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poder político e econômico que, historicamente, marcaram o Brasil (PANG, 1979, p 19).

PROPRIETÁRIOS Emissora da Rede Bahia, sua composição

Itabuna TV Santa Cruz 04.11.86

acionária é formada por: César Mata Pires (genro de ACM) e Antonio Menezes (ex- deputado e sócio da família de ACM). A

concessão foi dada quando ACM era ministro das Comunicações. **

Itabuna TV Cabrália 1987 *

Retransmissora da Rede Mulher, administrada pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Vitória da Conquista TV Sudoeste 08.01.88

Integrante da Rede Bahia de Comunicação. Pertence a Luís Eduardo Magalhães Filho,

Carolina Magalhães Guinle e Paula Magalhães Gusmão. A concessão foi dada

quando ACM era ministro das Comunicações**

Teixeira de Freitas TV Sul Bahia 05.05.86

A concessão foi dada por ACM quando era ministro das Comunicações a Timóteo Alves Brito (ex-prefeito e correligionário

de ACM). Transmitia a programação da Rede Record até a Igreja Universal comprar a Rede. Depois disso foi vendida

ao publicitário Nizan Guanaes e a João Augusto Marques Valente e retransmite hoje a programação da emissora Canção Nova, de São Paulo, da ala carismática da

Igreja Católica. Fonte: Pesquisa da autora

Notas:: * Data/ano da inauguração; ** Emissoras que integram hoje a Rede Bahia de Comunicação Quadro 5 - Emissoras de TV aberta na Bahia

5.3.1 Retransmissoras e TV por assinatura

Paralelamente à rede de emissoras, geradoras de rádio e TV aberta, que distribuiu para familiares, amigos e correligionários baianos, ACM ampliou significativamente para a TV Bahia, o número de estações retransmissoras (RTVs) - tipo de emissoras / repetidoras que têm o papel de possibilitar que sinais de emissoras geradoras alcancem locais que não recebem diretamente o sinal original. Diferente das concessões das emissoras geradoras, que, nesta época, eram distribuídas por decreto do presidente da República, as permissões de outorgas para as RTVs podiam ser autorizadas através de uma simples portaria do ministro das Comunicações, sem necessidade de licitações ou aprovação do Legislativo federal, conforme o previsto no Decreto no 1.600, de 25 de abril de 1978.

Durante o tempo em que foi ministro, ACM outorgou para a TV Bahia 344 RTVs, segundo dados disponíveis no site da Anatel, no link Plano Básico de Radiodifusão (ANATEL, 2006). Somente entre maio e novembro de 1987, o Diário Oficial da União publicou portarias referentes a 52 outorgas de permissão para a retransmissão do sinal desta emissora. Em apenas um dia, 8 de maio de 1987, foram assinadas 19 portarias com outorgas de permissão de RTVs.

No governo Fernando Henrique Cardoso, através de Luís Eduardo Magalhães, então presidente da Câmara dos Deputados, a TV Bahia obteve mais três outorgas de permissão para retransmissão do sinal da TV Bahia nos municípios de Adustina, Antas e Alagoinhas, conforme portarias assinadas pelo então ministro das Comunicações Sérgio Mota e publicadas no Diário Oficial da União, respectivamente nos dias 17 de julho e 14 de novembro de 1996 e 21 de janeiro de 1997. Com mais essas outorgas, a TV Bahia passou a contar com 347 estações RTVs.

O festival de concessões de canais de rádio e TV patrocinado por ACM e Sarney teve duas conseqüências diretas. A primeira, de caráter político, veio à reboque da onda de protestos dos parlamentares da oposição e das discussões acaloradas na Constituinte: as mudança nos critérios de concessões, estabelecidas na nova Constituição. O segundo, de caráter técnico, diz respeito ao espectro de freqüência radioelétricas em VHF, que, segundo Motter (1994), foi totalmente ocupado pelas emissoras distribuídas naquele período. Em função disso, o governo Sarney apressou a regulamentação de novas tecnologias de comunicação, a exemplo do serviço de televisão por assinatura (TVAs), que teve início, em 1988, com o Decreto no 95.744, de 23 de fevereiro. A distribuição de sinais de TVAs, no entanto, só foi regulamentada, posteriormente, pela Portaria 250/89, assinada por ACM, que estabelecia um único critério para concessão: as solicitações seriam examinadas pelo Ministério, tendo em vista os editais de convocação.

A medida, que atropelou os trabalhos da Constituinte, beneficiou diretamente Roberto Civita, do Grupo Abril; Walter Fontoura, diretor do jornal O Globo; Roberto Marinho, das Organizações Globo, e Mathias Machline, do Grupo Sharp, com um canal para cada um deles, em São Paulo (MOTTER, 1994, p. 110). No fim do ano de 1989, ACM e Sarney distribuíram mais nove concessões de TVAs no Rio de Janeiro. Os beneficiados foram novamente Roberto Marinho e Mathias Machline. Marinho também recebeu do Ministério das Comunicações mais quatro canais UHF: dois em São Paulo, um no Paraná e um no Rio de Janeiro, todos em nome de parentes, de acordo com o estudo de Motter (1994, p.106). O mercado de TV por assinatura no Brasil, portanto, já nasceu oligopolizado. Segundo levantamento realizado pela

Folha de São Paulo, em 1994, quatro grandes operadoras controlavam este segmento: as

Organizações Globo e os grupos RBS, Abril e Multicanal (MERCADO..., 1994, p. 1-4). Na Bahia, o mercado de TVAs também está sob o controle da família de ACM. A diferença, no entanto, é que os negócios dos Magalhães nessa área estão restritos à disponibilização de tecnologia para a distribuição de sinal e não à geração de programação. Neste caso, os investimentos da família limitam-se a TV Salvador, um canal fechado de

televisão, inaugurado em 2000, com programação voltada para o entretenimento, a cultura e a economia do estado, transmitida em UHF em toda a cidade e também pela Net Salvador. É a única operadora local de TV fechada, que foi adquirida pelo grupo em 1998, via licitação de concessão de TV por assinatura, como faz questão de frisar Antonio Carlos Magalhães Júnior, o ACM Júnior, filho mais velho de ACM e responsável pelos negócios da família (TV SALVADOR ..., 1998, p. 9).

O interesse da família de ACM na área de TVAs, no entanto, remonta a 1993, quando o grupo criou três empresas para avançar neste nicho do mercado: a Bahia Cabo Telecomunicações (BCT), a Salvadorsat e a Bahiasat, sendo esta última a representante da Globosat no estado. Todo o sistema de TVAs do grupo (cabo, MMDS, DBS e Directv), na verdade, é vinculado à Net do Brasil, distribuidora dos sinais da Globosat. Os investimentos do grupo de ACM nessa área, até 1999, totalizaram R$ 30 milhões. (GRAMACHO, 2000a).

Em 1999, o grupo de ACM, através da holding Bahiapar Participações e Investimentos, passou a interiorizar o serviço de TVAs, conforme comprova o contrato de adesão com a Anatel para exploração do serviço de distribuição de sinais multiponto multicanal (MMDS) em Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna e Barreiras e no município de Petrolina, em Pernambuco, conforme ato no 1.915, da Anatel, disponível no site da agência reguladora. Em 2001, o grupo conseguiu o monopólio regional da prestação desse serviço, através da formação da MMDS Bahia Ltda, uma associação da Bahiasat com a TV Cidade S/A, outra empresa do ramo, fruto do consórcio das redes SBT/Bandeirantes, conforme demonstra a solicitação de transferência de autorização de operação, liberada pela Anatel, no Processo no 53500843/2001, também disponível no site da agência.

5.4 O DISCURSO POLÍTICO E O LASTRO ELETRÔNICO

O festival de distribuição de emissoras de rádio e TV, patrocinado por ACM no estado, e o conseqüente controle que passou a exercer sobre a comunicação de massa, estruturou-se numa espécie de poder paralelo na Bahia. Além do jornal Correio da Bahia, que já era da sua propriedade, e do comando de todo esse aparato eletrônico local, ACM conquistou também, no período em que permaneceu no Ministério, aliados importantes na imprensa nacional, como as Organizações Globo e o Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja, a semanal de maior circulação do país. E foi no lastro dessa