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3 MÉTODO

3.1 Locus de pesquisa: UFRN

A administração universitária da UFRN é composta por órgãos colegiados deliberativos e órgãos executivos. Trata-se de uma Instituição Federal de Educação Superior (IFES) em atividade há 61 anos. Atualmente conta com cinco campi (Campus Central, Campus de Caicó, Campus de Currais Novos, Campus de Macaíba e Campus de Santa Cruz). Dentre suas atividades, possui 112 cursos de graduação, 134 cursos de pós- graduação (mestrado e doutorado) e em torno 16 cursos de nível médio. Suas ações contemplam 41.936 discentes, e para esse atendimento conta com 2.392 docentes, 3.070 técnicos-administrativos, 1.469 terceirizados (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2019b).

No Anexo A consta o organograma da UFRN, sendo possível conhecer melhor a sua estrutura. Ela conta com unidades organizacionais nos seguintes grupos: Reitoria (08 pró-reitorias; 06 secretarias; 02 superintendências, ouvidoria, auditoria interna, 02 assessorias, comissões permanentes), Centros Acadêmicos (08), Unidades Acadêmicas Especializadas (08), Unidades Suplementares (16), Núcleos interdisciplinares de Estudos (08) (UFRN, 2019b). Além dessas estruturas, possui quatro Conselhos Superiores: Conselho Universitário (CONSUNI); Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE); Conselho de Administração (CONSAD); e Conselho de Curadores (CONCURA) (UFRN, 2011).

Para a gestão dessa instituição, faz-se necessária uma política permanente de modernização e qualificação da gestão a fim de contemplar a complexidade do contexto

universitário. A UFRN, no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2010-2019), esclarece um pouco desse cenário. De acordo com esse documento de orientação estratégica, a universidade apresenta uma estrutura administrativa e acadêmica descentralizada, com gestão democrática colegiada em todos os níveis institucionais. Esse formato gera a possibilidade do exercício da autonomia universitária. O PDI da UFRN apresenta como um dos seus objetivos: “aperfeiçoar a gestão universitária, consolidando o processo de planejamento e avaliação e dos sistemas de informação, com tecnologia de última geração, para que atendam as áreas administrativa, acadêmica e de recursos humanos, com eficiência, eficácia e efetividade” (UFRN, 2010).

O fato da gestão ser percebida como não atrativa em algumas funções gera uma dificuldade institucional para realizar a preparação prévia e o processo sucessório sendo, portanto, uma necessidade institucional pensar em soluções para essa problemática. A necessidade de se ter uma atenção especial para o processo sucessório ficou evidente a partir do resultado do Levantamento Integrado de Governança Organizacional Pública realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Esse órgão, a fim de conhecer e estimular boas práticas de governança realiza levantamentos em quatro áreas: pessoas, tecnologia da informação (TI), contratações e governança pública. No ano de 2018, a UFRN apresentou o melhor índice na categoria de gestão de pessoas, entre 117 instituições de ensino do Brasil (BRASIL, 2018b). Apesar do resultado satisfatório, há aspectos que ainda precisam ser aprimorados nas ações institucionais, dentre eles, destaca-se a necessidade de atenção ao item que se refere à capacidade de “assegurar a disponibilidade de sucessores qualificados”, pois foi um dos aspectos classificados como uma atuação ainda no nível intermediário.

A partir de trabalhos realizados pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) com os gestores da UFRN - como o Levantamento de Necessidade de Capacitação em 2015 e o Mapeamento de Competências em 2018 (Portaria nº 2560, de 21 de dezembro de 2018) - foi possível perceber através dos relatos que aspectos relacionados ao contexto de trabalho eram geradores de sofrimento e/ou mal-estar. Entretanto, as ações realizadas buscaram investigar aspectos bem específicos em cada um desses estudos: o primeiro, teve como foco a identificação das necessidades de capacitação; e o segundo, a descrição das competências gerenciais. Desse modo, mesmo sabendo da importância dos relatos, não foi objetivo do trabalho se deter nas exposições relacionadas ao contexto de trabalho e a saúde psíquica. Nesse sentido, percebe-se que há uma lacuna de informação institucional e verifica-se a necessidade de se investigar esses aspectos a partir de uma

observação mais direcionada, a fim de melhor compreender a vivência de ser um professor- gestor em uma universidade pública.

Essa atuação está alinhada à Política de Qualidade de Vida no Trabalho (UFRN, 2017a) que apresenta entre suas diretrizes as seguintes atuações:

[...].

II - Contribuir com o engajamento coletivo de servidores e gestores em ações direcionadas à contínua melhoria das condições e relações de trabalho;

[...].

IV - Viabilizar ações de educação e promoção da saúde e segurança no trabalho junto aos servidores, em diferentes níveis de prevenção, direcionadas ao bem-estar e à redução da vulnerabilidade a riscos relacionados à saúde, aos seus determinantes e condicionantes;

V - Promover a melhoria da organização do trabalho, por meio do incentivo ao planejamento das atividades, a partir do diálogo entre gestores e servidores, com vistas a contribuir para o aprimoramento da divisão, processos, tempo e gestão do trabalho, flexibilidade, controles, acompanhamento e padrão de conduta, para o alcance das metas e objetivos organizacionais;

[...].

No mesmo ano de consolidação da Política de Qualidade de Vida no Trabalho, a UFRN aprovou seu Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) que contemplou entre seus objetivos o intuito de “promover a saúde e segurança no trabalho, contribuindo para o favorecimento e manutenção do bem-estar físico, mental e social dos servidores” (UFRN, 2017b).

A importância da Gestão Universitária continua sendo reforçada no Plano de Gestão 2019/2023 (UFRN, 2019b) que apresenta o desafio de fortalecer a cultura de gestão estratégica na instituição. No âmbito da gestão de pessoas, esse documento tem como objetivo institucional o compromisso de desenvolver competências e qualidade de vida das pessoas. Para tanto, a instituição utiliza indicadores como: o Índice de qualidade de vida no trabalho; Taxa de sucesso das atividades de capacitação; Taxa de absenteísmo por motivo de doença com características relacionadas ao trabalho. Dentre as iniciativas estratégicas adotadas pela UFRN e que estão em consonância com o presente estudo é possível citar: O aperfeiçoamento do modelo de diagnóstico de qualidade de vida no trabalho; A conexão das ações de desenvolvimento, qualidade de vida, saúde e segurança no trabalho aos diagnósticos de qualidade de vida no trabalho; A promoção de uma cultura de bem-estar no trabalho em toda a Instituição; O alinhamento do Plano de Desenvolvimento de Pessoas aos objetivos estratégicos da UFRN e às competências institucionais (UFRN, 2019b).

Diante da descrição da estrutura e direcionamentos institucionais da UFRN é possível entender melhor o local aonde foi realizada essa pesquisa no que se refere a aspectos que geram influência nas políticas e ações no âmbito da gestão. Em seguida, serão apresentados aspectos sobre método adotados no estudo.