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F IXAÇÃO DE S ALÁRIOS DOS P ROFISSIONAIS QUE E XECUTARÃO OS S ERVIÇOS

PARTE 2 – REMUNERAÇÃO DA MÃO DE OBRA

2.2. F IXAÇÃO DE S ALÁRIOS DOS P ROFISSIONAIS QUE E XECUTARÃO OS S ERVIÇOS

Quando nos referimos à fixação de salários no edital da licitação estamos dizendo que a

Administração determina remuneração mínima aceitável, ou seja, o licitante que cotar valor

inferior terá sua proposta desclassificada. É lícita tal exigência? O que entende o Tribunal de

Contas da União a respeito?

Ao estimar a remuneração, deve-se atentar para a impossibilidade de fixação de preços

mínimos, vedação prevista expressamente no art. 40, X, da Lei 8.666/93.

LEI 8.666/93

Art. 40. O edital [...] indicará, obrigatoriamente, o seguinte:

X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;

Assim, à luz do dispositivo legal acima transcrito, não se admite fixar um piso salarial

para a categoria de profissionais que prestarão os serviços, a ser obrigatoriamente praticado

pelo licitante. Demais disso, a medição e pagamento pelos serviços prestados têm por

pressuposto o alcance dos resultados e não a mera quantidade de postos ou horas de trabalho.

É o que estabelece, corretamente, a IN 2/2008, com amparo no Decreto 2.271/97 e em pacífica

jurisprudência do TCU (vide extenso rol de acórdãos citados anteriormente):

IN 02/2008

Art. 11 A contratação dos serviços continuados deverá adotar unidade de medida que permita a mensuração dos resultados para pagamento da contratada, e que elimine a possibilidade de remunerar as empresas com base na quantidade de horas de serviço ou por postos de trabalho.

§ 1º Excepcionalmente poderá ser adotado critério de remuneração da contratada por postos de trabalho ou quantidade de horas de serviço quando houver inviabilidade da adoção do critério de aferição dos resultados.

DECRETO 2.271/97

Art. 3º O objeto da contratação será definido de forma expressa no edital de licitação e no contrato exclusivamente como prestação de serviços.

§ 1º Sempre que a prestação do serviço objeto da contratação puder ser avaliada por determinada unidade quantitativa de serviço prestado, esta deverá estar prevista no edital e no respectivo contrato, e será utilizada como um dos parâmetros de aferição de resultados.

O inciso II do art. 20 da IN 02/2008 foi revogado pela IN 3/2009. O dispositivo vedava a

fixação, nos instrumentos convocatórios, de salários das categorias ou profissionais

prestadores dos serviços contratados. Com a revogação estaria permitida a fixação?

A matéria é controversa. O melhor balizamento é dado, em nossa opinião, pelo Acórdão

614/2008-Plenário (no qual o TCU discutiu amplamente a questão), que admite, desde que

justificadamente, a fixação de salário no edital para a contratação de serviços por

disponibilidade de mão de obra ou por posto de trabalho, desde que não haja instrumento

normativo das relações trabalhistas para as categorias envolvidas (acordo ou convenção

coletiva de trabalho ou sentença normativa).

Transcrevemos parcialmente a parte dispositiva do Acórdão 614/2008 – Plenário, que

detalha vários modos de execução de serviços e as hipóteses em que é admissível a fixação de

salários no edital da licitação.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.3.3. observem as seguintes linhas de conduta na formulação de editais de licitação e na gestão de contratos de execução indireta e contínua de serviços:

9.3.3.1. para modelos de execução indireta de serviços, inclusive os baseados na alocação de postos de trabalho, se a categoria profissional requerida se encontra amparada por convenção coletiva de trabalho, ou outra norma coletiva aplicável a toda a categoria, determinando o respectivo valor salarial mínimo, esse pacto laboral deve ser

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rigorosamente observado nas licitações efetivadas pela Administração Pública e nas

contratações delas decorrentes;

9.3.3.2. é vedada a fixação de piso salarial para serviços que devem ser medidos e pagos por resultados;

9.3.3.3 no âmbito do Contrato n. 24/2006 e em outros termos ajustados com a Administração Pública em que os respectivos editais de licitação fixaram os pisos salariais das categorias profissionais executoras dos serviços, o órgão contratante deverá efetuar os seguintes controles, entre outros que entenda necessários:

9.3.3.3.1. com fundamento nos arts. 54, § 1º, in fine, e 55, inciso XI, da Lei n. 8.666/1993, adotar as providências necessárias ao aditamento do contrato com vistas a explicitar que a empresa contratada se obriga a pagar os salários lançados em sua proposta;

(Acórdão 614/2008 – Plenário)

Da leitura do acórdão (relatório, voto e dispositivos), acima mencionado, depreende-se

que três são as hipóteses no que tange à possibilidade de fixação de salário em edital de

licitação:

Hipótese 1 = se o salário da categoria é definido em norma coletiva, NÃO É

POSSÍVEL fixar piso salarial no edital.

Hipótese 2 = se os serviços serão medidos e pagos por resultados, NÃO É POSSÍVEL

fixar piso salarial no edital.

Hipótese 3 = se não há salário normativo e os serviços serão executados por

postos, É POSSÍVEL fixar piso salarial no edital.

Registre-se, contudo, que, mesmo após a decisão paradigmática ora mencionada, o TCU

tem admitido, em caráter excepcional e desde que devidamente justificada, a fixação, no edital

da licitação, de salário mínimo a ser praticado pelos licitantes, sob pena de desclassificação.

Há várias decisões do TCU contraditórias, umas considerando possível a fixação de salário

mínimo; outras – a grande maioria – vedando expressamente; e outras que admitem a medida

em caráter excepcional e desde que justificadamente.

A fixação de salário mínimo a ser praticado deve ser entendida como medida

excepcional e, como tal, deve ser devidamente justificada, como tem exigido o TCU, em vários

julgados.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU Súmula 269

Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve estar vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento por hora trabalhada ou por posto de serviço somente quando

as características do objeto não o permitirem, hipótese em que a excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada nos respectivos processos administrativos.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.3. cientificar o Ministério das Cidades de que eventual instauração de novo procedimento licitatório que tenha objeto semelhante ao do pregão eletrônico 14/2012, revogado pelo órgão, deve ser escoimado das irregularidades verificadas a seguir, sob pena de o certame ser anulado por este Tribunal, em resposta a provocação de terceiros ou como resultado de ação própria:

9.3.1. fixação de valores salariais mínimos no edital da licitação, não amparada em justificativas fundamentadas, em desacordo com o art. 40, X, da Lei 8.666/1993;

(Acórdão 697/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.2.3.1. somente estipule valores mínimos de remuneração dos trabalhadores, nos contratos em que há alocação de postos de trabalho, quando houver necessidade de afastar o risco de selecionar colaboradores com capacitação inferior à necessária para execução dos serviços contratados;

9.2.3.2. estabeleça os valores mínimos de que trata o subitem anterior a partir de pesquisas de mercado efetuadas previamente, de dados obtidos junto a associações e sindicatos de cada categoria profissional, e de informações divulgadas por outros órgãos públicos que tenham recentemente contratado o mesmo tipo de serviço;

9.2.3.3. abstenha-se de fixar valores mínimos de remuneração dos trabalhadores nas contratações de serviços que devem ser medidos e pagos por resultados;

(Acórdão 2582/2012 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

1. Na realização de licitações visando à contratação de serviços de TI mediante alocação de postos de trabalho ou por outra modalidade assemelhada à simples terceirização de pessoal, a administração pública deverá observar, em regra, a proibição de não fixar, no edital, valores mínimos para os salários do pessoal, conforme estabelecido no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, facultando-se ao gestor, excepcionalmente, na hipótese de não estar sujeito ao art. 6º, II, da IN SLTI/MPOG 4/2008, estabelecer, em face de comprovado risco de aviltamento salarial, limitante inferior para o custo da mão de obra, justificando-se o parâmetro mínimo escolhido no processo administrativo pertinente, assim como a estrutura remuneratória que serviu de base à elaboração do orçamento básico da li citação, que deverá mostrar-se compatível com a qualidade esperada dos serviços pretendidos.

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JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.2. determinar [...] ao Superior Tribunal de Justiça [...] que, relativamente aos contratos de execução indireta e contínua de serviços:

9.2.1. somente estipulem valores mínimos de remuneração dos trabalhadores, nos contratos em que há alocação de postos de trabalho, quando houver necessidade de afastar o risco de selecionar colaboradores com capacitação inferior à necessária para execução dos serviços contratados;

9.2.2. estabeleçam os valores mínimos de que trata o subitem anterior a partir de pesquisas de mercado efetuadas previamente, de dados obtidos junto a associações e sindicatos de cada categoria profissional, e de informações divulgadas por outros órgãos públicos que tenham recentemente contratado o mesmo tipo de serviço;

9.2.3. se abstenham de fixar valores mínimos de remuneração dos trabalhadores nas contratações de serviços que devem ser medidos e pagos por resultados;

(Acórdão 2647/2009 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.2.2. apresente a devida fundamentação caso decida fixar a remuneração em valores superiores ao piso salarial das categorias profissionais a serem contratadas por meio de licitações de serviços terceirizados;

(Acórdão 1122/2008 – Plenário)

Não obstante, também se observam várias decisões em sentido contrário, ou seja, pela

impossibilidade de fixação de preços mínimos, a exemplo do salário a ser pago aos

profissionais que executarão os serviços.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

Na realização de licitações visando à contratação de serviços de TI mediante alocação de postos de trabalho ou por outra modalidade assemelhada à simples terceirização de pessoal, a administração pública deverá observar, em regra, a proibição de não fixar, no edital, valores mínimos para os salários do pessoal, conforme estabelecido no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 6º, inciso II, da IN SLTI/MPOG 4/2008.

(Acórdão 331/2010 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU 1.5. Determinações:

[...]

1.5.12. abster-se, quando da realização de procedimentos licitatórios com vistas à contratação de mão-de-obra terceirizada, de fixar valores mínimos de remuneração, tendo em vista a vedação contida no art. 40, inciso X da Lei nº 8.666/93, bem como no art. 20, inciso II da IN/MPOG nº 02/2008, que veda a fixação dos salários das categorias ou

dos profissionais que serão disponibilizados para a execução do serviço pela contratada, nos instrumentos convocatórios [...]..

(Acórdão 3570/2009 – 2ª Câmara)

Vide, no mesmo sentido: Acórdão 2304/2009 – Plenário; Acórdão 3570/2009 – 2ª Câmara; Acórdão 354/2008/ - Plenário;

Para ilustrar a divergência de entendimento reinante no âmbito do TCU sobre essa

matéria, elaboramos o seguinte mapa, que menciona decisões nos três sentidos já expostos:

Acórdãos que ADMITEM a

fixação de salário mínimo fixação de salário mínimo Acórdãos que VEDAM a

Acórdãos que ADMITEM, JUSTIFICADAMENTE, a fixação de salário mínimo Acórdão 256/2005-Plenário Acórdão 186/1999-1ª Câm. Acórdão 614/2008-Plenário Acórdão 290/2006-Plenário Decisão 577/2001-Plenário Acórdão 1238/2008-Plenário Acórdão 1327/2006-Plenário Acórdão 298/2002-Plenário Acórdão 1239/2008-Plenário Acórdão 1672/2006-Plenário Acórdão 617/2003-1ª Câm. Acórdão 332/2010-Plenário Acórdão 1122/2008-Plenário Acórdão 1937/2003-Plenário Acórdão 1584/2010-Plenário

Acórdão 481/2004-Plenário Acórdão 1612/2010-Plenário Acórdão 657/2004-Plenário Acórdão 189/2011-Plenário Acórdão 963/2004-Plenário Acórdão 113/2009-Plenário Acórdão 1094/2004-Plenário Acórdão 106/2009-Plenário Acórdão 2024/2004-Plenário Acórdão 2881/2008-Plenário Acórdão 1531/2006-Plenário Acórdão 3006/2010-Plenário Acórdão 2028/2006-Plenário Acórdão 4050/2011-2ª Câm. Acórdão 2144/2006-Plenário

Acórdão 775/2007-2ª Câm. Acórdão 890/2007-Plenário Acórdão 331/2010-Plenário Acórdão 1597/2010-Plenário

Concluímos, aqui, nosso estudo sobre a estimativa da remuneração da mão de obra.

Vamos agora começar a preencher nossa planilha de custos e formação de preços para um

posto de recepção.

Para os fins dos nossos estudos, adotaremos arbitrariamente os seguintes dados para

cálculo da remuneração mensal da recepcionista:

- salário base (piso estabelecido pela CCT) = 2.000,00 (sem, contudo, fixá-lo como base de

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- trabalha em condições insalubres (grau médio)

- horas extras (10 horas por mês)

Consideradas as variáveis acima indicadas, eis como ficará o Módulo 1: composição da

remuneração.

MÓDULO 1:COMPOSIÇÃO DA REMUNERAÇÃO

1 Remuneração % Valor (R$)

A Salário Base 2.000,00

B Adicional de periculosidade

C Adicional de insalubridade 176,00

D Adicional noturno E Hora noturna adicional

F Adicional de Hora Extra (10h/mês) 148,30

G

Outros (especificar) Total da Remuneração 2.324,30

Memória de cálculo

Adicional de insalubridade:

= (880,00 x 0,2)

= 176,00;

onde:

R$ 880,00 = valor do salário mínimo a partir de 1º.1.2015, conforme Decreto 8.618, de

29.12.2015;

20% (ou 0,2) = percentual incidente sobre o salário mínimo, para apuração do adicional

de insalubridade em grau médio, conforme art. 192 da CLT

Adicional de hora extra:

= {[(2.000,00 + 176,00) / 220] x 1,5} x 10

= {[2.176,00 / 220] x 1,5} x 10

= 14,83 x 10

= 148,30

Onde:

R$ 2.000,00 = valor do salário mensal da copeira

R$ 176,00 = valor do adicional de insalubridade (deve ser somado ao salário mensal,

para compor, assim, a base de cálculo da hora extra, conforme OJ-47, SDI-1, TST: Hora

extra. Adicional de insalubridade. Base de cálculo. A base de cálculo da hora extra é o

resultado da soma do salário contratual mais o adicional de insalubridade.)

220 = divisor utilizado para apurar o valor do salário/hora

1,5 (acréscimo de 50%) = multiplicador utilizado para calcular o valor da hora extra

(valor da hora normal acrescido de 50%)

10 = quantidade de horas extras realizadas no mês

Segue a nossa planilha, preenchida com os quadros iniciais e o Módulo 1 – Composição da

Remuneração:

PLANILHA DE CUSTOS ESTIMADOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS

(Para Contrato de Terceirização)

Nº do Processo

Licitação n.º

Data: ______/_______/____________ às ______:______ horas

DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS (Dados Referentes à Contratação)

A Data da apresentação da proposta 10.03.2016

B Município/UF Brasília/DF

C Ano do Acordo, Convenção Coletiva ou Sentença Normativa em

Dissídio Coletivo 2016

D Tipo de serviço Recepção

E Nº de meses de execução contratual 12

IDENTIFICAÇÃO DO SERVIÇO

120

(em função da unidade de medida)

Recepção Posto 1

MÃO DE OBRA MÃO DE OBRA VINCULADA À EXECUÇÃO CONTRATUAL

Dados complementares para composição dos custos referentes à mão de obra

1 Tipo de serviço (mesmo serviço com características distintas) Recepção 2 Salário Normativo da Categoria Profissional R$ 2.000,00 3 Categoria profissional (vinculada à execução contratual) Recepcionista 4 Data base da categoria (dia/mês/ano) 1º.1.2017

MÓDULO 1:COMPOSIÇÃO DA REMUNERAÇÃO

1 Remuneração % Valor (R$)

A Salário Base 2.000,00

B Adicional de periculosidade

C Adicional de insalubridade 176,00

D Adicional noturno E Hora noturna adicional

F Adicional de Hora Extra (10h/mês) 148,30

G

Outros (especificar)

Total da Remuneração 2.324,30