• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2- OS ESTUDOS INTERACIONAIS: AS CONTRIBUIÇÕES DE ERVING GOFFMAN

2.1. O conceito de imagem após Goffman: principais considerações

As contribuições de Goffman (1967), precursor nos estudos acerca da interação verbal, serviram como base para trabalhos posteriores sobre a imagem e os procedimentos voltados para a sua manutenção em diferentes interlocuções. Dentre as teorias fundadoras, das quais

52 Tradução nossa da versão original em espanhol: Toda persona vive en un mundo de encuentros sociales, que la

compromete en contatos cara a cara o mediatizados con otros participantes. En cada uno de estos contatos tende a representar lo que a veces se denomina una línea, es decir, un esquema de actos verbales y no verbales (GOFFMAN, 1967, p.13, grifos nossos).

surgiram inúmeros trabalhos relativos à interação, vale ressaltar as contribuições de Brown e Levinson (1987[1978]), cuja obra intitulada Impoliteness: some universals for language usage aborda a cortesia de modo bastante aprofundado. Nesse estudo, os autores partem de algumas noções apresentadas por Goffman (1967), tais como a de face, trabalho de face e cortesia, procedendo à elaboração de um modelo de análise interacional. Os conceitos de “face” e de “territórios do eu”, postulados por Goffman (1967) são utilizados pelos autores e renomeados, respectivamente, como face positiva e face negativa.

• Face positiva: consiste na imagem social que os interlocutores requerem para si e que gostariam que fosse aceita e valorizada pelos demais participantes da interação. • Face negativa: diz respeito ao desejo de não imposição e da necessidade de liberdade de

ação.

De acordo com os teóricos, todo falante nativo de uma língua apresenta uma face, positiva e negativa e é dotado de racionalidade. Trata-se de uma pessoa modelo (MP). Para Brown e Levinson (1987[1978]), as noções de face e de cortesia são categorias universais, fato que contribui para questionamentos em torno de questões que envolvem a importância dada à imagem social, assim como com a preocupação com a liberdade de ação e o desejo de não imposição em diferentes culturas. De fato, aquilo que é considerado relevante em se tratando de face positiva e negativa é variável e depende de fatores culturais. Há culturas em que prevalecem relações de distanciamento, assim como aquelas em que a aproximação entre os falantes é a norma. Desse modo, as noções de face positiva e negativa geram controvérsias.

Haverkate (1994) apresenta as seguintes considerações em torno das noções de face positiva e negativa, desenvolvidas por Brown e Levinson (1987[1978]).

A imagem de cada ser humano se compõe de dois fatores complementares, marcados em termos positivo e negativo. O primeiro designa a imagem positiva que o indivíduo tem de si mesmo e que aspira a que seja reconhecida e reforçada pelos outros membros da sociedade. O segundo se refere ao desejo de cada indivíduo de que seus atos não se vejam impedidos pelos outros (HAVERKATE, 1994, p. 18).53

O autor ressalta, ademais, a relevância da personalidade humana, no que diz respeito ao trabalho de face empreendido pelos interlocutores, na acepção de Brown e Levinson (1987[1978]), ao longo das interações verbais:

53 Tradução nossa da versão original em espanhol: La imagen de cada ser humano se compone de dos factores

complementarios, marcados con los términos positivo y negativo. El primero designa la imagen positiva que el individuo tiene de sí mismo y que aspira a que sea reconocida y reforzada por los otros membros de la sociedad. El segundo se refiere al deseo de cada individuo de que sus actos no se vean impedidos por otros (HAVERKATE, 1994, p.18).

É inerente a essa visão que a personalidade humana é um objeto sagrado cuja violação não deve ficar impune. A sanção é o conflito, ou seja, um tipo de interação marcada, apreciada negativamente por ir contra as normas geralmente aceitas. Para evitar que se produza essa situação, os interactantes buscam um equilíbrio, intentando proteger sua própria personalidade, assim como a do outro (HAVERKATE, 1994, p. 19).54 A problematização em torno da face e dos modos pelos quais os interlocutores avaliam a imagem veiculada na interação é abordada por diversos autores, tais como: Culpeper (1996; 2011), Spencer-Oatey (2008), Bravo (2005), dentre outros. Assim, diversas críticas destinadas à concepção etnocentrista acerca das faces, postuladas no modelo de análise de Brown e Levinson (1987[1978]), emergiram de estudos sobre a (des) cortesia. Para Spencer-Oatey (2008), a face configura uma categoria social e, portanto, passível de variação:

A face é um conceito intuitivamente significativo para as pessoas, mas difícil de definir com precisão. Sua preocupação com o senso de valor, dignidade e identidade das pessoas está associada a questões como respeito, honra, status, reputação e competência (SPENCER- OATEY, 2008, p.27).55

Assim, Spencer-Oatey (2008) considera a face sob o ponto de vista social, na medida em que, para a autora, a imagem constitui-se de elementos relativos à dignidade, à identidade e à honra, sendo concebida, além disso, de modo intuitivo pelos falantes. Ademais, é importante acrescentar que a face está relacionada à reputação e à competência para essa autora.

Cabe assinalar que Spencer-Oatey (2008) considera que o termo “face” enfatiza o aspecto individual na interação, ao passo que segundo a autora, o termo rapport management (gerenciamento harmônico da imagem) inscreve a imagem na relação entre um “eu” e o “outro”. No que se refere à gestão da face (face management), empreendida pelos interactantes, a autora assinala que a linguagem não é somente empregada de modo a manter ou ameaçar as relações sociais de interlocução, mas dá suporte a aspectos relativos a regras sociais e metas interacionais.

No entanto, eu uso o termo gerenciamento de relacionamento em vez de gerenciamento da face, porque seu escopo é mais amplo: como o gerenciamento da face, ele examina o modo como a linguagem é usada para construir, manter e / ou ameaçar relacionamentos sociais, mas, como explicado abaixo, inclui a gestão dos direitos da socialidade e objetivos interacionais. Além disso, o termo "face" parece

54 Tradução nossa da versão original em espanhol: Es inherente a esta visión que la personalidad humana es un

objeto sagrado cuya violación no suele quedar impune. La sanción es el conflito, o sea, un tipo de interacción marcado, valorado negativamente por ir en contra de las normas generalmente aceptadas. Para evitar que se produzca esta situación, los interactantes buscan un equilíbrio, intentando proteger su propia personalidade, así como la del otro (HAVERKATE, 1994, p. 19).

55 Face is a concept that is intuitivelly meaningful to people, but one that is difficult to define precisely. Its concern

with people’s sense of worth, dignity and identity, and is associated with issues such as respect, honour, status, reputation and competence[...] (SPENCER- OATEY, 2008, p.27).

focar-se em preocupações pessoais, enquanto o gerenciamento de relacionamento sugere um maior equilíbrio entre si e o outro (SPENCER- OATEY, 2008, p. 25).56 A noção de face à luz de uma abordagem social – segundo a qual a imagem é resultado de um trabalho de coprodução – pautada na importância das relações interpessoais, perfaz, assim, os estudos mais recentes em torno da imagem na interação.

Ao redefinir a noção de face, Culpeper (2011) parte da concepção de imagem postulada por Spencer-Oatey, segundo a qual há três componentes que a constituem: a qualidade da face (quality face), a identidade social da face (social identity face) e a face constituída por relações sociais (relational face). A qualidade da face diz respeito a qualidades pessoais, isto é, nossas habilidades, aparência, ou tudo o que se refira ao âmbito individual. A identidade social da face e o terceiro tipo apresentado dizem respeito ao âmbito social e coletivo, respectivamente, ou seja, aos papéis sociais assumidos pelos indivíduos na interação. Diante do exposto, nota-se a importância dada, nos estudos mais recentes, ao papel das relações interpessoais e de colaboração na constituição da face e no percurso interpretativo acerca da imagem, realizado pelos interactantes.

A concepção de imagem, como um princípio universal, foi abordada por diversos teóricos. Para Kerbrat-Orecchioni (2006), a face e a cortesia configuram-se em princípios universais, embora, para a autora, trate-se de fenômenos eminentemente variáveis em termos culturais.

E é também por isso que a polidez é um fenômeno universal, como é universal a importância atribuída ao território e à face, nas relações interpessoais como nas relações entre os países [...] Mas esse fenômeno universal apresenta aspectos bastante diferentes, segundo as culturas e as sociedades[...] (KERBRAT-ORECCHIONI, 2006, p.102).

Para Bravo (2005), cujos estudos problematizaram, sobretudo, o fato de que a face assume, na interação, contornos de ordem sociocultural, relacionados, portanto, a contextos específicos de interação, a face é um fenômeno universal, embora varie devido a contingências socioculturais. Isso significa que, segundo a autora, há que se analisar a face levando-se em consideração que as necessidades variam entre diferentes esferas sociais e culturais. Brown e Levinson (1987[1978]) cujos estudos valorizaram, sobremaneira, a importância da face

56 Tradução nossa da versão original em inglês: However I use the term of management rapport rather then face

management because its scope is broader: like face management, it examines the way that language is used to constructo, to mantain and/or to threaten social relationalships but, as explained below, its also includes the management of sociality rights and interactional goals. In addition, the term “face” seems to focus on concerns for self, whereas rapport management suggests a greater balance between self and other (SPENCER- OATEY, 2008, p. 25).

negativa e da necessidade de liberdade de imposição, sustentam a concepção de que, em todo evento interacional, há duas faces em ameaça – as quais se busca salvaguardar: a face positiva, que consiste na necessidade dos falantes de terem sua autoimagem social aceita pelos demais, assim como a face negativa, que reside no desejo de manter o território pessoal, isto é, o âmbito privado livre de quaisquer ações que o cerceiem, como já ressaltamos.

No entanto, segundo Bravo (2005), importa observar os efeitos sociais, positivos ou negativos, no tocante à aprovação da autoimagem pública, bem como da liberdade de possíveis coerções. Para Bravo (2005), a concepção de face positiva e negativa não contempla – de modo efetivo – variações culturais relativas ao que é priorizado e o que não é, em termos de imagem, não podendo, pois, ser “traduzida” da mesma maneira em diferentes esferas sociais e culturais:

Uma das afirmações que mais problemas causaram na hora de interpretar efeitos sociais de cortesia em corpora situados tem sido assumir que os aspectos da imagem social, o negativo (necessidade de não oposição nas ações) e o positivo (necessidade de aprovação da personalidade e de que se compartilhem os próprios desejos e pontos de vista) têm um caráter transcultural. Essa afirmação tem sido discutida por nós em vários de nossos trabalhos anteriores, nos quais sustentamos que a imagem social tem uma configuração sociocultural particular a um determinado grupo ou sociedade e que não pode traduzir-se tão somente a outros contextos, mas sim determinar quais são os contextos socioculturais que fazem parte dessa configuração. Mediante essa justificativa, utiliza-se uma nova denominação para esses aspectos (autonomia e afiliação), que, ao nosso ver, tem uma maior capacidade explicativa. A imagem de autonomia e a afiliação não são autoexplicativas e, por isso, constituem categorias vazias a ser preenchidas com os contextos socioculturais que correspondam a cada caso (BRAVO, 2005, p.25).57

Desse modo, partindo das noções de aproximação e de distanciamento de Durkheim58, Bravo (2005) renomeia as faces positivas e negativas, postuladas por Brown e Levinson (1987[1978]), atribuindo-lhes as categorias de autonomia e de afiliação:

57 Tradução nossa da versão original em espanhol: Una de las afirmaciones que más problemas han causado a la

hora de interpretar efectos sociales de cortesía en corpus situados ha sido asumir que los aspectos de la imagen social, el negativo (necesidad de no imposición en las acciones) y el positivo (necesidad de aprobación de la personalidad y de que se compartan los propios deseos y puntos de vista) tienen un carácter transcultural. Esta afirmación ha sido discutida por nosotros en varios de nuestros trabajos anteriores, en los cuales sostenemos que la imagen social tiene una configuración socio-cultural particular para un determinado grupo o sociedad y que no puede trasladarse sin más a otros contextos, sino que es necesario determinar cuáles son los contextos socio- culturales que forman parte de esa configuración. Con esta justificación se utiliza una nueva denominación para estos aspectos (autonomía y afiliación), que a nuestro entender tiene una mayor capacidad explicativa. La imagen de autonomía y la de afiliación no son auto-explicativas y por eso constituyen categorías vacías a ser rellenadas con los contextos socio-culturales que correspondan en cada caso (BRAVO, 2005, p. 25).

58 Tradução nossa da versão em espanhol: Además, puede oscurecer el peso de la dicotomía vislumbrada por

Durkheim, y también la tensión continua entre dos necesidades polares básicas de la personalidad humana: distancia y cercanía respecto de los otros. En sus contactos con la deidad, el hombre necesita mantener al dios en la distancia, marcar una diferencia categórica entre lo humano y lo divino. De igual manera, y éste es uno de los paralelos fundamentales, durante los contactos interpersonales, cada individuo necesita ser percibido como algo diferenciado del grupo. Esta necesidad básica está en contraposición constante con una necesidad opuesta, la necesidad de comunión del hombre con la deidad. En los encuentros humanos, esto se traduce en la necesidad de ser percibido como parte del grupo, el segundo paralelo crucial. Fant y Bravo entendieron que lo que está en juego

De maneira decisiva, fez-se observar que, apesar da proximidade conceitual entre esses termos e as categorias estipuladas por Brown e Levinson, a autonomia não necesariamente equivale à ausência de imposição à liberdade de ação e ao direito ao domínio do território próprio, e que a afiliação nem sempre implica que os desejos próprios sejam aprovados pelos outros (BRAVO, 2005, p.41).59

Assim, a autonomia consiste, segundo Bravo (2005), no distanciamento ou na necessidade dos sujeitos de assumirem um papel autônomo em relação a um grupo, ao passo que a afiliação equivale à aproximação dos interlocutores com o grupo. Há que se observar que essas categorias não têm significados equivalentes às noções de face positiva e negativa. Em outras palavras, afiliação e autonomia60 não consistem, necessariamente, na necessidade de aprovação social ou de liberdade de imposição, respectivamente, em razão de configurar categorias cujos efeitos são variáveis, consoante contingências socioculturais. São, portanto, categorias conceituais distintas, que, entretanto, atuariam, segundo a autora, de modo mais abrangente, no que diz respeito à análise do trabalho de face. Trata-se de categorias “vazias” ou “virtuais”, cujos significados são preenchidos pelo contexto cultural, conforme suas idiossincrasias.

Uma das afirmações que mais problemas causaram no momento de interpretar os efeitos sociais de cortesia em corpora situados foi assumir que os aspectos da imagem social, o negativo (necessidade de não imposição nas ações) e o positivo (necessidade de aprovação da personalidade e de que se compartilhem os próprios desejos e pontos de vista) têm um caráter transcultural. Essa afirmação foi discutida por nós em vários trabalhos anteriores, nos quais sustentamos que a imagem social tem uma configuração sociocultural particular para um determinado grupo ou sociedade e que não se pode traduzir, sem mais, a outros contextos, mas sim se torna necessário determinar quais são os contextos socioculturais que fazem parte dessa configuração. Com essa justificativa se utiliza uma nova denominação para esses aspectos (autonomia e afiliação), que, ao nosso entender, tem maior capacidade explicativa. A imagem de autonomia e a afiliação não são autoexplicativas e, por isso, constituem categorias vazias a ser preenchidas com os contextos socioculturais que correspondem a cada caso (BRAVO, 2005, p. 25). 61

puede conceptuarse con los términos generales de autonomía y afiliación, en estrecha correspondencia con la distancia y la comunión que perfiló Durkheim (COBÓS, 2014, p.40).

59 Tradução nossa da versão em espanhol: De manera decisiva, hicieron ver que a pesar de la cercanía conceptual

entre estos términos y las categorías estipuladas por Brown y Levinson, la autonomía no necesariamente equivale a la ausencia de imposición a la libertad de acción y el derecho al dominio del territorio propio, y que la afiliación no siempre involucra que los deseos propios sean aprobados por otros (BRAVO, 2005, p.41).

60 Tradução nossa da versão em espanhol: Fant y Bravo entendieron que lo que está en juego puede conceptuarse

con los términos generales de autonomía y afiliación, en estrecha correspondencia con la distancia y la comunión que perfiló Durkheim. De manera decisiva, hicieron ver que a pesar de la cercanía conceptual entre estos términos y las categorías estipuladas por Brown y Levinson, la autonomía no necesariamente equivale a la ausencia de imposición a la libertad de acción y el derecho al dominio del territorio propio, y que la afiliación no siempre involucra que los deseos propios sean aprobados por otros (CURCÓ, 2014, p. 42).

61 Tradução nossa da versão original em espanhol: Una de las afirmaciones que más problemas han causado a la

hora de interpretar efectos sociales de cortesía en corpus situados ha sido asumir que los aspectos de la imagen social, el negativo (necesidad de no imposición en las acciones) y el positivo (necesidad de aprobación de la

Em seu estudo acerca da imagem, assim como dos modos pelos quais operam as concepções de face positiva e negativa em comunidades de fala em que a imagem de grupo se apresenta sobremaneira importante na dinâmica das interações, a saber, em culturas orientais, Cobos (2014) procede à análise do gerenciamento da imagem à luz de parâmetros socioculturais que, segundo a autora, perfazem quaisquer tipos de avaliações que se fazem em torno do que é priorizado pelos interlocutores em se tratando da imagem: a autonomia em relação a um determinado grupo ou a afiliação a ele.

No plano teórico, a noção tradicional de imagem pública segundo consideram Brown e Levinson (1987) tem sido questionada severeramente em, pelo menos, dois sentidos. Por um lado, tem-se insistido que se trata de uma concepção ocidental centrada de maneira excessiva no indivíduo e não pode dar conta de muitos comportamentos verbais em sociedades não ocidentais (COBOS, 2014, p.44).62

Nesta pesquisa, consideramos que, na interação, há, com efeito, uma orientação defensiva no sentido de proteger-se de possíveis sanções, conforme os postulados de Goffman (1967) e Brown e Levinson (1987[1978]), assim como o desejo ou a necessidade de aprovação de uma autoimagem pública. Não obstante, assim como Bravo (2005), compreendemos que o desejo de liberdade de imposição, bem como a necessidade de aprovação da imagem, em termos sociais, varia culturalmente.

Deste modo, considerar-se-ão a autonomia e a afiliação como categorias que ora promovem o distanciamento, ora a aproximação. Distanciamento nos casos em que o locutor busca assumir contornos próprios em relação ao seu grupo, ou o oposto, no caso, a necessidade de pertencer a um dado grupo com o qual o locutor comunga as mesmas visões de mundo e concepções ideológicas, fato que pode produzir relações de aproximação com o grupo.

Em se tratando da face, procedemos à consideração de algumas noções postuladas por Spencer-Oatey (2008) e Culpeper (1996; 2011), segundo as quais a face constitui-se, na interação, da confluência de fatores diversos, tais como: a identidade, a honra, o status, assim como a reputação e a competência. Além desses aspectos, consideramos que a face se afigura

personalidad y de que se compartan los propios deseos y puntos de vista) tienen un carácter transcultural. Esta afirmación ha sido discutida por nosotros en varios de nuestros trabajos anteriores, en los cuales sostenemos que la imagen social tiene una configuración socio-cultural particular para un determinado grupo o sociedad y que no puede trasladarse sin más a otros contextos, sino que es necesario determinar cuáles son los contextos socio- culturales que forman parte de esa configuración. Con esta justificación se utiliza una nueva denominación para estos aspectos (autonomía y afiliación), que a nuestro entender tiene una mayor capacidad explicativa. La imagen de autonomía y la de afiliación no son auto-explicativas y por eso constituyen categorías vacías a ser rellenadas con los contextos socio-culturales que correspondan en cada caso (BRAVO, 2005, p.25).

62 Tradução nossa do original em espanhol: En el plano teórico, la noción tradicional de imagen pública según la

plantearon Brown y Levinson (1987) ha sido cuestionada severamente en al menos dos sentidos. Por un lado, se ha insistido en que se trata de una concepción occidental centrada de manera excesiva en el individuo y no puede dar cuenta de muchos comportamientos verbales en sociedades no occidentales (COBOS, 2014, p.44).

na interação como uma categoria histórica e social. A concepção de face é perfilada, ademais, por elementos relacionados ao entorno: os papéis sociais desempenhados nas relações de interlocução.

Nessa direção, consideramos, no presente estudo, a necessidade de adotar uma nova terminologia – mediante a qual a noção de face seja compreendida, de modo mais abrangente, à luz desses fatores. Desse modo, denominamos a junção desses elementos – e o desejo de que essa imagem veiculada pelas manifestações discursivas seja aceita – como autoimagem

pública: “A preocupação com o senso de valor, dignidade e identidade das pessoas e está

Outline

Documentos relacionados