PARTE 4 – INSUMOS, CUSTOS INDIRETOS E TRIBUTOS
4.3. C USTOS I NDIRETOS , T RIBUTOS E L UCRO
4.3.3. Tributos
Concluindo nosso orçamento estimado, devemos cotar todos os tributos que tenham
relação com a prestação dos serviços, levando-se em conta os regimes tributários existentes:
lucro real, lucro presumido e simples nacional.
Repetiremos aqui o que foi brevemente explanado na introdução do tópico 3.1 – encargos
previdenciários e FGTS – a respeito da matéria.
Há três regimes de tributação do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) que têm
impacto na tributação (mais especificamente, na definição das alíquotas do PIS e da COFINS –
que veremos em capítulo próprio) das empresas prestadoras de serviços terceirizados: o do
lucro presumido; o do lucro real e o denominado Simples Nacional (vide art. 246 e seguintes do
Regulamento do Imposto de Renda – Decreto 3.000/99).
Em brevíssima síntese, podemos extrair do Relatório do Acórdão 1753/2008 – Plenário
as principais características dos regimes tributários do lucro real e do lucro presumido e as
respectivas alíquotas do PIS e da COFINS.
Por meio do acórdão acima mencionado, o TCU apreciou relatório de Auditoria, sob a
sistemática de fiscalização de orientação centralizada, por meio da qual o Tribunal examinou
contratos de vigilância e limpeza e conservação de 15 órgãos e entidades federais, nos Estados
de Goiás, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e São Paulo, além de diversos Ministérios
em Brasília.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU [RELATÓRIO]
77. No regime de incidência cumulativa [vide: art. 4º, IV,Lei 9.718/98 c/c o art. 10, II, Lei 10.833/2003], a base de cálculo é o total das receitas da pessoa jurídica, sem deduções em relação a custos, despesas e encargos. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 0,65% e 3,00%.
78. As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro presumido ou arbitrado, estão sujeitas à incidência cumulativa.
79. No regime de não-cumulatividade do PIS e COFINS, instituído pelas leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, permite-se o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da contribuição para PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 1,65% e 7,60%. 80. Cabe mencionar que, de acordo com a Secretaria da Receita Federal, as empresas tributadas com base no lucro real estão sujeitas à incidência não-cumulativa, exceto: as instituições financeiras, as cooperativas de crédito, as pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros, as operadoras de planos de assistência à saúde, as empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores de que trata a Lei nº 7.102/1983, e as sociedades cooperativas (exceto as sociedades cooperativas de produção agropecuária e as sociedades cooperativas de consumo).
81. Dessa forma, verifica-se que, quanto aos serviços de vigilância, as empresas estão sujeitas à incidência cumulativa, entretanto, em relação aos serviços de limpeza e conservação, as empresas podem estar sujeitas à incidência cumulativa ou a não- cumulativa.
82. Com base nas considerações feitas acima, adotamos para os serviços de vigilância as alíquotas de 0,65% (PIS) e 3,00% (Cofins) e para os serviços de limpeza, mesmo considerando que a maioria das empresas prestadoras desse serviço são tributadas com base no lucro presumido, definimos a alíquota de até 1,65% (PIS) e 7,60% (Cofins), assegurando a participação nos certames licitatórios de empresas tributadas pelo lucro real.
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As empresas optantes pelo Simples Nacional podem ter encargos sociais reduzidos:
pagam apenas a contribuição previdenciária, o FGTS e a contribuição adicional (RAT ajustado),
ressalvadas as exceções previstas no art. 17, c/c art. 18, §§ 5º-B a 5º-E, da Lei Complementar
123/2006.
Para os fins do nosso estudo, adotamos o pressuposto de que todas as empresas que
participarão da nossa licitação para prestar os serviços terceirizados de recepção adotam o
regime tributário do lucro presumido. Não nos aprofundaremos nessa matéria, de ordem
tributária, que é complexa, o que poderia nos desviar dos objetivos deste curso. Basta-nos
definir o regime, o que nos permitirá efetuar os cálculos desejados.
Assim, repetimos, adotaremos, para a montagem do nosso orçamento estimado, o regime
tributário do lucro presumido.
Recomenda-se consignar expressamente no Termo de Referência e no Edital do certame a
metodologia de cálculo adotada e o regime de tributação do IRPJ considerado, para fins de
montagem da planilha de custos e formação de preços.
Ao elaborarmos a planilha de custos e formação de preços de um contrato de
terceirização, devem ser cotados os tributos federais, estaduais e municipais, incidentes sobre o
faturamento pela prestação dos serviços.
Os tributos federais que têm como fato gerador a receita ou faturamento pela prestação
de serviços e podem ser repassados ao contratante são:
Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), instituída pela Lei
Complementar 7/70; tem por fim financiar o abono anual para trabalhadores de
baixa renda e o seguro desemprego, conforme prescreve o art. 239 da CF/88. Tal
contribuição tem por base de cálculo o total das receitas auferidas, ou, em outros
termos, o faturamento mensal da empresa, incidindo, portanto, sobre o valor dos
serviços objeto do nosso contrato, conforme Lei 9.718/98 e art. 1º da Lei
10.637/2002 (na redação dada pela Lei 12.973/2014), na alíquota de 0,65% para as
empresas prestadoras de serviço (art. 8º), optantes pelo regime tributário do lucro
presumido.
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (COFINS), prevista no art. 195 da CF/88 e
instituída pela Lei Complementar 70/91. Trata-se de contribuição para a seguridade
social. Tem por base de cálculo a receita auferida ou faturamento da empresa,
incidindo, portanto, sobre o valor dos serviços objeto do nosso contrato, conforme
art. 1º da Lei 10.833/2003 (na redação dada pela Lei 12.973/2014). As empresas
optantes pelo regime do lucro presumido contribuem com 3% da receita bruta
mensal.
Consulte também a legislação tributária do Estado em que os serviços serão prestados
para verificar se há tributos estaduais incidentes sobre a prestação de serviços.
No âmbito do Município em que os serviços são prestados, há a incidência do imposto
sobre serviços de qualquer natureza (ISS) – vide CF/88, art. 156, III. A Lei Complementar
116/2003 definiu como fato gerador do imposto a prestação de serviços constantes da listagem
anexa à norma e definiu como base de cálculo o preço do serviço.
A Lei Complementar 116/2003 fixou a alíquota máxima do ISS em 5%; os Municípios
podem fixar alíquota inferior a esse limite. Deve ser consultada a legislação da municipalidade
em que serão executados os serviços, para se obter a alíquota do ISS. Adotaremos a alíquota
máxima – 5% – no preenchimento de nossa planilha.
Verificamos, portanto, que a base de cálculo dos tributos mencionados é o custo total do
serviço, por empregado (mão de obra, insumos, custos indiretos e demais tributos).
Considerando que o próprio tributo integra a base de cálculo, faz-se o cálculo “por
dentro”, definindo-se um fator representativo da inclusão das alíquotas dos tributos sobre o
preço dos serviços, que será utilizado como divisor (metodologia sugerida pela IN MPOG
18/97, revogada). O primeiro passo da metodologia de cálculo é a definição do fator e da base
de cálculo dos tributos, da seguinte maneira:
Alíquotas dos tributos (X) = 0,65 % (PIS) + 3% (COFINS) + 5% (ISS) = 8,65%
Fator (F)
= 1 – (X/100)
= 1 – (8,65 / 100)
= 1 – 0,0865
= 0,9135
Preço ou valor cobrado pelos serviços (P)
Somatório das alíquotas dos tributos (X) Fator (F) F = 1 – (X/100) Preço (P) P = Preço / F
Cálculo do Valor dos Tributos P x alíquota %
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= (somatório dos Módulos 1, 2, 3, 4 + Custos Indiretos + Lucro) / F
= (2.324,30 + 932,33 + 292,50 + 1.811,26 + 268,01 + 562,84) / 0,9135
= 6.191,24 / 0,9135
= 6.777,49 (preço dos serviços, com tributos)
4.3.3.1. Cálculo do valor dos tributos a cotar na planilha
PIS = Preço x alíquota (0,65%)
= 6.777,49 x 0,0065
= 44,05
COFINS = Preço x alíquota (3%)
= 6.777,49 x 0,03
= 203,32
ISS = Preço x alíquota (5%)
= 6.777,49 x 0,05
= 338,87
4.3.3.2. Método de cálculo alternativo do valor total dos tributos
Método análogo consiste na aplicação da seguinte fórmula (também extraída da IN
MPOG 18/97, revogada), para fins de cálculo do valor total dos tributos:
a) Tributos (%) / 100 = To
b) Somatório dos Módulos = Po
c) Po / (1 – To) = P1
d) Valor dos Tributos = P1 – Po
Obtidos os valores dos tributos, insira os dados na planilha:
MÓDULO 5:CUSTOS INDIRETOS,TRIBUTOS E LUCRO5 Custos indiretos, tributos e lucro % Valor (R$)
A Custos indiretos 268,01
B Lucro 562,84
C Tributos ---
C.1 Tributos federais (especificar) ---
PIS 0,65 44,05
COFINS 3 203,32
C.2 Tributos estaduais (especificar) --- C.3 Tributos municipais (especificar) ---
ISS 5 338,87
C.4 Outros tributos (especificar) ---
Total 1.417,09
Nota (1): Custos indiretos, tributos e lucro calculados sobre custo por empregado.
Nota (2): O valor referente a tributos é obtido aplicando-se o percentual sobre o valor do faturamento, ou seja, considerando: os itens de custo descritos nos módulos e submódulos; os custos indiretos; e o lucro.