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2.2 MUDANÇA ESTRUTURAL E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

2.2.3 Revisão da literatura empírica

As recentes evidências empíricas sugerem que a realocação de trabalhadores entre setores (mudança estrutural) pode ser tanto growth-enhancing quanto growth-reducing, com destaque para a experiência asiática das últimas décadas um representante do primeiro caso e da África e da América Latina do segundo.

Nos últimos tempos, diversos estudos se voltaram a decompor o crescimento da produtividade do trabalho, usualmente em dois componentes: um associado à mudança estrutural (ou “efeito realocação”, o qual captura o efeito da realocação de trabalhadores entre setores) e outro relacionado ao aumento da produtividade dentro dos próprios setores (denominado de efeito intrassetorial ou within). Os referidos estudos, apesar de terem o mesmo objetivo, se diferenciam na escolha do método de decomposição, do período de

investigação, dos países selecionados, da base de dados utilizada, dos setores analisados e da definição do valor adicionado – seja em moedas nacionais constantes, em dólar constante ou em dólar em paridade do poder de compra.

Pieper (2000) analisa 30 países em desenvolvimento nos períodos 1975-84 e 1985-93 (entendidos como períodos pré-crise e pós-crise, respectivamente) com uma divisão da economia em quatro setores: agricultura, indústria, serviços industriais e outros serviços. Seus resultados sugerem que a indústria foi o setor que mais contribuiu para os crescimentos da produtividade e do emprego em ambos os períodos analisados, sendo o setor-chave na explicação da sustentabilidade de diferentes padrões regionais (entre os países latino- americanos e da África Subsaariana de um lado, e países do sul e do leste asiático de outro) na dinâmica dessas variáveis.

Com a mesma metodologia de Pieper (2000), Ocampo, Rada e Taylor (2009) analisam um conjunto de 12 grupos de países (incluindo 57 economias em desenvolvimento e em transição) a partir dos três macrosetores. Ao decomporem o crescimento da produtividade do trabalho no período 1990-2004 os autores encontram que a indústria, assim como em Piper (2000), foi o setor que mais contribuiu para o crescimento da produtividade para a maioria dos grupos de países, sobretudo para os tigres asiáticos (Malásia, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan), China e os países do sudeste asiático. Por outro lado, os autores encontram uma importância relativa do setor de serviços para os países do sul da Ásia, puxado pela dinâmica do efeito intrasetorial da Índia, apesar do efeito realocação também ter apresentado resultados importantes. Adicionalmente, Ocampo, Rada e Taylor (2009) comparam os resultados da Ásia e da América Latina e encontram que a grande diferença do crescimento da produtividade da Ásia em relação à América Latina se deu pelos efeitos within, ao invés dos efeitos de realocação, apesar de que os efeitos tenham sido positivos em ambas as regiões. Além disso, os autores também analisaram a contribuição do crescimento do emprego e encontraram grandes mudanças da agricultura para os serviços (informais ou de baixa produtividade) em todos os 12 grupos de países, enquanto que para a indústria a contribuição foi negativa em sete dos grupos avaliados, culminando na observação de que o setor industrial é o principal motor do crescimento da produtividade, mas não da criação de empregos.

Seguindo Pieper (2000) e Ocampo, Rada e Taylor (2009), Roncolato e Kucera (2014) decompõem os crescimentos da produtividade do trabalho e do emprego em seus componentes setoriais, além dos efeitos within e realocação para uma amostra de 81 países desenvolvidos e em desenvolvimento nos períodos 1984-98 (até a crise asiática) e 1999-2008 (até a crise de 2008) para sete setores: agricultura; indústria extrativa e utilidades; indústria de

transformação; construção; comércio; transportes, armazenamento e comunicação; e outros serviços. Seus resultados indicam que o crescimento agregado da produtividade do trabalho para os países em desenvolvimento tomados em conjunto foi impulsionado tanto pelos serviços quanto pela indústria, apesar das grandes diferenças entre os países (na China, por exemplo, o crescimento da produtividade foi puxado pela indústria de transformação, enquanto na Índia foi pelos serviços). Ademais, os efeitos within no crescimento da produtividade do trabalho foram mais importantes do que os efeitos realocação para todas as regiões investigadas.

Atualizando o trabalho de McMillan e Rodrik (2011), McMillan, Rodrik e Verduzco- Gallo (2014) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho no período 1990-2005 – período no qual os autores argumentam que a globalização exerceu um impacto significativo nas economias em desenvolvimento – de 38 países (sendo 29 em desenvolvimento e 9 de alta renda) a partir de uma estruturação de 9 setores. Os autores argumentam que o grande diferencial no crescimento da produtividade do trabalho entre a Ásia de um lado, e da América Latina e da África, de outro, pode ser explicado pelo padrão do componente de ‘mudança estrutural’ nessas regiões, na medida em que tal componente sustentou o crescimento da produtividade na Ásia (growth enhancing), mas não contribuiu para o crescimento da produtividade (growth reducing) nas outras duas regiões10. Assim, em oposição ao que ocorreu na Ásia nesse período, os empregos na África e na América Latina migraram de setores com produtividade elevada para setores com baixa produtividade. Contudo, os autores também indicam que pós-2000, o componente mudança estrutural passa a contribuir positivamente para o crescimento total da produtividade na África11, enquanto que na América Latina ele continue contribuindo negativamente.

Timmer e de Vries (2009) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho de 9 países latino-americanos e de 10 economias asiáticas no período 1950-2005 a partir de uma agregação em 5 setores: agricultura, indústria de transformação, outras indústrias (extrativa, utilidades públicas e construção), serviços de mercado e outros serviços. Os autores dividem os países em decorrência dos seus períodos de acelerações e desacelerações do crescimento, além de crescimentos moderados. Seus resultados indicam que os três padrões possíveis de

10 Na verdade, enquanto que na decomposição usando médias regionais não ponderadas o efeito mudança

estrutural na América Latina e na África foi bastante forte (-0,88% e -1,27%, respectivamente), na decomposição regional usando médias ponderadas o efeito mudança estrutural tornou-se positivo na América Latina (embora praticamente nulo) e se manteve negativo na África (embora menor). Já na Ásia o componente mudança estrutural tornou-se ainda maior.

crescimento são amplamente explicadas pelo crescimento da produtividade dentro dos setores (e não pela realocação dos empregos para setores mais produtivos). Ademais, os serviços de mercado e a indústria de transformação foram os setores que mais contribuíram durante as fases de crescimento acelerado, com destaque para os serviços de mercado, o que vai ao contrário da visão comum quanto à falta de dinamismo no crescimento da produtividade no setor de serviços. Já nos períodos de crescimento moderado, a indústria de transformação foi o setor que mais contribuiu para o crescimento agregado da produtividade do trabalho.

Timmer, de Vries e de Vries (2015) estendem o trabalho de Timmer e de Vries (2009) ao incluírem a China e países africanos à base de dados, totalizando uma decomposição do crescimento da produtividade do trabalho de 11 países da Ásia, 9 da América Latina e 11 da África nos períodos 1960-75 (que coincide com o boom econômico mundial), 1975-90 (associado a uma mudança radical nas perspectivas econômicas para muitos países latino- americanos e africanos) e 1990-2010. Seus resultados indicam que a expansão das atividades manufatureiras durante o período inicial do pós-2ª Guerra Mundial levou uma elevação na realocação de recursos (mudança estrutural) na Ásia, África e América Latina, mas que tal processo de mudança estrutural ficou paralisado nas duas últimas regiões em meados das décadas de 1970 e 1980. Posteriormente, quando o crescimento se recuperou nos anos 1990 e 2000, os trabalhadores dessas duas regiões se deslocaram de setores com níveis de produtividade abaixo da média para aqueles com níveis de produtividade acima da média (ganhos estáticos de realocação), mas que apresentaram taxas de crescimento da produtividade abaixo da média (perdas dinâmicas)12. Esse padrão de ganhos estáticos, mas perdas dinâmicas na realocação de recursos dentro das economias, é válido para a grande maioria dos países africanos e latino-americanos (onde a atual ausência de contribuição da indústria manufatureira desempenha papel fundamental), mas não para a Ásia.

Ao nível de países, de Vries et al. (2012) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho para os denominados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) a partir de uma base que totaliza 35 setores desde os anos 198013. Seus resultados sugerem que para China, Índia e Rússia a realocação de trabalho entre setores contribuiu para o crescimento da produtividade agregada, mas isso não ocorreu para o Brasil. Contudo, ao distinguirem as decomposições entre atividades formais e informais para Brasil e Índia, os autores encontram uma

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Ainda segundo os autores, esses são setores que, embora apresentem produtividade maior do que grande parte da agricultura, não são tão tecnologicamente dinâmicos e estão ficando para trás da fronteira mundial.

13 O período de abrangência difere entre os países: Brasil (1980-2008), Rússia (1995-2008), Índia (1981-2008) e

contribuição importante do efeito realocação em direção às atividades formais para o crescimento da produtividade brasileira pós-2000 a partir do crescimento da formalização no período em questão, enquanto que o crescimento da informalidade pós-reformas na Índia foi

growth-reducing.

No que concerne à literatura nacional focada na economia brasileira, Bonelli (2002) decompõe o crescimento da produtividade do trabalho da economia brasileira entre 1990 e 2000 a partir de dados de 42 atividades econômicas do Sistema de Contas Nacionais do IBGE. Seus resultados indicam que o efeito mudança estrutural foi fortemente negativo e todo o ganho de produtividade observado na década de 1990 adveio do efeito intrassetorial, isto é, o trabalho migrou para setores de baixa produtividade (serviços e comércio) e não para aqueles de maior produtividade (indústria extrativa, utilidades públicas e, sobretudo, indústria de transformação). O único setor de produtividade elevada que se beneficiou de mudanças no fator trabalho foi o de comunicações. Já os setores de baixa produtividade como a agricultura e a construção contribuíram positivamente para a produtividade agregada por conta das suas participações no emprego terem se reduzido entre 1990 e 2000. Ademais, o crescimento da produtividade foi concentrado em setores que, com exceção da agricultura, apresentam baixos níveis de emprego.

Já Carvalheiro (2003) decompõe o crescimento da produtividade do trabalho em três componentes durante os anos 1990 (nos subperíodos 1990-94, 1994-98 e 1998-2000) utilizando informações de valor adicionado e de pessoal ocupado do Sistema de Contas Nacionais do IBGE agregando os 42 setores tanto em três macrossetores quanto conforme a intensidade no uso de fatores. O autor verifica, em linhas gerais, que as mudanças na estrutura do emprego não contribuíram para aumentar a produtividade do trabalho no período analisado, pelo contrário, pois a mão de obra se transferiu de setores mais produtivos e com maior crescimento da produtividade para setores menos produtivos e com menor crescimento da produtividade. Segundo o autor, o crescimento da produtividade agregada do trabalho poderia ter sido quase o triplo daquela realmente observada se não fossem as mudanças na estrutura da ocupação da força de trabalho reveladas pelos efeitos estático e dinâmico negativos, onde tais efeitos negativos foram ainda mais acentuados na indústria.

Por sua vez, Squeff e De Negri (2013) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho (razão valor adicionado pelas ocupações) da economia brasileira em dois componentes utilizando dados do Sistema de Contas Nacionais – referência 2000, composto por 56 atividades econômicas, no período 2000-09, usando a média do período como ponderador. Para deflacionar o valor adicionado os autores, ao invés de utilizarem como base

os preços de um determinado ano, utilizaram os preços médios do período 2000 a 2009. Squeff e De Negri (2013) constatam que no período de estagnação (2000-05), o componente estrutural contribuiu para o aumento da produtividade do trabalho agregada, mas a taxa de crescimento da produtividade dentro das atividades foi negativa, enquanto que entre 2005 e 2009 tanto o componente estrutural quanto o intrassetorial foram positivos e praticamente iguais a 1,1% a.a. e 0,8% a.a., respectivamente. Ademais, a dinâmica da produtividade do trabalho total (estagnação entre 2000-05 e crescimento médio de 1,9% a.a. entre 2006-09) ocorreu em função do comportamento do setor de serviços. Em adição, como o componente estrutural foi maior que o componente intrassetorial, os resultados dos autores contradizem aqueles obtidos por McMillan e Rodrik (2011).

Bonelli (2014) decompõe o crescimento da produtividade do trabalho da economia brasileira no período 1995-2012 (em diferentes subperíodos) também usando a média do período como ponderador a partir de dados do Sistema de Contas Nacionais do IBGE. O autor encontra que a mudança estrutural foi importante para os ganhos de produtividade em 1999- 2004. Já os ganhos intrassetoriais foram relevantes em todos os subperíodos, exceto entre 1999-2004. Do ponto de vista setorial, a agropecuária, a indústria extrativa mineral, os serviços industriais de utilidade pública e a intermediação financeira foram os principais destaques em termos de crescimento da produtividade período 1995-2012, enquanto todos os setores de serviços (exceto os de intermediação financeira e, em menor medida, as atividades imobiliárias e aluguéis) contribuíram para puxar o crescimento da produtividade agregada da mão de obra para baixo.

Firpo e Pieri (2016) investigam o crescimento da produtividade do trabalho no período 1950-2005 para os três macroessetores utilizando dados do GGDC. Segundo os autores, o Brasil experimentou uma mudança estrutural no período 1950-80 (explicando cerca de 40% do crescimento da produtividade), diversificando e industrializando sua economia, mas, nas décadas seguintes, o papel da mudança estrutural para explicar o crescimento econômico apresentou um alcance limitado. Adicionalmente, Firpo e Pieri (2016) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho usando rendimentos individuais como proxy a partir de microdados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílios) no período 1993- 2008 dividindo a economia em 8 setores. Em nível setorial, os autores encontram que os setores que registraram os maiores aumentos de produtividade (que não foi o caso da manufatura, mas da agricultura e da mineração) foram aqueles que experimentaram níveis crescentes de escolaridade e diminuição da informalidade a taxas mais rápidas que os demais setores, explicando a importância do papel do crescimento intrassetorial para a produtividade

agregada do Brasil14. Em sua análise, os autores ainda explanam que as reformas econômicas direcionadas à abertura comercial da economia brasileira na década de 1990 podem não ter sido relevantes para o componente ‘mudança estrutural’15

, mas que provavelmente foi o principal motivo na explicação do forte crescimento do componente intrassetorial no período pós-1995, enquadrando o crescimento da economia brasileira como um exemplo de limite superior ao crescimento, na medida em que sem o processo de liberalização o cenário teria sido ainda pior para a produtividade e para o crescimento econômico.

Ainda existem trabalhos que voltam a investigação para dentro de atividades econômicas específicas, na medida em que a economia brasileira é caracterizada pela sua grande heterogeneidade também dentro dos setores16.

Rocha (2007) mensura a contribuição da mudança estrutural para o incremento da produtividade da indústria brasileira (extrativa e de transformação) em alguns subperíodos entre os anos 1970 e 2001 (com dados dos anos de 1970, 1980, 1985, 1996 e 2001), valendo- se de dados de valor de transformação industrial (VTI) e de pessoal ocupado dos Censos Industriais e da Pesquisa Industrial Anual (PIA), ambos do IBGE. O autor chega às seguintes conclusões: (i) não existe nenhuma evidência de que a indústria brasileira tenha revertido a tendência de desaceleração das taxas de crescimento da produtividade a partir do final da década de 1980 (em oposição aos resultados de Bonelli, 2002); (ii) não há evidência de uma influência positiva do chamado “bônus estrutural”, dado que a mudança estrutural ter contribuído negativamente para o crescimento da produtividade na maioria dos subperíodos examinados; e (iii) a criação de empregos no período esteve concentrada em setores com baixo crescimento da produtividade e que, a partir de 1985, os setores de baixo crescimento da produtividade incrementaram substancialmente sua participação no emprego total.

Já Jacinto e Ribeiro (2015) decompõem o crescimento da produtividade do trabalho no setor de serviços entre 1996 e 2009, a partir de diversas metodologias, utilizando informações do Sistema de Contas Nacionais e da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) e comparam os resultados com os da indústria. Os autores indicam que as divisões que compõem o setor de

14 Os autores concluem que como a indústria de transformação não foi o setor mais dinâmico, então parece que

as políticas desenhadas para proteger o setor industrial não foram muito efetivas para o crescimento da produtividade agregada da economia brasileira (p. 268).

15 O raciocínio, segundo os autores, seria que a abertura pode atrapalhar uma economia em desenvolvimento e

mantê-la especializada em setores com vantagens comparativas, mas com baixos níveis de produtividade do trabalho (p. 268).

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Para o leitor interessado, citam-se, além de Rocha (2007) e Jacinto e Ribeiro (2015): Kupfer e Rocha (2005), Holland e Porcile (2005) e Aldrighi e Colistete (2013). Esses últimos trabalhos decompõem o crescimento da produtividade do trabalho dentro da indústria. Para além do estudo da economia brasileira, as referências são Fagerberg (2000), Timmer e Szirmai (2000) e Peneder (2003).

serviços são bastante heterogêneas, e que o setor como um todo foi produtivo no período em questão, além de a evolução de sua produtividade ter sido positiva, enquanto que a da indústria foi negativa. Adicionalmente, não encontraram evidências favoráveis para a existência da doença de custos no Brasil no período 2002-09, uma vez que a produtividade dos serviços cresceu mais que na indústria, particularmente nos serviços prestados às empresas17. Quanto aos resultados da decomposição, os autores avaliam que enquanto em ambos os setores a dinâmica da produtividade foi, em geral, explicada pelo comportamento intrassetorial, por outro lado, nos serviços (ao contrário da indústria), encontrou-se um efeito positivo de realocação de mão de obra para setores mais produtivos para a dinâmica da produtividade. Com isso, os autores descartam a possibilidade da explicação do baixo desempenho da produtividade da indústria de transformação no período por conta da mudança estrutural em direção ao setor de serviços.

Apesar de diferentes metodologias (escolha dos períodos-base e da quantidade de efeitos decompostos) e base de dados, um ponto em comum em todos esses trabalhos resenhados acima, seja os internacionais ou os nacionais, é que as estimações das decomposições do crescimento da produtividade do trabalho são feitas a partir de dois anos, utilizando apenas um ano inicial e outro final. A vantagem dessa escolha é a necessidade de dados de produto e de emprego setoriais em apenas dois anos. Entretanto, essa escolha ignora todos os dados entre os dois anos analisados, o que pode vir a influenciar os resultados da decomposição, sobretudo quando o período analisado for muito longo, as produtividades setoriais do trabalho e as participações do emprego flutuarem ao longo do tempo e não seguirem uma tendência monotônica de crescimento durante o período em questão. Outro ponto em comum dos trabalhos resenhados é a escolha por um método específico de decomposição (escolha dos períodos-base e da quantidade de efeitos decompostos). Entretanto, dependendo da dinâmica dos dados, os resultados de uma decomposição podem diferir bastante (em magnitude e em sinal) dos resultados de outros métodos de decomposição. Por fim, os exercícios de growth accounting podem ser bastante sensíveis ao nível de agregação dos dados utilizados, recomendando-se, nesse tocante, trabalhar com a maior desagregação setorial possível.

17 Os autores complementam que a dinâmica da parcela dos serviços no consumo intermediário da indústria de

2.3 ARMADILHAS DO DESENVOLVIMENTO E A CAPACIDADE DE