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em Istambul O Estado de São Paulo, 12 de jan de 2016, p A13, Internacional) A última tragédia,

perpetrada na primeira quinzena de janeiro de 2016, provocou a reação imediata da primeira ministra alemã, Angela Merkel, durante o seu pronunciamento a chanceler manifestou-se que o terrorismo já atingiu diversos países da União Europeia, o que demonstra a importância de reagir com determinação na luta contra os extremistas islâmicos, que perpetram atos de crueldade. (in UE reage pedindo maiores esforços contra o

terrorismo. O Estado de São Paulo, 12 de jan. de 2016, p. A13, Internacional) 384 Ibidem.

era tudo aquilo que não eram os Estados Unidos da América. No caso francês, a presença de cidadãos europeus entre os perpetradores do ataque é predominante: dos seis terroristas identificados até agora, cinco são franceses, e o suposto mandatário do ataque é belga.385

Mesmo após a aprovação pelo Parlamento francês pela extensão dos efeitos do Estado de Emergência (l’état d’urgence), o governo estuda a mudança da legislação, como forma de estender medidas excepcionais após o término do regime de exceção, Conforme dispositivo da própria Constituição Francesa.386

Após a extensão temporal do regime de exceção pelo prazo de três meses, encontra-se em fase de elaboração um projeto de lei que disciplina novas ferramentas para autoridade administrativas e judiciárias, de forma que os órgãos de inteligência e repressão à criminalidade possam ter maior liberdade de ação.

Entre as medidas contempladas no projeto de lei apresentado pelo Ministério do Interior francês ao Congresso, destacamos: a) a execução de medidas de busca e apreensão, inclusive durante o período noturno; b) monitoramento telefônico e de Internet; e, c) vigilância eletrônica. Tais medidas poderão ser autorizadas pelo Ministério Público, independentemente de manifestação do Poder Judiciário, para investigações sobre organizações criminosas e terroristas.

385 Ibidem.

386 Conforme publicação do períodico francês Le Monde.fr : Dans le texte transmis au Conseil d’Etat, le gouvernement explique donc vouloir « renforcer de façon pérenne les outils et moyens mis à disposition des

autorités administratives et judiciaires, en dehors du cadre juridique temporaire mis en œuvre dans le cadre de l’état d’urgence ». Le projet de loi « renforçant la lutte contre la criminalité organisée et son financement, l’efficacité et les garanties de la procédure pénale » ne devrait pas être prêt avant début février. Dans ce projet

de loi initialement prévu pour ne concerner que la procédure pénale a été introduit un certain nombre de dispositions voulues par le ministère de l’intérieur après les attentats du 13 novembre. Avec pour objectif

« d’obtenir des outils performants susceptibles de réduire la nécessité de l’état d’urgence », décrypte un proche

du dossier.

Tradução Livre : “No texto apresentado ao Conselho de Estado, o governo diz que querer "reforçar os instrumentos e recursos perenes proporcionou às autoridades administrativas e judiciais, fora do quadro legal temporária implementada no quadro do Estado emergência. O projeto de lei reforça a luta contra o crime organizado e o seu financiamento, a eficácia e as garantias do processo penal, porém não deve ficar pronto antes do início de fevereiro. O projeto de lei inicialmente previsto procedimentos relativos ao processo penal, nele foram introduzidas uma série de disposições por parte do Ministério do Interior, após os atentados de 13 de novembro. Com o objectivo obter ferramentas eficientes na redução da necessidade do ‘estado de emergência’.” (Disponível em : http://www.lemonde.fr/police-justice/article/2016/01/05/antiterrorisme-le-gouvernement-veut- etendre-les-pouvoirs-de-la-police_4841803_1653578.html#r86d6mPhqdKbCatH.99>. Acesso em 06 de jan. de 2016. Nesse sentido, ver também: (França reforçará poderes da polícia no combate ao terror, O Estado de São Paulo, pub. 06 jan. de 2016, p. A8. Internacional).

Conforme observa Gabriel Zacarias, aventam-se medidas contrárias aos princípios basilares do Estado-nação, buscando-se formas jurídicas de questionáveis aplicações, conforme trecho a seguir em destaque:

A tensão interna que existe na Europa, e especialmente na França, com relação às populações de origem imigrante – que não deixa de ser uma tensão de classe – parece encontrar assim uma infeliz válvula de escape no novo terrorismo. Não à toa, um terrorismo praticado por cidadãos franceses e europeus, diferentemente do que ocorria no passado. Tal situação coloca o Estado francês numa situação paradoxal. Por um lado, tenta-se reforçar o credo patriótico, reivindicando uma situação de guerra. Ao mesmo tempo, aventam-se medidas contrárias aos princípios basilares do Estado-nação, buscando-se formas jurídicas que permitam a expulsão de franceses de seu próprio território ou ainda o cancelamento da nacionalidade de terroristas (e suspeitos), o que criaria apátridas, ferindo as principais convenções de direito internacional.387

Mesmo diante de um estado de comoção social, autoridades francesas ainda acreditam que se deve agir com ponderação em matéria de reformas legislativas. No inicio do ano de 2016, o presidente do Senado Francês, Gérard Larcher, demonstrou certo ceticismo com relação a mudança no ordenamento jurídico francês, como medidas na luta contra o terrorismo, conforme trecho em destaque, de sua declaração ao jornal Du Figaro, abaixo transcrito:

Je voterai (…) la déchéance de nationalité mais sa portée dans la lutte contre le terrorisme reste à démontrer. (…) Nous sommes dans les symboles, pas dans les réponses. Ce projet de réforme constitutionnelle ne renforcera qu’à la marge l’efficacité de la lutte contre le terrorisme.388

Inegavelmente, os contornos de uma investigação sobre um grupo terrorista como o Estado Islâmico acarretam um cenário de profunda instabilidade para os próprios órgãos de inteligência e repressão à criminalidade, diante de uma ameaça quase impossível de prevenir dentro de um cenário global.

387 Ibidem.

388 Goar, Matthieu; Lemarié, Alexandre, Nicolas Sarkozy pose ses conditions à un soutien à la réforme de la

Constitution, Le Monde.fr., pub. 06 jan. de 2016. (Disponível em:

<http://www.lemonde.fr/politique/article/2016/01/06/nicolas-sarkozy-pose-ses-conditions-a-un-soutien-a-la- decheance-de-nationalite_4842519_823448.html>. Acesso em 06 jan. de 2016).

Tradução Livre: “Eu votarei [...] a privação da nacionalidade, mas o seu alcance na luta contra o terrorismo ainda continua [...]. Nós somos os símbolos, e não as respostas. O projeto de reforma constitucional reforçará a eficácia da luta contra o terrorismo”.

CAPÍTULO IV

MONITORAMENTO DE SINAIS E O DÉFICIT DE LEGISLAÇÃO (A

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