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Impacto da Tecnologia da Informação na eficiência da Administração Pública

2. Revisão de Literatura

2.2 A Tecnologia da Informação na Administração Pública

2.2.3. Impacto da Tecnologia da Informação na eficiência da Administração Pública

Não é exagero afirmar que a informação se tornou um dos principais recursos para o sucesso de uma organização. Ortolani (1995) assegura que o setor privado usa intensivamente o recurso da informação para obter vantagem competitiva em relação aos concorrentes por intermédio da eficiência organizacional (em âmbito interno) e da competitividade (externamente). Já o setor público, por sua vez, utiliza a TI para proporcionar melhorias no ambiente interno e, consequentemente, melhorar o atendimento da população e os serviços oferecidos.

A qualidade, quantidade e oportunidade da informação são questões fundamentais para que haja uma eficiente tomada de decisão e a AP é, pela sua própria natureza, uma organização com muita informação. O negócio do governo pode ser considerado como uma série de sistemas, tais como educação, saúde, defesa, gastos e retorno público, segurança social, e outros, sendo a implementação da informática justificada pala abundância de informações e necessidade de rapidez no processamento das mesmas (Costa 2013; Moussa 1995, citado por Fernandes 2003: 47).

Em teoria, tudo o que TI pode fazer poderia ser feito de alguma outra forma. A prática, porém, indica que a capacidade da TI de aumentar a rapidez e/ou reduzir custos de informação possibilita produzir resultados que de outra forma não seriam possíveis. Pode ainda trazer benefícios como produzir os mesmos resultados a custo mais baixo, produzir mais resultados ao mesmo custo, produzir mesmos resultados ao mesmo custo, porém mais rápido, produzir os mesmos resultados ao mesmo custo no mesmo tempo, mas com melhor qualidade e, por fim, produzir novos resultados. Aumentam a produtividade que, em simultâneo, aumentam a velocidade, volume, qualidade e transparência, tornando os governos mais eficientes, responsáveis e transparentes. Acrescentam, ainda, melhoria no sigilo e segurança das informações nas transações, o que possibilita melhora dos serviços aos que aos relacionam com o governo.Podem, por fim, trazer benefícios como aumentar a motivação do pessoal ou melhorar a imagem pública da organização (Fernandes 2003; Kah 2001; Nascimento e Luft 2013).

Entretanto, o êxito de um sistema de informação não deve ser medido somente pela sua eficiência em termos de minimização de custos e tempo, mas também pela eficácia em apoiar as estratégias de negócio da organização. Deve ser combatida a ideia de que a simples adoção de tecnologia da informação nas organizações sem que haja mudanças no estilo gerencial, nas práticas organizacionais e na política de capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos, trará ganhos substanciais de qualidade e produtividade. A adoção da TI modifica gradativa e potencialmente os cargos, funções e tarefas e as práticas de recursos humanos. Sistemas de informação requerem conhecimento e não

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apenas informação e é importante frisar que a má gestão dos recursos de TI pode proporcionar fracasso organizacional (Valle 1996; Athey e Stern 2002; Nascimento e Luft 2013).

Nesse sentido, a Governação de TI está diretamente relacionado com a habilidade de escolher e utilizar a TI de maneira a atingir os objetivos organizacionais e proporcionar a gestão adequada aos referidos recursos. Na medida em que se confunde com os insumos da organização, a TI deixa de ser tratada no nível operacional e administrativo para se tornar uma questão estratégica.

O desafio reinante na AP reside na dificuldade em encontrar soluções para selecionar, processar e organizar a grande quantidade de informações disponíveis ao gestor, de modo a torná-las úteis. Para além da necessidade do gestor, há também àquela do cliente – no caso da AP, é o cidadão – que vem exigindo eficiência e transparência na gestão dos recursos públicos. Assim, a Governação de TI se apresenta como ferramenta para satisfazer a necessidade do gestor e atender à exigência da população. Governação de TI pode ser caracterizada como um conjunto de estruturas e processos que visam garantir que a TI suporte adequadamente os objetivos e estratégias da organização, adicionando valores aos serviços entregues, balanceando os riscos e obtendo o retorno sobre os investimentos na área. Tem como metas identificar os valores e a importância estratégica da TI na organização, garantir que a TI suporte as operações e que conseguirá atender a implementação das estratégias de crescimento, além de garantir que as expectativas da TI sejam atendidas e os riscos sejam mitigados. Uma Governação de TI eficaz gera benefícios verdadeiros para a organização, tais como: credibilidade, referência em produtos, na prestação de serviços e diminuição dos custos. (Hanashiro 2007; Bowen et al. 2007).

A TI, devido à sua importância e inserção no meio organizacional, precisa estar cada vez mais alinhado com as estratégias da organização. O Information Technology Governance Institute (ITGI), define que o propósito da Governação de TI é o de direcionar a TI e assegurar que seu desempenho encontre os seguintes objetivos: alinhamento da TI com a organização e realização dos benefícios prometidos; uso da TI para capacitar a organização para explorar oportunidades e maximizar benefícios; uso responsável dos recursos de TI; e gestão de riscos relacionados à TI.

Por fim, é possível afirmar que deter os mais recentes avanços em TI sem que haja o alinhamento entre o emprego destes e as estratégias da organização, os melhores resultados em termo de desempenho dificilmente serão atingidos. A importância da Governação de TI reside no fato de se apresentar como uma ferramenta capaz de permitir o alinhamento entre as estratégias de negócio da organização e da TI. Por fim, é possível indicar que uma boa Governação de TI trará otimizará os resultados da organização.

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Fundamentado no pensamento dos supramencionados autores, é possível inferir que o emprego das TI na AP possibilita melhoria de desempenho tanto no que se refere aos processos internos como estende tais benefícios aos resultados apresentados à população, reconhecendo que o emprego das TI supera em larga medida a simples automação de procedimentos na medida em que proporciona evidente melhoria de desempenho nos serviços oferecidos pela Administração Pública.

2.2.4. Comentários Finais

Durante a leitura desta secção foi possível identificar que a informação, devido sua importância, deve ser tratada com a mesma relevância e merece os mesmos cuidados que os demais ativos das organizações. Neste sentido, as TI acompanham a AP desde os anos de 1950 com o objetivo de proporcionar melhoria no tratamento (processamento) e emprego do vasto e complexo cabedal de informações que permeia a Administração Pública.

Foi possível identificar, também, que o conceito de TI abrange todo tipo de tecnologia que envolve o processamento de dados, informações e comunicação integrada, utilizando-se de recursos e equipamentos eletrônicos e, dentre eles, estão reunidos os SI que têm como maior objetivo o apoio aos processos de tomada de decisões na organização e são direcionados para atividades mais específicas destas. Identificou-se, ainda, a necessidade de alinhar o emprego da TI aos objetivos e estratégias das organizações, trazendo à tona a questão da Governação em TI como ferramenta essencial ao sucesso do emprego das tecnologias.

Identificou-se que o emprego das TI na AP possibilita melhoria no desempenho tanto da gestão interna quanto dos resultados apresentados à população. Desta feita, os objetivos propostos no início desta secção foram alcançados na medida em que fica evidente o contributo das TI para a melhoria no desempenho organizacional da Administração Pública.