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Já foi referido que, por diversas razões sociais e económicas, este segmento do turismo ou, se preferirmos, esta “franja de mercado”, tem vindo a aumentar e tem tendência a continuar a fazê-lo nos próximos tempos (Card et al., 2006). Atualmente, encontramos diversos dados estatísticos interessantes e reveladores da sua importância como mercado. Ao nível mundial, as pessoas com deficiência, seja ela motora, visual, auditiva ou cognitiva, representam 10 por cento da população mundial (United Nations, 2011). Só ao nível europeu, a European Network for Accessible Tourism “estima que atualmente existam cerca de 127 milhões de europeus com alguma necessidade específica durante a sua viagem” (PENT, 2013, p. 76). E as previsões do último estudo sobre turismo acessível da Comissão Europeia indicam que esse número tende a aumentar 1,2% ao ano, estimando-se que em 2020 sejam já 154 milhões as pessoas que na União Europeia apresentem necessidades especiais, entre portadores de algum tipo de deficiência e cidadãos de idade mais avançada. Quanto a estes, o mesmo estudo afirma que “(…) a taxa de crescimento da população sénior (1,8%) (…) [será] mais alta do que o crescimento da população com deficiências (0,1%). Confirma-se [deste modo] a importância do mercado sénior como potencial força motriz do turismo acessível” (EC-EITPAT 2014, pp. 54/55).

Por tudo isto, devemos refletir bem sobre as oportunidades que se colocam, tendo sempre como referência o facto de que, “embora o Turismo Acessível não seja o futuro do turismo, este futuro será (certamente) menos promissor sem o Turismo Acessível” (Umbelino, 2012, p. 18).

3.6.1 – O perfil dos visitantes

Para se poder ir ao encontro das necessidades do potencial cliente do Turismo Acessível é fundamental saber quem são as pessoas que podem beneficiar deste tipo de turismo, assim como o que as motiva. Observando a Figura 21, verificamos que o perfil deste cliente pode variar imenso, englobando diversas faixas etárias que vão desde os jovens até aos idosos, passando pelas grávidas e pelos casais com filhos pequenos.

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Para além de uma muito alargada faixa etária, que abrange as diversas fases da vida, também ao nível das necessidades as exigências são muito amplas e diversas. Essa grande amplitude do perfil do turista terá também fortes implicações nas suas motivações, que poderão ser as mais variadas. Vejamos:

Figura 21 – Perfil dos turistas com mobilidade reduzida

Fonte: Ossate (www.ossate.org)

No Relatório da Nações Unidas sobre o Desenvolvimento da População Mundial (United Nations, 2006)92, lê-se que “como resultado do declínio da fertilidade e a crescente

longevidade, a população de um crescente número de países está a envelhecer. Entre 2005 e 2050, 50% do aumento da população mundial será justificado pelas pessoas com mais de 60 anos…“. Verifica-se a tendência para que haja uma diminuição da população jovem, aliada a um acréscimo significativo da população idosa, resultante da evolução da longevidade conseguida pelos melhores cuidados de alimentação e saúde existentes no mundo desenvolvido.

Esta população envelhecida tende a ter dificuldades ao nível da mobilidade. Se tomarmos Portugal como exemplo, encontramos no XIV Censo do INE, realizado em 2001,93 que 6,1% da

população era portadora de deficiência e, de acordo com um estudo sobre esse Censo,

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texto online, [acedido em 10 de janeiro de 2012] no site: http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/

93 Dados obtidos no site do INE [acedido online a 6 de outubro 2012]

.http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=ine_censos_indicador&contexto=ind&indOco rrCod=0000660&selTab=tab10

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apresentado em 200394, a deficiência motora foi apontada por 25% do total de pessoas com

deficiência. Também nesse Censo se verificou ser na população idosa que incidiam as maiores taxas de deficiência, dados que encontramos também presentes no XV Censo, de 2011, onde se lê que “50% da população com mais de 65 anos apresenta alguma limitação na realização das tarefas diárias” e, “nas pessoas com 5 ou mais anos, com pelo menos uma dificuldade, andar era a principal limitação” (INE, 2011, p. 16). Assim, para além de se confirmar que a deficiência motora é das que apresenta maior representação e tendo em conta que “a população idosa reformada de onde se geram os turistas seniores não apenas se expandiu no seu efetivo, como vive cada vez mais tempo” (Ferreira, 2006, p. 80), podemos considerar atualmente os idosos como dos mais importantes potenciais beneficiários dos princípios do Turismo Acessível:

ao nível físico, é praticamente inerente ao envelhecimento uma diminuição das capacidades de mobilidade, e uma vez que “o turismo sénior internacional95 detém um peso bastante relevante na globalidade dos fluxos turísticos” (Ferreira, 2006, p. 162) isso leva obrigatoriamente a adaptações da oferta turística para receber estes visitantes;

ao nível social, a população idosa atual já faz parte de uma geração habituada a viajar e quer, por isso, continuar a fazer as suas viagens, fator esse que deverá ser devidamente aproveitado. Relativamente a este ponto, Ferreira (2006, p. 101) refere que, nas últimas décadas, diversos fatores ao longo da vida “impelem à mobilidade geográfica, tanto em diversidade como em intensidade e que, pela sua constância, se tornaram hábitos adquiridos”;

ao nível económico, no mundo desenvolvido a população idosa goza de um certo desafogo, pois já se libertou da maior parte dos compromissos financeiros que um princípio de vida implica, como a educação dos filhos ou a compra da casa, pelo que pode libertar uma parte considerável do seu rendimento para a atividade turística. Por isso, Ferreira (2006, p. 136), ao referir-se ao turismo sénior, afirma que é com o excedente, isto é, “a parcela de rendimento global que resta quando

94 Dados apresentados num estudo de Cristina Gonçalves publicado na revista de Estudos Demográficos

[acedido online a 6 de outubro 2012]

http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=ine_censos_estudo_det&menuBOUI=1370729 4&contexto=es&ESTUDOSest_boui=106259&ESTUDOSmodo=2&selTab=tab1

95 Segundo Ferreira (2006) encontramos 7 países na Europa que a nível mundial são responsáveis por

mais de metade desses fluxos turísticos: Alemanha, Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Itália e Suécia, mas a concentração é ainda mais evidente nos dois primeiros, isto é, a Alemanha e o Reino Unido que juntos geram 1/3 do efetivo global.

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estão cumpridos todos os compromissos financeiros e satisfeitas todas as necessidades essenciais ao modo de vida quotidiano (…) que se assumem outras opções, como a participação no processo turístico.”

Para além disso, tal como Ferreira (2006) ainda refere, os cidadãos mais idosos têm mais tempo livre e são pessoas que podem viajar em quase todas as épocas, uma vez que já não estão sujeitos aos compromissos que, entre os mais jovens, condicionam os períodos de férias, como o emprego ou a escola das crianças.

Não devemos, no entanto, imaginar a procura do Turismo Acessível excessivamente centrada nos idosos, pois existem todos os outros cidadãos que apresentam necessidades especiais permanentes ou temporárias. Vejamos, por exemplo, o caso das grávidas, que necessitam de certos cuidados, ou as pessoas que se encontram temporariamente limitadas por terem sofrido um acidente ou intervenção cirúrgica ou, inclusive, as pessoas obesas que têm dificuldade em se movimentar e necessitam de condições especiais, nomeadamente autocarros com assentos mais largos, o que raramente acontece96. Os jovens pais com crianças – algumas das quais em «cadeirinha» – também necessitam de apoio e assistência. Por último, as pessoas em que à partida se pensa quando se fala em questões de acessibilidade, mas que nem sempre se consideram em termos de turismo, e que são as pessoas com deficiência- – seja ela de natureza motora, visual, auditiva, cognitiva ou outras (EC, 1996).

No intuito de conhecer melhor o perfil dos potenciais visitantes com deficiência, selecionámos, de entre a literatura disponível, dois estudos realizados em países europeus que seguiremos de perto, cuja população apresenta características bem diversas – a Alemanha e a Espanha. Trata-se de dois estudos que apresentam abordagens completamente diferentes, sendo o caso espanhol de tipo social, enquanto, no estudo alemão, a abordagem apresentada e assumida pelos autores é mais economicista. No entanto, em ambos encontramos posições convergentes: a maioria dos inquiridos tem mais de 65 anos e o seu grau de deficiência é importante. Tais circunstâncias, contudo, não impedem a população abrangida por ambos os estudos de viajar e apreciar as viagens, às quais destinam uma razoável parcela do seu rendimento. A ausência de responsabilidades e compromissos facilita este processo; e a conclusão final é que a quebra de rotina e o divertimento, motivações principais para a prática

96 Alguns autocarros da Carris têm já alguns bancos mais largos que contemplam estas situações e certos

autocarros de turismo apresentam a possibilidade de, através de um mecanismo, alargar o espaçamento entre os bancos, aproveitando, desta forma, o espaço do próprio corredor.

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do turismo, parecem continuar a ser importantes nesta fase da vida, independentemente do estado de saúde e condições de mobilidade dos viajantes.

No estudo sobre as pessoas com deficiência física e o turismo realizado por Gonzalez e Alonso (2004), já anteriormente referido, verificou-se que a maioria dos inquiridos tinha apenas a escolaridade obrigatória, apresentando um nível cultural relativamente baixo, o que terá determinado os destinos por eles visitados.

No que diz respeito ao estado civil dos inquiridos, 49,5 % eram solteiros e 40,5 % casados. A maioria dos entrevistados pertencia a unidades familiares com três elementos (27,2%), havendo também bastantes com quatro elementos (24,4%), outras com dois elementos (22,6%), algumas com cinco ou mais elementos (15,3%) e, por último, a minoria vivia sozinha (10,4%). Isto poderá ter fortes implicações no “fator multiplicador” na viagem, de que nos falam Sancho Silva (2010) e Devile (2009); pode pressupor-se que devemos considerar também o turismo em família, pois estes visitantes raramente viajarão sós.

Neste estudo foi considerado, também, o grau de incapacidade dos inquiridos, tendo-se verificado que metade destes tinha mais do que 75% de incapacidade – o que põe em causa os preconceitos que defendem que as pessoas com alto grau de incapacidade dificilmente viajam. Por outro lado, obriga-nos também a considerar que o meio do destino terá realmente de estar bem adaptado, para que todos eles possam usufruir devidamente da sua atividade turística.

Revela-se sempre importante ter conhecimento dos interesses dos visitantes, para que um destino turístico possa ir ao encontro dos mesmos. As principais motivações para viajar, apresentadas nesse estudo, foram, em primeiro lugar, o divertimento e a fuga da rotina, logo seguida do descanso e do estabelecimento de relações sociais e o desfrute do campo ou da praia. O interesse cultural aparecia apenas num lugar modesto, denunciando as fracas habilitações literárias da população estudada; e, em último, encontravam-se os interesses desportivos.

No estudo da FMET (2004), realizado na Alemanha, com o intuito de conhecer as potencialidades e os impactos económicos do Turismo Acessível nesse país, participaram 4000

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pessoas com deficiência; mais de metade dessas pessoas inquiridas tinha idade superior a 65 anos, ou seja, existia um nítido predomínio da população sénior.

Ao nível do tipo de deficiência, 97% dos inquiridos tinham incapacidade temporária ou permanente, apresentando muitas dessas pessoas incapacidades resultantes de causas múltiplas, das quais se destacam a deficiência física (70,7%) e a doença crónica (52,3%). Mais de 50% dos inquiridos apresentavam um grau de incapacidade de 100%97 – o que não os

impedia de praticar o turismo.

Relativamente aos seus comportamentos como viajantes, neste estudo verifica-se que a frequência de viagens realizadas pelas pessoas com deficiência é praticamente idêntica à da população alemã, em geral, realizando 1,3 viagens longas e 2,3 short-breaks por ano, sendo a duração das viagens destas pessoas apenas meio-dia mais longa do que as da população, em geral.

Outro aspeto importante a ter em consideração é que 2/3 dos inquiridos eram reformados ou não trabalhavam, o que deve ter implicações ao nível do rendimento disponível para viajar. O rendimento médio do agregado familiar era de 2.250,00€, não muito elevado pelos padrões alemães. Mas se, por um lado, o rendimento bruto diminuiu, o rendimento real tende a aumentar: como vimos, muitas das despesas inerentes às fases iniciais da vida, como a compra de casa e a educação dos filhos já foram ultrapassadas, permitindo disponibilizar para o lazer uma parte significativa do rendimento.

Certamente que o facto de não trabalharem também terá fortes implicações relativamente à época ou épocas em que realizam as viagens, pois, uma vez que já não estão ativas profissionalmente, encontram-se libertas para viajar em qualquer altura do ano; no entanto, devemos considerar que, por vezes, o mesmo não se passa com os acompanhantes.

97 Na Alemanha, onde o estudo foi realizado, tal como em Portugal, é atribuída uma percentagem de

incapacidade que, tendo como base a autonomia que essa pessoa apresenta para a realização das suas atividades diárias, permite estabelecer o valor do subsídio que lhes será atribuído pelo Estado. Estes 100% de incapacidade significam que essas pessoas são totalmente dependentes no seu quotidiano, podendo essa incapacidade apresentar características diferentes, dependendo dos diversos tipos de deficiência que possam apresentar.

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Atrevemo-nos a dizer que estes visitantes, diversos na aparência, se assemelham, ao nível das motivações, aos outros turistas, procurando aproveitar ao máximo as suas viagens, fonte de prazer, renovação e entretenimento.

Outra matéria relevante é a análise das estratégias adotadas pelos diversos destinos que competem pela oferta em Turismo Acessível, assunto a que dedicaremos o ponto seguinte.

3.6.2 – Destinos turísticos acessíveis: caminhos e estratégias para o seu desenvolvimento

No trabalho por nós levado a cabo, no que diz respeito às opiniões dos turistas sobre a acessibilidade dos destinos aparece a seguinte questão, que melhor será apresentada na componente empírica desta Tese: qual o destino turístico mais acessível que já visitou? As respostas dos 100 inquiridos visitantes do dia variavam, principalmente, entre vários destinos nos EUA, os países nórdicos, com destaque para a Noruega e, por fim, a Espanha, tendo sido principalmente referida a cidade de Barcelona.

Estes vários destinos foram desenvolvendo diferentes estratégias para se prepararem para o Turismo Acessível. Em alguns deles, foi na esfera do setor privado que tudo começou, como é, por exemplo, o caso da Austrália; noutros foi o poder público que primeiro introduziu medidas orientadoras, que levaram ao desenvolvimento desse tipo de turismo, como é o caso do Brasil, indo de acordo com Almeida (2011, p. 211), que defende que “os estados assumem particulares responsabilidades no planeamento e na sustentabilidade do turismo”. No entanto, há autores que afirmam que “pouca atenção tem sido dada ao papel dos governos no planeamento do turismo, especialmente no caso do Turismo Acessível” (Darcy, Cameron & Schweinsberg, 2012, p. 82); o Brasil constitui assim, um exemplo desse papel orientador e da sua importância.

Outro aspeto importante a ter em atenção é que, em alguns casos de destinos turísticos, o desenvolvimento se deu devido a condições sociais que levaram à necessidade de adaptar os espaços às pessoas com deficiência e depois essa dinâmica extravasou para o turismo. Noutros casos, ao invés, a adaptação deveu-se prioritariamente à oferta turística, que depois foi aproveitada pelos residentes. De qualquer forma, independentemente das estratégias que

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possam ter sido desenvolvidas, o importante é que no final se criaram condições para que os visitantes com deficiência pudessem usufruir da sua atividade turística.

Dever-se-ia partir sempre do princípio de que o contacto com a realidade da deficiência é essencial para um melhor conhecimento das necessidades destes visitantes e, como demonstra o caso espanhol, a colaboração das entidades ligadas às pessoas com deficiência com as entidades responsáveis pela implementação das acessibilidades, ou seja, os Municípios, umas possuindo os conhecimentos práticos essenciais, outras a capacidade planeadora e organizativa, levou a um melhor desenvolvimento dos destinos para o Turismo Acessível.

Verifica-se também a existência, por parte de muitos destinos, de um enorme esforço ao nível da informação, estando muitos deles a trabalhar em rede na participação em projetos europeus, como a Ossate. Este projeto criou check-lists sobre vários aspetos da acessibilidade aplicáveis a hotéis, transportes, museus e restaurantes, permitindo, assim, desenvolver as respetivas acessibilidades. Tem, no entanto, como objetivo principal a acessibilidade ao nível da informação, considerando que

“a complexidade ao nível das necessidades das pessoas requer informação detalhada e fiável (…) e ao dirigirem-se às pessoas com deficiência agora terão mais hipótese de tomar uma posição de liderança neste mercado em crescimento”. (Tveitan, 2012, p. 308)

A informação apresenta-se e é reconhecida como uma área importantíssima para este tipo de turismo, tendo surgido várias estratégias de marketing relacionadas com o uso da Internet, como veremos seguidamente em alguns exemplos.

Os Estados Unidos da América (EUA) apresentam-se na vanguarda dos destinos turísticos acessíveis. Esta posição de vanguarda deve-se certamente ao facto de a sua população ter sido confrontada com familiares e amigos com deficiência adquirida, devido à participação do país nos dois conflitos mundiais e em muitos outros em diversas regiões do Mundo. Atualmente, estima-se que nesse país

“a deficiência afete mais de um terço da população com 55 a 64 anos de idade, atingindo quase dois terços (64%) da população com 75 anos de idade ou mais” (INR, 2011b, p. 25).

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Assim, desde longa data que nos EUA se trabalha para assimilar a deficiência, tendo sido aí que apareceu o conceito do Design Universal. Foram também vários os estudos desenvolvidos nos EUA sobre Turismo Acessível, levados a cabo, por exemplo, pela Open Doors Organization98 (ODO), que em 2002 realizou um estudo nacional que alguns autores consideram como “o maior estudo sobre turismo e hospitalidade para pessoas com deficiência efetuado nos EUA” (van Horn, 2012, p. 65). Esses estudos são sempre grandes contributos para um melhor conhecimento das diversas facetas do Turismo Acessível.

Outros países do Continente Americano, como o Canadá e o Brasil, talvez por influência dos EUA, têm tido grandes avanços nesse campo, tanto ao nível da legislação como de ações de sensibilização desenvolvidas no sentido da implementação e desenvolvimento do Turismo Acessível. Por exemplo, o Brasil apresenta diversos estudos neste domínio, havendo muitos investigadores que se interessam pelo tema. O próprio Ministério do Turismo tem vindo a garantir, através das quatro Cartilhas de Acessibilidade99, a acessibilidade para todos, a adaptação de atividades turísticas e a sensibilização e disseminação de orientações nos mais diversos setores ligados, direta ou indiretamente, à atividade turística.

Noutros continentes, é de grande relevância falar do caso da Austrália, um país que se apresenta, na generalidade, como um destino turístico acessível. Este tipo de turismo apresenta-se, também, como um tema com grande interesse para a comunidade académica australiana, tendo aí sido produzidos muitos estudos e documentos importantes para um melhor conhecimento deste fenómeno, o que potenciou ainda mais o seu desenvolvimento. Parece haver alguma relação (de causa e efeito ou sistémica) entre o desenvolvimento do Turismo Acessível e o interesse nesta matéria por parte da comunidade académica, pois nos

98Inicialmente fundada em 1955 por um holandês, assume-se como uma organização cristã sem fins

lucrativos com o objetivo de proteger as pessoas discriminadas e perseguidas por motivos religiosos. No entanto, mais tarde, no intuito de promover melhores condições de vida para as pessoas com deficiência, desenvolveu interesses ao nível do lazer e da acessibilidade, de tal forma que, atualmente, produz muitos artigos relativos ao tema. Esta organização desenvolveu mesmo programas de certificação das acessibilidades ao nível da aviação, sendo a organização anfitriã da V Conferência sobre

Acessibilidade Universal nos Aeroportos (UAIA) (Chicago, 6 a 9 de outubro 2014).

99 Estas cartilhas dividem-se em quatro temas: Volume I – Introdução a uma viagem de Inclusão; Volume

II – Mapeamento e Planeamento: Acessibilidade em Destinos Turísticos; Volume III – Bem Atender do Turismo Acessível; e Volume IV – Bem Atender no Turismo de Aventura Adaptada. Estas publicações, assim como um Manual de Orientações em Turismo e acessibilidade, podem ser consultados no site: http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/17turismo_acessi vel.html

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países onde esta se debruça mais ativamente sobre este tema ele tem tido, sem dúvida, um maior desenvolvimento.

Segundo Darcy et al. (2012), desde longa data que o governo australiano se encontra envolvido nas questões do Turismo Acessível, mantendo sempre uma grande proximidade com o setor privado como forma de melhorar a contribuição do turismo para a economia. Para além da criação de dois documentos fundamentais, que são o Building Code of Australia