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VARIÁVEIS

4.7 INSTRUMENTOS DE COLETA

Os instrumentos de coleta de dados foram a cópia do protocolo de investigação cardiológica empregado no ambulatório de Cardiologia dos locais de estudo (Apèndice A), acrescido do Mini-Exame do Estado Mental, da Escala de Depressão Geriátrica, bem como da escala Health Age and Body Composition Heart

Failure, para cálculo do risco de insuficiência cardíaca, e da New Sheffield Scale

relativa ao risco cardiovascular e aos benefícios do tratamento de idosos com mais de 60 anos de idade.

O mini-exame do estado mental (Anexo A) é um teste de rastreamento para avaliação global do funcionamento cognitivo, contemplando orientação para tempo e para local, registro de três palavras, atenção e cálculo, lembrança das três palavras, linguagem e capacidade construtiva visual (FORSTEIN et al., 1975). Embora seja uma escala muito usada na prática clínica e em pesquisas, tem como limitações a influência da escolaridade e a baixa sensibilidade para identificação de comprometimento cognitivo leve (BUSTAMANTE et al., 2003; BRUCKI et al., 2003; CARNERO-PARDO, 2013; SRINIVASAN, 2010).

A escala de depressão geriátrica (Anexo B), proposta por Yesavage et al. (1983), é um instrumento de avaliação especificamente da depressão em idosos. Possue alta consistência interna. No ponto de corte igual a 11, tem especificidade igual a 95% e sensibilidade de 84% na versão longa, composta por 30 itens (YESAVAGE et al., 1983). A pontuação da Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (EGS-30) foi obtida de acordo com as orientações originais do teste, onde ausência de depressão corresponde à soma das pontuações menor ou igual a 10; depressão leve quando a pontuação encontra-se entre 11 e 20 e depressão grave, com soma maior que 20 pontos (BARRETO et al., 2008). Neste estudo foi considerada depressão a pontuação acima de 10 e depressão ausente com pontuação menor ou igual a 10.

Estudos epidemiológicos com idosos demonstraram a necessidade de pontuar o risco cardiovascular e os benefícios do tratamento porque, nessa população, a escolha da terapêutica deve considerar os riscos de morte e de dependência (SCHOUTEN et al., 2012). Para este estudo, investigaram-se, na literatura, escores de risco cardiovascular, empregados na prevenção e no acompanhamento de tratamento da aterosclerose, bem como na estimativa, nos

pacientes assintomáticos, do risco de um primeiro evento coronariano agudo, que pudessem ser calculados com os dados disponíveis nos registroas de prontuário.

O escore de Framingham, que avalia o risco de IAM ou morte por DAC em 10 anos, poderia ser calculado, porém os fatores de risco nele considerados perdem importância e força de evidência em idosos (RUIJTER et al., 2009).

O escore de risco de Reynolds foi desenvolvido, em 2007, para detecção de risco de IAM, AVC ou morte e revascularização miocárdica em 10 anos, o qual inclui valores da determinação de proteína C reativa de alta sensibilidade e história parental de doença coronariana. Todavia estudo recente identificou que o escore de Reynolds sobrestima o risco em 9% para homens, mas subestima o risco em 21% em mulheres, não sendo indicado como melhor escore de avaliação de risco cardiovascular (DEFILIPPIS et al., 2015). Adicionalmente, para o presente estudo, o cálculo do escore de Reynolds era inviável pela ausência de resultado de proteína C reativa de alta sensibilidade nos prontuários.

Outra possibilidade era o escore de risco global, utilizado para probabilidade de IAM, AVC, insuficiência vascular periférica e insuficiência cardíaca em 10 anos, recomendado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, que consiste na modificação do escore de Framinghan. Todavia as tabelas de cálculo não englobam idosos (D’AGOSTINO et al., 2008; XAVIER et al., 2013). A mesma Sociedade também recomenda o emprego do escore de risco por tempo de vida, aplicado em indivíduos com mais de 45 anos de idade, para detecção da probabilidade de um evento isquêmico, em longo prazo, porém as tabelas estão restritas à idade máxima de 65 anos, portanto não atendendo à faixa etária de interesse neste estudo (PERK et al., 2012; XAVIER et al., 2013).

Duas outras escalas para avaliação do risco cardiovascular em idosos foram desenvolvidas e têm sido referidas em trabalhos internacionais, a Health ABC Heart

Failure e a New Sheffield Risk, que foram empregadas no presente estudo.

A Health Age and Body Composition Heart Failure (identificado pela sigla

Health ABC Heart Failure), construída para avaliação do risco de insuficiência

cardíaca, está composta por nove fatores clássicos de risco cardiovascular (idade, história de tabagismo e de doença coronariana, alteração ecocardiográfica, pressão sanguínea sistólica, número de batimentos cardíacos por minuto, além de glicemia de jejum, creatininemia e albuminemia), cuja soma permite classificar idosos em quatro grupos de risco (BUTLER et al., 2008).

A escala Health ABC Heart Failure foi testada em coorte de cinco anos incluindo 5.335 pacientes com média de idade igual a 72,6 ± 5,4 anos, sem história de doença coronariana, mantendo independência na realização de atividades de vida diária. O modelo pode prever insuficiência cardíaca em 364 dos 400 pacientes que a desenvolveram em cinco anos, sendo considerada um instrumento útil para prevenção de insuficiência cardíaca (KALOGEROPOULOS et al., 2010, 2012).

Outra escala que passou a ser utilizada na avaliação do risco cardiovascular e dos benefícios do tratamento de idosos com mais de 60 anos de idade foi a New

Sheffield Risk, Para desenvolvimento dessa escala, os autores realizaram revisão

sistemática de estudos cuja população tinha mais de 60 anos, com o objetivo de obter evidências a partir das quais pudessem desenvolver uma equação de risco. Essa avaliação foi aplicada em coorte longitudinal com seguimento médio de 13 anos, incluindo idosos australianos, não institucionalizados, com 58 anos ou mais de idade e admitindo como ponto final DCV, DC ou AVC. Esse estudo possibilitou calcular o risco de evento cardiovascular em 10 anos, bem como estimar a expectativa de vida atribuível ao uso de medicação anti-hipertensiva ou estatinas, com base nos riscos de cada idoso. Na prática clínica, o emprego da nova escala de

Sheffield permite objetivamente incentivar o idoso a manter o uso contínuo de

medicação anti-hipertensiva, com base em um benefício numericamente expresso, do que derivou aceitação e utilização da escala na Europa dada a possibilidade de auxiliar decisões terapêuticas em idosos extremos (WEATHERLEY; JACKSON, 2011).

Desta forma, pelo fato de as escalas New Sheffield Risk e Health ABC Heart

Failure empregarem os fatores de risco clássicos para DCV e estarem voltadas para

cálculo de risco em idosos, foram escolhidas para compor este estudo.