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3. Enquadramento empírico

3.3. Método de recolha de dados

Com vistas a alcançar os objetivos geral e específicos esta dissertação fez uso de diferentes técnicas de recolha de dados a fim de garantir a obtenção de informações consistentes e adequadas à

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investigação como a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a realização de entrevistas e aplicação de questionário.

A pesquisa bibliográfica pautou-se na consulta a artigos publicados em revistas científicas e jornais – em sua maioria que tratam da Administração Pública e Tecnologia da Informação – além de livros, teses e dissertações acadêmicas relacionadas ao assunto. Houve a necessidade, também, de se fazer uso de documentos oficiais, manuais técnicos, notas informativas e outros documentos que dão suporte ao processo de pagamento de pessoal no EB. O resultado materializa-se no Capítulo 2 que, por sua vez, está subdividido na apresentação dos conceitos relativos à eficiência na Administração Pública, emprego da TI na AP, racionalização administrativa e inovação e gestão da mudança na AP, finalizando com uma contextualização acerca do processo de transformação em curso no Exército Brasileiro e a atividade de pagamento do seu pessoal vinculado.

O conhecimento obtido por intermédio da pesquisa bibliográfica e documental em questão contribuiu, também, com a elaboração do roteiro para a realização das entrevistas ao restrito universo de profissionais detentores de destacado conhecimento acerca dos sistemas de pagamento de pessoal em questão, objetivando esclarecer as principais características, possibilidades e limitações de ambos os sistemas.

3.3.1. Entrevistas

É possível definir a entrevista como “um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social” (Marconi e Lakatos, 2003:199).

Barañano (2008) sugere que as entrevistas podem ser estruturadas, semiestruturadas ou não estruturadas, e defende que a definição do tipo de entrevista a ser utilizado está relacionada aos objetivos pretendidos pelo investigador, sendo os mais comumente utilizados apresentados no Quadro 18 a seguir:

Quadro 18: Objetivos pretendidos pelos investigadores por ocasião da execução de entrevistas

Objetivos Finalidade

Controle Validar parcialmente resultados anteriormente obtidos

Verificação Verificar um domínio de investigação cuja estrutura já se conhece Aprofundamento Aprofundar o conhecimento a respeito de um tema já conhecido Exploração Explorar um domínio que não se conhece

Fonte: adaptado de Barañano (2008)

Uma vez que as entrevistas empregadas no presente estudo objetivaram esclarecer as principais características, possibilidades e limitações de ambos os sistemas, tratando-se de dados de natureza essencialmente qualitativa e de domínio de conhecimentos extremamente restritos, identificou-se a

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adequação às finalidades previstas para os objetivos aprofundamento e exploração, possibilitando a opção pelo tipo de entrevista não estruturada, conforme mostra o Quadro 19:

Quadro 19: Objetivo de cada tipo de pesquisa Tipos de Entrevistas

Estruturada Semiestruturada Não estruturada

Objetivos

Controle X

Verificação X X

Aprofundamento X X

Exploração X

Fonte: adaptado de Barañano (2008)

Marconi e Lakatos (2003:196) ratificam que na entrevista não estruturada “o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal”. Podem, ainda, apresentar as seguintes modalidades:

Quadro 20: Modalidades de entrevista não estruturada Tipo de

entrevista Modalidade Descrição

Não estruturada

Focalizada

Há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. Para isso, são necessários habilidade e perspicácia por parte do entrevistador. Em geral, é utilizada em estudos de situações de mudança de conduta.

Clínica Trata-se de estudar os motivos, os sentimentos, a conduta das pessoas. Para esse tipo de entrevista pode ser organizada uma série de perguntas específicas. Não dirigida

Há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de incentivo, levando o informante a falar sobre determinado assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder.

Fonte: adaptado de Marconi e Lakatos (2003)

Durante a pesquisa bibliográfica e documental foi identificada – nomeadamente no CPEx – uma cultura de registros sobre os problemas mais comuns e soluções encontradas direcionada aos operadores – materializados nos Manuais do Usuário e Notas Informativas, ambos do CPEx – o que não foi identificado nas questões mais complexas relativas à programação e a gestão dos sistemas, ficando esse conhecimento restrito aos envolvidos. Assim, optou-se pela realização de entrevistas não estruturadas focalizadas a dois oficiais que atuam em posições-chave na condução de ambos os sistemas de pagamento em estudo, detentores de profundo conhecimento acerca do funcionamento e operação de ambos os sistemas.

Desta feita, a seleção dos militares a serem entrevistados levou em consideração o destacado conhecimento dos sistemas, alcançados durante anos de trabalho (mais de cinco anos), restringindo o universo uma vez que, como dito, tais conhecimentos não estão registrados em manuais ou livros, mas sim são adquiridos na labuta diária, na qual o conhecimento e a experiência são construídos com o

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tempo e na medida em que os problemas são apresentados e resolvidos, exigindo-se anos de envolvimento com a atividade.

O roteiro de tópicos para a entrevista – Apêndice A – foi submetido a pré-testes com outros profissionais do CPEx com a finalidade de identificar eventuais inconsistências e permitir a realização de ajustes ou acréscimos caso se fizessem necessários. Está subdividido em três secções: arquitetura dos sistemas, com o objetivo de elucidar as dúvidas sobre os requisitos de TI; segurança, com a finalidade de clarificar as questões relativas à segurança e trânsito de dados; e operação, no intuito de esclarecer os aspectos relativos ao uso propriamente dito do sistema pelos operadores e analistas.

Para a execução das entrevistas foi empregada a aplicação Skype, complementada por ligações telefônicas posteriores a fim de ratificar informações. Os entrevistados receberam uma cópia digital do roteiro e foram comunicados dos objetivos da entrevista, do caráter voluntário e, na busca pela máxima autenticidade e esclarecimento das informações – nomeadamente das debilidades dos sistemas, que podem gerar algum melindre da parte do entrevistado em responder as questões – da garantia de anonimato e, consequentemente, da não gravação das entrevistas, optando-se pela transcrição imediata das respostas pelo entrevistador e posterior remessa aos respondentes para ratificação ou retificação. As transcrições das respectivas entrevistas constam dos Apêndices B e C.

Considerando tratar-se de militares – sujeitos a rígidos preceitos de hierarquia e disciplina – e de uma atividade extremamente relevante e sensível – pagamento de pessoal – a exposição do trabalho científico aqui apresentado trará consigo a possibilidade de geração de interpretações diversas cujas consequências fogem ao controle dos envolvidos e do investigador, daí a preocupação com o anonimato dos respondentes.

3.3.2. Questionário

Os resultados encontrados por intermédio das ferramentas de recolha de dados até aqui apresentadas possibilitaram a elaboração do questionário constante do Apêndice D. Para Camões (2012:107), o inquérito por questionário “justifica-se principalmente para medir percepções ao nível individual e obriga a alguns tipos específicos de análise estatística”. Durante o estudo foram identificados catorze aspetos passíveis de comparação entre os sistemas que constituem o core business do questionário que, por sua vez, encontra-se subdividido em quatro seções que serão apresentadas a seguir.

Dentre as seções supramencionadas, a primeira integra a recolha de aspetos sociodemográficos incluindo a idade, escolaridade, grau hierárquico, entre outros. Na segunda secção encontram-se descritos os seis aspetos que permitem avaliar a perceção de segurança da informação dos sistemas de

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pagamento. A terceira secção é composta pelos oito aspetos que permitem avaliar perceção da usabilidade dos sistemas de pagamento, ou seja, as características que visam a facilitar o uso do sistema pelo operador. Por fim, a última secção oferece aos respondentes a oportunidade de expressar, de maneira geral, em que medida classificam o contributo dos sistemas de pagamento no desempenho da atividade de pagamento de pessoal e apresentar considerações particulares que complementem os questionamentos anteriores ou tragam questões não apresentados.

Dunlop, Telford & Morrison (2012) defendem que a utilização de questionários com níveis de concordância de opinião padronizados – tipo “Escala Likert” – demonstra que o dinamismo e a competitividade dos ambientes organizacionais dos dias de hoje não mais permitem a inferência do pressuposto de existência de uma relação positiva de linearidade de respostas à conveniência contextual, como apontado com grande preocupação em estudos sociais. Desta feita, como ferramenta para a recolha da perceção dos operadores, recorreu-se à Escala Lickert de 5 pontos, na qual 1 ponto corresponde à menção insuficiente, 2 pontos correspondem à menção razoável, 3 pontos correspondem à menção satisfatória, 4 pontos correspondem à menção muito boa e 5 pontos correspondem à menção excelente.

O questionário foi submetido a um pré-teste sendo respondido por 25 militares integrantes do CPEx que detinham conhecimento acerca do funcionamento de ambos os sistemas de pagamento. O acesso ao questionário foi disponibilizado aos respondentes por intermédio do CPEx que remeteu o Documento Interno do Exército (DIEx) Nr 281-SG1/Gab/CPEx, de 14 de abril de 2016, às OM integrantes da amostra. No referido documento – constante do Anexo B – foi informada a natureza do trabalho em questão, estimulada a participação ressaltando a importância do contributo à pesquisa para a atividade de pagamento de pessoal e, por fim, disponibilizado o link de acesso ao questionário que ficou disponível entre os dias 14 de abril e 31 de maio de 2016.