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O Brasil e as Danças Circulares Sagradas (DCS)

No documento 2016RodrigoMadaloz (páginas 73-75)

3 PRELÚDIOS DO MOVIMENTO DANÇA CIRCULAR SAGRADA – DE

3.1 Afinal, o que são as danças circulares sagradas?

3.1.4 O Brasil e as Danças Circulares Sagradas (DCS)

A chegada das DCS ao Brasil representou um marco importante para o Movimento, cuja iniciativa de algumas pessoas foi fundamental para a consolidação e expansão das danças. Em 1982, José Hipólito Trigueirinho Netto, popularmente conhecido como Trigueirinho, ex-cineasta e grande interessado pelo hinduísmo, construiu em um terreno doado em comodato, uma comunidade chamada Comunidade de Nazaré, em Nazaré Paulista- SP. Ele vislumbrou esse local nos mesmos moldes da organização de Findhorn. Para auxiliar nas tarefas da comunidade, Trigueirinho convidou Sarah Marriot, que residia em Findhorn há 12 anos, para ser coadministradora. Na época, Sarah tinha 80 anos e durante os anos de 1983 a 1999 cuidou desse trabalho (ESTRÁZULAS, 2007). Por questões pessoais e relacionais, retirou-se da comunidade em 1999, retornou aos EUA, onde faleceu em 2000 com 95 anos de idade.

No ano de 1987, Trigueirinho deixou a Comunidade de Nazaré para fundar a comunidade Figueira, em Carmo da Cachoeira-MG. De 1987 a 1999 os trabalhos na Comunidade de Nazaré foram cuidados e orientados por Sarah Marriot.

A partir de 2005, a Comunidade de Nazaré foi reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Nazaré Uniluz desenvolve atualmente também projetos que envolvem responsabilidade socioambiental, com trabalhos junto à comunidade local, nas áreas de preservação ambiental e de saúde integral. Atualmente, Nazaré Uniluz é também local de estágio prático supervisionado do curso Educação Gaia – Design em Sustentabilidade oferecido pela Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz da Secretaria do Meio Ambiente do município de São Paulo (UMAPAZ) e outros locais, como Rio de Janeiro-RJ e Belo Horizonte-MG, curso que é considerado contribuição oficial para a década de educação para o desenvolvimento sustentável da UNESCO4. Em períodos anteriores acolheu, para estágios semelhantes, alunos da Unipaz e da Unimonte, de Santos, pós-graduandos em Jogos Cooperativos.

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Nazaré Uniluz, ou simplesmente Uniluz, tem a finalidade de proporcionar o desenvolvimento integral do ser humano para a consciência de si mesmo e sua inter-relação com o Todo, inspirando a redescoberta dos valores espirituais na vida diária, da cooperação e do serviço altruísta. Todas as atividades, vivências e cursos oferecidos acolhem a metodologia do “Viver em Grupo” (VG), no qual cada momento existe para que encontremos o sagrado presente no Agora. A ligação da Comunidade de Nazaré à Comunidade de Findhorn ocorreu

em virtude do trabalho desenvolvido por Sarah Marriot, Nazaré tornou-se um local sintonizado com o trabalho de Findhorn. Seus amigos de lá puderam ser recebidos em Nazaré e, desta maneira, alguns deles trouxeram as Danças Circulares Sagradas para o Brasil, deixando em Nazaré fitas K7 com as músicas a serem dançadas e algumas pessoas aptas a conduzir grupos de DCS (LIMA, 2014, p. 64).

No ano de 1984, o brasileiro Carlos Solano Carvalho viajou para Findhorn, na Escócia, onde viveu e residiu por seis meses. Segundo Carvalho (1998), suas primeiras impressões sobre Findhorn foram: “o coração se acelerava à medida em que o ônibus se aproximava do Caravan Park, e as casinhas despontavam ao longe, refletindo a luz do sol [...]” (p. 7). Em Findhorn, Carvalho vivenciou as danças. Ao concluir o curso foi informado que seria o primeiro instrutor de DCS do Brasil. Ao retornar para Belo Horizonte, em 1986, começou a reunir amigos e, juntos, dançavam informalmente. Depois, a paixão pela dança fez com que um trabalho mais organizado, em forma de cursos isolados, depois aulas regulares e promoção de eventos, fosse sendo desenvolvido de forma mais pontual. Conforme Carvalho (1998, p. 9), “foram anos de trabalho nos mais variados ambientes: clínicas, institutos, escolas, empresas, órgãos públicos, praças, universidades, congressos, centros de cultura, não só em Minas, mas em também em outros estados”.

Uma terceira pessoa foi fundamental para a expansão das DCS no Brasil: Renata Carvalho Lima Ramos. Em 1992 participou de seu primeiro workshop na Comunidade de Findhorn: “foi um reencontro com minha alma, com meu ser, e uma reavaliação do nível de Amor existente nos meus encontros com outras almas e com outros seres” (RAMOS, 1998, p. 177). Em 1993, Renata retornou à Fundação Findhorn para realizar o treinamento das DCS. No ano de 1996, ela e Carlos Solano Carvalho, em parceria, organizaram e coordenaram uma viagem de retorno à Escócia com um grupo de vinte e cinco brasileiros para participar do “Festival dos Vinte Anos da Dança Sagrada”.

Renata Ramos é responsável, juntamente com Andrea Leoncini e Sonia Yamashita de Campos Lima, desde 2002, pelo Encontro Brasileiro de Danças Circulares que ocorre em Embu das Artes-SP. Em 2014 ocorreu o XIII Encontro, de 18 a 22 de junho, e, em 2015, o XIV Encontro ocorreu no período de 03 a 07 de junho.

Duas outras pessoas foram importantes colaboradores para a chegada e o firmamento das DCS no Brasil: Gláucia Castelo Branco Rodrigues, que criou o Centro de Estudos Universais (AUM), e Fábio Otuzzi Brotto, cofundador do Projeto Cooperação, que trouxe as DCS de Findhorn apresentando-as na I Clínica de Jogos Cooperativos organizada por ele.

A vinda, em 1995, da focalizadora internacional Anna Barton, por ocasião do primeiro

workshop de DCS organizado por Renata Ramos da Triom Editora e Centros de Estudos, foi

um marco importante para a consolidação das DCS no Brasil.

As DCS ocupam hoje no cenário brasileiro um expressivo e significativo espaço. Aos poucos vem ganhando força enquanto movimento dançante, expandindo-se rapidamente por todos os estados do país. Recorrendo e percorrendo espaços virtuais é possível identificar a ascensão das DCS no Brasil, uma vez que é crescente a realização de festivais, de cursos de formação de focalizadores, encontros, workshops, aulas regulares, vivências em parques, praças, espaços alternativos, academias, entre outros.

No documento 2016RodrigoMadaloz (páginas 73-75)