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Anexo IV) de Agente Especial Máster LP, por ter cumprido todas as missões em

Missão 4: O poder das imagens – Parte 1, “Fase 3: Mobilidade urbana”:

3.3 A NARRATIVA DO AVENTURAS E OS ELEMENTOS DA NARRATIVA TRANSMÍDIA

Para analisar a aproximação do Aventuras com os elementos da narrativa transmídia, verificaremos de que modo o universo foi criado e se ele tem potencial para motivar os alunos para a aprendizagem, como a narrativa é contada – se por diferentes mídias e se as partes são autônomas – e se a proposta propicia a participação do público de modo a contribuir para a construção da narrativa.

Para analisar se a narrativa gamificada do Aventuras possibilitou a criação do universo, devemos retomar a transcrição do vídeo de Convocação (p. 133) e as referências a ele. A narrativa do vídeo conta que, em 2032, a Terra está ameaçada por extraterrestres. Conforme indicado anteriormente, as referências ao tipo de narrativa “invasão extraterreste” é conhecida da cultura de massa por meio de livros, séries, quadrinhos, filmes etc.

Entre as referências percebidas em relação à narrativa apresentada estão

Guerra dos mundos, de H. G. Wells e de Orson Welles, MIB - Homens de Preto, de

1997, O Guia do Mochileiro das Galáxias, de 2005, além de referências de franquias como Star Wars e Star Trek.

O enredo é apresentado no vídeo das convocatórias: na Missão 0 do material do professor e nas Convocatórias dos materiais dos alunos. Por esse motivo, essa narrativa deve ser considerada como ponto de partida – obrigatório – para as demais narrativas – das missões.

Em termos de construção da grande narrativa, o Aventuras apresenta características do monomito, mais conhecido como “Jornada do herói”. Conforme a proposta de Campbell (2004), por meio das Convocatórias, o material convida professor e alunos para saírem de um mundo comum e embarcar em uma aventura.

A convocatória narra uma invasão, que deve ocorrer em 10 dias. O professor é convocado a se tornar mestre, enquanto os alunos são convidados a ser tornarem agentes especiais pela AIT, Agência de Inteligência Terráquea, como em MIB. Como missão, eles devem impedir que os dominatoriuns colonizem o planeta (grande missão). A narrativa apresenta os dominatoriuns como seres mais desenvolvidos tecnologicamente, mas, também, como descuidados com o meio

ambiente, tendo como os principais objetivos de invasão os recursos da Terra e a escravização de seus habitantes, como em Guerra dos Mundos.

Para dificultar a ação dos agentes, esses extraterrestres criaram uma “máquina camaleoa”, com a qual assumem a forma que programarem, inclusive a humana. Essa estratégia é, geralmente, utilizada pelo vilão para infiltrar-se, conquistar territórios e espalhar bases inimigas e/ou tomar o controle dos principais meios de comunicação do planeta, como proposto nas atividades de Língua Portuguesa.

Resumidamente, a narrativa indica aos agentes da AIT que eles podem contar com a ajuda do solidariuns, seres extraterrestres que defendem um fórum interplanetário, onde ocorrem discussões sobre como os planetas podem cooperar para superar problemas intergalácticos. Sua missão é impedir a ação dos

dominatoriuns, ajudando os terráqueos a destruir as bases inimigas, defender

territórios e não se deixar manipular pelos meios de comunicação. Os agentes precisam, então, fazer com que a população seja crítica em relação ao que lê e/ou escuta na mídia e não deixar se enganar pelas aparências.

No contexto do material analisado, de Língua Portuguesa, por articular-se à proposta pedagógica, a narrativa apresenta missões que abrangem diferentes gêneros das três esferas jornalística, artístico-literária e divulgação científica, conforme indicado anteriormente. Desse modo, as situações ficcionais criadas propiciam a aproximação dos alunos desses textos e de seus contextos de produção, social, cultural, político, como, por exemplo, no caso da leitura e da produção de nota jornalística, permitindo que, enquanto agentes, os alunos possam atingir os objetivos de suas missões e contribuir com o objetivo dos solidariuns.

Mas, para verificarmos em que medida a narrativa do Aventuras aproxima-se dos elementos da narrativa transmídia, é necessário: conhecer a construção da narrativa relacionando a grande narrativa às narrativas das missões, verificando se há a criação de um universo.

Conforme defendido por Massarolo (2011), a criação do universo narrativo não é centrada em um único personagem, embora dependa da audiência, no caso professor e alunos, que, ao aderirem à convocação, acabam por “inferir a consistência do mundo criado, a coesão dos arcos da história e das personagens em busca de pistas migratórias” (MASSAROLO, 2011, p. 63). Para se criar um

universo, é importante fundamentá-lo por meio de elementos reais como locais, tempos, histórias, vestimentas, linguagens etc. Isto porque criar um universo não é o mesmo que criar uma história. O chamado storyworld contém elementos e experiência que não precisam ser parte de uma única narrativa, mas precisam estar relacionadas aos valores e à concepção do universo criado.

Se o objetivo dos alunos enquanto agentes é o de defender a Terra contra as ameaças de infiltração e controle dos dominatoriuns – o que também pode render-lhes o ingresso na equipe de agentes da AIT e até mesmo a patente de Agente especial máster da AIT –, o caminho a se seguir é o de aventurar-se nas missões, aceitar os desafios e atingir os objetivos.

O encadeamento do material por missões, promove a construção de sentido da narrativa maior e evidencia a serialidade do material, que é apresentada em camadas: segmento, anos, missões, fases e níveis. Conforme visto na análise da gamificação, a sequência de acesso às narrativas está limitada ao ano/série, mas, também, de forma implícita, à sequência numérica das missões.

Para verificar como se dá a integração das narrativas das missões com a grande narrativa apresentada na Convocatória, é importante relacioná-la, sobretudo, às narrativas inicias e finais das missões, verificando se cada missão funciona como uma narrativa autônoma e de que forma esta relação entre a grande narrativa e as narrativas das missões se dá e, em um segundo momento, se e como estão articuladas as narrativas das missões entre si no mesmo ano/série.

Para que essa verificação possa ser feita, segue a transcrição dos áudios das narrativas iniciais e finais das missões dos 6º e 7º anos:

MISSÕES – 6º

E 7º ANOS