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1.1.7 LISTAS NOMINATIVAS, MAPAS DE POPULAÇÃO E RECENSEAMENTOS

No documento S OB OB ADALAR DOS (páginas 98-107)

Além da documentação paroquial, podemos utilizar outras fontes seriais para o estudo acerca do século XIX, como as listas nominativas e os recenseamentos. A fase anterior a 1872, no Brasil, é chamada pelos estudiosos da demografia histórica como “pré-censitária”, caracterizada por dados esparsos e nem sempre confiáveis. Desde a década de 30 do século XIX, o governo central e a administração provincial passaram a se preocupar com mais intensidade em mapear a população da jovem nação. Esse conhecimento serviria como balizador para as políticas públicas. Como não havia um critério rígido de pesquisa, as informações ficavam à mercê da interpretação dos funcionários responsáveis pelos recenseamentos. Além disso, esses documentos eram utilizados pelo governo para o alistamento militar e a cobrança de impostos. Portanto, havia o interesse em se omitir ou alterar dados que fossem considerados prejudiciais aos moradores dos domicílios pesquisados.

Para o período de nosso estudo, temos, para a cidade de Ouro Preto, a lista nominativa de 1838, que nos possibilita uma visão bem ampla da família ouro-pretana, pois registra, para cada domicílio, o nome dos moradores, idade, cor (qualidade), condição social (estatuto legal), estado matrimonial (solteiro, casado ou viúvo), nível de alfabetização e ocupação basicamente do chefe do fogo. Pelo posicionamento na lista ainda podemos sugerir o parentesco de cada um dos moradores do fogo com seu chefe.

140 RODRIGUES, Cláudia. Nas fronteiras do além: a secularização da morte no Rio de Janeiro – séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. p. 242.

A listagem não está completa para o núcleo urbano de Ouro Preto. Possuímos registro somente da paróquia do Pilar. São 3.691 habitantes, divididos em 176 fogos. Podemos, a partir dessa listagem, traçar o perfil econômico da freguesia, as características dos plantéis de escravos e sua disseminação pela população, bem como outros estudos quantitativos, como a pirâmide etária, o índice de masculinidade naquela sociedade, fogos chefiados por mulheres, média de filhos, presença da família escrava e outras considerações acerca da sociedade do início do período contemplado. A complexidade dos dados apresentados nos possibilita não apenas uma análise quantitativa, mas qualitativa da sociedade da capital da província. Podemos refletir, também, sobre as informações que as autoridades provinciais e centrais achavam pertinente saber sobre sua população, pois, pela primeira vez, se pretende quantificar o número de alfabetizados e a profissão das pessoas listadas.

Até o advento da República, não havia, no Brasil, o registro civil. Os párocos eram responsáveis pela sistematização das informações acerca de sua freguesia. Para tanto, encaminhavam mapas (quadros) de batismos, casamentos e óbitos, semestralmente, para a presidência da província. Essa documentação, referente aos anos de 1839, 1841, 1867, e preservada no Arquivo Público Mineiro (APM), nos permite o acompanhamento do comportamento social da população e é mais uma fonte serial que nos informa uma gama de informações sobre as populações e sociedades pretéritas. Questões como a idade dos noivos, caracterização dos noivos com relação à sua condição social (nos mapas de casamentos), o local dos óbitos, a causa e a idade dos falecidos (mapas de óbitos), o sexo e a condição de legitimidade dos batizando (mapas de batismos) nos possibilitam a análise no decorrer do tempo e a comparação entre uma freguesia e outra. Os estudos comparativos são importantes para conseguirmos traçar um perfil para a província de Minas Gerais, no século XIX, pois, sendo as condições de desenvolvimento econômico muito diferentes, possibilitaram também percursos sociais e populacionais díspares, concretizando a frase que nos diz que as “Minas são muitas”.

Uma série de mapas de população referentes ao início das décadas de 1850/60 foi localizada no APM.141 Os primeiros referem-se a dados gerais da província e, como

141 Os mapas de população de 1850/51 estão disponíveis no site: <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/456/>. Já os mapas de população referentes aos anos de 1861/62 têm sofrido análise de equipe de pesquisadores do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – UFMG), sob a coordenação da

os últimos não abrangem dados para todos os municípios, os estudos têm contemplado as especificidades socioeconômicas das diversas regiões mineiras. Podemos, a partir daí, determinar a inserção de Ouro Preto na região central da província, cujas características básicas podem ser relacionadas: grande concentração populacional, percentual de escravos com relação à população livre pouco abaixo da média da província (24,4%) e produção econômica voltada para a exploração da lavoura de suprimentos básicos para alimentar a população, associada à indústria de ouro e ferro. A documentação destaca, também, a criação de bestas para a formação de tropas direcionadas para o comércio intra-regional.142

A ideia de um censo geral surgiu durante a década de 1850. “Várias leis foram homologadas marcando a data em que o recenseamento deveria começar e foram criadas, em todas as províncias, repartições responsáveis pelas estatísticas”.143 Sabemos, entretanto, que essas tentativas não obtiveram sucesso e, com isso, o primeiro Censo Geral do Império será realizado somente em 1872. Esse permanece elegendo a paróquia como unidade de referência, tornando explícita a associação entre a Igreja e o Estado, além de privilegiar a família como a unidade básica da pesquisa. O foco do censo teria como objetivo subsidiar políticas públicas que então se implantavam: a Lei do Ventre Livre, a distribuição de eleitores por paróquias, a instrução pública e os desafios do saneamento nas grandes cidades. Esse documento também é fonte privilegiada, no sentido de nos oferecer, num momento crucial da vida política e econômica do Império, o panorama sociopopulacional da capital mineira. Temos os dados por paróquia do núcleo urbano (de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto e de Nossa Senhora da Conceição do Antônio Dias), e a população caracterizada por idade, condição social, gênero, cor, profissão, nacionalidades, além da determinação de casados e solteiros, alfabetizados e analfabetos, católicos e acatólicos e descrição de deficiências físicas e mentais, complementando o quadro com a distinção entre população presente e ausente.

professora Dra. Maria do Carmo Salazar Martins, sendo que produções parciais já foram publicadas em meio eletrônico.

142 MARTINS, Maria do Carmo Salazar; SILVA, Helenice Carvalho Cruz da. Produção econômica de Minas Gerais em meados do século XIX. p. 8-12. Disponível em: <http://www.abphe.org.br/congresso 2003/Textos/Abphe_2003-90pdf>.

143 MARTINS, Maria do Carmo Salazar; SILVA, Helenice Carvalho Cruz da. Produção econômica de Minas Gerais em meados do século XIX... p. 2.

Não tão completo como o Censo de 1872, há também o Censo de 1890, o primeiro da República. Os registros disponibilizam dados referentes à população ouro- pretana acerca da cor, gênero, legitimidade e se casados, solteiros, viúvos ou divorciados. Os dados também têm como referência a freguesia, demonstrando a permanência da inserção dos núcleos eclesiásticos que deram origem aos distritos de paz.

Finalmente, devemos considerar a especificidade do estudo sobre os escravos. “A própria condição subordinada desse segmento populacional”144 nos remete a uma dificuldade de análise. No Brasil, diferentemente dos Estados Unidos da América, onde os escravos deixaram grande número de correspondências particulares, escritas por eles próprios, ou por outrem, por solicitação deles, os registros não são de autoria dos próprios cativos. Eram os livres, inclusive os estrangeiros e autoridades governamentais (no caso de processos jurídicos), que se referiam aos escravos, deixando transparecer toda a sua carga cultural, muitas vezes preconceituosa ou desconhecedora dos costumes africanos ou afro-brasileiros. Os próprios assentos paroquiais tendem a registrar os sacramentos ministrados aos escravos de uma maneira reduzida e sucinta. Além disso, a referência à cor e à condição social da população vai desaparecendo, de maneira geral, dos registros civis e paroquiais, o que, mesmo com exames aprofundados, como o que fez a professora Hebe de Mattos, em Das cores do silêncio, dificulta, para o final do século XIX, os estudos demográficos acerca da composição social do Império. A exceção é o livro de batismos de ingênuos, que registra sistematicamente a cor das crianças e de suas mães cativas.

O período contemplado na presente pesquisa engloba o amplo debate sobre o fim da escravidão no Brasil, inaugurado, em 1850, com a proibição do tráfico atlântico. Destacam-se questões relevantes no processo de libertação dos cativos, como a presença dos emancipados, africanos desembarcados no Brasil após a Lei de 1831, que proibia tal prática. Apesar de ter sido letra morta, determinou uma situação sui generis para um número considerável de pessoas que não se inseriam entre os escravos, nem entre os

144 BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. História demográfica e escravidão em Minas Gerais no século XIX. Caderno de Filosofia e Ciências Humanas. Ano IV, n. 6. Belo Horizonte: Faculdades Integradas Newton Paiva, abr. 1996. p. 110-115.

livres ou libertos. Estas são destacadas na documentação paroquial e nos permitiram reflexões sobre sua inserção social.

A Lei Rio Branco, também designada como do Ventre Livre, em 1871, pode ser considerada um divisor de águas no processo de emancipação. A situação das crianças nascidas após essa data nos possibilita estudo acerca desses ingênuos, que tiveram livro específico de registro de batismos. Apesar de previsto na lei, não nos foi possível localizar o livro de óbitos dessas crianças. No livro de registros ordinário, pudemos observar somente um óbito de ingênuo, apesar de sabermos da grande mortalidade infantil na época e do cuidado que o pároco Joaquim de Sant’Anna dispensou para os assentos relativos aos sacramentos de seu rebanho. O desfecho do processo, em 1888, com a Lei Áurea, assim como seus reflexos sociais pós-abolição, podem ser considerados por mudanças no ritmo do ministério dos sacramentos, além de mudanças no perfil demográfico.

Podemos tentar, a partir daí, identificar os ex-escravos, apesar das políticas públicas que intentavam invisibilizá-los, por exemplo, através da queima de documentos realizada pelo ministro Rui Barbosa, em 14 de dezembro de 1890, alegando que “a República está obrigada a destruir esses vestígios por honra da pátria, e em homenagem aos nossos deveres de fraternidade e solidariedade para com a grande massa de cidadãos que pela abolição do elemento servil entraram na comunhão brasileira”.145

1.1.8- ALMANAQUES

Os almanaques difundiram-se amplamente na Europa, principalmente na França, desde os séculos XVI e XVII. Inicialmente, voltaram-se para as artes do calendário, divulgando as fases da lua, os feriados e as festas religiosas.146 No Brasil, os almanaques se firmam, no século XIX, “como modo de instrução e propaganda de um saber profundo e secular”.147 O almanaque conjuga o gosto pelo saber enciclopédico,

145 Cf. CAMPOLINA, Alda Maria Palhares et al. Escravidão em Minas Gerais. v. 1. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura – Arquivo Público Mineiro/Copasa, 1988. p. 12.

146 DUTRA, Eliana de Freitas. Rebeldes literários da República: história e identidade nacional no Almanaque Brasileiro Garnier (1903-1914). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. p. 16.

característico do século XVIII europeu, com o cientificismo próprio do século XIX. As temáticas vão se modificando, assumindo novas formas: “são almanaques agrícolas, de saúde, literários, históricos, enciclopédicos, de família, de recreação, informativos, de cidades, administrativos, de livraria, às vezes guias urbanos”, conservando uma estrutura de organização temática e mantendo uma “matriz textual”.148

No caso do Brasil, sua popularização, ocorrida na segunda metade do século XIX, se deveu à ampliação da escolarização e do letramento da população de maneira geral. Como bem sintetiza a professora Eliana Dutra, desde os anos 40 do século XIX, um processo de fortalecimento das condições sociais, culturais e técnicas vinha propiciando a formação de um público leitor e o comércio de edições. Essa preocupação com a formação de leitores e com a inclusão do Brasil no dito processo civilizatório, que tinha a Europa como modelo, é identificada pela abertura de bibliotecas e pela instalação, particularmente no Rio de Janeiro, de livrarias e tipografias. Ouro Preto não se omite desse papel cosmopolita, e conta, em 1890, de acordo com Manoel Ozzori, com cinco publicações jornalísticas, uma revista escolar, com tiragem quinzenal, e três tipografias. Além disso, já se registra o funcionamento da Biblioteca Pública, além de uma sociedade artística e do Liceu de Artes e Ofícios.

Para nossa pesquisa, utilizamos o Almanack administrativo, mercantil,

industrial, scientífico e litterario do Municipio de Ouro Preto, escrito por Ozzori, em 1890. É interessante observarmos, em sua parte final, a presença de um suplemento literário, especialmente voltado para as mulheres, com crônicas, contos, poesias e até algumas piadas sobre o cotidiano.

FIGURA 9: capa do Almanack de Manoel Ozzori, publicado pela Typographia da Ordem,

em Ouro Preto, em 1890, e que recebeu edição fac-similar cem anos depois, em Belo Horizonte.149

Esse almanaque nos permite visualizar a estrutura urbanística de Ouro Preto, a organização administrativa provincial e local, os serviços públicos e particulares oferecidos, instituições educacionais presentes, o grau de sofisticação do comércio, produtos manufaturados e até identificar os membros ilustres da sociedade.

1.1.9- JORNAIS

O estudo da história a partir de publicações periódicas, como os jornais, permite examinar o registro que se dá no momento e no calor dos acontecimentos. Porém, o limite desse tipo de fonte é dado pelo mesmo motivo. Não há o distanciamento necessário para uma análise mais profunda sobre os fatos ocorridos. Os registros se mostram fragmentados e “realizados sob o influxo de interesses, compromissos e paixões”,150 visto que a maioria das publicações alinhava-se claramente a determinadas linhas políticas. Entretanto, podemos destacar as questões que ocupavam o debate da época, e, a partir de análise de uma série mais completa, observar como essas preocupações se desenrolavam, ou seja, se os debates arrefeciam ou determinavam uma

149

Agradeço à professora Adalgisa Arantes Campos, pelo empréstimo do Almanack de Manoel Ozzori, tão útil para nossa pesquisa.

150 LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 112.

tensão suficiente para que mudanças ocorressem. Um estudo mais serial dos jornais não foi feito para o presente trabalho. Utilizamo-nos dos periódicos pontualmente, para corroborar pesquisas em outras fontes e para elucidar algumas questões que se mostravam obscuras ou ausentes também nas outras bases documentais.

Nenhuma fonte documental é mais ou menos neutra que outra e, nesse sentido, devemos considerar os periódicos, principalmente os jornais. Além disso, devemos destacar desde a tiragem e o alcance de difusão de uma determinada edição, como a publicidade, aspecto importante, na medida em que, de certa forma, financia o empreendimento, além da relação de sua linha editorial com as instituições políticas, grupos econômicos e financeiros.151

A atividade de imprensa se desenvolveu com intensidade na capital mineira durante o século XIX.152 Em 1821, o Padre José Joaquim Viegas de Menezes, que tivera acesso às técnicas tipográficas em Portugal, onde concluíra seus estudos teológicos, “com o auxílio do português Manuel José Barbosa, construiu a primeira tipografia de Minas: tipos móveis, prancha, chapas etc.”.153 Em 20 de abril de 1822, o príncipe regente comunicava ao governador haver concedido a licença para o funcionamento de tal oficina tipográfica, cujos utensílios foram “todos feitos por oficiais desta mesma vila”. Foi ali, na oficina nomeada “Patrícia”, de Barbosa & Cia., impresso o primeiro número do Compilador Mineiro, em 13 de outubro de 1823. Este circulou de outubro de 1823 a 09 de janeiro de 1824, tendo editado o total de 39 números.154

Em 1867, Richard Burton nos elucida sobre a importância dos jornais: “o mais importante alimento literário em toda Minas. Em qualquer loja ou armazém, desde o nascer do dia, seu dono ou seus caixeiros podem ser vistos perdendo o tempo – como dizem os estrangeiros – com a leitura dos periódicos”.155 Era através dos periódicos que

151 LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. p. 116.

152 Para estudo sobre a imprensa no Brasil e o percurso dos jornais mineiros, ver: MENDES, Jairo Faria. O silêncio das Gerais: o nascimento tardio e a lenta consolidação do jornais mineiros. São Paulo: Universidade Metodista, 2007. (mimeo). Disponibilizado no site: <http://ibict.metodista.br/tede Simplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=802>. Acessado em 23/11/2008.

153 BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. v. 2. Ed. Comunicação. [s.n.t.]. p. 506. 154 BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. p. 506-507.

os cidadãos mantinham-se a par das “novidades” da Corte e das discussões políticas, tanto as mais amplas como as de destaque provincial e local.

Os noticiosos não eram diários, mas esforçavam-se por manterem-se regularmente e eram vendidos avulsos ou por assinatura. Destacamos a presença do jornal O Universal, desde 18 de julho de 1825. Sua publicação durou até 1842. Foi considerado o principal jornal da província, sendo a publicação de maior influência política nas Gerais.

Os títulos vão se multiplicando no decorrer do século. Na década de 1850, já temos o Diario da Assemblea Legislativa Provincial de Minas Geraes, O Conciliador,

O Bom Senso, A Regeneração e Correio Official de Minas, nem todos com vida longa. Em 1880, as posições políticas defendidas pelos diversos jornais se definem. O Jornal A Actualidade se identifica abertamente como órgão do Partido Liberal, de propriedade de J. E da Silva Campos e de Carlos Gabriel Andrade, enquanto A Nação se intitula órgão conservador. Os jornais não pretendem ser apenas informativos, mas prestadores de serviço e veículo literário. Os anúncios vão se diversificando, com oferecimento de serviços de advogado, propagandas de medicamentos, lojas e fábricas, notícias funerárias e comunicados de pessoas que se mudam ou se ausentam da cidade.

Em 1888, temos os jornais A União, órgão do Partido Conservador e de propriedade do Sr. João Francisco de Paula Castro; A Província de Minas, também conservador, sob os auspícios do Dr. Francisco Luiz da Veiga e José Pedro Xavier da Veiga.

A Gazeta de Ouro Preto substituiu o jornal União Postal, e pretendia-se literário e noticioso. Pertenceu a Modestino Elesiário de Arnide. O Itacolomy, que havia sido lançado na década de 40, retorna, em 1890, pretendendo ser “órgão da indústria, das letras e das Artes”. É seu objetivo expresso também servir ao bem público em geral e, em particular, ao município de Ouro Preto, dando destaque para as questões da educação. Seu público-alvo não é formado somente por homens, mas também por mães de família, que “encontrarão sempre em suas colunas úteis leituras, para distrair-lhes o espírito e para lhes fazer sentir os santos deveres da vida”.156 Para contemplar as mulheres, os jornais incluíam também em suas colunas poesias e contos.

156 Jornal O Itacolomy. Edição n.1, de 10/10/1890. Disponível em: <http://www.siaapm.cultura.mg. gov.br/>. Acessado em 10/02/2009.

O jornal Liberal Mineiro, de edição diária, tinha como proprietário o Barão de Saramenha, e era órgão do Partido Liberal. Os detalhes de sua publicação nos são dados pelo Almanack de Ozzori: destacava-se por sua grande estrutura pessoal e material, pois contava, na área editorial, com um redator-chefe, gerente, ajudante, dois revisores, dois repórteres. Na área produtiva, possuía uma oficina de composição (com um chefe, 12 compositores e 4 distribuidores); oficina de impressão (impressor, dois margeadores e um foguista); e oficina de encadernação (um encadernador e seu ajudante). Entre os funcionários, havia também um entregador e dois serventes. Tanto este como os demais jornais podiam ser assinados por ano, seja na capital ou no interior.

O Movimento era um jornal semanal, órgão do Partido Republicano. De acordo com Ozzori, contava com um redator-chefe, gerente, ajudante impressor, três compositores e distribuidores. O Partido Conservador tinha como seu órgão difusor o jornal A Província de Minas. Sua distribuição era bi-semanal e contava com dois redatores, gerente e nove empregados. A União, publicação bi-semanal, também representava o partido Conservador. Sua equipe de trabalho era formada pelo proprietário, 10 compositores e distribuidores, além de outros seis funcionários.

Por fim, a província mineira contava com a Resenha Jurídica, publicação mensal dedicada à jurisprudência, doutrina e legislação. Sua publicação se dava nas oficinas tipográficas do jornal Província de Minas, cujo redator, Dr. Francisco Luiz da Veiga,

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