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2.4 CRESCIMENTO ECONÔMICO E PRODUTIVIDADE

2.4.3 O caso da economia brasileira

O ponto de partida desta Tese consiste na ideia de que o baixo vigor da economia brasileira nas últimas décadas guarda um forte vínculo com a falta de um dinamismo de sua estrutura produtiva no sentido de ampliar a participação relativa e direcionar seus recursos para as atividades econômicas mais modernas, bem como de acumular capacitações

regulamentações em todas as partes da economia que moldam o comportamento das firmas, no sentido de que o quanto as firmas respondem aos incentivos para aumentar a produtividade depende não apenas da capacidade de seus funcionários e sistemas de apoio, mas também do escopo para que elas façam as mudanças necessárias para realizar o potencial produtivo da firma.

tecnológicas. Essa fraca ligação, sobretudo em economias de renda média, incapacita um país de potencializar o crescimento da produtividade e, por consequência, de lograr taxas de crescimento elevadas e sustentadas. O Gráfico 2.6 e a Tabela 2.1 expõem a evolução histórica da taxa crescimento do PIB e do PIB per capita do Brasil.

Gráfico 2.6 – Crescimento real anual e decenal (%) do PIB e do PIB per capita da economia brasileira, 1901-2017

Fontes: Elaboração própria com base nos dados de Haddad (1980), do Sistema de Contas Nacionais e das Estimativas da População 2018 do IBGE.

Notas: MM = média móvel. Dados preliminares do PIB para os anos de 2016 e 2017. Taxa de crescimento real do PIB inicia-se em 1901 e a do PIB per capita em 1902. Para calcular a variação do PIB per capita de 2016 e 2017 extrapolou-se o valor do PIB per capita de 2015 a partir da taxa de crescimento da razão utilizando os dados de população residente das Estimativas da População 2018.

Tabela 2.1 – Taxas anualizadas de crescimento real (% a.a.) do PIB e do PIB per capita, diversos períodos

DÉCADA PIB PIBpc DÉCADA PIB PIBpc

1900 4,41 0,02 1960 5,71 2,73 1910 3,36 0,66 1970 7,78 5,40 1920 5,27 3,73 1980 2,25 0,20 1930 4,99 3,51 1990 2,41 0,91 1940 5,80 3,45 2000 3,26 2,01 1950 7,16 4,03 2010-17 0,45 -0,42

PERÍODO PIB PIBpc PERÍODO PIB PIBpc

1900-1980 5,67 3,07 1981-2017 2,39 0,96

1900-29 4,56 1,74 1981-02 2,41 0,71

1930-80 6,48 3,96 2003-17 2,44 1,42

30-49 5,05 3,14 00-14 3,69 2,61

50-80 7,39 4,46 14-17 -2,03 -2,81

Fonte: Ver gráfico acima.

Notas: Taxas geométricas de crescimento. Por disponibilidade de dados, a taxa de crescimento referente à década de 1900 para o PIB per capita inicia-se em 1901.

Apreende-se da evolução das médias móveis decenais que o PIB e o PIB per capita do país registraram taxas robustas e elevadas de crescimento até o ano de 1980, com uma

-5 0 5 10 15 19 01 19 05 19 09 19 13 19 17 19 21 19 25 19 29 19 33 19 37 19 41 19 45 19 49 19 53 19 57 19 61 19 65 19 69 19 73 19 77 19 81 19 85 19 89 19 93 19 97 20 01 20 05 20 09 20 13 20 17

tendência ascendente de crescimento até o referido ano. Nesse período, houve três grandes episódios de crescimento sustentado (e ininterrupto) do PIB brasileiro de, pelo menos, oito anos consecutivos: (i) de 1919 a 1929 (11 anos) com um crescimento médio anual de 6,23%; (ii) de 1932 a 1939 (8 anos) com um crescimento médio anual de 6,12%; e (iii) 38 anos consecutivos de crescimento (entre 1943 e 1980) a uma taxa média de crescimento de 7,38% ao ano. Ao observar os valores das médias móveis decenais do PIB e do PIB per capita, eles atingem seus máximos em 1977: médias de 9,55% a.a. e de 6,70% a.a., respectivamente.

Enquanto o PIB brasileiro no período 1901-80 cresceu a uma taxa média anual de 5,67%, após o ano de 1980 ele mergulha, crescendo a uma taxa média de 2,39% a.a. até 2017. Posteriormente ao ano de 1980, a média móvel decenal do PIB alcança a sua menor taxa em 2017 (1,59%), inferior à verificada em 1999 (1,75%) e em 1990 (1,67%). Esses dados reforçam os efeitos deletérios da grave recessão da economia brasileira no biênio 2015-16 (com uma taxa acumulada de crescimento negativo de 7,01%), com um crescimento inferior ao da crise da dívida externa e do período de ajustamento macroeconômico. Em relação à média móvel do PIB per capita, ela alcança sua segunda taxa negativa de toda a série histórica77 em 1990 (-0,34%), reforçando o baixo dinamismo da economia no período da crise da dívida. Embora o desempenho médio da economia brasileiro após 1980 contraste com o período anterior, houve um episódio sustentado de crescimento do PIB entre 1993 e 2008 (16 anos), a uma taxa média de 3,47%.

Nesse contexto, a evolução da economia brasileira pode ser apreendida, basicamente, a partir de quatro padrões de desenvolvimento bem distintos e delimitados: (i) modelo primário- exportador (1901 a 1929); (ii) estratégia desenvolvimentista (1930 a 1980); (iii) estratégia neoliberal (1981 a 2002); e (iv) estratégia social-desenvolvimentista (2003-14)78. O primeiro

77

A primeira ocorreu no ano de 1916 (-0,40%).

78 Apesar de se denominar o modelo econômico do período de 2003 a 2014 de desenvolvimentista, existem

dúvidas se ele foi, de fato, desenvolvimentista. Em todo o caso, em decorrência do marco histórico da economia brasileira, faz-se pertinente definir o que viria a ser desenvolvimentismo. De acordo com Fonseca (2014), o conceito de desenvolvimentismo abrange três elementos centrais, quais sejam, a existência de uma estratégia deliberada atinente à trajetória nacional, a intervenção estatal com o intuito de conduzir a nação em conformidade com a trajetória mencionada, e o entendimento de que a industrialização consubstancia-se no caminho para alcançar o desenvolvimento econômico. Ademais, o autor pontua como pressupostos para a aplicabilidade do conceito de desenvolvimentismo a aderência do país ao modo de produção capitalista, bem como a intencionalidade da atuação governamental na promoção do desenvolvimento. Nas palavras do autor (2014, p. 59, itálico do autor): “[...] entende-se por desenvolvimentismo a política econômica formulada e/ou executada, de forma deliberada, por governos (nacionais ou subnacionais) para, através do crescimento da produção e da produtividade, sob a liderança do setor industrial, transformar a sociedade com vistas a alcançar fins desejáveis, destacadamente a superação de seus problemas econômicos e sociais, dentro dos marcos institucionais do sistema capitalista.”. Em relação ao período 2003-14 existe um debate entre caracterização como uma estratégia novo-desenvolvimentista, com sua centralidade na taxa de câmbio para o

padrão é marcado pelo desenvolvimento voltado para fora na esteira do crescimento do comércio internacional dentro da lógica da divisão internacional do trabalho, na qual o Brasil produzia e exportava bens primários e importava os bens de consumo e de capital. Já o segundo padrão é caracterizado pelo processo de substituição de importações, de industrialização e de urbanização da economia brasileira, se estendendo até a crise da dívida externa. Por seu turno, o terceiro padrão é caracterizado pelos efeitos decorrentes da crise da dívida externa e pelo processo de ajustamento macroeconômico, a partir da busca da estabilidade monetária e da implementação das recomendações políticas do Consenso de Washington. Por fim, o quarto padrão de desenvolvimento se caracteriza pela distribuição de renda e preocupação social em um contexto econômico internacional bastante favorável.

O período entre os anos de 1930 e 1980 foi marcado por profundas mudanças de natureza estrutural na economia brasileira, dado o êxito em superar o antigo modelo de desenvolvimento focado basicamente no setor primário, experimentando-se um acelerado processo de industrialização e urbanização. Os estímulos concedidos pelo Estado para o crescimento da indústria, bem como os próprios investimentos públicos, o suporte propiciado ao investimento privado e a atração de capital estrangeiro destacam-se como fatores de grande relevância na explicação das transformações observadas na estrutura produtiva do país à época. Destarte, o referido período pode ser considerado como uma “era desenvolvimentista” no contexto da trajetória brasileira.

Tal ideário desenvolvimentista se esvai, contudo, nas décadas de 1980 e 1990. A partir do segundo choque do petróleo, dadas as elevadas taxas inflacionárias verificadas na economia brasileira, o foco da atuação governamental transfere-se do estímulo ao aprofundamento do processo de industrialização do país para a obtenção da estabilidade de preços. Ademais, as pressões para a realização de ajustes fiscais e nas contas externas que o Brasil passa a sofrer por parte de organismos internacionais no contexto da crise da dívida do início dos anos 1980 contribuiu na explicação do fato de o crescimento econômico ter deixado de ser um dos objetivos precípuos das políticas estatais no período.

Em assim sendo, experimenta-se uma sucessão de planos de estabilização malsucedidos no decorrer dos anos 1980 e início dos anos 1990, sendo que a combinação de um ambiente de profunda instabilidade econômica e das consequências negativas dos planos anti-inflacionários sobre a produção nacional culmina em baixas taxas de crescimento e

crescimento econômico, ou uma estratégia social-desenvolvimentista, centrada no dinamismo do mercado interno.

enfraquecimento da indústria. Além da profunda instabilidade econômica, cabe destacar ainda a instabilidade política inerente ao período analisado, em virtude do processo de transição democrática em curso, o que contribuiu para aumentar a incerteza e, assim, comprometer ainda mais as decisões de investimento.

Adicionalmente, o fato de o Brasil se engajar em um amplo processo de reformas estruturais de cunho liberalizante no início da década de 1990 – alinhadas ao Consenso de Washington – também vem a impactar de maneira perversa sobre o setor produtivo do país, embora tenha trazido ganhos de produtividade em determinados segmentos. Mesmo após a conquista da estabilização de preços com o Plano Real, o crescimento e a industrialização não retomam suas posições prioritárias dentre os objetivos da atuação estatal. A forte preocupação com a manutenção da estabilidade alcançada nos anos que se sucedem ao Plano conduz à promoção de políticas econômicas com o intuito de constranger a demanda agregada, voltadas basicamente ao estabelecimento de elevadas taxas de juros e à valorização cambial. Portanto, o desaquecimento do setor industrial acompanha as baixas taxas de crescimento econômico e os elevados níveis de desemprego característicos das décadas de 1980 e 1990 no país.

Apenas a partir de meados dos anos 2000, consolidada a estabilidade de preços, abre- se novamente espaço para as discussões acerca da necessidade de se elevar as taxas de crescimento do país, tendo também contribuído para essa mudança de perspectiva a alteração político-ideológica decorrente dos resultados das eleições presidenciais em 2002. Com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder, passou-se a verificar uma tentativa de compatibilizar a preservação de baixas taxas de inflação e a preocupação com o ritmo de crescimento da atividade econômica, dos investimentos públicos e da taxa de desemprego. A eliminação da âncora cambial e a adoção do Regime de Metas de Inflação no governo anterior – centrado na manipulação da taxa de juros – como arcabouço para lidar com os níveis de preços possibilitou a manutenção de taxas de câmbio mais competitivas; além disso, com a inflação sob controle, abriu-se espaço para reduções gradativas na taxa básica de juros do país. A partir de bons fundamentos macroeconômicos e de um cenário externo altamente favorável em função da alta nos preços das commodities, verificou-se a ampliação do mercado interno, decorrente de políticas de transferência de renda, elevação sustentada do salário mínimo e expansão do crédito, resultando na elevação do nível do emprego formal e na redução dos níveis de pobreza e desigualdade de renda, ou seja, em um processo de crescimento mais inclusivo. Esse contexto favorável se sustentou a partir da ampliação dos investimentos públicos, que voltam a ter destaque.

Todavia, as ações concretas no sentido de dinamizar e sofisticar a estrutura produtiva do país acabaram se revelando bastante incipientes, ficando circunscritas basicamente aos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento) e a medidas pontuais de isenção fiscal, tendo a intervenção estatal voltado-se primordialmente à promoção de políticas sociais. Com a expansão do mercado doméstico não se conseguiu atender a demanda crescente e houve um vazamento do consumo para fora do país, verificado no descolamento entre a produção industrial e o comércio varejista, sobretudo após a crise financeira de 2009. Nesse cenário, a indústria de transformação continuou a perder importância relativa na estrutura de produção e de emprego e o ganho de participação do setor de serviços se deu fundamentalmente naqueles vinculados ao setor tradicional. O setor produtivo nacional, portanto, continuou a apresentar resultados pouco satisfatórios. Em assim sendo, apesar de se constatarem nos anos 2000 taxas de crescimento econômico em média superiores às das décadas precedentes, as mesmas permaneceram bastante inferiores àquelas concernentes ao período de crescimento acelerado (1930-80).

Entretanto, faz-se pertinente qualificar o crescimento econômico nesse início do século XXI, na medida em que se agrava o ambiente econômico e político ao longo do governo de Dilma Rousseff. Com a reorientação da política econômica no segundo mandato do governo Dilma (que, em realidade, já se inicia ao final de seu primeiro mandato), deixa-se de priorizar a dinâmica do mercado interno. Põe-se em prática, então, um conjunto de medidas de alto custo para atender aos pedidos do empresariado nacional de estímulo à competividade e redução de custos de produção que se manifestam na desvalorização do real, desonerações tributárias, crédito com juros menores, bem como no controle da tarifa de energia elétrica. Tais medidas não encontraram contrapartida do sistema produtivo, tendo apenas aumentado a sua lucratividade, não se mostrando eficaz em termos de crescimento econômico. O impacto negativo nas contas públicas dessas medidas e de outras pautas- bombas no Congresso, o resultado da piora no cenário externo com o fim do ciclo das

commodities e a queda brusca nos preços de produtos importantes exportados pelo país, a

realização de certas manobras fiscais e um ambiente político bastante turbulento e hostil resultaram no processo de impeachment. O Brasil mergulha em uma profunda recessão com ampliação do desemprego, das desigualdades e dos desafios impostos ao setor produtivo.

Nesse contexto, basicamente desde a adoção da estratégia neoliberal de desenvolvimento, a sofisticação do tecido produtivo brasileiro, de modo geral, não vem mostrando grandes sinais de dinamismo e complexidade, e o setor industrial, em particular, vem perdendo participação na economia, tanto em função de fatores conjunturais (elevação

dos preços das commodities, forte demanda asiática por produtos primários, apreciação cambial) quanto estruturais (baixa sofisticação tecnológica da indústria brasileira, inserção regressiva, etc.), sejam eles oriundos do lado da oferta ou do lado da demanda. Desse modo, tanto questões vinculadas à política econômica doméstica quanto aspectos mais gerais associados às mudanças observadas na economia mundial vêm afetando uma estratégia mais ampla de desenvolvimento da estrutura produtiva brasileira e de elevação da produtividade.

Com o intuito de identificar de maneira intuitiva alguns fatores explicativos sistêmicos da evolução do PIB per capita ao longo da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira e da importância da produtividade para o crescimento econômico do país, a variável em questão pode ser decomposta a partir da identidade contábil expressa na equação 2.279:

𝑃𝐼𝐵 𝑃𝑂𝑃≡ ( 𝑃𝐼𝐵 𝑃𝑂) ( 𝑃𝑂 𝑃𝐸𝐴) ( 𝑃𝐸𝐴 𝑃𝐼𝐴) ( 𝑃𝐼𝐴 𝑃𝑂𝑃) (2.2)

onde 𝑃𝐼𝐵 é o produto interno bruto, 𝑃𝑂𝑃 a população total, 𝑃𝑂 a população ocupada, 𝑃𝐸𝐴 a população economicamente ativa e 𝑃𝐼𝐴 a população em idade ativa. Dessa maneira, o PIB per

capita (𝑃𝐼𝐵

𝑃𝑂𝑃) é entendido como o produto de quatro termos: a produtividade do trabalho

(𝑃𝐼𝐵

𝑃𝑂), que sintetiza o comportamento produtivo da economia; a taxa de ocupação ( 𝑃𝑂 𝑃𝐸𝐴) e a

taxa de atividade (𝑃𝐸𝐴

𝑃𝐼𝐴), as quais sintetizam o comportamento de questões socioeconômicas

consubstanciadas, respectivamente, no comportamento do mercado de trabalho e de variáveis socioculturais; e a taxa de participação (𝑃𝐼𝐴

𝑃𝑂𝑃), que sintetiza o comportamento explícito das

mudanças demográficas.

A Tabela 2.2 apresenta as taxas médias anuais de crescimento do PIB, do PIB per

capita, da POP, da PIA, da PEA e da PO nos recortes temporais permitidos pelos dados dos

Censos Demográficos do Brasil desde 194080. Já a Tabela 2.3 expõe, além das taxas médias

79

Esse exercício atualiza, amplia e aprofunda o que foi feito em Bonelli (2005), o qual investiga a importância da produtividade no crescimento do PIB brasileiro de 1940 a 2000. Aqui, por outro lado, investiga-se a importância da produtividade para o crescimento do PIB per capita, empregando uma identidade mais desagregada por incluir dados da população em idade ativa, atualizando os dados do autor com a utilização da referência 2010 do Sistema de Contas Nacionais do IBGE e incluindo o ano de 2010 na análise a partir do Censo Demográfico de 2010.

80 Apesar de que a realização do primeiro Censo Demográfico tenha sido em 1872, o conceito de população

economicamente ativa como se conhece atualmente só foi introduzido no Censo de 1960. Anteriormente, ele e a população ocupada se confundiam. Em relação a essa última, apesar da definição de atividade principal ter sido introduzida no Censo de 1920, não se recomenda utilizar as suas informações para comparações com os resultados dos censos posteriores por algumas questões metodológicas. Em suma, para garantir o maior grau

anuais de crescimento de cada um dos componentes da identidade acima, as contribuições de cada um desses componentes para o crescimento do PIB per capita a partir da decomposição logarítmica81 da referida identidade.

Tabela 2.2 – Taxas anualizadas de crescimento (% a.a.) do PIB, PIB per capita, POP, PIA, PEA e PO, diversos períodos

PERÍODO PIB PIBpc POP PIA 10-59 PEA PO

1940-1950 5,90 3,47 2,35 2,29 1,49 1,49 1950-1960 7,38 4,22 3,04 2,85 2,89 2,89 1960-1970 6,17 3,19 2,89 3,01 2,65 2,58 1970-1980 8,63 6,00 2,48 2,81 3,88 3,72 1980-1991 1,52 -0,40 1,93 2,19 2,78 2,47 1991-2000 2,78 1,14 1,63 2,02 3,18 1,92 2000-2010 3,68 2,48 1,17 1,46 1,90 2,78 1940-1980 7,02 4,21 2,69 2,74 2,72 2,67 1980-2010 2,61 1,01 1,59 1,90 2,60 2,41 1940-2010 5,11 2,83 2,21 2,38 2,67 2,56

Fonte: Elaboração própria com base em dados dos Censos Demográficos de 1940 a 2010 e das Estatísticas Históricas do Brasil. Para o PIB, dados da taxa real de crescimento de Haddad (1980) e do Sistema de Contas Nacionais do IBGE.

Notas: As taxas de crescimento da PEA e do PO nos dois primeiros períodos são idênticas (ver rodapé nº 80). PIA definida como o recorte de 10 a 59 anos por questões de compatibilidade metodológica entre os Censos.

Assim como o PIB e o PIB per capita exibiram um crescimento mais acelerado nas décadas anteriores à de 1980, o mesmo aconteceu com a população total e a PIA e, em menor magnitude, com a PEA e o pessoal ocupado. Em relação às variáveis dependentes exclusivamente da dinâmica demográfica (PIA e POP), além dos seus crescimentos terem sido menor a partir da década de 1980, ele reduz o ritmo com o passar da cada década, embora a desaceleração da PIA venha sendo mais devagar relativamente à população total. Em consequência, a taxa de participação registrou contribuições positivas para o crescimento do PIB per capita desde a década de 1960, apesar de contribuições menores nas décadas mais recentes. Ressalta-se que o crescimento superior da PIA em relação à população total (o chamado bônus demográfico) ocorrido desde a década de 1960, juntamente com questões econômicas, se mostrou importante para o aumento da oferta da força de trabalho, dado que é da PIA que se extrai a força de trabalho. Dessa forma, fez-se possível um crescimento razoável da PEA e da PO, quase superiores a 2% a.a. em todas as décadas.

de comparabilidade intertemporal entre os Censos, utilizam-se aqui as informações desde o de 1940. Para maiores informações, ver IBGE (1990).

81 A decomposição logarítmica consiste em tomar os logaritmos dos valores de cada um dos termos da

identidade trabalhada e subtraí-los em relação a dois períodos distintos e multiplicá-los por cem, resultando na contribuição percentual de cada um dos termos para o crescimento do PIB per capita. Apesar de a taxa de crescimento do PIB per capita ser equivalente à soma das taxas de crescimento dos termos do lado direito da expressão em questão, a decomposição logarítmica garante que ela seja aditiva.

Tabela 2.3 – Taxas anualizadas de crescimento (% a.a.) e contribuições para o crescimento do PIB per capita (%), diversos períodos

PERÍODOS PIBpc PIB/PO PO/PEA PEA/PIA PIA/POP

1940-1950 3,47 4,34 0,00 -0,78 -0,06 - 125 0 -23 -2 1950-1960 4,22 4,37 0,00 0,04 -0,18 - 104 0 1 -4 1960-1970 3,19 3,50 -0,07 -0,35 0,12 - 110 -2 -11 4 1970-1980 6,00 4,73 -0,15 1,03 0,32 - 79 -3 18 6 1980-1991 -0,40 -0,93 -0,30 0,57 0,26 - 232 75 -142 -65 1991-2000 1,14 0,84 -1,22 1,13 0,39 - 74 -108 100 34 2000-2010 2,48 0,87 0,87 0,44 0,28 - 36 35 18 12 1940-1980 4,21 4,24 -0,06 -0,02 0,05 - 101 -1 0 1 1980-2010 1,01 0,20 -0,19 0,69 0,31 - 20 -19 69 30 1940-2010 2,83 2,49 -0,11 0,29 0,16 - 88 -4 10 6

Fonte: Ver fonte da tabela anterior.

Notas: Ver notas da tabela anterior. Adicionalmente, na primeira linha de cada período constam as taxas geométricas de crescimento (em % a.a.), enquanto que na segunda linha constam, em negrito, os resultados da decomposição logarítmica do PIB per capita (em %) totalizando 100%.

No que tange à contribuição das variáveis socioeconômicas (taxa de ocupação e taxa de atividade) para o crescimento do PIB per capita, as variáveis responderam por apenas pequenas contribuições até a década de 1970. Já a partir da década de 1980, elas se contribuíram com maior intensidade. O crescimento da taxa de atividade na década de 1980 mitigou uma queda ainda maior do PIB per capita, além de ter sido verificado também nas décadas seguintes. A taxa de ocupação, por outro lado, contribuiu negativamente para o PIB

per capita nas décadas de 80 e 90, fruto do desemprego e das condições econômicas à época.

Entretanto, ela voltou a crescer na década de 2000 e se mostrou importante para o crescimento do PIB per capita, respondendo por mais de um terço do seu crescimento. O crescimento anual negativo da taxa de ocupação no período 1940-2010 reflete o intenso processo de urbanização verificado no país, e não necessariamente um mercado de trabalho desaquecido.

Não obstante a importância relativa das taxas de ocupação, de atividade e de participação na explicação do comportamento do PIB per capita, é notória a relevância da produtividade do trabalho para o desempenho do PIB per capita em todos os períodos, sobretudo até a década de 1970. Com efeito, o crescimento da produtividade explica praticamente sozinho por todo o crescimento do PIB per capita entre 1940 e 1980. Da mesma forma, o decréscimo do PIB per capita na década de 1980 também tem como fundamental a