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CAPÍTULO 5 RAZÃO SENSÍVEL: UM ENTRELAÇAMENTO METODOLÓGICO

5.2 O LOCAL

Este estudo foi desenvolvido em um Hospital Escola do Sul do Brasil, público, envolvido com pesquisa, ensino, extensão e cuidado à comunidade. É uma Instituição que possibilita a realização de pesquisas, integrando-as como formação continuada, o que estimula e motiva a participação expressiva de profissionais da Enfermagem. Desde sua inauguração, a Enfermagem luta para ampliar o potencial de pesquisas e adequação da metodologia de assistência que atualmente é alicerçada por Wanda Horta (1979). A escolha deste local, deve- se à familiaridade que tenho com esta área do cuidado em Enfermagem, facilidade de acesso e prévio conhecimento da Instituição, além de um campo rico para a coleta de dados.

Esta Instituição tem como prioridade o ensino, a pesquisa, a extensão e assistência para a comunidade. Por ser um Hospital de médio a grande porte, tem desenvolvido esforços para garantir um cuidado de qualidade para a comunidade que não se concentra apenas na cidade de Florianópolis, grande parte de seus pacientes são provenientes do interior do estado e circulam na Instituição, dando-a um volume intenso de atendimentos.

O Hospital Universitário em parcerias com pessoas engajadas na sua manutenção pública, tem levantado bandeiras em prol da população de baixa-renda, apesar do sofrimento atual com a falta de recursos humanos cada dia maior. Mas, como seu fundador, Doutor Ernani Polydoro Santiago, acreditar é vencer, ele apostou e hoje o HU sobrevive às diversidades econômicas e estruturais da política vigente, por ter ainda um seleto grupo de recursos humanos que abraça a causa.

O estudo foi desenvolvido na área materno-infantil do Hospital Universitário, uma vez que, é nestas três áreas: Pediatria, Neonatologia e Alojamento conjunto, que as famílias se encontram mais presentes em detrimento da idade dos membros Hospitalizados, e pelo nascimento que é um evento familiar importante.

A unidade de internação pediátrica é a mais antiga das três áreas, sendo que foi inaugurada em 1980, junto com a abertura oficial do Hospital, que na época não contava com a maternidade. Atualmente, a unidade de internação pediátrica passou por uma reforma geral, cujos fomentos foram oriundos do Governo Federal e da parceria do Grupo Social Gente Feliz e a Associação Amigos do HU. Na ocasião, fora realizado um pedágio nas ruas de Florianópolis a fim de angariar verbas para a obra e para a conscientização da população sobre o papel que os profissionais desta Instituição abraçam, na busca de ampliar e valorizar o cuidado com qualidade e competência.

A mesma possui 35 leitos, divididos em 30 leitos para Hospitalização e 05 para observação por 24 horas, de crianças cuja condição de saúde pode ser revertida em menor tempo de permanência no Hospital. A Unidade conta com uma sala ampla, denominada refeitório, porém, esta além da alimentação, tem como objetivo reunir as famílias, as crianças internadas para ver filmes, brincar, participar de festividades como o Natal, Dia das Crianças, aniversário de alguma criança Hospitalizada, encontro com a Psicóloga, com as Estagiárias recreacionistas e atividades de educação em saúde. As crianças e suas famílias, com faixa etária entre o nascimento e 14 anos 11 meses e 28 dias, são provenientes de todo o estado de Santa Catarina, entretanto, o maior volume de atendimentos está entre os moradores da grande Florianópolis e cidades circunscritas como São José, Palhoça, Santo Amaro e outras. A equipe de Enfermagem atua sem aparatos eletrônicos de ponta, nesta Unidade o recurso mais expressivo é o humano.

A unidade de alojamento conjunto (AC) é uma das diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que desde 1990 deu às famílias a oportunidade, o direito de ficar com seu filho desde o nascimento até sua alta, com incentivo na amamentação livre e também a participação do pai, desde a sala de parto até sua alta Hospitalar. As mães, ao saírem do centro obstétrico, são levadas para acomodações no AC e um berço fica ao lado de sua cama para o bebê. Para os pais ou outro acompanhante, existe uma cadeira para sua permanência. O alojamento conjunto também presta serviços a gestantes de alto risco, há o grupo de casal grávidos, realizado em parceria com as docentes da área materno-infantil do Curso de Graduação em Enfermagem. A Unidade conta com 24 leitos, distribuídos para estas

situações mencionadas. Na ocorrência de abortos, mães HIV positivas que não podem amamentar, na medida do possível, estas são protegidas de comentários, evitando-se a exposição diante das demais. O atendimento do AC também segue a mesma população que procura a Pediatria, todavia o número é maior de gestantes da grande Florianópolis. Quanto à faixa etária, nesta Unidade, em função da característica da gestação, não há idade mínima ou máxima estabelecida, em situações de conflitos com menores de idade, as famílias são acionadas para comparecerem ao Hospital, conforme a legislação vigente nacional. O principal recurso desta Unidade também é o humano. O banco de leite dá apoio às puérperas e orientam quando necessário.

A unidade de neonatologia, também está consoante com as demais áreas da materno-infantil, é, de preferência, o atendimento das crianças nascidas no Hu, embora por vezes, receba de outras Instituições. Tem centrado em suas atividades o programa de mãe canguru, a sala de cuidados intermediários e à de cuidados intensivos. Está bem capacitada em relação aos profissionais que ali atuam, bem como, o suporte material de monitores, respiradores, incubadoras e outros. Os bebês que ficam na neo, geralmente precisam de atendimento especializado logo após o nascimento.

Alguns bebês ficam para ganho de peso, controle glicêmico, cirurgias, fototerapia, enfim, abordagens intensivas de cuidado para a manutenção da vida. Quando estão melhores, mas ainda necessitam de cuidados Hospitalares, há interface com a Pediatria que recebe estas crianças e suas mães. Dentro da neonatologia, em função dos riscos de infecção e da alta facilidade dos bebês serem acometidos de infecções secundárias, as mães possuem horários para estar com seus filhos. Quando não estão amamentando ou retirando leite para os bebês, ficam no chamado “hotelzinho”, que é um quarto com quatro leitos para abrigar essas mães. Neste último ano foi construído outro espaço próximo da neo que acabou ficando como um novo espaço para suprir as demandas de mães que ficam no Hospital por causa de seu bebê. Há momentos de atividades interativas com a Psicóloga e o Serviço Social que acompanham essas mães. A equipe multidisciplinar tem reuniões periódicas para discutir as necessidades da área da maternidade.