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4. O direito à educação profissional e as políticas públicas de efetivação

4.1 Os delineamentos do direito à educação profissional

4.1.1 A profissionalização do adolescente por meio da aprendizagem

4.1.1.9 O Sistema “S”

O sistema “S” é o nome pelo qual ficou convencionado de se chamar ao conjunto de contribuições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas pela Constituição. A título de curiosidade, destacamos que convencionou-se esse nome em virtude da maioria das instituições que recebem estas contribuições terem sua sigla iniciada pela letra "S".

A Constituição prevê em seu artigo 149, três tipos de contribuições que podem ser instituídas exclusivamente pela União, que são as contribuições sociais, a contribuição de intervenção no domínio econômico e a contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Com fulcro nesta última hipótese é que tem a base legal para a existência de um conjunto de contribuições que convencionou-se chamar de sistema “S”, tais como: - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI; -Serviço Social da Indústria –

158 Artigo 28 do Decreto nº 99.684, de 8 de novembro de 1990. 159 Artigo 133, inciso IV, da Consolidação das Leis do Trabalho. 160 Artigo 472, caput e § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho. 161 Artigo 15, § 5º, da Lei nº 8.036/90.

SESI; - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC; - Serviço Social do Comércio – SESC; - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR; - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT e - Serviço Nacional de Cooperativismo - SESCOOP.

As receitas arrecadadas pelas contribuições ao Sistema “S” são repassadas a entidades, na maior parte de direito privado, que devem aplicá-las conforme previsto na respectiva lei de instituição.

Em geral, as contribuições incidem sobre a folha de salários das empresas pertencentes à categoria correspondente sendo descontadas regularmente e repassadas às entidades de modo a financiar atividades que visem ao aperfeiçoamento profissional/educação e à melhoria do bem estar social dos trabalhadores.

A aprendizagem metódica dos adolescentes poderá se dar por meio do sistema “S”, das escolas técnicas de educação e das entidades assistenciais sem fins lucrativos, que tenham por finalidade a profissionalização de adolescentes na condição de aprendiz.

São qualificadas para ministrar cursos de aprendizagem as seguintes instituições, que deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados:

- Os Serviços Nacionais de Aprendizagem:

a) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI;

b) Serviço Social da Indústria – SESI;

c) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC;

d) Serviço Social do Comércio – SESC;

f) Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT;

g) Serviço Nacional de Cooperativismo - SESCOOP.

- Caso os Serviços Nacionais de Aprendizagem não ofereçam cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida pelas seguintes entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica, cabendo à inspeção do trabalho verificar a insuficiência de cursos ou vagas (art. 13, parágrafo único, do Decreto nº 5.598/05):

a) as Escolas Técnicas de Educação, inclusive as agrotécnicas;

b) as entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a educação profissional, com registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA.

Os cursos, ministrados pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem (SENAI, SESI, SENAC, SESC, SENAR, SENAT e SESCOOP), não geram nenhum ônus financeiro para as empresas, pois as empresas participantes do que se convencionou chamar “Sistema S” já contribuem compulsoriamente para o seu financiamento, por meio do recolhimento da alíquota de 1%, incidente sobre a folha de pagamento de salários dos seus empregados. Assim, a empresa arcará apenas com os custos trabalhistas e previdenciários do contrato de aprendizagem.

Já na hipótese de o curso de aprendizagem ser ministrado pelas entidades sem fins lucrativos, a empresa firmará contrato com a entidade, no qual deverá estar previsto, dentre outros itens, eventuais ônus financeiros decorrentes do curso oferecido.

E para termos uma noção do trabalho desenvolvido pelo Sistema “S”, analisaremos cada um dos Serviços Nacionais de Aprendizagem.

a) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

O SENAI criado em 1942 sedimentou a educação profissional no Brasil a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do país, promovendo a educação para o trabalho e cidadania.

O SENAI é uma instituição privada de interesse público, sem fins lucrativos cujo objetivo é ministrar cursos de formação profissional de aprendizagem industrial para indústria brasileira. Atualmente ele presta serviço tecnológico (assessoria, pesquisa aplicada, design, serviço laboratorial, informação tecnológica) e trabalha com educação profissional nos níveis básicos tais como aprendizagem, qualificação, aperfeiçoamento; no nível médio (Técnico) e no ensino superior.

b) Serviço Social da Indústria – SESI

O SESI é uma instituição privada sem fins lucrativos e de atuação em âmbito nacional. Foi criado em 1946 com a finalidade de promover o bem- estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador que atua nas indústrias, de sua família e da comunidade na qual estão inseridos, em geral.

c) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC

Em 1946 surgiu o SENAC, com a finalidade de desenvolver pessoas e organizações para o mundo do trabalho, através de ações educacionais e disseminação de conhecimento em comércio e serviços. O SENAC se reestruturou com o passar do tempo de forma a observar as exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, e as regulamentações relativas à educação profissional.

d) Serviço Social do Comércio – SESC

O SESC é uma instituição privada sem fins lucrativos, mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo, com atuação em todo âmbito nacional, voltada prioritariamente para o bem-estar social dos seus

empregados e familiares, mas aberto à comunidade em geral. Atua nas áreas da educação, saúde, lazer, cultura e assistência médica.

e) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR

O SENAR foi constituído através da Lei 8.315, de 23 de dezembro de 1991, nos termos do Artigo 62 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, previa sua criação nos moldes do SENAI e SENAC e regulamentado pelo Decreto nº 566, de 10 de junho de 1992.

O SENAR é uma instituição de direito privado, paraestatal, mantida pela classe patronal rural, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

O objetivo do SENAR é organizar, administrar e executar em todo território nacional, a formação profissional rural e a promoção social de jovens e adultos, que exerçam atividades na área rural.

As ações do SENAR são organizadas e desenvolvidas de forma sistematizada, seguindo um planejamento, execução, acompanhamento, avaliação e controle. Conta com equipe técnica, multidisciplinar, responsável pela condução dos trabalhos.

f) Serviço Social do Transporte – SEST/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT

Outro órgão integrante do sistema “S” é o Serviço Social do Transporte – SEST e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte-SENAT, criado em 14 de dezembro de 1993, de acordo com a Lei nº 8.706/93.

O SEST/SENAT tem como missão desenvolver e disseminar a cultura de transporte, promovendo a melhoria da qualidade de vida e do desempenho profissional do trabalhador, bem como a formação para a qualificação de novos profissionais para a eficiência e eficácia dos serviços a serem prestados à sociedade.

g) Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCOOP

Foi criado em 1999, com o objetivo de organizar, administrar e executar em todo o território nacional o ensino de formação profissional, desenvolvimento e promoção social do trabalhador, em cooperativas e dos cooperados, para todos os ramos de atividade, foi instituído pela Medida Provisória nº 1.715, de 03 de setembro de 1998, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP.

Também tem por finalidade assistir as sociedades cooperativas empregadoras na elaboração e execução de programas de treinamento e na realização de aprendizagem metódica e contínua.

Como se vê, a lei de aprendizagem prevê relevantes instrumentos em que é assegurado aos adolescentes a inserção no mercado de trabalho, não mais pela via da exploração e sim pela garantia do direito à profissionalização e à proteção no trabalho.

Entretanto, como já dissemos anteriormente, o maior problema no Brasil, não é a falta de legislação, mas sim a falta de vontade política em cumpri- la. O Estado não efetiva as políticas públicas voltadas para o Sistema “S”, pois a maioria das unidades deste “sistema” não realizam a formação profissional de adolescentes, como preceituas a Lei 10.097/2000.

4.1.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE POR MEIO DO