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C OMUNIDADE E CONÓMICA DOS E STADOS DA Á FRICA C ENTRAL

No documento Doutoramento (páginas 143-145)

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL

3. A REALIDADE ANGOLANA: UMA ANÁLISE GEOPOLÍTICA E GEOESTRATÉGICA

3.7. ANGOLA NO SISTEMA POLÍTICO INTERNACIONAL

3.7.2. AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

3.7.2.4. C OMUNIDADE E CONÓMICA DOS E STADOS DA Á FRICA C ENTRAL

A Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) é originária da união de duas comunidades anteriores, nomeadamente a UDEAC/UAEAC (Union Douanière et Économique de l’Afrique Centrale/ União Aduaneira e Económica da Africa Central) e da CEPGL/GEPGL (Communauté Économique des Pays des Grands Lacs/ Grupo Económico dos Países dos Grandes Lagos), como fruto do "Plano de Acção de Lagos", elaborado em 1980, que visou o desenvolvimento económico, social e cultural dos países e a criação de um mercado comum, tendo iniciado as suas atividades em outubro de 1983 (Almeida, 2011, p. 128). Angola é membro permanente da CEEAC207 apenas desde 1999, não obstante ao estatuto de Estado observador que já tinha desde 1983.

A política da CEEAC que inicialmente se centrava nas questões económicas, nomeadamente em consolidar o livre movimento de pessoas, bens e serviços, com o passar dos anos começou a abordar com maior interesse as questões relacionadas com a Segurança e a Defesa, uma vez que as primeiras passaram a depender cada vez mais das segundas. Nesta ótica e no âmbito da segurança, foi aprovado em Malabo, em junho de 2002, o "Conselho de Paz e Segurança da África Central" (COPAX), órgão a quem cabe garantir a paz e segurança regionais; e estabelecido o "Protocolo de Ligação Parlamentar da África Central". Neles, comprometeu-se a participar nas causas continentais, garantindo a paz e segurança regional,

206 A África do Sul tem surgido como a grande promotora para a Segurança Marítima Regional e Continental,

pelo que tudo tem feito para o estabelecimento de um centro de excelência de formação naval, reforçar a área de coordenação naval e navegação de navios, acelerar a formação da componente marítima da SADC e exploração da área das capacidades de evacuação aérea do mar necessitadas para as operações de manutenção da paz na região e de busca e salvamento (SAR).

207 Os membros desta comunidade são: Angola, República Democrática do Congo, Burundi, Camarões, Chade,

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para o qual foram estabelecidos como instrumentos operacionais: a "Comissão de Defesa e Segurança" (CDS), responsável pela planificação, organização e aconselhamento sobre as operações militares da organização; o "Mecanismo de Alerta Rápido da África Central" (MARAC), destinado a detetar e analisar elementos relativos aos conflitos regionais, tendo em vista a deteção, controlo, análise e prevenção dos mesmos; e a "Força Multinacional para a África Central" (FOMAC)208, que representa uma força não permanente, ao nível de brigada, destinada a executar Missões de Manutenção da Paz e Segurança e de ajuda humanitária (Edgar Ribeiro, 2010, p. 16). Entretanto, apesar dos esforços a comunidade ainda não tem o MARAC e a FOMAC operacionais, dificultando bastante a gestão de crises a nível da região.

Por conseguinte, em 2004, foi assinado o "Pacto de Segurança Mútua para a África Central" (Mutual Security Pact for Central Africa), que foi seguido pela assinatura do Protocolo relativo à criação de um Centro de Gestão de Conflitos, em 24 de agosto de 2006, como órgão de planeamento e gestão das participações da organização na sua área de intervenção. Mais tarde e no âmbito da segurança marítima a nível da CEEAC, foi estabelecido o "Centro Regional para a Segurança Marítima na África Central" (CRESMAC), através de um protocolo assinado em 24 de outubro de 2009 em Kinshasa, acompanhado por uma Estratégia Regional. Foi também instituído um "Centro Multinacional de Coordenação" (CMC), junto dos Estados Maior das FA dos países coordenadores das diferentes áreas (Angola, RDC, Gabão e Camarões), e um "Centro Operacional da Marinha" (COM) em cada Estado. Neste quadro, as questões ligadas à segurança e defesa marítimas têm sido tratadas frequentemente através da partilha conjunta de esforços entre os Estados da CEEAC e da ECOWAS, no âmbito da OMAOC209 e da Comissão do Golfo da Guiné (CGG).

No âmbito da Global Maritime Security Integrated Technical Co-operation Programme (ITCP), a OMI e a OMAOC assinaram um Memorandum of Understanding (MoU) em julho de 2008 para estabelecer uma Guarda Costeira sub-regional na África

208 Todavia, no âmbito da FOMAC – sendo uma força integrada por contingentes nacionais, composta por

componentes policiais e módulos civis, tal como nas outras Organizações Sub-regionais Africanas –, até os dias de hoje não se verificou o empenhamento operacional de Forças angolanas. Em 2004, o país veio a consolidar a parceria para a paz regional conjuntamente com os outros países-membros, tendo assinado o «Pacto de segurança Mútua para a África Central», e posteriormente em 2006 assinado um protocolo relativo à criação de um «Centro de Gestão de Conflitos», constituindo o órgão de planeamento e gestão das participações da Organização da sua área de intervenção (Bernardino, 2011b, pp. 112-113).

209 Perante todas as debilidades operacionais que se refletem na ausência de unidades navais no mar e aliadas às

dificuldades financeiras, os Países de África Ocidental e Central decidiram criar uma organização marítima com o objetivo de aglutinar os esforços de cada Pais para uma defesa integral da região denominada OMAOC – Organização Marítima dos Países de África de Oeste e Centro (Chatham House, 2013).

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Ocidental e Central, e o respetivo quadro de cooperação e orientação para a implementação dessa rede integrada. Este entendimento, assinado por 15 Estados costeiros da região, visou empreender esforços conjunturais no domínio marítimo, com vista a proteger a vida humana, fazer cumprir a lei no mar, contrariar as atividades criminosas no mar, melhorar a segurança marítima e proteger os recursos do mar (Chatham House, 2012, p. 16). Neste contexto, como parte de uma abordagem integral da vertente marítima da segurança, a IMO tem desenvolvido exercicíos210 com e entre os Estados-membros na África Ocidental e Central para colmatar as principais lacunas e inconsistências nas suas instituições e estratégias marítimas locais (IMO, 2013, p. 3). Até junho de 2012 Angola ainda não tinha assinado esse MoU.

Recentemente, durante uma reunião na capital de Camarões (Yaoundé) no dia 25 de junho de 2013, foi adotado um Código de Conduta em matéria de combate à pirataria, ao assalto à mão armada contra navios e à todas atividades ilícitas nos oceanos, tendo sido assinado por representantes de 22 Estados. Semelhantemente, durante a 92ª sessão do Comitê de Segurança Marítima, em junho de 2013, o Comitê expressou o seu apoio aos esforços conduzidos pela IMO na edificação da capacidade marítima nos Estados da região. O Secretário-geral instou os Estados-membros a contribuirem para o recém-lançado «África Central Maritime Security Trust Fund» (IMO, 2013), num contexto onde se observa uma cada vez maior interação no âmbito dos Assuntos do Mar entre os Estados, e que se espera uma maior atuação de Angola, em nome da sua afirmação marítima na região e no continente.

No documento Doutoramento (páginas 143-145)