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Localização e orientação espacial usando o mapa e Bússola

6 SABERES E CAMINHOS QUE CONSTITUÍRAM O ESPORTE

6.3 Situações de aprendizagens e saberes construídos com o esporte Orientação

6.3.1 Localização e orientação espacial usando o mapa e Bússola

Reconhecer as práticas dos professores quanto às noções cartográficas de localização e orientação e desenvolver essas noções espaciais em várias escalas relacionando-as com a prática do esporte Orientação.

Descrição das atividades

Ao ficarmos diante de um mapa uma das primeiras preocupações que temos é saber onde estamos em relação aos objetos representados naquele mapa. É comum chegarmos a locais de eventos, clubes, universidades ou pontos turísticos e encontrarmos um mapa ou um croqui mostrando o ponto exato onde estamos com os seguintes dizeres: “você está aqui”. Isso, para que o visitante tenha uma noção espacial sobre o local em que está e em relação a outros lugares, e sinta-se mais tranquilo em seus deslocamentos. Após localizar com precisão o local em que se encontra (onde estou?) outro pensamento que surge imediatamente se refere à busca de orientação espacial relativa (para onde vou?), de acordo com a disposição no mapa dos pontos de referência que se pretende visitar.

Essa sensação de colocar-se “dentro do mapa” no local indicado, sabendo a direção e o sentido a caminhar se configuram como as duas noções espaciais fundamentais na prática do

esporte Orientação. Ottosson (1987) destacou que o entendimento dessas noções nos dá sensação de autonomia e domínio em relação ao espaço que acabamos de conhecer.

Desse modo, planejamos uma série de atividades práticas envolvendo o ensino e aprendizagem dessas noções espaciais, associadas ao uso do mapa e de uma bússola. Realizamos tarefas para percebermos as competências e habilidades dos professores quanto às noções cartográficas de localização e orientação e em seguida, desenvolver essas noções espaciais considerando suas aplicações durante os exercícios de mapeamento, leitura e interpretação de um produto cartográfico.

A construção das situações de aprendizagens para o desenvolvimento dessas habilidades seguiu um planejamento em que inicialmente foram apresentados os objetivos, destacando que ao final esperava-se que as reflexões realizadas pudessem promover o domínio das noções de localização e orientação espacial. Além disso, esperava-se que as atividades pudessem promover a habilidade dos professores para a leitura e interpretação de um mapa a partir do uso de uma bússola e por meios naturais.

Procedeu-se com uma atividade de questionamentos para que os professores pudessem dialogar sobre suas práticas de ensino de Cartografia nas escolas onde trabalham. O objetivo era conhecer como os professores ensinavam seus alunos a identificar um lugar a partir das referências indicadas em um mapa e saber, por meio do mapa, a orientar-se espacialmente, e também conhecer suas relações com uso de uma bússola.

Inicialmente as tarefas foram desenvolvidas dentro de uma sala de aula, usando mapas em várias escalas, e depois desenvolvidas em campo, onde pudessem observar, comparar, registrar e representar o que estava em seus campos de visão. Para iniciarmos o trabalho teórico em sala de aula utilizamos o mapa do Zoneamento Urbano do Município de Uberaba, desenhado na escala 1:20.000.

Foi solicitado aos participantes que indicassem no mapa, mostrando aos colegas, a localização do lugar onde estávamos e a direção para o bairro onde moravam. O eixo norteador dessas atividades era operar com essas duas noções espaciais usando mapas de escala grande, em uma área próxima e conhecida, para que depois pudessem generalizar e aplicá-las em outras escalas espaciais e cartográficas.

O entendimento dos conceitos de localização e orientação nos remete à compreensão de outras noções espaciais e sistemas de referências naturais e artificiais, especialmente a noção sobre os movimentos de rotação e translação da Terra e dos sistemas de coordenadas. Sabendo que esses movimentos da Terra é que estabelecem o movimento aparente do sol, que junto com outras constelações e a lua são as referências naturais para construção dessas

noções espaciais, propusemos aos professores algumas tarefas para que refletissem sobre a forma como ensinam a seus alunos, e que demonstrassem o domínio de tais noções a partir da resolução dos problemas apresentados.

Diante das indagações, alguns professores pediram explicações sobre os movimentos da Terra e coordenadas geográficas, para que pudessem entender melhor esses conceitos. Foi feita, então, uma exposição interativa sobre esses conceitos na qual os professores interagiram e apontaram os métodos utilizados por eles em sala de aula.

Foram apresentadas algumas possibilidades didáticas usando, como recursos, esquemas desenhados no quadro branco e outros, envolvendo simulações de movimentos de rotação e translação da Terra representada por uma bola de papel, em torno do sol, representado por uma lanterna iluminando a Terra.

Buscando facilitar a construção de um entendimento sobre os movimentos da Terra e suas implicações nos referenciais de localização e orientação, tentamos apresentar alguns recursos tecnológicos disponíveis, que mostram os deslocamentos da Terra dentro do Sistema Solar. Aquele que chamou mais a atenção dos professores foi o recurso de multimídia, um software pedagógico, denominado Amiglobe. Alguns professores haviam solicitado que trabalhássemos no curso alguns conceitos usando as tecnologias de informação e comunicação (TICs), e por isso ao ser apresentado esse recurso despertou grande interesse na maioria dos professores.

Apresentamos também outras possibilidades de uso de software para trabalhar conceitos da cartografia com multimídia como Google Earth, Google Maps, Armazenzinho e IBGE Teen. No entanto, o que chamou mais a atenção foi o Amiglobe. Esse software possui um atlas digital integrado a um banco de dados com informações espaciais georeferenciadas que simula o movimento da Terra em relação ao Sol em qualquer hora do dia e em qualquer dia do ano, em várias projeções cartográficas (planas como a de Lambert, Mercator, ou esférica), que podem ser movimentadas livremente com o uso do mouse ou teclado do computador) (Fig. 26).

Figura 24 - Tela parcial do software Amiglobe em projeção esférica.

Fonte: Software Amiglobe disponível em http://download.cnet.com/Amiglobe-2006/3000-2056_4- 10510223.html#ixzz1flWvIEn7 acessado em 12/04/2011.

Nesse software, por meio das opções disponíveis, é possível fazer ampliação e redução de escala, medir distâncias aproximadas e localizar as cidades observando o sistema de coordenadas geográficas disponível. No entanto, o aspecto que o diferencia de outras formas de apresentação da Terra é o fato de simular o movimento em relação ao sol, o que permite ao observador manter a atenção no movimento da imagem e a aproximação em relação à forma do planeta e à sua sombra mostrada pela iluminação do sol.

Para reforçar a importância de trabalhar esses conceitos com os alunos tendo em vista a busca de autonomia em seus deslocamentos dentro e fora da cidade, apresentei a bússola como tecnologia auxiliar na construção de mapas e como instrumento de navegação pelo mapa. Discutimos sua importância no passado e no presente e construímos um entendimento do seu funcionamento.

Para desenvolver os conhecimentos sobre o uso da bússola, planejamos uma sequência de tarefas que os professores deveriam seguir. Com a posse de uma bússola foi solicitado aos professores que fizessem uma reflexão sobre os conhecimentos prévios que possuíam a respeito da bússola e seu uso nas aulas de Geografia. Para encaminhar a atividade perguntei aos professores se conheciam o mecanismo de funcionamento da bússola; se utilizavam a

bússola nas aulas de cartografia com seus alunos; se não, qual o motivo? Se sim, como isso era feito?

Baseando-se nos métodos de ensino que são utilizados com os iniciantes na prática do esporte Orientação, fiz uma série de solicitações aos participantes, em forma de um roteiro, para que pudessem organizar suas reflexões e conceitos sobre o tema que estávamos desenvolvendo. Os comandos ou exercícios foram no sentido de familiarizar os professores com o uso de uma bússola e compreender o significado de norte magnético e norte geográfico. Pedi que observassem a bússola, identificassem as partes que a compõem, observassem e descrevessem suas propriedades e, usando a bússola, indicassem, apontando com a mão, a direção do norte magnético e a diferenciassem da do norte verdadeiro (geográfico).

Antes e durante a realização desses exercícios houve uma discussão sobre os conhecimentos prévios em relação às propriedades e ao uso da bússola. Diante do desconhecimento demonstrado, foi pedido para que eu apresentasse a bússola, seu funcionamento e como usá-la para a orientação espacial, tendo em vista que a maioria não conhecia e não sabiam como operar com ela.

Para desenvolver tais conhecimentos fiz uma breve apresentação e preparei um conjunto de tarefas que consideradas importantes ao entendimento da bússola como uma tecnologia auxiliar nos deslocamentos espaciais num percurso de Orientação e que, por colocar em prática as habilidades em localizar e orientar-se no terreno, pode ser um instrumento facilitador nas aulas de Cartografia Escolar. Os exercícios para desenvolver a orientação espacial e aprender a usar a bússola em um mapa tiveram dois propósitos que são fundamentais na prática da Orientação: desenvolver habilidades para orientar o mapa, usando uma bússola e, orientar-se pelo mapa com o auxílio de uma bússola.

Buscando atender esses propósitos e a aprender a operar com uma bússola, sugeri as atividades a seguir.

Exercícios de referência para orientação do mapa usando uma bússola:

1) Trace duas ou mais linhas, indicando o norte magnético em uma folha de papel em branco; 2) Coloque a bússola sobre a folha, fixada numa prancheta, ou solta sobre a mesa ou no chão. O importante é que a folha e a bússola fiquem colocadas na horizontal;

3) Oriente a folha (futuro mapa) pelo referencial do norte magnético. Para isso, faça a equivalência entre as linhas representadas na folha, indicadas pelas linhas traçadas anteriormente e o norte magnético real, mostrado pela agulha imantada da bússola. Em seguida posicione a bússola sobre a folha de maneira que a lateral da mesma ou a seta de navegação (linha de fé) esteja paralela com as linhas traçadas, depois gire a cápsula da bússola até que o indicador de leitura (marca N do limbo da bússola) coincida com a agulha indicativa do norte magnético;

4) Gire o conjunto: bússola, corpo e a folha (futuro mapa) de forma simultânea até que a agulha vermelha coincida com a sua “sombra” vermelha na base da bússola. Dessa forma, seu corpo e a folha estão orientados em relação ao norte magnético.

Exercícios de referência para orientação pelo mapa com o uso da bússola:

1) Determine o azimute de um lugar. Para isso, aponte com a seta de navegação da bússola para uma direção qualquer, pode ser aleatória ou definida previamente. Ela é dada em graus, de 0 a 360º;

2) De frente para essa direção indicada, gire a cápsula até a agulha vermelha coincidir com a sua “sombra”’ vermelha;

3) O azimute é aquele, indicado em graus, onde está a marca do indicador de leitura (dado em graus);

4) Repita a atividade encontrando outros azimutes usando o mapa do Município de Uberaba. Durante a realização desses exercícios percebemos a enorme dificuldade dos professores em operar com uma bússola como instrumento auxiliar de localização e orientação espacial. Diante das dificuldades os professores pediram que fizéssemos um “passo a passo” para que eles pudessem seguir na execução das atividades. No entanto, foi-lhes dito que teriam outras oportunidades para colocar em ação esses conhecimentos e que quando fossem utilizar a bússola com um mapa muitas dessas dúvidas seriam sanadas.

Em seguida, esses dois conjuntos de exercícios, de orientação do mapa e pelo mapa, foram colocados em ação quando pedimos novamente para que os professores indicassem, no mapa urbano de Uberaba-MG, o lugar onde estávamos naquele momento e a direção aproximada que deveríamos tomar para deslocarmos até suas casas. Para isso, teriam que colocar o mapa na horizontal e utilizar a bússola como recurso de orientação.

Discutiram-se então, as várias possibilidades de se identificar uma posição geográfica e estabelecer a orientação do mapa, por meio dos elementos de ordem natural como o sol, a sombra das árvores, dos corpos e outros objetos, e também pelo uso de uma bússola. Depois do mapa devidamente orientado, em que as linhas indicativas do norte magnético coincidiam com a direção indicada pela bússola, procedeu-se à orientação pelo mapa, a partir daquilo que ele representa.

6.3.2 Escala cartográfica e geográfica e suas relações com noções de distância e redução