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QUADRO 10: CASAMENTOS DE AFRICANOS LIVRES EM OURO PRETO (1840-1880) Data Nome e origem da noiva Nome e origem do noivo Observações

No documento S OB OB ADALAR DOS (páginas 181-184)

07/06/1847 Anna Fernandes Joaquim Alves Lima Africanos livres 18/06/1859 Benguela Balbina Domingos Congo Trabalhavam na obra do Jardim Botânico. 02/07/1859 Benguela [ ] Cabinda Miguel Africanos livres

16/06/1859 Benguela Cipriana Francisco Congo “Africanos empregados no serviço do Jardim Botânico, digo livres” 27/08/1859 Emerenciana Vitorino Africanos livres empregados no serviço do Jardim Botânico 19/06/1860 Benguela Gervásia Moçambique Thiago Africanos livres empregados no serviço do Jardim Botânico 08/04/1861 Moçambique Angélica [ ] Africanos livres empregados no serviço do Jardim Botânico 27/07/1861 Benguela Jacinta Moçambique Frederico Africanos livres empregados no serviço do Jardim Botânico 30/08/1864 Petronilla Benguela Cabinda João Empregados no Jardim Botânico 30/08/1864 Benguela [ ] Benguela Antônio Empregados no Jardim Botânico 01/07/1866 Rosa Affonso de Macedo Paulo Gonçalves O noivo é viúvo 28/07/1866 Anna Fernandes Carlos Braga O noivo é africano livre, viúvo de Anna 22/08/1869 Vivência Maria Simplicia Demetrio Antonio Jeremias A noiva é crioula livre, o noivo é africano emancipado 06/11/1869 Angelica Pedro emancipados. A noiva é viúva de Os cônjuges são africanos

Eloy, também africano emancipado 06/05/1871 Clara Maria da Conceição Victor Moçambique emancipados (Rafael e Carolina). O A noiva é crioula, filha de africanos

noivo é africano emancipado. 01/03/1873 Pereira da Fonseca Maria Justina João Paulo da Costa Benguela A noiva é crioula livre, viúva de Valério de Medeiros. O noivo é

africano emancipado 13/08/1873 Rachel Bertulina José Leitão Benguela O noivo é africano emancipado 20/12/1873 Anna Gertrude Gabriella Calisto Congo A noiva é crioula livre. O noivo é viúvo de Custódia 02/02/1874 Conceição Couto Justiniana da Moçambique Paulo O noivo é africano emancipado 09/05/1874 Benguela Eulália Cambinda João Ambos são africanos emancipados e viúvos, de Zebedeo e Petronilla,

também africanos emancipados 02/05/1875 Thereza Francisca de Jesus Eulálio Congo A noiva é livre, filha de libertos. O noivo é africano emancipado 13/11/1875 Maria Isabel dos Santos Carlos Braga da Costa

A noiva é filha de Cipriana, emancipada. O noivo é africano

emancipado, viúvo de Anna Fernandes da Silva 11/11/1876 Carolina Ferreira de Sales Joaquim Antônio Moçambique A noiva é crioula livre. O noivo é viúvo de Maria Rita 12/01/1878 Roza Guilhermina Wagner Calisto A noiva é crioula. O noivo é viúvo de Anna Gertrude Gabriella 28/09/1878 Clementina Maria Joaquina José Leitão O noivo é africano emancipado e viúvo de Rachel Bertulina 02/01/1879 Justina Cardozo Victor Menezes Africano emancipado

Ainda em 1840, de acordo com a lei nº 175 (de 31 de maio de 1840), foi autorizado que o governo provincial comprasse até vinte escravos para o estabelecimento do dito Jardim Botânico. Este era aberto ao público todos os dias, das 7 horas da manhã até as 7 da “tarde”, exceto aos indivíduos que estivessem embriagados, aos loucos e aos que levassem armas (regulamento nº 34).291

O Jardim Botânico teve seu período de maior desenvolvimento na década de 40, quando foi introduzida, ali, a criação de abelhas europeias para a produção de mel e cera. Esses produtos chegaram a ser produzidos em abundância e obtinham altos preços nos mercados.292 Na época, resolveu-se também pela criação do bicho da seda. Para

tanto, fez-se no local larga plantação de amoreiras.293

Em sua visita a Ouro Preto, o viajante Richard Burton foi informado de que “o Jardim Botânico, que, sob os governadores-gerais, espalhou, outrora, 20.000 libras de chá pela região, foi arrendado a um particular, por 200$000 por ano”.294

O memorialista Henrique Cabral também se lembrava ou ouvira falar da bela estrutura física do Jardim Botânico: “com sua grande casa assobradada, toda construída de pedras, com ampla varanda na frente, salas enormes, quartos espaçosos e outras dependências”. Completando seu relato, observou que “houve governadores da Capitania e Presidentes da Província que passavam ali dias de repouso ou que para ali iam, a fim de trabalharem mais tranquilamente”. Toda essa suntuosidade foi abandonada, “foi-se desmoronando até se tornar em ruínas, alguns alqueires de terra”.295

Nos anos de 1874, 1876 e 1888, quando irrompeu a epidemia de varíola em Ouro Preto, “o vasto casarão serviu de Lazareto para os variolosos ou bexigosos”.296

Pelas fontes analisadas, não podemos saber mais a respeito das condições de trabalho dos africanos livres naquela instituição, mas parece óbvio que trabalhavam ao lado de escravos, dividindo as mesmas funções. Possivelmente, o trabalho entre eles não

291 Cf. NUNAN, Manoel Berardo Accurcio. Repertório geral ou índice alphabético das leis... 292 CABRAL, Henrique Barbosa da Silva. Ouro Preto. p. 142.

293 CABRAL, Henrique Barbosa da Silva. Ouro Preto. p. 143.

294 BURTON, Richard. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. p. 299. 295 CABRAL, Henrique Barbosa da Silva. Ouro Preto. p. 139.

era diferenciado, pois, em ambos os casos, era compulsório. Ali também trabalharam presos, até 21 de maio de 1831, quando foram substituídos por jornaleiros.297

Se o casamento entre africanos livres ou escravos era incentivado como fator de pacificação e socialização, estes também se inseriram na sociedade ouro-pretana a partir dos demais sacramentos da Igreja Católica e de sua adesão às irmandades de negros, já que um grande número foi sepultado, ao falecer, na capela do Rosário dos Pretos.

Africanos livres foram padrinhos de batismo de crianças filhas de escravas, após 1871, ou seja, após a Lei do Ventre Livre. Em 04 de janeiro de 1874, Maximiano, africano livre, e Antônia, escrava, apadrinharam duas gêmeas, Andréa e Avelina, filhas da escrava Joana. Em 03 de maio de 1876, Antônio Demétrio Jeremias, africano emancipado, apadrinhou, juntamente com Leocádia, escrava do capitão Carlos Gabriel d’Andrade, Idalina, filha da preta Marcela, escrava de Pedro Gomes Lisboa e sua mulher. Da mesma forma, foram padrinhos, em 1879, os africanos livres Paulo Gonçalves da Silva e Roza Afonso, e, em 1883, o africano liberto, Brás Pires, e sua mulher, Maria Joaquina Clemência.

O registro de batismo de Thereza guarda aspecto curioso. Em 15 de dezembro de 1872, Thereza, inocente, foi batizada como filha natural de Rita Ferreira, crioula livre. No entanto, consta no registro que Rita se casara com Vitor, africano emancipado em 12 de outubro. Os padrinhos também eram africanos livres: Paulo Gonçallo e Rosa Affonso. Ambos casados. Os registros em que constam batismos de filhos naturais de mães casadas são novidade nos livros paroquiais do período estudado, e será fruto de análise no Capítulo IV, no qual analisamos os batismos e casamentos.

QUADRO 11: AFRICANOS LIVRES – PADRINHOS DE FILHOS DE ESCRAVAS (1872-1888)

No documento S OB OB ADALAR DOS (páginas 181-184)