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A estratégia de Atenção Integrada às Doenças da Infância (AIDI) é essencial para se conseguir a sobrevivência e o desenvolvimento das crianças, um princípio fundamental da Convenção dos Direitos das Crianças. A estratégia tem como base os direitos humanos que garantem a assistência médica a todas as crianças, onde quer que vivam, e é concretizada através do preenchimento de falhas nas áreas do conhecimento, das competências e das práticas comunitárias relativas à saúde das crianças, ao reconhecimento das doenças, ao manejo doméstico das crianças doentes, e aos comportamentos adequados de procura de cuidados de saúde. A estratégia de AIDI inclui três componentes importantes: 1. Atenção integrada às crianças doentes nos serviços e centros

de saúde

2. Melhoria do sistema de saúde, especialmente na área dos medicamentos e do apoio logístico

3. AIDI comunitária ou promoção de práticas familiares e comunitárias fundamentais

As três componentes da estratégia de AIDI são mais eficazes quando são implementadas simultaneamente. Por exemplo: a formação em AIDI para melhorar as competências dos profissionais de saúde para uma melhor gestão de casos nos serviços de saúde, acompanhada de esforços para a melhoria dos sistemas de saúde, como a melhoria dos aprovisionamentos de medicamentos essenciais, teve como resultado uma diminuição de 13 por cento da mortalidade das crianças com menos de cinco anos de idade, na Tanzânia3, no espaço de dois anos. No Bangladesh, a assistência

em casa à doença e a procura atempada de cuidados de saúde

melhoraram através da AIDI comunitária e a formação em AIDI aumentou a qualidade da assistência nos serviços de saúde. Esta combinação de abordagens da comunidade e dos serviços de saúde teve como resultado aumentos substanciais da utilização dos serviços.4A Figura III.5.1 ilustra o efeito das intervenções

das três componentes da AIDI5sobre a sobrevivência.

O problema

FIGURA III.5.1 Melhorar a sobrevivência das crianças através das três componentes da AIDI A saúde das crianças está estreitamente relacionada com a saúde e os cuidados prestados às suas mães. Enquanto

o recém-nascido cresce, as práticas saudáveis em casa e a assistência sanitária às doenças são fundamentais para salvar vidas. A falta de assistência à saúde, ou uma assistência de má qualidade, têm efeitos nos recém-nascidos e nas crianças:

Efeitos nos recém-nascidos:Todos os anos morrem em África 1,16 milhões de bebés africanos no primeiro mês de vida e a causa principal são as infecções.A maioria dos cerca de 325 000 bebés que morrem de septicémia neonatal e de pneumonia poderia ser salva com simples práticas preventivas como uma pele limpa e cuidados prestados ao cordão umbilical, com amamentação e com calor corporal, e com melhor manejo dos que estão doentes, especialmente utilizando antibióticos.1A maior parte das mortes de recém-nascidos ocorre entre bebés com baixo peso à nascença (BPN), ou entre bebés com peso à nascença inferior a 2 500 gramas. Cuidados simples prestados aos bebés de pequena dimensão e o tratamento precoce das complicações salvariam muitas vidas de recém-nascidos. Contudo, nem as práticas de cuidados domésticos, nem os cuidados prestados aos bebés de pequena dimensão, ou até o tratamento das infecções dos recém-nascidos têm sido sistematicamente reconhecidos nos programas de saúde da infância, inclusive na Atenção Integrada às Doenças da Infância (AIDI).

Efeitos nas crianças:A falta de promoção da saúde e dos respectivos serviços orientados para os bebés tem também um impacto sobre as crianças mais velhas. As doenças graves durante o primeiro mês de vida podem resultar em incapacidades de longo prazo e em maus desempenhos escolares, mas há poucos dados concretos disponíveis sobre estas graves doenças dos recém-nascidos e sobre os seus efeitos de longo prazo. As primeiras semanas de vida são fundamentais para definir comportamentos saudáveis como a amamentação. Em África só um terço dos bebés com menos de 6 meses são amamentados em regime de exclusividade.2

III

As funções de AIDI executam-se melhor quando as famílias e as comunidades estão ligadas com o centro de saúde de nível básico que, por sua vez, está bem articulado com o nível da unidade de referenciação. (Figura III.5.2) Este princípio é o mesmo que foi exposto na Secção II relativo à importância de um serviço continuado de saúde em todos os níveis dos serviços.

Figure III.5.2 Manejo de casos no âmbito da AIDI num centro de saúde de nível básico, a nível de referenciação de utentes e a nível doméstico

Quadro III.5.1Tipos de intervenções actualmente incluídas na estratégia de AIDI

A AIDI combina a prevenção e os tratamentos, centrando-se na criança e não apenas nas doenças em si. Os tipos de inter- venções actualmente incluídas na estratégia de AIDI constam do Quadro III.5.1.

Fonte: Adaptado das referências5;6

NÍVEL TIPOS DE INTERVENÇÃO

Prevenção de doenças e promoção Réponse aux maladies (soins curatifs) do crescimento

Casa e comunidade

Serviços de saúde

• Promoção em casa e na comunidade das práticas de nutrição adequadas, aconselhamento para a amamentação e para a nutrição complementares • Utilização de redes mosquiteiras tratadas com

insecticida

• Práticas adequadas de controlo de infecções • Vacinações

• Suplementação com micronutrientes • Aconselhamento quanto à amamentação e à

nutrição complementar adequada, por profissional de saúde

• Reconhecimento rápido e manejo doméstico das doenças

• Procura adequada de cuidados de saúde • Adesão aos tratamentos recomendados

• Manejo de casos de infecção respiratória aguda, de diarreia, de sarampo, de malária, de subnutrição e de outras infecções graves • Aconselhamento sobre problemas da nutrição • Ferro para o tratamento da anemia

• Tratamento anti-helmíntico CLASSIFICAR O ESTADO DA CRIANÇA E IDENTIFICAR O TRATAMENTO “ROSA” TRATAMENTO ANTES DA REFERENCIAÇÃO E DEPOIS DA REFERENCIAÇÃO INFORMAR os pais acerca da REFEREN- CIAÇÃO TRIAGEM DE EMERGÊNCIA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DIAGNOSTICAR E TRATAR ENFERMIDADES COMUNS GRAVES CONTROLAR OS PROGRESSOS DO PACIENTE ADMINISTRAR MEDICAMENTOS ORAIS E/OU TRATAR INFECÇÕES LOCAIS DAR ALIMENTOS E FLUIDOS (seguindo as recomendações de nutrição) REGRESSAR AO CENTRO DE SAÚDE QUANDO NECESSÁRIO INSTRUIR os pais acerca do tratamento ACONSELHÁ-LOS acerca da alimentação e de quando devem regressar à consulta

PROSSEGUIR com os tratamentos quando a criança regressar e, se necessário reavaliar para detectar novos problemas Interrogar sobre os

PROBLEMAS DAS CRIANÇAS SINAIS DE PERIGO GERAIS

AVALIAR os principais sintomas

TOSSE OU DIFICULDADE DE RESPIRAR DIARREIA OU FEBRE Diagnosticar OUTROS PROBLEMAS AVALIAR SE HÁ MALNUTRIÇÃO E ANEMIA “AMARELO” TRATAMENTO ESPECÍFICO NO CENTRO DE SAÚDE “VERDE” MANEJO DOMÉSTICO

CENTRO DE SAÚDE DE NÍVEL BÁSICO NÍVEL DE REFERENCIAÇÃO

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