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CAPÍTULO 4 – A ELABORAÇÃO DO MODELO DIDÁTICO

5.2. As atividades de intervenção da sequência didática

5.2.1. Módulo 1

O objetivo central das atividades desenvolvidas no módulo 1 era aproximar os alunos do gênero autobiografia, proporcionando a leitura de um livro autobiográfico, da autora Ana Maria Machado (2006), intitulado Essa força estranha: trajetória de uma autora.

Na atividade 1, na primeira parte, os alunos conheceram o livro. Leram o título e levantaram hipóteses sobre ele; leram também a capa e sua imagem, as orelhas e a quarta- capa; assim como a primeira e segunda páginas e o prefácio. Dessa forma, apresentamos o suporte, importante para a publicação de autobiografia. Na segunda parte dessa atividade, os alunos responderam questões sobre o nome do livro e da autora; sobre a editora e a data em que o livro foi editado, a cidade e os objetivos da autora ao escrever sua autobiografia e publicar um livro, além de responder uma pergunta sobre os possíveis leitores de

autobiografia. Essa atividade aproximou os estudantes do contexto de produção da obra da autora. Segundo Bronckart (2003), a primeira capacidade de linguagem a ser desenvolvida é a capacidade de ação.

Na atividade 2 lemos, coletivamente, o 1o capítulo do livro, “Ora direis, ouvir histórias”, seguido de um resumo coletivo das principais partes do capítulo (aquelas que não poderiam faltar) e, individualmente, responderam: o que achavam mais ou menos interessante no capítulo, a fim de conhecermos sobre o que eles valorizavam.

Ainda nessa atividade, a proposta de uma tarefa, cujo conteúdo consistia em conversar com os pais para saber sobre a família: de onde os avós vieram e o que eles faziam; o lugar onde nasceram, onde eles foram criados, onde moravam e o que faziam quando nasceram. Após a consulta, de posse dessas informações, os alunos deveriam fazer um rascunho para a próxima aula, para orientar-lhes na reescrita de suas autobiografias. Essa atividade não teve muito sucesso, pois, muitos alunos não vivem com seus pais biológicos, e, nem sempre, os responsáveis conseguem fornecer informações sobre os dados pessoais das crianças.

Na atividade 3 a proposta de trabalho foi a mesma da atividade anterior e compreendia a leitura do Capítulo 2 “Primeiras histórias”, assim como a escrita coletiva das principais partes do texto, o que se repetiu nas atividades seguintes: atividade 4, leitura do 3o capítulo, “Felicidade Clandestina”; atividade 5, o 4o capítulo “A palavra escrita”; atividade 6, Capítulo 5, “A palavra chama e na atividade 7, o último capítulo “Como uma onda no mar”.

Na atividade 8 os alunos retomaram essas atividades e fizeram um resumo coletivo do livro Esta força estranha: trajetória de uma autora, de Ana Maria Machado (2006). Nessa atividade, eles tiveram contato com o plano geral do texto (capacidade discursiva).

Na atividade 9 retomamos o contexto, proporcionando aos alunos responder algumas questões sobre a produção de suas autobiografias: quem seriam os seus leitores? Qual o papel que exerceriam ao escrever a autobiografia? Em que espaço escreveria a sua autobiografia? E com que objetivo?

Após essas atividades, realizamos uma revisão coletiva de uma autobiografia inicial. Escolhemos para essa revisão um texto de um aluno com muitos problemas, sugestão das professoras colaboradoras. Para essa revisão, tiramos xérox do texto, ocultando o nome do estudante para preservá-lo e o apresentamos no retroprojetor. Em seguida, com a participação da turma, fomos escrevendo na lousa os problemas encontrados, como os da sequência cronológica, dos tempos verbais (coesão verbal), dos organizadores temporais, repetição de

palavras (coesão nominal). Após esse trabalho, reescrevemos o texto da forma como eles sugeriram. A partir dessa revisão, os alunos realizaram a primeira reescrita de seus textos autobiográficos, em 30 de setembro de 2008.

Para encerrar, após a conclusão da primeira reescrita, eles realizaram a 1a avaliação que compreendia respostas às seguintes perguntas:

1. A primeira questão procurou enfocar o contexto de produção. Vejamos o que foi estabelecido: você levou em consideração que sua autobiografia fará parte da coletânea de textos Pequenos grandes escritores? Em quem você pensou ao escrevê-la? Com essa pergunta, pretendíamos saber se os alunos haviam reconhecido que a coletânea seria o suporte previsto para a socialização de suas autobiografias e, ainda, se eles haviam elaborado uma representação sobre os seus leitores (contexto de produção).

2. Como você iniciou sua autobiografia? A terceira e a quarta questões enfocaram o tema:

3. Você contou sobre suas origens: seus avós, seus pais? 4. Quem você consultou para escrever sobre suas origens?

Pretendíamos com essas três perguntas, saber como os alunos organizaram o conteúdo temático de suas autobiografias.

5. Essa questão procurou focalizar os organizadores temporais: Você utilizou palavras ou expressões que indicavam a passagem do tempo na autobiografia? Quais?

Nossa intenção era saber se os alunos que apresentaram problemas na sequência temporal na primeira autobiografia haviam começado a utilizar os organizadores temporais.

6. A coesão nominal apresentou-se nessa questão: Você repetiu a mesma palavra várias vezes no texto, sem substituí-la? Quais palavras?

A partir dessa pergunta, queríamos saber se os alunos que apresentaram inúmeras vezes as mesmas palavras no texto, começavam a substituí-las por outras (anáforas nominais) e realizar a coesão nominal.

7. Você teve dificuldade para escrever alguma palavra? Quais palavras? 8. Você precisou usar o dicionário? Por quê?

Como o maior problema dos alunos era na ortografia, pretendíamos levar os alunos a pesquisar sobre as palavras que eles apresentaram dúvidas ao escrever, para, assim, sanar parte desse problema.

9. Em quais itens você acredita que teve um bom desempenho? 10. Em quais itens você precisa melhorar?

Para as questões 9 e 10 tínhamos o propósito de saber se os alunos conseguiam detectar alguns problemas no seu texto (autoavaliação).

Encerramos o primeiro módulo para reconhecimento do gênero autobiografia concluindo que os alunos tiveram dificuldade para responder a 3a e 4a questões, pois nem todos conseguiram conversar com os pais sobre suas origens, pelos motivos vistos na metodologia, sendo assim, o conteúdo temático ficou prejudicado; outra questão com problema foi a 5, pois como vimos nas análises, alguns alunos apresentaram dificuldade na organização cronológica do texto, não o marcando com os organizadores temporais que ajudam a realizar a progressão temática; na questão 6, os alunos puderam perceber todas as palavras que estavam repetidas no seu texto e tentaram fazer a coesão nominal, trocando por outras ou mesmo apagando o pronome; as questões 7 e 8, abrangemos as questões ortográficas, incentivando-os a consultar o dicionário, mesmo assim, com pouco êxito; e por último, uma questão de autoavaliação, a maioria dos alunos responderam que encontraram dificuldade em organizar o texto na sequência temporal e, também, em realizar a coesão nominal. O que mais gostaram foi de escrever sobre si.

Ressaltamos que o tempo que gastamos com esse módulo, um mês e meio, deve-se ao fato de que não tínhamos o tempo todo à nossa disposição. As professoras-colaboradoras dispunham de um dia por semana para esse trabalho; foram raras as vezes que pudemos contar com mais um dia.