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O Tesouro Escondido

No documento Parabolas de Jesus Completo Kistemaker (páginas 56-64)

Mateus 13.44 “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo”.

10. A Pérola

Mateus 13.45,46 “O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra”.

Em sua série de sete parábolas, Mateus elabora

cuidadosamente as duas primeiras — o semeador, o trigo e o joio — registrando a interpretação de cada uma delas. As outras cinco são especialmente as páginas 342-56.

um tanto curtas na forma, e diretas no tocante ao assunto. Apenas duas sentenças constituem cada uma das parábolas — do tesouro oculto e da pérola; a primeira sentença de cada uma delas é a conhecida frase introdutória: “O reino dos céus é semelhante a...” O ponto principal da parábola se encontra, naturalmente, na segunda frase.

Encontramos essas duas parábolas apenas no Evangelho de Mateus. Não sabemos se Jesus contou-as em seqüência ou se Mateus reuniu-as pelo assunto ao organizar seu material. Permanece o fato de que as duas estão relacionadas94.

Estritamente falando, as frases que apresentam as duas parábolas não são inteiramente condizentes. Numa o reino dos céus é semelhante a um tesouro; e na outra, a um mercador. Não devemos, no entanto, abordar as duas parábolas com a mente analítica ocidental. Devemos, antes, procurar seu sentido básico buscando entendê-las como foram entendidas pelos discípulos, que primeiro as ouviram.

Composição

Jesus contou a história de um homem que achou um tesouro escondido num campo. Rapidamente, tornou a enterrá-lo e voltou alegre para casa, a fim de vender tudo o que possuía, para comprar o campo.

As crianças, muitas vezes, fantasiam que em algum lugar, em alguma casa velha, ou celeiro, vão descobrir um tesouro que ninguém viu. Na nossa sociedade sofisticada, consideramos isso irreal; pensamos que tais coisas não acontecessem mais. Entretanto, de tempos em tempos, descobertas são feitas: um pastor encontrou, perto do Mar Morto, rolos de pergaminho de dois mil anos de existência; um mergulhador localizou, afundado na costa da Flórida, um navio espanhol do século 17, cheio de ouro e prata; e um fazendeiro, arando o seu campo, em Suffolk, Inglaterra, achou um cofre que guardava belos pratos de prata, do tempo dos romanos95.

Um tesouro tinha sido enterrado em um campo. Quem o enterrara e por quanto tempo permanecera ali, são perguntas que não temos como responder. Sabemos que, na antiga Palestina, um país

94 Alguns estudiosos citam o Evangelho de Tomé, onde as duas parábolas estão

separadas (Hidden Treasures, Citação 109; and Pearl, Citação 76). Isso é verdade, também, em relação às parábolas do grão de mostarda e do fermento. A evidência disponível, no entanto, nIo~ conclusiva, O assunto é discutido por O. Glombitza, “Der Perlenkaufmann”, NTS 7 (1960. 61): 153-61. Ver também J. C. Fenton: “Expounding the Parables: IV. lhe Parables of lhe Treasure and the Pearl (Mt 13.4446)”, Expt 77(1966): 178-80; J. Dupont: “Les Paraboles du Trésor et dc la Pene”, NTS 14 (1967- 68): 408-18.

freqüentemente em guerra, as pessoas achavam mais seguro guardar seu tesouro, ou parte dele, no campo do que em suas casas. Em casa, os ladrões podiam roubá-lo; no campo ficaria em maior segurança. Mas, se o proprietário morresse na guerra, levaria para o túmulo o seu segredo, e ninguém, jamais, poderia saber onde enterrara o tesouro.

O homem que encontrou tal tesouro podia ser um empregado ou mesmo um arrendatário daquele campo. Talvez estivesse arando, cavando buracos, ou plantando uma árvore. De qualquer modo, ele bateu em alguma coisa dura debaixo da terra, cujo som não parecia o de uma pedra. Ele cavou e encontrou um tesouro. Não nos é contado de que tesouro se tratava, mas o homem ficou maravilhado. Nunca tinha visto um tesouro tão valioso. Tudo aquilo poderia ser seu, se comprasse o campo.

Em segundos, arquitetou um plano. Rapidamente, pôs o tesouro de volta no lugar, cobriu-o com terra e foi para casa. Sabia que o atual proprietário do terreno não tinha enterrado o tesouro ali. Assim, se o dono lhe vendesse o terreno, ele teria a posse do tesouro, que, então, seria seu de direito96.precisava de dinheiro e pôs à venda tudo o que

tinha. Algumas pessoas talvez tenham meneado a cabeça, reprovando aquela atitude tão impetuosa. Mas o homem sabia o que estava fazendo. Com o dinheiro, poderia comprar o campo e teria para si o tesouro.

Em poucas palavras, Mateus relata a parábola da pérola, contada por Jesus. Um mercador está à procura de pérolas e encontra uma de excepcional valor. Vai, vende tudo que possui, e compra aquela pérola única.

A história é muito parecida com a do homem que encontrou o tesouro. A mesma dedicação é encontrada em ambas as parábolas. Cada um dos homens quer ter o objeto de seu desejo mesmo que isso lhe custe o que ajuntou em toda a sua vida. Os dois, literalmente, vendem tudo o que têm para conseguir o tesouro e a pérola.

No tempo do Velho Testamento, as pérolas, aparentemente, não eram conhecidas, mas já no primeiro século da era cristã, tinham-se tornado símbolo de status entre os ricos97.Jesus disse a seus ouvintes:

“Nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas” (Mt 7.6), e Paulo queria que as mulheres de seu tempo se vestissem modestamente: “não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso” (1 Tm 2.9). No Apocalipse, uma voz dos céus, diz:

96 Não devemos pôr em dúvida a moral daquele homem, pois não sabemos como

eram as leis de propriedade, nos dias de Jesus. A parábola não dá ênfase à conduta ética do homem que encontrou o tesouro. Para um estudo mais detalhado, veja-se J. D. M. Derrett, Law in the New Testament (London: Longman and Todd, 1970), pp. 1- 16.

97 B. T. D. Smith, The Parables of the Synoptic Gospels (Cambridge: S. P. C. K., 1937),

“Choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria, mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas” (Ap 18.11,12).

Nos dias de Jesus e dos apóstolos, as pérolas eram muito procuradas. Os mercadores tinham que ir ao Mar Vermelho, ao Golfo Pérsico, e até mesmo à Índia para encontrá-las. As pérolas inferiores vinham do Mar Vermelho; as melhores vinham do Golfo Pérsico e das costas do Ceilão (hoje Sirilanka) e da Índia98.Um mercador tinha que

viajar muito para conseguir as melhores e maiores pérolas.

O homem, cuja história Jesus contou, está à procura das mais finas pérolas. Não sabemos para onde viajou, mas um dia encontrou uma de grande valor. Para ele, era uma oportunidade única na vida. Não sossegou enquanto não a teve. Pensou muito, fez todos os cálculos, avaliou seus bens, e decidiu vender tudo o que tinha para comprar aquela pérola única, perfeita.

Devemos notar que o mercador não foi deliberadamente de um apanhador de pérolas para outro, em busca de uma excepcional. Enquanto as procurava, no decorrer normal de seu trabalho, ele se deparou com a melhor de todas as pérolas que já havia visto. Como o homem que descobriu o tesouro, o mercador, de repente, viu a pérola. Era uma questão de agora —ou nunca: vender tudo e comprar! Típico negociante oriental mantém o rosto impassível durante o negócio. Quando a pérola for sua, haverá tempo para celebrar.

“Nada vale, nada vale, diz o comprador, mas, indo-se, então se gaba”. (Pv 20.14)

Aplicação

Os amigos e conhecidos dos dois homens das parábolas devem ter sacudido suas cabeças em desaprovação, quando os viram vender tudo que possuíam. Devem ter ficado surpresos, quando logo a seguir tiveram conhecimento do lucro obtido. E tiveram que mostrar respeito; os homens sabiam o que estavam fazendo.

Os dois, no entanto, não especularam. Não havia nenhum risco na compra do campo, ou na aquisição da pérola; o que fora comprado valia o preço. O que fizeram foi o mais sensato. Por acaso, encontram aqueles bens, e seria tolice ignorá-los. Diante da oportunidade, tudo que tiveram que fazer foi adquirir o tesouro e a pérola.

Ao comprar o campo e a pérola, os dois homens não fizeram sacrifício algum, mesmo vendendo tudo o que possuíam. “Há uma diferença básica entre o valor de uma compra e um sacrifício. A

98 Smith, Parables, p. 146. Veja Schippers, Gelijkenissen, p. 103; Jeremias, Parables,

compra é a aquisição de um objeto de valor equivalente. O sacrifício, de outro lado, é uma dádiva que não espera recompensa99”.Tanto o

homem que encontrou o tesouro quanto o mercador de pérolas pagaram o preço justo pelo que compraram. Viram a oportunidade e se mostraram dispostos a pagar o preço devido. Deram tudo o que tinham em troca do único bem desejado.

O que, então, as parábolas ensinam? Pais da Igreja, como Irineu e Agostinho, identificam o tesouro e a pérola com Cristo. Pensaram acertadamente. O recém-convertido diz exatamente a mesma coisa: ‘Achei o Cristo’. O novo cristão, de repente, encontrou Cristo. Alegre, ele volta para casa, abandona o seu modo de vida, e se devota completamente a seu Senhor. Alguns vendem tudo o que têm para buscar instrução teológica, a fim de se ordenarem ministros ou missionários do Evangelho de Cristo.

É Cristo quem oferece o tesouro e a pérola aos viajantes da vida100. Alguns deles estão buscando; outros estão andando a esmo.

Subitamente, encontram Jesus e acham nele um tesouro inestimável. Sua resposta a Jesus é de entrega total. Alegremente vendem tudo o que têm, para ter Jesus. A salvação, naturalmente, é plena e de graça, e não pode ser comprada. É uma dádiva. Significa que Jesus exige o coração do homem. Como nas palavras do antigo hino:

Tudo, ó Cristo, a ti entrego, Por ti tudo deixarei;

Resoluto, mas submisso, Sempre a ti eu seguirei.

Tudo entregarei! Tudo entregarei!

Tudo, sim, Jesus bendito, por ti deixarei!

11. A Rede

Mateus 13.47-50 “O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes”.

Somente o Evangelho de Mateus registra a parábola da rede101. 99 E. Linnemann, Parables of Jesus: Introduction and Exposition (London: 5. P. C. K.,

1966), p. 100.

100 Hunter, Parables, p. 80. Também Michaelis, Gleichnisse, p. 66.

Está claramente associada à parábola do trigo e do joio; a interpretação de ambas focaliza o dia do juízo final. Ainda assim, ficam evidentes diferenças importantes. Na parábola do joio, Jesus acentuou a idéia de paciência. Essa idéia não aparece na parábola da rede102.

A parábola do joio é mais descritiva. Ela menciona o fazendeiro, seus servos, e os ceifeiros, mas na parábola da rede apenas os pescadores e suas tarefas são mencionados. O joio é semeado no campo depois que o fazendeiro já tinha plantado o trigo, ao passo que os peixes próprios para serem consumidos, e os impróprios, estão sempre juntos no Mar da Galiléia. A parábola do joio descreve as condições do campo, no presente, e a ceifa como um acontecimento futuro. A parábola da rede, por outro lado, retrata a separação dos peixes, no presente103.

A Pesca

A maior parte dos discípulos de Jesus era de pescadores por profissão; tinham deixado suas redes e seus barcos para seguir Jesus e se tornarem pescadores de homens. Quando Jesus lhes contou a parábola da rede, compreenderam cada nuança da história. Jesus se referiu exatamente ao modo de vida que levavam antes.

A margem norte do Mar da Galiléia é um dos melhores lugares de pesca, em Israel. As plantas arrastadas pela correnteza do rio Jordão são depositadas na enseada, ao norte. Essas plantas atraem e alimentam cardumes vastos e variados. Vinte e cinco espécies nativas, pelo menos, já foram identificadas naquele lado104.

Embora houvesse várias maneiras de pescar, nos dias de Jesus, um dos mais eficientes era o uso do arrastão. Esse tipo de rede tinha dois metros de largura e perto de cem metros de comprimento. Tinha cortiça na parte superior para mantê-la à tona e pesos na parte inferior, para mantê-la ao fundo. Às vezes, os pescadores fixavam uma das extremidades da rede na praia, enquanto um barco puxava a outra ponta pelo lago, fazendo uma curva e trazendo a rede de volta à praia. Outras vezes, saíam dois barcos da praia, formando um semicírculo com a rede; juntos, os homens a puxavam para apanhar os peixes e juntá-los nos barcos. O uso do arrastão exigia a força de cuja ênfase difere radicalmente: “E ele disse: O homem é como um pescador que lançou sua rede ao mar, ele a recolheu quando estava cheia de pequenos peixes. Entre eles o pescador achou um peixe grande. O pescador sensato lançou de volta ao mar todos os pequenos peixes (e) escolheu o grande, sem dificuldade. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

102 Mánek, Frucht, p. 50. Ver, também, Jeremias, Parables, p. 226.

103 Michaelis, Gleichnisse, pp. 68-69. Consulte, também, B. Gerhardsson, “The Seven

Parables in Mattew XIII”, NTS 19 (1972- 1973): 18-19.

104 G. Cansdale, AnimaIs of I3ible Lands (Grand Rapids: Zondervan, 1970), p. 216.

Consulte, também, Dalman, Arbeit und Sitte, 4: 351, que faz referência a vinte e quatro espécies.

seis homens ou mais. Enquanto uns remavam, outros lançavam ou puxavam a rede e outros ainda batiam na água para guiar os peixes para a rede105.

Pescadores experimentados procuravam localizar um bom cardume antes de começar a pescar. Mas, uma vez lançada a rede, os homens puxavam todos os peixes apanhados por ela. Obviamente, os peixes estavam misturados, pois não podiam selecioná-los, enquanto pescavam106.

A rede apanhava os peixes próprios e impróprios para o consumo —os bons e os maus. Peixes de todos os tipos e tamanhos se debatiam ao serem puxados para a praia. Muitas espécies eram consideradas impuras, de acordo com as normas de alimentação dos judeus. Peixes sem barbatanas e sem escamas não podiam ser comidos (Lc 11.10), e tinham que ser lançados de volta à água. Os peixes pequenos, também, eram abandonados. Somente os peixes em condição de serem negociados eram apanhados e colocados em recipientes adequados. A classificação dos peixes, enfim, determinava o valor da pesca; até à hora da escolha, era impossível avaliar o lucro obtido.

Explicação

Jesus usa a parábola da rede para descrever o dia do juízo. Ele se dirige a seus discípulos que sabiam como apanhar e selecionar os peixes. Ele fala a linguagem deles e consegue, assim, comunicar efetivamente uma verdade espiritual. Jesus faz, ainda, uma breve interpretação da parábola. “Assim será na consumação do século: Sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13.49,50). As palavras são quase idênticas àquelas usadas por Jesus em sua interpretação da parábola do trigo e do joio. “Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século. Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13.40-42).

Argumentar que a interpretação da parábola da rede não se ajusta aos termos da própria parábola, porque os peixes impróprios para serem comidos são jogados de volta à água, e não em uma fornalha acesa, é ilógico. Do mesmo modo, alguém poderia afirmar que a interpretação da parábola do trigo e do joio é inadequada, pois o joio não range os dentes. Jesus usa linguagem simbólica e transfere a mensagem da parábola para o destino espiritual do homem: céu ou

105 Há uma interessante descrição a respeito em W. O. E. Oesterley, The Gospel

Parables in lhe Light of Their Jewish Background, (New York: Macmillan Co., 1936), pp. 85-86.

inferno. Na parábola do trigo e do joio, o destino do homem é o céu, onde os justos resplandecerão como o sol, ou o inferno, onde há choro e ranger de dentes.

A interpretação dada omite todos os pormenores descritivos a respeito dos pescadores lançando a rede e trazendo para a praia o produto da pesca; apenas a separação dos peixes bons, daqueles sem valor, é explicada. Portanto, não é prudente usar a própria interpretação para os detalhes da parábola107. Os pormenores fazem

parte do quadro total do produto da colheita. A rede traz todos os peixes apanhados, e os pescadores, simplesmente, não podem escolher enquanto pescam. Do mesmo modo, os seguidores de Jesus, escolhidos para serem pescadores de homens, não têm como selecionar quando e a quem proclamar o evangelho. Usando as palavras de outra parábola, os servos de Cristo saem pelas ruas e reúnem todos os que encontram, tanto bons como maus (Mt 22.10). O apelo do evangelho é dirigido a todos, sem discriminação.

Na parábola da rede, os pescadores lançam a rede, juntam o que conseguiram apanhar, e separam os peixes108. Na interpretação são os

anjos que vêm e separam os ímpios dos justos. Assim, podemos deduzir que os pescadores, também, pertencem à multidão da qual os anjos recolherão os Ímpios. Os ímpios serão retirados da multidão dos justos.

O termo ímpio é abrangente: ele se refere, também, àquelas pessoas que na aparência fazem parte da igreja, mas no íntimo não têm qualquer ligação com a verdadeira igreja. Com a boca confessam o Credo Apostólico, mas em seus corações não possuem a fé genuína em Jesus Cristo.

Essas pessoas são como aquelas descritas na parábola do semeador: têm seus corações endurecidos (o solo à beira do caminho); são cristãos apenas superficialmente (o solo rochoso); amam os bens e os prazeres do mundo (o solo cheio de espinheiros). Estão na igreja, mas não pertencem a ela. No dia do juízo final, os anjos de Deus virão e os separarão do povo de Deus, e os lançarão no fogo ardente reservado para eles.

O que a parábola ensina? Diz aos seguidores de Jesus: vão à sua tarefa diária de testemunhar aos outros, onde quer que estejam; tragam-nos para a igreja; façam com que se lembrem sempre da necessidade da fé e do arrependimento; que eles estejam atentos

107 Por exemplo, Lenski, em Matthew’s Gospel, p. 547, diz que “a rede é o

Evangelho”.

108 Em um curto e interessante estudo, J. Mánek, “Fishers of Men”, NovT 2 (1958):

13841, mostra que há inimizade entre o mar e Deus (Ap 21.1). “Porque o mar é lugar de revolta contra Deus, ele não pode participar do mundo novo, no futuro. Ele passará juntamente com outros poderes demoníacos, como está demonstrado na visão do novo céu e da nova terra, em Ap. XXI.1”, p. 139. Os pescadores de homens, portanto, os resgatarão de um ambiente hostil a Deus.

para o dia do juízo, quando, então, a separação entre o ímpio e o justo acontecerá.

Mateus, apropriadamente, fecha a série de sete parábolas (sete é o número da perfeição) com a parábola da rede. Essa última parábola lembra, uma vez mais, o dia dos dias, quando se dará o juízo final109.

O escritor da Epístola aos Hebreus resume sucintamente: “E, assim, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.27,28).

No documento Parabolas de Jesus Completo Kistemaker (páginas 56-64)