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4.5 RESULTADOS: DECOMPOSIÇÕES DO CATCH-UP TECNOLÓGICO

4.5.1 Período 1972-1980

O primeiro dos períodos avaliados (1972-80) pode ser considerado como de ampla convergência. Todos os países da amostra obtiveram sucesso em reduzir os seus gaps tecnológicos em relação à fronteira (Tabela 4.4). Os processos mais intensos de catching-up ocorreram na Indonésia, Brasil, Holanda e Itália, que viram suas produtividades relativas crescerem a taxas anuais superiores a 3%. Já as menores taxas (inferiores a 1% ao ano) foram percebidas na China, México, Reino Unido, África do Sul, Argentina e Índia.

Em relação aos componentes da decomposição, o efeito ‘intrassetorial’ foi o que mais contribui para os processos de convergência de todos os países (exceção feita à Indonésia), indicando que a redução do gap tecnológico setorial em relação ao desempenho verificado na fronteira foi o que mais contribui para a redução do gap agregado. Ademais, todas as economias registraram contribuições positivas desse efeito, embora em diferentes intensidades, com destaque para as economias avançadas, que apresentaram um resultado, na média, maior do que o das economias emergentes. Logo, todos os países conseguiram empreender esforços domésticos para reduzir suas distâncias tecnológicas em relação à fronteira nesse período, sobretudo pela redução dos seus gaps no nível setorial.

Tabela 4.4 – Resultados da decomposição no primeiro período (1972-80) PAÍSES E GRUPOS COD. Taxa média anual de catch-up

Contribuições de cada um dos efeitos à taxa de catch-up (em pontos percentuais) Especialização

inicial

Intrassetorial Mudança estrutural

Total Catch-up Movim.

fronteira Total Total estática Estática Movim. fronteira Total dinâmica Dinâmica Movim. fronteira Economias avançadas 2,2% -0,05 2,52 2,66 -0,14 -0,28 -0,10 -0,10 0,00 -0,18 -0,18 0,01

Coreia do Sul KOR 2,2% -0,40 3,14 3,24 -0,09 -0,56 0,44 0,47 -0,03 -1,00 -1,01 0,02

Dinamarca DNK 1,0% 0,59 1,03 1,15 -0,12 -0,58 -0,53 -0,54 0,02 -0,05 -0,05 0,00 Espanha ESP 2,9% 0,06 2,91 3,02 -0,11 -0,12 -0,11 -0,12 0,01 -0,01 -0,01 0,00 França FRA 2,1% -0,21 2,56 2,67 -0,12 -0,26 -0,25 -0,25 0,01 -0,01 -0,02 0,00 Holanda NLD 3,4% -0,77 4,61 4,97 -0,36 -0,45 -0,10 -0,08 -0,02 -0,34 -0,34 0,00 Itália ITA 3,2% 0,25 3,29 3,33 -0,04 -0,37 -0,34 -0,35 0,00 -0,03 -0,03 0,00 Japão JPN 2,6% -0,04 2,64 2,72 -0,08 -0,04 -0,04 -0,02 -0,01 0,00 0,00 0,00 Reino Unido GBR 0,5% -0,32 1,08 1,31 -0,23 -0,26 -0,15 -0,17 0,02 -0,11 -0,14 0,02 Suécia SWE 1,9% 0,35 1,42 1,56 -0,14 0,11 0,16 0,16 0,01 -0,06 -0,06 0,00 Economias emergentes 1,5% -1,03 1,84 2,05 -0,21 0,67 0,91 0,95 -0,04 -0,24 -0,25 0,01

África do Sul ZAF 0,6% -1,47 1,95 2,23 -0,28 0,13 0,23 0,21 0,02 -0,10 -0,10 0,00

Argentina ARG 0,8% 0,04 1,07 1,17 -0,10 -0,36 0,08 0,12 -0,04 -0,45 -0,45 0,01 Brasil BRA 3,7% -0,20 3,75 3,87 -0,12 0,11 0,55 0,58 -0,04 -0,44 -0,46 0,02 Chile CHL 1,3% -1,42 2,26 2,63 -0,36 0,50 0,77 0,75 0,02 -0,27 -0,28 0,01 China CHN 0,2% -0,40 0,70 0,92 -0,22 -0,10 -0,09 -0,09 0,00 -0,01 -0,01 0,00 Índia IND 1,0% -0,33 1,70 1,86 -0,17 -0,40 -0,35 -0,38 0,03 -0,05 -0,05 0,00 Indonésia IDN 3,9% -3,85 2,11 2,28 -0,17 5,68 6,20 6,57 -0,37 -0,52 -0,52 0,00 México MEX 0,3% -0,61 1,15 1,42 -0,27 -0,23 -0,12 -0,14 0,02 -0,11 -0,12 0,01

Notas: Os países estão ordenados por ordem alfabética dentro de cada grupo ao qual pertence. Os resultados para cada um dos dois grupos (economias avançadas e economias emergentes) referem-se à média dos valores dos seus respectivos países.

Outro padrão que se configurou no período foi a contribuição negativa do componente ‘especialização inicial’ para grande parte das economias consideradas, sendo maior nas economias emergentes (apenas a Argentina registrou contribuição positiva). Isso indica uma especialização desses países em setores que os Estados Unidos registraram os menores ganhos de produtividade no período. Contudo, em outros setores, apesar de um baixo grau de especialização, os países conseguiram reduzir a distância tecnológica em relação à fronteira (captado pelas contribuições positivas do componente ‘intrassetorial’), mais do que compensando a contribuição negativa do componente ‘especialização inicial’, contribuindo positivamente para as taxas de catch-up. Por outro lado, algumas economias (Dinamarca, Espanha, Itália, Suécia e Argentina) registraram contribuições positivas tanto do componente ‘especialização inicial’ quanto do ‘intrassetorial’, isto é, se beneficiaram por apresentar uma especialização inicial naqueles setores em que líder tecnológico moveu a fronteira com maior rapidez e, ao mesmo tempo, por apresentar capacidades domésticas suficientes para absorver esse progresso técnico da fronteira. Com isso, eles aproveitaram a onde tecnológica de melhorias a partir da economia líder e conseguiram elevar suas produtividades setoriais, reduzindo o gap agregado.

Quanto ao componente ‘mudança estrutural’, enquanto a maioria das economias avançadas registraram contribuições negativas, grande parte das economias emergentes exibiram contribuições positivas, indicando para essas últimas a importância do papel da realocação de trabalho no processo de desenvolvimento. Adicionalmente, os países emergentes apresentaram, em geral, contribuições positivas do componente ‘estático’, mas negativas do componente ‘dinâmico’. Isso sugere que, nesses países, o trabalho tende a ser absorvido por setores que já alcançaram um nível de catch-up acima da média no período inicial, mas que não foram capazes de manter essa distância em relação à economia líder ao longo do tempo. Já para as economias avançadas, tanto o componente estático quanto o dinâmico da mudança estrutural contribuíram negativamente para a redução do gap agregado.

O Gráfico 4.6 identifica a contribuição de cada uma das atividades consideradas modernas para o crescimento da taxa de catch-up tecnológico de cada uma das economias analisadas. Apreende-se que, em geral, a indústria de transformação foi a atividade que mais contribuiu para a redução do gap tecnológico em relação aos Estados Unidos (em 9 das 17 economias), exibindo uma associação estatisticamente significativa. As maiores contribuições do setor foram verificadas na Itália (2,87%), Espanha (1,93%) e Coreia do Sul (1,86%). Contudo, a indústria manufatureira registrou contribuiu negativa no Chile, México, Argentina

e Reino Unido. Em relação ao Brasil, os serviços empresariais e a construção foram as atividades que mais contribuíram para a taxa de catch-up agregada.

Gráfico 4.6 – Contribuições setoriais para a taxa de catch-up, por país, 1972-80 (em p.p.)

Notas: Os países estão ordenados de forma descendente em relação à taxa de catch-up tecnológico agregado. C=indústria extrativa, D=indústria de transformação, E=utilidades públicas, F=construção, I=serviços de transporte, JtK=serviços empresariais.

Como o efeito ‘intrassetorial’ foi o mais preponderante para os processos de convergência de praticamente todos os países, o Gráfico 4.7 apresenta os desempenhos setoriais para esse resultado geral. Agora, a indústria extrativa, juntamente com a indústria de transformação, foram as atividades mais dinâmicas para ampla maioria dos países (para oito e sete deles, respectivamente). As maiores contribuições da atividade extrativa foram verificadas na Holanda (2,8%) e no Chile (2,2%), enquanto que da atividade manufatureira foram na Itália (2,2%) e Indonésia (1,6%). No Brasil, os serviços empresariais (1,0%) foram a atividade que mais contribuiu para reduzir o gap em relação à fronteira tecnológica, seguida de perto pela construção e pela indústria de transformação.

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

IDN BRA NLD ITA ESP JPN KOR FRA SWE CHL DNK IND ARG ZAF GBR MEX CHN

Gráfico 4.7 – Contribuições setoriais para o crescimento do componente intrassetorial, por país, 1972-80 (em p.p.)

Notas: Ver gráfico anterior.