• Nenhum resultado encontrado

3. Enquadramento empírico

3.1. Research Design

“Toda investigação tem por base um problema inicial que, crescente e ciclicamente, se vai complexificando, em interligações constantes com novos dados, até a procura de uma interpretação válida, coerente e solucionadora”. (Pacheco 1995:67)

Neste contexto, a presente dissertação consistiu de uma pesquisa exploratória, pois tem por propósito “aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos” (Marconi e Lakatos, 2003:188).

81

Considerando-se a ausência dos aspectos fundamentais ao design experimental – a aleatoriedade e o controle – constata-se que a alternativa existente residirá em fazer uso do design não experimental-transversal. Dentre os modelos de design não experimental identificados, concluiu-se pelo emprego do estudo de caso por se tratar do estudo aprofundado de um fenômeno – a implantação de um novo sistema de pagamento – identificando suas consequências por intermédio da comparação da situação antes e depois do fenômeno.

Os estudos de caso são realizados para se obter, fundamentalmente, informações de natureza qualitativa, e a força desse método de investigação reside na possibilidade de lidar com uma ampla variedade de evidências que podem ter origem em múltiplas fontes de dados qualitativos como entrevistas, documentos e observações. Para além, estuda um fenômeno contemporâneo, dentro de um contexto real e lida com uma situação na qual pode haver muitas variáveis de interesse. É capaz de produzir sempre um conhecimento de tipo particular, em que se procura encontrar algo de muito universal no mais peculiar. Deve permitir um confronto entre o conhecimento teórico acumulado sobre o tema e os aspetos da realidade que explora. A decisão pela utilização desse método de pesquisa se deve às suas características de ter a realidade como fonte direta de informações para o pesquisador, de permitir a investigação de fenômenos contemporâneos, no contexto da vida real, que não podem ser manipulados pelo pesquisador, e de explicar ligações causais de intervenção na vida real, muito complexas para outros métodos de investigação (Barañano 2008; Yin 2010; Charoux 2006; Freixo 2011).

Quadro 16: Situações relevantes para diferentes Estratégias de Pesquisa

Estratégia Forma da questão de pesquisa Exige controle sobre eventos comportamentais? Abarca acontecimentos contemporâneos?

Experimento Como, por que Sim Sim

Levantamento Quem, o que, onde, quanto (s) Não Sim Análise de arquivos Quem, o que, onde, quanto (s) Não Sim/Não

Pesquisa histórica Como, por que Não Não

Estudo de caso Como, por que Não Sim

Fonte: adaptado de Yin (2003)

Cabe destacar, que o uso de múltiplas fontes de dados nos estudos de caso permite a triangulação de evidências, possibilitando a obtenção de conclusões fundamentadas e mais convincentes para a investigação (Yin, 2010). Além disso, por se tratar de um método de investigação voltado à obtenção de informações de natureza qualitativa, utiliza dados não quantificáveis, sendo, por isso, baseado no julgamento e na experiência de pessoas que tenham condições de opinar sobre o assunto estudado (Moreira, 2009).

82

Dessa forma, é possível constatar que o presente estudo busca confrontar práticas reais e o conhecimento teórico a respeito de um tema específico e, para além disso, trata de fenômenos reais que fogem ao controle do investigador, ratificando tratar-se de uma pesquisa exploratória, que adota a metodologia de estudo de caso e de natureza qualiquantitativa, uma vez que busca compreender, além do fenômeno estudado, a conjuntura na qual este se desenvolve.

Barañano (2008) apresenta a investigação como uma sequência lógica que liga dados empíricos às questões previamente formuladas pelo pesquisador, tendo por objetivo a obtenção de respostas fundamentadas a essas questões. Assim, faz-se necessário que haja um planejamento adequado para o seu desenvolvimento com o principal objetivo de evitar a obtenção de evidências não compatíveis com as questões inicialmente delineadas pelo pesquisador. Barañano (2008) e Yin (2010) sugerem os componentes que os estudos de caso devem considerar, conforme o Quadro 17 a seguir:

Quadro 17: Componentes do Planejamento do Estudo de Caso

1. Questões de investigação

Deve ser esclarecida a natureza das questões de investigação. No caso dos estudos de caso, as questões mais apropriadas são as questões do tipo “como?”, para os estudos de caso do tipo descritivo; “porquê?”, para os estudos de caso do tipo explicativo; e “qual?” para os estudos de caso do tipo exploratório.

2. Proposições (hipóteses)

Auxiliam no sentido de focar a atenção dos estudos para evidências relevantes. Os estudos de caso podem não ter hipóteses, sobretudo os estudos de caso do tipo exploratório, mas devem ter sempre uma proposição.

3. Unidades de análise Seleção adequada do caso a ser analisado com base nas questões de investigação delineadas. 4. Ligação lógica entre

dados e proposições O levantamento de dados deve ser conduzido de forma lógica, de modo a permitir a perceção de evidências relevantes ao caso em estudo. 5. Critérios para

interpretação dos dados

Nos estudos de caso não há um critério preciso para se interpretar os dados. No entanto, é necessário ter sempre clareza a respeito do que se pretende fazer com os dados recolhidos.

Fonte: Adaptado de Barañano (2008) e Yin (2010)

As questões de investigação orientam a seleção das prováveis fontes de evidências, possibilitando a recolha dos dados necessários à investigação a fim de manter o investigador no rumo certo, tendo em conta os objetivos de sua pesquisa (Barañano, 2008 e Yin, 2010). Desta feita, identificadas as componentes do planejamento do estudo de caso e perseguindo a consecução do objetivo desta pesquisa, a pergunta de investigação a ser respondida é:

Os operadores identificam o novo sistema de pagamento de pessoal (SIPPES) mais eficiente relativamente à segurança da informação e à operaçãoque o antigo sistema (SIAPPES)?

No esforço da busca pela resposta à pergunta de investigação e tendo-se em conta o entendimento de que novas ferramentas de TI trazem consigo a ideia de maior automação e segurança, torna-se possível acreditar na possibilidade dos operadores perceberem que o novo sistema se apresenta mais eficiente que o antigo nos aspectos avaliados. Nesse sentido, foi estabelecida a seguinte hipótese de trabalho a ser testada:

83

Os operadores percebem o novo sistema de pagamento (SIPPES) mais eficiente que o antigo sistema de pagamento (SIAPPES) em relação à segurança da informação e à operação.

De posse da pergunta de investigação e da hipótese de trabalho, é chegado o momento de tratar das unidades de análise que, por sua vez, constituem o caso a ser analisado e podem ser representadas por um evento, uma organização ou mesmo um único indivíduo (Barañano 2008; Yin 2010). Constata- se que as unidades de análise são constituídas pelos dois sistemas de pagamento de pessoal em utilização pelo Exército Brasileiro, o antigo e ainda ativo Sistema Automático de Pagamento de Pessoal (SIAPPES) e o novo e em implantação Sistema Integrado de Pagamento de Pessoal (SIPPES).

Ainda nesse interim, identifica-se que ambos os sistemas constituem as variáveis independentes na medida em que influenciam e determinam a perceção de eficiência que, por sua vez, constitui a variável dependente. Definidas as unidades de análise, tornou-se possível dar início à preparação para o levantamento dos dados necessários à investigação, respeitando a ligação lógica entre os objetivos do estudo, as questões formuladas e os dados obtidos.