Histórico da Orientação como esporte

Apesar de sua prática no Brasil ser ainda recente o esporte Orientação já é praticado há muito tempo em outros países. Inicialmente era praticado apenas no meio militar em países da Escandinávia com o sentido de entretenimento e como instrumento para desenvolver

habilidades de orientação espacial que a tropa deveria possuir em possíveis batalhas ou durante as instruções de guerra.

As noções de localização e a orientação são duas habilidades e/ou necessidades que acompanham o homem desde os seus primórdios. Nos desenhos de suas rotas e em seus deslocamentos, saber localizar-se e orientar-se no espaço é uma questão de sobrevivência. Como prática esportiva a Orientação é uma modalidade que tem sido praticada há mais de cem anos, com sua origem nos países do norte da Europa, especialmente na Noruega. A figura a seguir (Fig. 18) destaca um mapa usado em um percurso de Orientação durante o século XIX, na Noruega, mostrando que esse esporte faz parte do cotidiano das pessoas nesses países há muito tempo.

Figura 18 – Mapa do século XIX, usado em percurso de Orientação na Noruega. Fonte: László Zentai, 2010.

De fato, começou como uma adaptação de uma brincadeira chamada Caça ao Tesouro, muito comum em jogos com histórias de piratas, e depois se tornou uma disciplina obrigatória nos cursos de formação de ingressantes das forças armadas da maioria dos países do mundo.

Como modalidade esportiva, a Orientação foi incluída na Federação Sueca de atletismo no início do século XX, quando começaram a serem realizadas várias provas e competições nacionais. A primeira competição oficial, "a Corrida de Estocolmo" foi organizada pela Federação de Desportos de Estocolmo, dirigida por "First Major" Ernst Killander, considerado o pai da Orientação (COTRIM/CBO, 2010). Logo, se expandiu aos países da Escandinávia, Leste e Oeste da Europa e Ásia, ganhando espaço também nos EUA e Canadá. Nesse sentido, foi sendo construída uma agenda internacional para realização de provas e competições envolvendo os países membros. Na sequência, algumas ilustrações.

Figura 19 - Primeiro mapa de Orientação colorido, 30 Abril 1950. Oslo, Noruega. Fonte: IOF, disponível em www.orienteering.org. Acessado em janeiro de 2010.

Figura 20 - Mapa do primeiro campeonato europeu de Orientação em 1962 na Noruega. Fonte: IOF, disponível em www.orienteering.org. Acessado em janeiro de 2010.

Figura 21 - Mapa do primeiro campeonato mundial de orientação em 1966, na Finlândia. Fonte: IOF, disponível em www.orienteering.org. Acessado em janeiro de 2010.

Em 1961 foi criada a IOF, em Copenhague na Dinamarca, tornando-se o organismo responsável pela regulamentação e legitimação do esporte em escala global. Quando de sua fundação, naquele período, a IOF era formada por nove países europeus: Bulgária, Checoslováquia, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Hungria, Noruega, Suécia e Suíça (Fig. 22).

Figura 22 – Ilustração dos países membros e fundadores da IOF em 1961. Fonte: Zentai, 2009

Hoje, a IOF é composta por mais de 60 Confederações nacionais, incluindo o Brasil, que representam os países nos principais eventos e competições internacionais.

Figura 23 – Orientação no mundo em 2012

Fonte: http://www.orienteering-history.info/aoworld1.php; acessada em 12/05/2012.

Associada a essa expansão houve a necessidade de produção de mapas cada vez mais específicos à Orientação, obedecendo as convenções estabelecidas pela IOF. No Brasil, como na maioria dos países do mundo, o esporte Orientação surgiu em um contexto militar, como disciplina estratégica para os soldados desenvolverem as noções espaciais e senso de orientação em práticas e exercícios militares. No início dos 1970 a disciplina Orientação foi introduzida no currículo da Escola de Educação Física do Exército e reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) como disciplina obrigatória. Dessa forma a

Orientação se consolidou entre as escolas militares do Exército, as quais organizaram as primeiras competições, cujos mapas eram adaptados das cartas topográficas produzidas pelas Divisões de Levantamentos (DL) vinculadas à Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro (DSG). Houve nesse período importantes contribuições dos cartógrafos dos países da Escandinávia, como a Suécia, onde o esporte já estava em estágio mais avançado, por meio da World Wide Orienteering Promotion (WWOP).

No início dos anos 1980 houve uma expansão dessa modalidade não apenas no meio militar, mas também no meio civil, especialmente no contexto das escolas de ensino básico, a partir de cursos e eventos esportivos promovidos pela DSG, no sentido de estimular a prática da Orientação. Nesse período, 1984, foi realizado em Curitiba o XVII Campeonato Mundial Militar de Orientação que contribuiu para o seu desenvolvimento, tendo em vista a presença de muitos professores da escola básica que participaram como estagiários e ajudaram na divulgação da modalidade entre os estudantes de várias regiões brasileiras (CBO, 2005).

Nos anos 1990, representantes de clubes de Orientação brasileiros participaram de vários eventos internacionais e trouxeram importantes experiências para organização e gestão do esporte no Brasil, culminando com a realização da primeira competição oficial organizada fora do meio militar, o “I Campeonato Gaúcho de Orientação", em 1992. Nesse sentido, algumas escolas e universidades incluíram o esporte Orientação em seus currículos e passaram a organizar competições exclusivamente com a participação de estudantes do ensino básico e universitário, como por exemplo, o Campeonato Brasileiro Universitário de Orientação em Santa Maria no Rio Grande do Sul. Essa expansão contribuiu para a consolidação do esporte e para a criação, no final dos anos 1990, da Confederação Brasileira de Orientação (CBO), responsável pela organização e gestão do esporte no Brasil. A partir de sua criação a CBO foi vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro - COB e o Brasil passou a compor o quadro da IOF a partir de 1999, quando foi aceito como Membro de Pleno Direito da entidade internacional.

Atualmente, o esporte Orientação é praticado na maioria dos Estados brasileiros e no Distrito Federal e possui uma agenda organizada de eventos que inclui competições nacionais, como o Campeonato Brasileiro de Orientação e Campeonato Brasileiro de Orientação Estudantil e Universitário, além de competições regionais, estaduais e municipais. Em torno da CBO há uma estrutura organizacional que inclui vários comitês e secretarias responsáveis pela gestão do esporte no país, como por exemplo, a comissão científica, quadro de mapeadores, técnicos e árbitros.

5 CARTOGRAFIA ESCOLAR, ESPORTE ORIENTAÇÃO E FORMAÇÃO