• Nenhum resultado encontrado

Implicações da Lei 12.506/2011 no cálculo do aviso prévio trabalhado/indenizado

PARTE 3 – ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS

3.4. P ROVISÃO P ARA R ESCISÃO

3.4.5. Implicações da Lei 12.506/2011 no cálculo do aviso prévio trabalhado/indenizado

Em 13 de outubro de 2011, entrou em vigor a Lei 12.506, que dispõe sobre a concessão

do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço do empregado na empresa, nos seguintes

termos:

LEI 12.506/2011

Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.

Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

O mapa apresentado a seguir, baseado na Nota Técnica 184/2012, expedida pela

Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, explicita o tempo de

serviço na empresa (em anos) e o aviso prévio a que tem direito o empregado (em dias).

Tempo de Serviço na Empresa

(em anos) Aviso Prévio Proporcional (em dias)

Até 1 ano 30 1 33 2 36 3 39 4 42 5 45 6 48 7 51 8 54 9 57 10 60 11 63 12 66 13 69 14 72 15 75 16 78 17 81 18 84 19 87 20 90

Quais são as consequências da nova Lei no que diz respeito ao cálculo do aviso prévio

trabalhado e do aviso prévio indenizado na planilha de custos e formação de preços?

Impende destacar que nada muda com relação ao valor da despesa relativa ao aviso

prévio no primeiro ano de vigência do contrato administrativo, porquanto a Lei

12.506/2011 manteve o prazo de 30 dias previsto no art. 487, II, da CLT, para o empregado

mensalista – direito agora estendido ao empregado que recebe salário por quinzena.

Entendemos, ademais, que a Lei estabelece prazos mais elásticos de comunicação da

rescisão do contrato de trabalho (aviso prévio), nada significando em termos remuneratórios

para o empregado, salvo na hipótese de aviso prévio indenizado.

Assim, no tocante ao aviso prévio trabalhado, entendemos que, por ocasião da

renovação do contrato – por mais um período de 12 meses –, o valor desse item na planilha

deverá ser drasticamente reduzido, passando a corresponder a apenas 3 dias de acréscimo

no prazo para concessão do aviso prévio. Isso porque, durante o período de cumprimento do

aviso prévio trabalhado, o trabalhador tem direito a jornada diária reduzida em duas horas

(art. 488, parágrafo único, CLT).

Em decorrência da nova regra, o contratado tem direito de ser remunerado pela

Administração contratante para fazer face aos custos com aviso prévio de 30 dias, no

primeiro ano de vigência do contrato de trabalho e 3 dias para cada ano subsequente.

Entretanto, o TCU tem entendido (equivocadamente, a nosso sentir) que, ao fim do

primeiro ano do contrato, o custo com 30 dias de aviso prévio trabalhado, relativamente à

totalidade do pessoal contratado para executar os serviços, já terá sido completamente pago

pela Administração contratante – porquanto os trabalhadores farão jus a apenas 30 dias de

aviso prévio, caso sejam demitidos –, conforme tem entendido o TCU.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU [VOTO]

41. No item 3.28 do relatório (peça 24, p. 31), a fiscalização entende indevida a cobrança das seguintes parcelas que deveriam ter sido excluídas dos contratos após o período de um ano: depreciação de bens permanentes (no Contrato DG/76/2012 - vigilância) e provisão para aviso prévio trabalhado (nos Contratos DG/76/2012 - vigilância - e DG/145/2010 - limpeza).

42. Todavia, a unidade técnica não apresentou adequadamente os critérios e fundamentos para o referido achado, indicando apenas a legislação atinente ao instituto da repactuação contratual. De outros trabalhos realizados no âmbito desta mesma FOC podemos extrair que:

a) com relação à parcela da provisão para aviso prévio, sua inclusão após 12 meses de contrato está em desacordo com a posição deste Tribunal constante do Acórdão 3.006/2010-Plenário (conforme instrução do TC-022.395/2014-8, que fundamentou o Acórdão 1.520/2015-Plenário); e

b) com relação à parcela de depreciação de bens, há contratos em que a proposta das empresas indicam que a depreciação deveria ser integral após 12 meses, o que obstaria a

152

repactuações/prorrogações (conforme instrução do TC-023.204/2014-1, que

fundamentou o Acórdão 2.749/2015-Plenário). [...]

44. Da mesma forma, ainda que já exista posicionamento anterior deste Tribunal, proponho que também seja realizada oitiva prévia da Ceron e das empresas signatárias do Contrato DG/145/2010 e do Contrato DG/76/2012 acerca da manutenção da parcela de aviso prévio após 12 meses de execução das referidas avenças.

[ACÓRDÃO]

9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva da Ceron e da empresa contratada por meio do Contrato DG/145/2010 a respeito da inclusão na planilha de custos e formação de preços (PCFP) das seguintes parcelas: [...]

9.3.2. Aviso Prévio Trabalhado, após 12 meses de contrato, em desacordo com o Acórdão TCU 3006/2010 – Plenário, item 9.2.2;

(Acórdão 378/2016 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU [VOTO]

2. Inicialmente, dentre outras apurações, foi constatada a necessidade de promover a repactuação do contrato 174/2006 a fim de adequar a planilha de custos do serviço contratado em relação à reserva técnica, ao aviso prévio trabalhado e às taxas de administração e lucro (respectivamente, itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 3.006/2010- TCU-Plenário).

3. Posteriormente, por meio do Acórdão 2.308/2014-TCU-Plenário, este Colegiado, em meio a outras providências, tornou insubsistente o item 9.2 do Acórdão 3.006/2010-TCU- Plenário, motivo pelo qual determinei à Secex-RJ que promovesse nova instrução dos autos, com a necessária oitiva do órgão contratante e da empresa contratada. Portanto, está em apreciação nesta assentada a reanálise de eventuais irregularidades na planilha de custos do serviço contratado, objeto do precitado item.

4. Após a análise das oitivas em razão dos indícios apontados nos autos, a unidade instrutiva coligiu que as justificativas apresentadas pelo Nerj/MS e pela empresa MGI não elidiram todas as irregularidades examinadas nesta representação. Diante disso, concluiu que: 1) a inclusão de reserva técnica sem justificativa razoável imporia a devolução integral dos valores atinentes a essa rubrica, pagos indevidamente; 2) a questão do aviso prévio trabalhado estaria resolvida, ante a repactuação consensual do contrato 174/2006; e 3) os excessos nos percentuais de lucro e de taxa de administração deveriam ser expurgados, com a devolução das quantias pagas indevidamente.

(Acórdão 3295/2015 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU [VOTO]

41. No item 3.31, foi registrado que, no Contrato 47/2013 (prestação de serviços de limpeza), a provisão para aviso prévio trabalhado presente na planilha de custos e formação de preços não foi retirada após o primeiro ano de vigência contratual. Os referidos itens 7.2.2.1 e 7.2.2.2 da proposta de encaminhamento sugeriram, respectivamente, determinações para que o TRF 2ª Região adotasse medidas com vistas à alteração da planilha e à recuperação dos valores indevidamente pagos. Quanto ao Contrato 70/2013, a proposta é de que, após o primeiro ano de vigência, exclua da respectiva planilha de custos e formação de preços a parcela "aviso prévio trabalhado". 42. Considero apropriadas tais medidas destinadas à correção dos contratos, a fim de evitar a concretização de prejuízos ao erário, bem como à recuperação dos valores já pagos indevidamente. Às determinações sugeridas, em relação as quais promovo ajustes de redação, acrescento ressalva para que o TRF 2ª Região assegure aos interessados o exercício do contraditório e da ampla defesa.

[ACÓRDÃO]

9.2. determinar ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:

9.2.1. no prazo de 60 (sessenta) dias, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, IX, e assegurando aos interessados o exercício do contraditório e da ampla defesa, adote as medidas necessárias à:

9.2.1.1. exclusão da parcela "aviso prévio trabalhado" após o primeiro ano de vigência contratual, da planilha de custos e formação de preços dos Contratos 47/2013 e 70/2013, conforme o previsto na Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3006/2010-TCU- Plenário, item 9.2.2);

(Acórdão 3030/2015 – Plenário)

Vide, no mesmo sentido: Acórdão 3031/2015 – Plenário; Acórdão 2902/2015 – Plenário; Acórdão 3031/2015 – Plenário; Acórdão 3031/2015 – Plenário; Acórdão 2743/2015 – Plenário; Acórdão 2747/2015 – Plenário; Acórdão 2748/2015 – Plenário; Acórdão 1520/2015 – Plenário.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.2.2. supressão do percentual de 1,94 % da Planilha de Custos dos Serviços Contratados, referente ao Aviso Prévio Trabalhado, tendo em vista que os referidos custos consideram-se integralmente pagos no primeiro ano do Contrato, devendo ser zerado nos anos subsequentes, nos termos do cálculo demonstrado quando da apreciação do Acórdão TCU nº 1904/2007 - Plenário;

(Acórdão 3006/2010 – Plenário)

Irregularidade não sanada, conforme Acórdão 1686/2013 - Plenário

Nesse sentido, a IN 02/2008 recomenda negociar com o contratado a exclusão dos itens

de custos integralmente amortizados no primeiro ano de vigência contratual.

154

Art. 30-A ...

[...]

§ 1º Quando da prorrogação contratual, o órgão ou entidade contratante deverá: [...]

II – realizar a negociação contratual para a redução/eliminação dos custos fixos ou variáveis não renováveis que já tenham sido amortizados ou pagos no primeiro ano da contratação, sob pena de não renovação do contrato.

Não obstante a orientação do TCU e da IN 02/2008, entendemos que, caso haja renovação

do contrato, essa despesa deve ser drasticamente reduzida, para contemplar, a partir do

segundo ano de vigência do contrato, apenas o custo decorrente da concessão de 3 dias de

aviso prévio (6h/remuneração) para cada trabalhador, conforme disciplina a Lei

12.506/2011, assim permanecendo até a extinção do contrato.

Entretanto, importa registrar que há entendimento – ao qual não nos filiamos – no

sentido de que a Lei 12.506/2011 não teria qualquer repercussão na aplicação do art. 488 da

CLT, vale dizer, o trabalhador só teria direito à redução de jornada nos primeiros 30 dias de

cumprimento do aviso prévio.

Quanto ao aviso prévio indenizado, entendemos que, a partir do segundo ano de

vigência do contrato administrativo, a planilha deve passar a contemplar acréscimo no valor

correspondente a 3 dias no aviso prévio.

Assim, no segundo ano, o cálculo levará em consideração 33 dias de aviso prévio; no

terceiro ano, 36 dias, e assim sucessivamente, até a extinção do contrato.

Diferentemente do aviso prévio trabalhado, esse item não é zerado quando da renovação

do contrato por mais um período de 12 meses, porque se trata de despesa cotada por mera

estimativa da probabilidade de ocorrência.

Por fim, entendemos que as alterações no preço do contrato, decorrentes da aplicação da

Lei 12.506/2011, podem ser implementadas por ocasião da repactuação ou da renovação do

contrato.