• Nenhum resultado encontrado

poder político e econômico que, historicamente, marcaram o Brasil (PANG, 1979, p 19).

4 AS FORMAS DE CONTROLE DA INFORMAÇÃO DO GRUPO DE ACM

4.1 O CONTROLE DA INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DO ESTADO

Conforme referido no capítulo 2, a informação pública / governamental num estado democrático nos remete às noções de direito à informação e de transparência administrativa e, conseqüentemente, ao de opacidade e das respectivas gradações entre estes dois pólos (JARDIM, 1999, p. 51).Como vimos no capítulo 3, os gastos com propaganda / publicidade governamental são sonegados à população, uma vez que nas prestações de contas ao Legislativo encontram-se camuflados em outras rubricas que não as determinadas nos artigos 37 e 27 das constituições Federal e Estadual.

Este mesmo tipo de mecanismo era usado também para esconder outras informações, como os montantes referentes ao pagamento do custeio da dívida do Estado, que ultrapassava

em muito os 11,5 por cento da Receita Corrente Líquida, determinado pela legislação22. Da mesma forma eram camuflados, também, os gastos com patrocínio de artistas e de festas, como o Carnaval, por exemplo, em que o Estado, com o argumento de atrair turistas, promoveu um verdadeiro festival de distribuição de recursos para entidades carnavalescas privadas, escolhidas por critérios políticos, e que já cobram altos valores de seus participantes. Era o caso da empresa estatal de turismo, a Bahiatursa, em que os gastos nesta área vinham embutidos na rubrica “ações de promoção cultural”, na prestação de contas, como demonstram os relatórios do TCE de 2000 a 2005.

Acostumada a dividir com a Secretaria de Cultura e Turismo, à qual era vinculada, a promoção das atividades culturais no estado, a Bahiatursa teve uma atuação bastante controversa nos governos do grupo de ACM. Em novembro de 2005, em meio à avalanche de denúncias de corrupção contra o PT e o governo Lula, enquanto ACM e seu grupo apresentavam-se, em Brasília, como paladinos da moralidade pública, na Bahia o Tribunal de Contas do Estado (TCE), pela primeira vez nos últimos 16 anos, divulgava um relatório contundente sobre os gastos públicos do governo Paulo Souto. A auditoria, realizada pelo conselheiro Pedro Henrique Lino de Souza, ex-integrante do grupo carlista e indicado para o cargo pelo ex-governador César Borges, em março de 1999, comprovou diversas irregularidades nas contas do estado, a exemplo dos contratos firmados entre a Bahiatursa, a agência de publicidade Rede Interamericana/Propeg, do publicitário e amigo Fernando Barros, e organizações não-governamentais, formadas por servidores públicos.

O documento do TCE apontou uma movimentação, entre 2003 e abril de 2005, do montante de R$ 101 milhões por meio de uma conta bancária não registrada no sistema de controle do Erário público. Ou seja, quase o dobro dos R$ 55 milhões, movimentado pelo publicitário Marcos Valério no chamado escândalo do mensalão. Parte desse recurso, R$ 48,1 milhões, segundo o relatório do TCE, foi depositado na conta 0800-1, do Bradesco, em nome da Rede Interamericana/Propeg, A conta que movimentou todo esse recurso não estava registrada no Sistema de Informações Contábeis e Financeiras (Sicof) nem no Sistema de Gestão de Gastos Públicos (Sigap), que controlam e fiscalizam os gastos públicos na Bahia (FORTES, 2005, p. 24 - 29).

Segundo afirmou o conselheiro no seu relatório, o caminho do dinheiro configura um esquema clássico de caixa 2, que funcionava da seguinte forma: a Bahiatursa recebe recursos do Tesouro estadual e os repassa para pagamento de despesas e transferências para empresas

22 Informações prestadas por Emiliano José durante entrevista concedida à autora desta Dissertação, em 26 de novembro de 2006.

privadas ou organizações não-governamentais por meio de convênios. Uma das ONGs beneficiadas é a Oficina de Artes, que segundo o TCE, recebeu da Bahiatursa, via Rede Interamericana/Propeg, R$ 10,5 milhões. Criada com o objetivo de fomentar atividades artísticas e culturais, ações de conscientização turística e organização de eventos artísticos e culturais, a ONG, na prática, produz instrumentos musicais de plástico para jovens de baixa renda do centro histórico de Salvador. Os cinco sócios da ONG e dois membros do seu Conselho Fiscal, no entanto, pertenciam aos quadros da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado à qual estava vinculada a Bahiatursa. Uma das sócias era Maria de Fátima Dantas Gaudenzi, irmã do secretário de Cultura e Turismo e ex-presidente da Bahiatursa, Paulo Renato Dantas Gaudenzi (FORTES, 2005, p. 24 - 29).

O relatório aponta outras irregularidades, como o apoio da Bahiatursa para a campanha Amigos da Escola, da Rede Globo, para a qual doou nada menos que R$ 2,25 milhões. Há também patrocínio para uma série de eventos, a exemplo do concurso de Miss Bahia 2005, apoio à participação de artistas plásticos na V Bienal di Roma e nas comemorações dos 101 anos de Mãe Menininha do Gantois. Nada, porém, chama mais a atenção do que a malversação dos recursos destinados à implantação do Museu Rodin, em Salvador, que somaram R$ 3,7 milhões. O festival de irregularidades começa com o pagamento de uma consultoria de Feng Shui (antiga ciência chinesa capaz, em tese, de localizar diferentes tipos de energia em um ambiente), compra de camisa de grife para o engenheiro responsável pela obra de reforma da casa onde será instalado o futuro museu, pagamento de hospedagem em fim de semana, na Praia do Forte para representantes do Museu Rodin de Paris, compra de cadeira em couro natural por R$ 1,8 mil e pacotes de despesas superfaturadas com empresas de fotocópias. Além disso, somente o aluguel da casa onde será instalado o museu custava, mensalmente, aos cofres públicos R$ 2,6 mil. A reforma do casarão, localizado no elegante bairro da Graça, teve um custo, até aquele momento, de R$ 30,1 mil (FORTES, 2005, p. 24 - 29).

A revista Época anunciou a mesma reportagem no seu site por duas semanas. Na

edição de 10 de outubro de 2005, com a chamada “Bahia: ONG que tem sete funcionários públicos em seus quadros recebeu dinheiro do governo – página 43”. Mas nada de texto. Na edição de 17 de outubro, a mesma chamada, mas para a página 37. Novamente, nada foi publicado ou veiculado sobre o assunto. Ouvido pelo repórter, Leandro Fortes, da revista

Carta Capital, o editor-chefe da revista, David Friedlander, negou qualquer interferência

externa para evitar a veiculação da matéria. Disse que nas duas edições não houve espaço para a publicação do texto e que depois ele mesmo resolveu retirar o material por considerar

“falhas na apuração”. A revista nunca publicou a matéria (FORTES, 2005, p. 24 - 29). A revista Época é uma publicação da Editora Globo.

A auditoria do TCE estranha também o volume de recursos estaduais destinados à agência de publicidade Propeg. Para o conselheiro Pedro Lino, as relações do governo do estado com a agência baiana são bastante generosas. Em 1999, a Propeg assinou um contrato de R$ 40 milhões para prestação de “serviços de comunicação”, durante a gestão do ex- governador César Borges. Em 22 de dezembro de 2000, um termo aditivo prorrogou o contrato original para mais 12 meses e acrescentou mais R$ 2 milhões aos valores iniciais. Em 10 de agosto de 2001, quando a Propeg gerou a empresa irmã Rede Interamericana, outros dois aditivos jogaram o prazo de vigência do contrato para mais três anos. Com isso, a agência teve outros R$ 25 milhões disponibilizados. Somente da Bahiatursa, a Propeg abocanhou, nos quatro primeiros meses de 2005, 62 por cento de todos os recursos da estatal, que durante este mesmo período gastou 94,55 por cento do seu orçamento anual (FORTES, 2005, p. 24 - 29).

A resposta do governo do Estado para o TCE explica, por si só, a tênue fronteira que separa o público e o privado na Bahia. Em entrevista a Carta Capital, o então secretário da Fazenda, Albérico Mascarenhas, que era também presidente do Conselho de Administração da Bahiatursa, admitiu que a conta 0800-1 em nome da Propeg não estava registrada nos sistemas de fiscalização e justificou que “isso ocorria por conta de uma tradição de duas décadas”, porque essa conta recebe os repasses de aumento de capital da Bahiatursa desde 1988, contabilizados como despesa “para evitar dupla tributação”. Quanto aos repasses para entidades, como a Oficina das Artes e a Fundação Museu Rodin, Mascarenhas alegou que se baseou numa resolução unânime do TCE, que, em 2004, posicionou-se favoravelmente ao mesmo expediente, utilizado pela Prefeitura de Ilhéus para repassar recursos para paróquias da Igreja Católica.

A utilização de mecanismos desse tipo, no entanto, só era possível em função de dois fatores. O primeiro é o controle que ACM exercia sobre os conselheiros do TCE, conforme demonstrado no Capítulo 3. Dos sete conselheiros do Tribunal, apenas dois não foram indicados por ele e pelo seu grupo político. Embora pudessem exercer o direito de votar em separado, a posição desses conselheiros, Filemon Matos e França Teixeira, não reverteria o resultado da votação das contas do Executivo Estadual, que sempre foram aprovadas pelos outros cinco membros. Em 2003, a dupla de conselheiros passou a contar com o voto de Pedro Lino, que rompeu com o carlismo. Ainda assim, ACM continuou com a maioria dos votos do TCE.

O segundo fator refere-se à fiscalização dos deputados estaduais que não tinham acesso aos sistemas de controle e fiscalização das contas públicas no decorrer do exercício. A senha de acesso ao Sistema de Informações Contábeis e Financeiras (Sicof), fornecida aos parlamentares logo após a conclusão do processo de informatização da Secretaria da Fazenda, no início do governo Waldir Pires, em 1987, foi alterada e negada aos deputados estaduais, quando ACM assumiu o governo da Bahia pela terceira vez, em março de 199123.

Desde então, a execução orçamentária do Estado não era acompanhada e fiscalizada, como deveria, pelos parlamentares. A luta dos deputados estaduais para obter a senha de acesso durou mais de 15 anos e contabiliza lances novelescos. Depois de diversas tentativas frustradas de entendimento, os parlamentares de oposição decidiram recorrer à justiça, impetrando um mandado de segurança contra o governo. Também controlado durante anos por ACM, o Tribunal de Justiça (TJ), que jamais se pronunciara sobre a questão, comprovou, na prática, sua independência, conquistada nas eleições diretas para a Presidência do TJ e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em 2002, conforme registrado no Capítulo 3, e, em 16 de dezembro de 2004, decidiu favoravelmente aos deputados. A sentença foi publicada no Diário Oficial da Justiça, de 16 de fevereiro de 2005, mas a Procuradoria Geral do Estado recorreu da decisão, através de um embargo de declaração, alegando que, para entregar a senha, o governo teria que promover algumas alterações para torná-lo mais seguro24.

No dia 13 de abril, os deputados contestaram os argumentos e pediram o cumprimento da sentença. Em outubro, porém, a Secretaria da Fazenda propõe um acordo, no qual se compromete a disponibilizar, a partir de janeiro de 2006, uma senha ao presidente da Assembléia Legislativa que, por sua vez, fica responsável em organizar um local para instalação de um terminal de computador e fornecer as condições necessárias para o acesso dos deputados. Nos primeiros 30 dias, os parlamentares só teriam acesso ao primeiro dos três estágios da contabilidade pública, ao empenho, que se refere à contratação de serviço ao Estado.

Decorrido este prazo, os deputados, então, teriam também acesso aos estágios da liquidação, que corresponde à fase da entrega dos serviços, e ao pagamento, quando se dá a quitação de débito com os prestadores dos serviços. Além disso, o acordo previa também a entrega de uma senha individual para cada deputado, a partir de janeiro de 2007, quando a Secretaria da Fazenda já teria concluído os procedimentos técnicos necessários à

23 Informações prestadas por Sérgio Gaudenzi durante entrevista à autora desta Dissertação, em 2 de agosto de 2006. 24 Informações prestadas por Emiliano José durante entrevista à autora desta Dissertação, em 26 de novembro de 2006.

modernização e segurança do sistema. O acordo foi homologado na justiça, em 12 de dezembro de 200525.

O que parecia um avanço nas relações entre o Executivo, comandado pelo governador Paulo Souto, e o Legislativo estadual, no entanto, não passou de um engodo para que o processo judicial fosse extinto. O então presidente da Assembléia Legislativa, deputado Clóvis Ferraz (PFL), nunca instalou o terminal de acesso na Casa nem disponibilizou a senha para os deputados que continuaram sem poder acompanhar a execução do orçamento até o fim do governo Paulo Souto26. Vale destacar que, no âmbito federal, o sistema de controle das contas públicas, o Siaf, pode ser acessado por qualquer deputado, do seu próprio gabinete, desde o início do governo FHC.

A quebra de acordos com outras instâncias de poder para alcançar um determinado objetivo não é um fato isolado na prática do grupo. Em julho de 1999, na guerra fiscal que empreendeu com o Rio Grande do Sul para trazer a sede da montadora Ford para a Bahia, ACM e seu grupo utilizaram-se de expediente semelhante com o governo federal, alterando o artigo 12 da Medida Provisória 1.740/32, que concedia incentivos ficais para as empresas do setor automotivo que se instalassem no Norte, Nordeste e Centro Oeste do país. ACM tentou, mas não conseguiu que o presidente Fernando Henrique Cardoso prorrogasse o prazo de adesão das montadoras para 31 de dezembro de 1999, com vistas a incluir a Ford. Irritado com a recusa, utilizou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), relator da MP, para fraudar a versão do texto que havia sido enviado pela Casa Civil, incluindo a chamada “Emenda Ford”. Por outro lado, aproveitando da desarticulação do governo, obteve a adesão do vice- líder do governo na Câmara, deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ), que mentiu ao informar no plenário que o Palácio do Planalto havia concordado com a mudança. A MP foi, então, aprovada com maioria folgada, 290 votos a favor, com o esdrúxulo adendo: foi votada com dois artigos 12, o que havia sido preparado pela Casa Civil e o que tinha sido incluído por Aleluia. Quando o governo soube da armação, não teve pulso para enfrentar o então presidente do Senado e sua tropa de choque (EVELIN; PEDROSA; FILGUEIRAS, 1999).

Se práticas como essas contradizem o discurso da moralidade pública, o mesmo acontece com o discurso do grupo sobre o crescimento do Estado. No vácuo entre a realização dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1990 e 2000, o discurso de crescimento econômico e social da Bahia encontrou grande ressonância na população, sobretudo, pela ação da mídia controlada por ACM, dos órgãos de imprensa de

25 Informações prestadas por Emiliano José durante entrevista à autora desta Dissertação, em 26 de novembro de 2006. 26 Idem.

circulação nacional dos seus amigos e da máquina da propaganda / publicidade governamental. Com a divulgação dos primeiros resultados do Censo 2000, a falsa idéia de crescimento, disseminada ao logo dos 10 anos anteriores, começou a ruir.

Os números apurados pelo IBGE e amplamente divulgados pela mídia seguiam na contramão do que vinha sendo difundido pelo grupo. Até então, só eram divulgados no Estado os dados positivos para o governo, verificados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), que depois do Censo de 2000, passou também a divulgar os dados do IBGE. Embora não se possa comprovar a manipulação desses dados, as evidências sugerem que, ao longo desse período, além de sonegados à população, os números não refletiam o discurso da propaganda / publicidade governamental. Diversos veículos de imprensa, registravam, inclusive nacionalmente, a discrepância do que era apregoado pelo grupo com o cenário que se desenhava a partir da divulgação da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), do IBGE, conforme registra a Folha de São Paulo, inclusive com chamada da capa:

Diversamente do cenário pintado pelos adeptos do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os últimos dez anos de administração carlista na Bahia (1991 -2001) aprofundaram a desigualdade na distribuição de renda, colocaram mais trabalhadores na informalidade e atrasaram o crescimento econômico do Estado. [...]. De 1992 a 1999, período em que a Bahia foi governada por ACM, Paulo Souto e César Borges, o décimo mais pobre da população baiana ficou ainda mais pobre.[...] O décimo mais abastado da população elevou sua participação na renda de 46,7% para 47,1%. [...] Entre 1990 e 2000, o produto interno bruto do país registrou uma variação de 30,1%. Nesse mesmo período, a economia da Bahia cresceu apenas 26,6%. (GRAMACHO, 2001, p. A5).

A mesma distorção é registrada pela revista Isto É:

A sedutora Salvador do Farol da Barra e da multidão dançante que sai atrás do trio elétrico no Carnaval é só alegria. Um pouco mais distante da orla, a cidade do axé está longe da folia. Confinada em grandes áreas de miséria, a Salvador que não aparece nos roteiros turísticos tem altas taxas de desemprego, violência e baixa qualidade de vida. A capital baiana é uma expressão cabal da concentração de renda no País. Os indicadores econômicos divulgados nos últimos dias mostram que o prefeito Antônio Imbassahy (PFL) está longe de combater a pobreza e a miséria. Com o objetivo de elaborar um índice de preços com abrangência nacional, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) pesquisou o rendimento dos brasileiros em 12 principais capitais do País. [...]. De acordo com a FGV, 80% dos trabalhadores de Salvador recebem de um a oito salários mínimos, uma das piores distribuições de renda da pesquisa. Para completar, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou números que colocam em xeque a qualidade da administração do

grupo carlista, que há pouco mais de dez anos controla o governo do Estado e há quatro, o da capital (FILGUEIRAS, 2001a)

Na mesma ocasião, o jornal A Tarde também passa a destacar os indicadores sociais apurados em pesquisas de órgãos habilitados:

A Bahia é o Estado que tem os piores índices sociais do Brasil e abriga 13,67% dos 23 milhões de indigentes do País, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento. Esse foi o dado que mais chamou a atenção do relator especial da comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, que esteve em Salvador para discutir com a sociedade civil a situação da fome (SAMPAIO, 2002, p. 3).