direto.

(MV BILL; ATHAYDE, 2006, p. 172-174)

Efetivamente, são histórias tristes. As relações de poder circulam infinitesimalmente, e a linha

de “visibilidade” do dispositivo jurídico constitui crianças como o “Vampetinha” em “sujeito-

traficante”. No entanto, Vera Batista (2003, p. 99) novamente insiste: “Se pensarmos que, entrando

num negócio que rende bilhões de dólares anuais, esses jovens só perdem, e estão cada vez mais

pobres e sem saída, percebemos que os vilões desta história não são os garotos armados até os dentes

das favelas do Rio.”. Por isso, analisar o dispositivo jurídico é identificar um grande “Ubu”, e o riso

de Foucault ao discurso de criminalização do tráfico de drogas ilícitas é um riso amargo, porque o

processo “[...] de demonização do tráfico de drogas fortaleceu os sistemas de controle social,

aprofundando seu caráter genocida.” (V. BATISTA, 2003, p. 135).

A turma da Mônica das crianças da periferia e possíveis capturas do dispositivo jurídico na

sua funcionabilidade de criminalização e da normalização é muito distinta daquela série de

quadrinhos ilustrada por Maurício de Souza. Essa realidade é metaforizada pelo rapper Criolo (2011)

na canção Linha de frente:

O nó da tua orelha ainda dói em mim, E o Cebolinha mandou avisar, Quando a "fleguesa" chegar, Muitos pãezinhos há de degustar. Magali faz a cadência da situação, É que essa padaria, nunca vendeu pão, E tudo que é de ruim sempre cai pra cá,

Tem pouca gente na fronteira então é só chegar. O dinheiro vem pra confundir o amor,

Na Turma Da Mônica do asfalto...

Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil. Quem tá na linha de frente, não pode amarelar, O sorriso inocente, das crianças de lá.

Esses excertos das “falas dos meninos” no documentário e na canção, essa mimética da

realidade, é de onde partimos - discursivamente - para a necessária desconstrução do discurso de

criminalização do tráfico de drogas. Assim, desvencilhando-se de uma análise essencialista ou

naturalista do “sujeito-traficante”, perseguiremos - como já afirmado - as relações enunciativas e os

diagramas de saber-poder, na direção proposta por Carvalho (2013, p.56): “A origem da

criminalização (das drogas), portanto, não pode ser encontrada, pois inexiste. Se o processo

criminalizador é invariavelmente moralizador e normalizador, sua origem é fluida, volátil, impossível

de ser adstrita e relegada a objeto de estudo controlável”.